Coração De Mãe escrita por UnderworldKing


Capítulo 12
Capítulo 11 - Confissão


Notas iniciais do capítulo

Muitos estiveram me perguntando se os pais biológicos de Miku iriam aparecer. Me desculpe pessoal, mas eu nunca tive planos para isso e quando eu inicio uma história eu já tenho as partes mais importantes do enredo na minha cabeça e sigo esse planejamento.
Também, se alguém abandona uma criança, é meio difícil que voltem por ela. Convenhamos, estamos falando de outra vida! Pra você simplesmente decidir deixar uma garotinha no meio de um monte de lixo é óbvio que você não tem intenções de voltar para ela.
Outros me perguntaram se a Luka iria aparecer. *risadas* Bem, esse capítulo irá responder a essas dúvidas.
Só não se esqueçam: o aviso de homossexualidade está lá por uma razão...



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Capítulo 11

Confissão

Lily estava compondo uma nova música, porém encontrando dificuldades. Por esta razão, ela visitará (invadirá) a casa de Haku e a convidara (praticamente arrastara pela mão)  a mulher de olhos vermelhos para sua casa. O fato de que hoje era o dia de folga de Haku e ela estava esperando Miku voltar na escola nem passara pela cabeça da loira. Afinal, aquilo era uma emergência musical.

- Lily-chan... por que eu estou vestida assim? – Haku perguntou, mencionando a roupa que Lily lhe dera para se vestir que consistia de uma camisa cinza tão curta que praticamente deixava a barriga de Haku a mostra e nem dava para abotoar a frente direito, deixando uma boa porção de seu sutiã e peitos a mostra, mas não o suficiente para ser considerado indecente. Longas mangas destacáveis e uma calça preta justa completavam o conjunto.

Para resumir, Haku estava se sentindo imensamente embaraçada por estar vestindo aquilo e só não corria porta afora, de volta para sua casa, porque tinha medo que alguém na rua a visse.

- Gostou? Fui eu mesma que desenhei. – Lily disse com um sorriso, parecendo não notar (ou simplesmente ignorando) o desconforto de Haku.

- Você sabe desenhar roupas? – Haku perguntou, curiosa.

- Digamos que eu sou uma mulher de muitos talentos. – Lily então levou a sua mão perto da boca e deu uma risada arrogante. A loira parou de rir e disse. – Além do mais, essa roupa combina tão bem com você. Sabe, você devia usar ela sempre.

Só se fosse alguma versão de mim em outro mundo. Haku pensou. - E como isso vai te ajudar a ganhar inspiração pra compor uma nova música?

Para falar a verdade, Haku pensava que Lily só queria ela vestisse aquilo para satisfazer alguma fantasia da loira, ou ficar olhando-a com aquele decote absurdo.

- Ora, porque você é a minha musa, Haku! Somente a sua visão pode me dar a inspiração necessária para que eu continue meu trabalho. – Lily falou em um tom de determinação quase dramático.

- Isso não é geralmente pra pintores?

- E qual a diferença? Musica também é uma forma de arte Haku. Tudo nela é movido a excitaç... digo, emoção.

Antes que Haku pudesse perguntar o que Lily queria dizer com aquilo, a porta da casa abriu e um borrão loiro passou quase que voando pela sala de estar, subindo as escadas e fechando a porta do quarto os gêmeos Kagamine. Lily e Haku olharam para aquilo com uma sobrancelha erguida cada.

- Aquele era o Len? – Haku perguntou.

- Era sim. O que deu nele? – Lily falou.

Rin entrou pela porta aberta bem a tempo de ouvir a porta do quarto fechar. A garota loira suspirou e viu sua prima Lily e Haku na sala. Cumprimentando-a,s ela caminhou até a sala e deixou sua mochila no sofa.

- Ei, Rin-chan. Sabe o que deu no Len? – Lily perguntou.

- Ah... digamos que ele não teve um dia muito bom. – Rin disse.

Haku e Lily notaram um tom de preocupação na voz dela e aquilo fez com que elas entrassem em alerta. Rin só usava aquele tom quando alguma coisa ruim acontecia com seu irmão ou amigos. Haku perguntou o que aconteceu e Rin suspirou.

- Ele se declarou pra Miku.

Aquele única frase fez as duas mulheres pararem por um momento e então exclamarem:

- HEIN?!

