Coração De Mãe escrita por UnderworldKing


Capítulo 11
Capítulo 10 - Inveja


Notas iniciais do capítulo

Faculdade... trabalho... provas... mais provas... trabalhos...
E pra completar, preciso de um novo beta-reader.
Bem, fazer o que?
Vamos a outro capítulo!
PS:
"- / - / - / - / - / -" Quer dizr mudança de cena



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Capítulo 10

Inveja


Haku estava aproveitando o seu dia livre após uma semana puxada de trabalho no centro pediátrico quando uma Miku de quatorze anos entrou correndo, sorrindo como se tivesse acabado de receber uma ótima notícia.

– Mamãe, cê não vai acreditar no que aconteceu na escola hoje!

– É mesmo? O quê? – Haku perguntou, interessada. Miku não ficava animada assim a não ser que fosse algo hilário ou muito interessante.

– Sabe o Diretor Kyoteru? Bem, acontece que ele...

Naquele momento, Miku foi interrompida pelo som do telefone da casa chamando. Haku pediu um minuto e foi atender este:

– Alô? ... Você o quê?! ... mas eu já não falei que... ? Está bem... está bem, já estou indo aí. – Haku então desligou o telefone e se virou para Miku. – Desculpa filha, mas tenho que correr. Emergência no hospital! – Haku falou enquanto ia correndo pegar suas coisas e as chaves do carro, deixando Miku a gaguejar “mas” enquanto ela só podia observar sua mãe falando e saindo porta afora. – Te vejo mais tarde! Te amo! Tchau!

E com isso Haku fechou a porta, deixando uma Miku atônita para trás. A adolescente de cabelos azuis olhou em volta e deixou sua cabeça cair ao ver que estava sozinha em casa.

– Nem tive a chance de contar o que aconteceu...

No outro dia, Miku chegou em casa com a nota de uma de suas provas. Ela passara, porém raspando, o que lhe rendeu uma conversa com sua mãe:

– Você tem de se aplicar mais Miku. Eu sei que você é capaz de fazer melhor.

– Tá, mamãe. – Miku disse, de cabeça baixa. Ela não gostava de decepcionar Haku, mesmo em matérias que ela odiava.

– Miku, eu não estou falando isso pra você se sentir mal. Eu só quero... – de novo, o telefone interrompeu a conversa. – Um momento... alô? ... Se ela está chorando, então acalme-a... Eu estou na minha folga, será que vocês não podem... ? ... ta bem, ta bem. – Haku desligou o telefone. – Miku vou ter de ir, uma das garotas está chorando e parece que ela só se acalma quando eu estou por perto.

Miku ficou dividida entre se sentir aliviada por não estar levando uma bronca e um tanto quanto invejosa das crianças no hospital. Ultimamente, parecia que Haku passava mais tempo com elas do que com Miku.

– Volto logo, Miku. Tchau! – Haku falou enquanto Miku pensava.

Antes que a garota de cabelos azuis pudesse sequer falar, Haku já estava fechando a porta da casa novamente.

Miku fez beiço. Não era comum para ela, que era filha única e tinha atenção exclusiva de sua mãe, ter de pensar que teria de dividir Haku com alguma outra criança. Claro, Rin e Len costumavam falar com Haku e o garoto muitas vezes buscava suporte na bela pediatra (que ele considerava a “única pessoa normal naquele grupo”) , mas eles não interrompiam o tempo de Miku com sua mãe.

Na manhã seguinte veio o que Miku considerou ser o fim da picada. Ela descera para fazer o café da manhã antes de ir para escola e Haku para o trabalho como sempre, somente para encontrar uma cesta com biscoitos na mesa e um recado de sua mãe dizendo que ela havia saído mais cedo e que uma das meninas da ala infantil do hospital havia assado alguns biscoitos no forno na área de funcionários e os dera para Haku. Ela encorajara Miku a tentar alguns, pois eles estavam deliciosos.

Miku sentiu seu olho direito tremer em irritação enquanto que ela encarava os ditos biscoitos como se fosse desafiá-los à um duelo. Ela era a única que fazia o café da manhã de sua mãe. Sempre fora assim. Haku elogiava a culinária de Miku, não a de uma outra garota qualquer (ela também elogiava a de Kaito, mas ele não contava).

– Honestamente. Ela é minha mãe! Adotiva, claro, mas é minha mãe de qualquer maneira! – Miku disse naquele dia, no recreio, após se encontrar com Rin e Len.

– Caramba Miku. Você não precisa ficar assim. Não é como se Haku fosse sua propriedade ou... – Len começou.