- Não me diga que vocês nunca notaram. Ele agia como uma garotinha de colegial perto do cara mais quente da escola!

- Flashback -

Aniversário de quatorze anos de Miku.

Um tímido Len estava se aproximando da garota de cabelos azulados com um pacote em sua mão. Se alguém se aproximasse o suficiente do rosto do loiro poderiam sentiriam o calor emanando deste, além do óbvio tom vermelho de suas bochechas.

- M-Miku-c-chan... - Len gaguejou ao se aproximar o suficiente para que sua amiga o ouvisse. Miku olhou para ele com seus olhos incrivelmente azuis. - P-p-pra-pra você. – ele estendeu o embrulho para ela, seus braços tremendo.

- Sério?! Value Len! – Miku disse, parecendo não notar o estado de um de seus melhores amigos enquanto pegava o presente e rapidamente rasgava o embrulho. Quando ela abriu, viu que era um par de fones de ouvidos novos estilizados para parecerem cebolas Negi. – Uau! Onde você conseguiu?!

- G-gostou? – Len gaguejou de novo, tentando não soar muito nervoso, porém falhando miseravelmente.

- Adorei! Obrigada Len-kun! – Miku deu um rápido beijo de agradecimento na bochecha de Len.

O efeito foi instantâneo: em menos de um segundo o rosto de Len ganhara o mesmo tom que o cabelo de Miki. Miku então foi chamada por outro de seus convidados e se afastou, sem nem ao menos conseguir ouvir o barulho de Len desmaiando.

Rin, que estava próxima e assistira a toda cena, suspirou e sacudiu sua cabeça ao ver seu irmão perder os sentidos. Ela foi até ele e o arrastou pela gola da camisa para casa...

- F - F - F - F - F - F -

- E lembrem-se meninas, se eles não ouviram o seu “não” da primeira vez, quer dizer que vocês estão liberadas para chutá-los nas jóias da família. – Lily “instruía” Miku e Rin. A primeira estava passando o final de semana na casa da cantora para que sua mãe pudesse tirar uma folga e ir ao SPA com Meiko (surpreendentemente, fora Lily quem fizera reservara dessa vez).

Miku e Rin concordaram com a cabeça, com a menina loira até tomando notas em um caderninho. Len, que estava lendo um de seus livros no sofa, suspirou ao ouvir mais uma das “lições de auto-defesa" de Lily. Ás vezes, ele se perguntaram como Lily nunca fora expulsa da escola.

- Sim Rin? – Lily falou ao ver que sua prima levantara sua mão como se estivesse em sala de aula.

- E se for alguém que a gente conhece. Tipo um amigo?

Do seu lugar no sofa Len quase caiu, chamando a atenção das garotas, que olharam para ele. O loiro sorriu de maneira embaraçada, tentando esconder seu nervosismo. Lily decidiu ignorar aquilo e falou:

- Bem, depende. Normalmente, isso dá a ele o direito de expor o seu argumento. Agora se for bonitinho, por que não dar uma chance?

Dessa vez, Len caiu do sofá, deixando escapar uma exclamação e batendo com o braço na mesa de centro. Lily, Miku e Rin olharam e viram ele esfregando seu braço dolorido. Miku perguntou se ele estava “ok” e se não havia se machucado, levantando-se e se aproximando para examinar seu amigo.

Len imediatamente se colocou de pé e exclamou, com um expressão muito nervosa:

- Tô legal! Tô legal! Não foi nada, heheh! – ele coçou atrás da cabeça e recolheu seu livro. – Ah, olha só a hora! Esqueci de fazer meu dever! Té mais! – Len falou a uma velocidade que faria SeeU orgulhosa e praticamente correu para o seu quarto.

As garotas podiam apenas observar o único menino da casa literalmente batendo em retirada. Rin não pode deixar de notar algo estranho naquilo: Len nunca esquecia de fazer o dever de casa. Nunca.

- F – F – F – F – F – F –

O trio de amigos estava fazendo palavras cruzadas, esperando o tempo passar até que começasse o filme da tarde na TV. Até agora, Len parecia ser o único que estava tendo algum sucesso em completar o desafio.

- Quem inventou isso afinal? – Rin resmungou.

- Nem me fale! – Miku concordou. – “Comida” com cinco letras. Negi tem quatro! QUATRO! Porque vocês adicionaram um mísero espaço?! – Miku praticamente gritou com a revista. Ela nunca fora muito boa em charadas.