– Do que você tá falando? Claro que a Miku tem de defender a tia Haku de alguma garotinha qualquer tentando ganhar a atenção dela! Se lembra do que Lily-nee-san nos disse? – Rin interrompeu seu irmão.

– Achei que aquilo fosse sobre homens e mulheres adultas, não crianças ou parentes.

– Detalhes, detalhes. De qualquer maneira, o que você vai fazer, Miku-chan?

Miku pensou sobre aquilo. Ela havia remoído muito sobre isso, mas não tinha realmente nenhum plano pra remediar a situação. Aliás, e se essa garota fosse uma daquelas crianças debilitadas ou que sofrera um acidente? Ela não podia simplesmente chegar lá e intimidá-la, exigindo que parasse de tentar roubar sua mãe. Isso apenas a faria parecer uma valentona e covarde e nem Miku seria capaz de ameaçar uma criança feriada, não importa se ela estivesse tentando roubar a atenção de Haku.

Vendo que sua amiga não tinha nenhuma idéia, Rin resolveu colocar algumas sugestões:

– Talvez você pudesse se fingir de doente.

– Por favor... – Len rolou seus olhos. – Haku-san é uma pediatra. Ela com certeza sabe reconhecer alguém se fingindo de doente.

– Ora, então nos de alguma sugestão, sabe-tudo!

– Que tal não tentar arranjar briga com alguém que pode nem estar tramando pra “roubar a atenção da tia Haku”? - Len falou em um tom sarcástico, atém mesmo fazendo sinal de aspas com os dedos.

Rin sacudiu a cabeça, suspirando, e colocou sua mão no ombro de seu gêmeo, falando no tom de alguém que tentava ensinar a uma criança que você não podia salvar todo mundo como se fosse um super-herói da TV:

– Len... se todos os homens fossem como você, nós mulheres é que teríamos de sair a caça.

O loiro olhou para sua irmã com um olhar zangado.

Além de absolutamente odiar ser chamado de “shota”, Len também não aguentava quando alguém questionava sua masculinidade, um complexo que ele acabara desenvolvendo devido ao fato de que ele dificilmente via seu pai, que estava sempre trabalhando em outra cidade, e que ele e Rin se mudaram para a casa de sua prima Lily para cursarem a escola. Devido a isto, Len não tinha um modelo masculino com quem se identificar.

Antes que ele pudesse falar algo que certamente começaria uma briga com sua irmã, Miku falou:

– Pessoal, foco! Eu preciso de alguma idéia e rápido ou... – Miku parou de falar quando ela viu uma colega de classe, a ruiva Miki, caminhando com diversos papeis em suas mãos e parando em frente a um quadro de avisos, pregando alguns neste.

Um papel em especial chamou a atenção da adolescente.

– JÁ SEI!!! – Miku exclamou, quase fazendo Rin e Len pularem de seus lugares quando ela se pôs de pé de uma vez só e correu até a direção do quadro onde Miku ainda estava fixando anúncios. – Hey! Miki! – Miku cumprimentou com o seu usual sorriso.

– Ah, oi Miku! Precisa de algo? – a ruiva perguntou.

Miku e Miki eram colegas de classe, porém não se conheciam muito bem. Mesmo assim, a atitude amigável de Miku e a personalidade gentil de Miki fazia parecer, para qualquer um que visse, que as duas eram melhores amigas.

– Na verdade, preciso. – Miku então apontou para um aviso que Miki pregara. – Onde eu posso me inscrever?

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Haku suspirou enquanto se largava na cadeira de seu espaço de trabalho. Geralmente, o trabalho dela não era tão cansativo, mas uma das crianças n a ala infantil do hospital parecia simplesmente teimosa demais para ser tratada por qualquer um que não fosse a pediatra de cabelos prateados. Haku sabia que era porque ela provavelmente lembrava a menina de sua mãe, já que as duas tinham a mesma figura.

Bem, não posso reclamar muito, afinal, esse era o emprego que eu queria. Haku pensou.

Foi então que ela ouviu alguém bater na porta aberta do seu espaço de trabalho. Olhando para cima, Haku viu que era um dos enfermeiros-assistentes.

– Doutora Yowane, já chegaram os voluntários do dia. Poderia recebê-los?

O hospital em que Haku trabalhava dava essa chance a estudantes de medicina e colegiais que quisessem acumular horas de atividade extra-classe. Por ser um hospital grande, havia muita coisa em que mesmo aqueles que não pretendiam ou tinham grande conhecimento médico, poderiam ajudar. Haku se sentia nervosa na presença dos voluntários, porém sabia que era necessário, considerando que os principais médicos estavam sempre ocupados e os enfermeiros tinham outras tarefas.