Rin e Len lançaram olhares á sua amiga após aquela explosão. Miku notou os gêmeos olhando para ela e perguntou “o que foi?”. Rin foi quem deu voz ao pensamente que ela e seu gêmeo compartilhavam no momento:

- Você tem sérios problemas, minha amiga.

Miku fez bico e retrucou:

- Olha quem fala, a garota laranja.

- Como é?! – Rin se levantou, assim como Miku, as duas se encarando.

Len suspirou.

Aquilo era uma ocorrência comum sempre que eles discutiam suas comidas favoritas. Len honestamente não entendia qual era o problema. Porém, de novo, elas não compreendiam o quão saudáveis e nutritivas bananas eram, então ele supunha que somente podia acabar naquilo.

Decidindo parar aquela discussão (apesar do tom, felizmente, Miku e Rin nunca brigavam sério) Len sugeriu:

- Vê se “arroz” dá.

Miku parou e olhou para o loiro. Ela então entendeu a quê ele estava se referindo e verificou nas palavras-cruzadas, dizendo:

- Ei, funciona sim! Ok. Então que tal “crime”com oito letras? Tem um “ex” no início.

- Extorsão?

- Acertou de novo! Caramba, você é bom Len!

Rin podia apenas olhar, atônita, para seu irmão. Quando ele perguntou por que ela estava olhando ele daquela maneira, Rin disse, sacudindo a cabeça:

- Você é tão nerd ás vezes...

Len abriu a boca para retrucar, mas decidiu que não valia a pena e simplesmente grunhiu e voltou ao sua revista de passatempos enquanto Miku lhe perguntava por algumas outras palavras que não conseguirá achar. Len nem precisava olhar para dar as respostas:

- “Que deixa currículo para uma vaga de emprego”? Nove letras.

- Candidato.

- “Ciência que estuda definição de organismos”. Nove letras.

- Taxonomia.

- De repente, eu me sinto incrivelmente estúpida... – Rin murmurou.

- “Paixão”. Quatro letras.

- Miku.

Aquilo fez as duas pararem e olharem para Len, que então percebeu o que ele deixara escapar e engoliu em seco, arregalando seus olhos. Rapidamente pensando em um meio de difundir a situação, Len deu uma risada nervosa e se esforçou para dizer:

- Ops... eh... quer dizer... amor... é, amor... hehe, heh... – ele coçou atrás de sua cabeça, um gesto que refletia como ele realmente se sentia, e rezou pra que Miku engolisse aquilo.

- Ok... se você diz. – Miku falou, marcando a palavra e voltando a se concentrar no passatempo.

Ela não dirigiu a palavra a Len pelo resto do dia, parecendo nervosa sempre que o via.

Len pode apenas voltar a enterrar seu rosto na revista, desejando poder desaparecer dentro desta ou que ela lhe fizesse invisível.

- Sabe... – a voz de uma sorridente Rin soou, quebrando o silêncio embaraçoso. – de repente, eu não me sinto mais tão burra.

- Cala boca, Rin... – Len resmungou, seu rosto encostando na revista.

- Fim do flashback -

Depois que Rin terminou de contar a história, ela viu que Lily e Haku ainda estavam com olhares de surpresa. A menina loira, suspirou.

- E depois eu que sou a tonta.

Haku e Lily sacudiram a suas cabeças, se recuperando do choque. Haku então decidiu perguntar:

- E como está a Miku.

- Bem, ela saiu comigo enquanto o Len corria na frente, mas parecia bem distraída, murmurando algo como “eu sou uma péssima amiga”.

Lily olhou para Haku e comentou algo como “ela é mesmo sua filha”, o que deixou a mulher de cabelos prateados confusa. Ela então resolveu se concentrar no problema em mãos:

- O que fazemos pra ajudar o Len? – Haku perguntou a Lily.

- Dê um tempo pra ele. – Lily disse. – Eu passei pela mesma coisa quando Ruko mudou de escola. Acredite, ele vai ficar bem.

Dois dias mais tarde...

- Talvez eu tenha superestimado ele... – Lily conseguia ouvir a música alta tocando do quarto de Len, do qual ele somente saia nos últimos dias para se alimentar, ir ao banheiro, ou a escola.

- Eu juro, se ele não parar de tocar aquela música emo, eu vou matá-lo. – Rin disse, cobrindo seus ouvidos com as mãos. Ela teve de se mudar para o quarto de Lily somente pra não ter de ouvir as mais novas “aquisições” da biblioteca musical de seu irmão gêmeo. – Nem a Miku-chan tá dessa maneira.

A campainha da casa então tocou e Lily foi até a porta. Olhando pelo olho mágico, ela viu que era Haku e Miku e abriu a porta para as duas. Assim que entraram, a adolescente de marias-chiquinhas perguntou como Len estava.

Miku vinha chegando da escola com um olhar cabisbaixo e expresão triste durante os dias que se seguiram, pois sempre que tentava falar com Len, o garoto fugia. Ela até confessara que sabia que ele gostava dela, mas nunca tocara no assunto por ter medo de qual seria a reação dele quando ela dissesse que só queria ser sua amiga.

- Mesma coisa que ontem. Sério, e eles dizem que mulheres é que tem propensão a ficarem deprimidas por qualquer coisa. – Lily falou.

- Só falta ele começar a afogar as mágoas com sorvete de chocolate. – Rin comentou.

- Pessoal, por favor! O Len tá assim por minha culpa. Devíamos fazer algo a respeito. – Miku disse, se sentindo responsável pelo estado de seu amigo.

- Bem, há uma solução bem simples: namora ele. – Rin deu de ombros.

- Rin, você sabe muito bem que eu não gosto dele dessa maneira. Dá pra você levar a coisa a sério?

A garota de cabelos azuis foi se sentar ao lado de sua melhor amiga bem na hora em que Rin comentou:

- É... por que nós sabemos que você tá muito ocupada admirando uma certa... – nesse momento Miku cobriu a boca de Rin.

Haku e Lily olharam para a menina de dezesseis anos enquanto esta dava um sorriso e risadinhas nervosas. Haku estava para perguntar o que Rin queria dizer com aquilo quando eles ouviram a voz de Len vinda escada acima:

- Rin, dá pra me trazer sorvete aqui em cima?

Rin grunhiu por trás das mãos de Miku. A adolescente em questão se levantou e foi até o pé da escada. Quando Len entrou em seu campo de visão e notou a presença dela, Miku acenou para ele, tentando mostrar um sorriso simpático.

- Oi... Len. – Miku disse.

Len olhou para ela. Miku o olhou de volta. Len piscou. Miku olhou para os lados e se mexeu no seu lugar, se sentindo um tanto desconfortável. Len correu de volta ao quarto. O som da porta do quarto dos gêmeos fechando pode ser ouvido.

Miku ficou parada, observando o lugar onde seu amigo estivera por uns dois minutos, até que ela então se retirou de volta para a mesa, se sentou e deixou sua cabeça cair na madeira com um baque. No entanto, ela nem pareceu sentir dor, pois apenas disse:

- Eu sou uma péssima amiga.

Rin, Haku e Lily só puderam observar enquanto que a adolescente se mantinha naquela pose, parecendo deprimida. A loira mais velha então se colocou de pé:

- Quer saber, eu vou falar com ele. Não admito depressão nessa casa, a não ser que seja pra inspirar uma música.

Lily subiu as escadas. Por um breve momento as três mulheres no primeiro andar ouviram a música vinda do quarto de Len ficar mais alta quando Lily abriu a porta. Enquanto isso, Rin se virou e perguntou á Haku:

- Por que você não vai lá falar com ele, tia Haku?

- Eu não acho que eu seja a melhor pessoa pra isso... – Haku falou em um tom hesitante.

Apesar de ter Miku, Haku não se sentia totalmente segura para amparar um adolescente sob a responsabilidade de outra pessoa, além do mais um que estivesse passando pelo o que Len estava. Ela tinha medo de dizer algo errado e só piorar a situação. Também havia o fato de que ela jamais confessara à ninguém.

Elas ouviram a música silenciar.

- Ahhh. Paz e silêncio enfim. – Rin falou.

Enquanto isso, no quarto de Len:

- Olha, sei como é se sentir rejeitado Len. – Lily falou ao seu primo.

- Aposto que sim... – Len resmungou.

- Claro que sim! Como você acha que eu me sinto cada vez que Haku recusa os meus sentimentos?!

- Lily-nee-san, com todo respeito, você só quer a tia Haku por causa dos peitos dela.

Lily tinha de admitir que mesmo quando deprimido, seu priminho era bem esperto. Ela suspirou e sentou na cama dele, onde eles estivera reclinado o tempo todo, suas costas descansando no travesseiro recostado na parede.

- Isso é só parte da razão. Mas nós estamos aqui para falar de você, não de mim. – ela então pegou na mão de Len com as suas e disse. – Len, nós nos importamos com você. Você pode achar que Miku é maravilhosa e que você não pode viver sem ela, mas isso é por que ela é a sua primeira paixão. Você tem de deixá-la ir, tem de deixá-la ir...

- Você tá me confortando ou misturando trechos de diferentes músicas? – Len perguntou ao notar a estranha entonação na fala de sua prima mais velha.

- Bem, descuuulpe-me princesa! Eu só estava tentando aliviar a situação! - Len lançou um olhar a Lily que podia ser claramente traduzido como "não tá ajudando". A loira suspirou. – O que eu quero dizer é: você não pode deixar que isso atrapalhe a sua amizade com a Miku-chan. E daí se ela não está interessada em você o suficiente para arrastá-lo para a cama e tirar toda a sua roupa?

Len gritou um “LILY-NEE?!?!?!” em protesto, seu rosto assumindo um tom rubro. Aquilo jamais tinha cruzado a cabeça de Len. Até agora...

- É claro, ela ainda pode fazer isso, afinal, amigos fazem essas coisas de vez em quando. – Len gritou o nome dela em protesto de novo, mas Lily pareceu não prestar a atenção. – Bem, pelo menos os meus faziam, heheh. Melhor festa do pijama de todas.

Lily olhou para o horizonte, parecendo perdida em suas memórias enquanto que a imaginação adolescente de Len o bombardeava com cenas que fariam muitos garotos terem sangramentos nasais. Quando elas mudaram para mostrar a sua prima, Len começou a se sentir nauseado. Aquilo era tão ruim quanto imaginar sua irmã fazendo... ótimo, agora Rin apareceu também.

Imaginação ruim! Imaginação ruim! Pense em outra coisa como... matemática. É. Len pensou, porém Lily continuou, não parecendo estar atenta ao estado de seu primo.

- De qualquer maneira. Ainda haverão outras Len. Tenho certeza de que há alguma garota lá fora pra você. Afinal, muitas adoram um shota.

Todas as imagens mentais que assolavam a mente de Len imediatamente cessaram ao ele ouvir... aquela palavra. Ele se virou para sua prima e estava para falar algo quando Lily continuou:

- Bem, há também o fato de que a maioria das mulheres mais velhas gostam de um garotinho novo de modos afeminamos como você. – Len ficou dividido entre o arrepio na sua espinha ao pensar em mulheres mais velhas atrás dele e chamar o nome de Lily de novo por falar que ele era afeminado. – Sem falar nos pervertidos. Você não vai acreditar no número de shotacons que existem lá fora.

Len estava agora positivamente nauseado. Antes que sua mente pudesse lhe trair e forjar alguma imagem que revirasse seu estômago mais ainda, o loiro colocou uma mão no ombro de sua prima Lily para chamar a atenção dela.

Quando a cantora olhou para ele, Len perguntou:

- Lily-nee-san, porque você veio aqui no meu quarto mesmo?

- Pra ter uma conversa com você e fazer você superar a sua depressão de ter sido rejeitado pela Miku. - Lily disse.

- Ah tá. Valeu.

Len então se levantou da cama e abriu a porta, descendo lá embaixo. Haku, Rin e Miku olharam ao ver Len descendo com uma expressão determinada no seu rosto e viram Lily descendo logo em seguida. O adolescente parou perto da cadeira de Miku e se curvou, falando:

- Me desculpe pelo meu comportamento, Miku-chan. Eu não deveria ter agido daquela maneira.

Miku e Rin estavam positivamente surpresas. A jovem de cabelos azulados se recuperou e disse:

- Ah... tudo bem, Len. Só... me desculpe por ter te machucado. – Miku disse com um olhar triste.

- Não, você não tem que desculpar. Fui eu quem agi além da conta.

Com isso Len se sentou na mesa ao lado de Haku. Lily tinha um sorriso ao ver que sua conversa surtira efeito e recebeu agradecimentos de Miku. Enquanto sua prima estava distraída, Len se inclinou para perto de Haku e disse:

- Tia Haku, da próxima vez que eu ficar deprimido, pelo amor de tudo que é sagrado, mantenha a Lily-nee-san longe de mim.

Haku pode apenas olhar para ele, confusa.

- / - / - / - / - / - / -

No outro dia, Kaito havia visitado Len a pedido de Lily durante a tarde.

- Achei que ele podia usar um pouco conselho masculino de um expert em rejeição. – Lily disse no encontro noturno dela e Haku com seus amigos em seu costumeiro bar.

- Isso não é muito educado, Lily. – Haku falou. – Kaito e Meiko estão namorando.

- Só porque ele não sabe o significado da palavra “não” e ela não conseguiria arranjar outra pessoa que a aguentasse quando tá bêbada.

- Olha quem fala. – Kaito retrucou. – Me diga, Lily-chan, por um acaso conseguiu fazer com que Haku aceitasse sair com você? - ele perguntou com um sorriso bem educado.

Lily abriu a boca para retrucar, mas acabou fechando-a. O resto do grupo riu e Meiko voltara bem em tempo de ouvir o comentário de Lily. Normalmente, ela teria brigado com a loira, mas ao ouvir Kaito defendendo-a, a morena não pode evitar de sorrir.

Meiko então se sentou e passou as bebidas aos seus amigos. Haku dissera que ela tinha trabalho amanhã e que não podia beber muito. Nesse caso, Meiko só trouxera duas garrafas para a mulher de olhos vermelhos. Uma garrafa e Haku já estava se sentindo mais "descontraída" e começou a contar o quão difícil era ser uma mãe solteira cuidando de uma adolescente e tendo de aguentar Lily dando em cima dela a cada oportunidade (a loira soltou um “EI!” para aquilo).

- Mas... quer saber?  - Haku disse, seu tom um pouco arrastado, enquanto alcançava pela outra garrafa, que Gakupo rapidamente retirou de seu alcance. – Com amigos como vocês, eu não tenho do que reclamar. Eu amo a Miku e amo vocês, pessoal!

Ela então deu um meio abraço em Gakupo e Meiko. Os dois pareciam divididos entre corar e simplesmente se sentir gratos, então escolheram ficar quietos.

- Vamos cantar no karoeke pessoal! – Haku de repente disse, se levantando e colocando os braços pra cima, como uma criança excitada.

- É! E depois podemos ter uma festa do pijama na minha casa. – Lily disse, também se levantando. Haku aprovou com um “Yeah!”. Lily sorriu de orelha a orelha, sua mente já planejando como...

- Você não disse que tinha trabalho amanhã, Haku? – Dell de repente disse.

Haku parou e seus olhos esbugalharam.

- Oh, é mesmo! Caramba! To atrasada, tenho de voltar pra casa! Tchau! – Haku rapidamente recolheu suas coisas e saiu correndo, não dando tempo a Lily nem mesmo para falar.

A loira suspirou e voltou a se sentar antes de lançar um olhar feio á Dell, que estava do lado dela:

- Você tinha de falar, né estraga prazeres?! Pensei que não ligasse pra essas coisas.

- E eu não ligo. – Dell tirou um cigarro da carteira e pegou o seu isqueiro. – Mas a sua cara é engraçada de se ver. – ele sorriu com o cigarro em sua boca.

Lily agarrou o cigarro, arrancando-a da boca de Dell, e o isqueiro e atirou os dois pela porta do bar.  

- / - / - / - / - / - / - / -

Quando Haku chegou em casa já era hora de Miku dormir. Mesmo assim a mulher de cabelos prateados subiu até o quarto de sua filha e, silenciosamente, abriu a porta para vê-la debruçada sobre a mesa, dormindo. Haku sorriu e foi até Miku, tocando no seu ombro e sacudindo-a para acordá-la.

- Ah-hã... quê... ? – uma sonolenta Miku falou, olhando para os lados.

- Miku, o que foi que eu falei sobre trabalhar até tarde? - Haku falou, ainda que sorrindo.

- Ah... certo... eu só... – Miku bocejou. -  Só... queria terminar... aqui. Vou dormir. – ela então se levantou, deu um beijo em Haku e foi até o banheiro para se preparar. – Boa noite, mamãe.

- Boa noite Miku.

Haku olhou sua filha sair e notou que havia alguns papeis espalhados na mesa. Parecia que Miku estivera escrevendo algo que não se parecia muito dever de casa. O celular dela também estava próximo, aberto e mostrando uma foto de alguém.

Agora, Haku se encontrava em um dilema. Ela sempre respeitara o espaço de Miku e dera privacidade a sua filha, porém ela também estava curiosa sobre o que sua filha fazia no seu tempo livre e quais eram seus projetos pessoais. No entanto, Haku tinha seu trabalho, então haviam vezes em que ela e Miku não se viam e ela não sabia o que sua filha estava fazendo.

Será que ela deveria tomar vantagem de que Miku não estava por perto e olhar o celular de Miku e o que ela estava escrevendo? Iria Haku efetivamente se intrometer e invadir a privacidade de Miku?

Ela imaginou o que Meiko e Lily fariam:

- Lembre-se Haku, se tentarem esconder algo, pode apostar que é porque não querem pagar o aluguel. – Meiko falará depois de beber duas garrafas de saquê.

- Se há uma coisa que eu aprendi como popstar, é isso: privacidade é uma ilusão. O que não quer dizer que você não possa invadir a dos outros. – Lily falara, sorrindo.

Definitivamente Haku não tinha como evocar a memória de algum bom conselho para essa ocasião. A pediatra então resolveu perguntar ao seu instinto maternal o que fazer.

Olhe, ora essa! Pra que servem as mães afinal? uma vozinha muito parecida com a de Lily lhe respondeu e Haku suspirou. Talvez fosse o álcool falando.

A mulher de cabelos prateados então pegou o celular de Miku e aproximou para poder olhar melhor a foto. Ela ergueu uma sobrancelha ao ver que era uma foto de um professora, se o quadro negro e o cenário de sala de aula eram qualquer indicação.

Haku passou pra outra foto e viu que esta ainda mostrava a mesma professora na sala de aula. Outra foto e lá estava a mulher sentada em um banco com o que parecia ser sua refeição no horário do lanche. Passando para a próxima, desta vez a mulher parecia estar saindo do colégio. A foto parecia ter sido tirada com o zoom da câmera.

Olhando aquela mulher mais atentamente, Haku tinha de admitir que ela era atraente. Cabelos rosados que caiam até o meio das costas. Rosto jovem, sem nenhuma marca, olhos azuis quase do mesmo tom que os de Miku, porém um pouco mais claros e um corpo de vinte e poucos anos que fez Haku recordar de si mesma.

Porém havia uma questão mais profunda ali:

Porque Miku tem tantas fotos de uma professora?

Se fosse algum professor atraente, Haku até entenderia, mas uma professora... havia algo de suspeito nisso. A pediatra então pegou as folhas onde Miku estava escrevendo e viu que eram rascunhos de uma letra de música.

“Magnet”... “imã” em inglês?

Enquanto lia, Haku estava curiosa. Após algumas estrofes ela estava interessada. Logo sua expressão mudou para confusa. Quando ela leu metade da letra, passando pelo refrão, a mulher de olhos vermelhos estava chocada, com a boca aberta e olhos esbugalhados.

Haku esperava que isso fosse apenas criatividade artística por parte de Miku. Afinal, Lily lançava músicas com aquele tom frequentemente e elas não queriam realmente dizer nad...

“Por que nós sabemos que você tá muito ocupada admirando uma certa...”

Quando aquela fala de Rin lhe voltou a mente e Haku se lembrou de o quão nervosa Miku estivera para impedir que sua amiga fala-se, ela já não estava mais tão certa. O tom que Rin usará e a resposta de Miku, lembravam muito a que ela mesma tivera com sua primeira...

- Mamãe, não tem papel higiênico aqui! – Miku chamou do banheiro, assustando Haku e fazendo com que ela deixasse tudo que segurava em suas mãos cair.

- J-já vou p-pegar, Miku! – Haku respondeu enquanto tentava juntar tudo rapidamente e colocar onde estava, porém ela acabou bagunçando mais as coisas no seu nervosismo.

Enquanto ela descia para pegar o papel higiênico, a mente de Haku trabalhava com o dobro de velocidade. Ela sabia que um dia Miku poderia experimentar sua primeira paixão.

Ela só nunca pensou que acabaria sendo por uma professora...


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Notas finais do capítulo

Idade atual dos personagens:
Haku - 33
Meiko, Kaito - 37
Lily, Dell - 34
Gakupo - 38
Miku - 16
Rin, Len - 14
Luka - 23
Só para esclarecer qualquer dúvida em relação a isso.
Até mais! Biscoitos para todos que comentarem (vocês sabem que vocês querem)!