Suspirando, Haku se levantou e confirmou com a cabeça, se dirigindo á entrada do hospital.

Como na maioria dos hospitais, os salões e corredores eram brancos, com várias portas e divisórias que davam para as diferentes alas onde doentes e acidentados eram tratados. Haku ás vezes se perdia naqueles corredores e acabava tendo de pedir instruções para alguma enfermeira, que apenas dava uma risadinha diante da timidez de Haku.

Quando ela chegou no salão de recepção, a mulher de olhos vermelhos viu quem era o voluntário... e parou no momento em que seu cérebro conectou a imagem ao nome.

– Oi mamãe! – uma Miku animada e sorridente, vestindo roupas leves se encontrava no salão, acenando para sua mãe adotiva.

– Miku?! O que você... ? – Haku começou, mas imediatamente se calou ao perceber o porquê de Miku estar ali. – Você se voluntariou pra ajudar aqui?

– Sim. Resolvi vir conhecer o seu trabalho. E que maneira melhor de fazer isso do que ajudar no hospital? – Miku falou, enquanto que completava mentalmente. E aproveitar pra descobrir quem anda tomando tanto o seu tempo ultimamente.

Haku estava honestamente surpresa. Ela nunca pensara que Miku se interessaria por seu trabalho já que a adolescente de cabelos azuis sempre fora mais inclinada para música e não perguntava muito sobre o trabalho de Haku.

Se recompondo, a mulher de cabelos prateados falou:

– Bem... nesse caso, vamos conhecer a ala em que você vai nos auxiliar. – o tom de voz dela se tornou profissional e firme, diferente do habitual baixo e tímido que Haku usava, uma mudança da qual ela nem mesmo se dava conta na maioria das vezes.

Miku tinha de admitir que ela achava sua mãe muito legal com aquele jaleco branco, típico de médicos, e aquela pose profissional. Era igualzinho á “tia” Lily quando ela aparecia na TV; uma outra pessoa, perfeita para o trabalho que desempenhava.

As duas então se dirigiram à ala infantil, onde as crianças que sofriam acidentes ou tinham doenças crônicas ficavam para se recuperar. Haku apresentou para Miku a sala de recreação, onde ela podia ver garotos e garotas brincando, desenhando, ou simplesmente sentados ao redor de uma TV. O que fazia a cena única era que algumas estavam em cadeiras de rodas, usando muletas, parecendo um tanto apáticas ou até mesmo desnutridas. Miku sentiu um aperto no coração ao ver aquelas crianças.

Haku falou para sua filha que ela iria desempenhar alguns deveres simples, como dar remédios às crianças, se certificar de que elas estavam comendo a refeição recomendada, ou simplesmente fazer companhia à elas. Em suma; Miku faria o papel de uma babá.

– Aqui está uma lista das crianças que precisam de remédios e a hora em que elas devem tomar. Os medicamentos estão naquele armário. – Haku instruiu a adolescente de cabelos azuis naquele tom sério e profissional.

– Pode deixar ma... digo, doutora Yowane-san! – Miku disse, tentando soar profissional.

Haku corou ao ouvir aquilo. Ela estava acostumada aquele tratamento vindo dos outros médicos e enfermeiros, mas nunca pensou que ouviria aquelas palavras vindas de Miku.

– Uh... ok... então, eu vou estar na minha sala aqui em frente. Se precisar de qualquer coisa, me chame. – Haku instruiu, Miku confirmou com a cabeça e a pediatra saiu da sala.

Miku então verificou a lista que Haku havia lhe dado, checando os horários e viu que havia uma menina que precisava tomar seus remédios agora. Uma relação do nome e o quarto se encontrava na lista:

– Zatsune Miku... estranho, ela tem o meu nome. - Miku pensou alto.

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– Olá! – Miku chamou animadamente da porta do quarto de Zatsune, que estava na cama lendo um livro. – Vim aqui lhe dar seu remédio das três horas, Zatsune-chan.

A garotinha de dez anos com longos cabelos pretos e olhos vermelhos, cor de sangue olhou por cima de seu livro para Miku com um olhar sério e analítico que a deixou um tanto desconfortável.

– Cadê a doutora Haku? – a menina falou em uma voz séria, como se estivesse interrogando alguém.

Doutora Haku? Miku achou estranho que aquela menina se referisse a sua mãe pelo primeiro nome, mas deixou passar, entrando no quarto com o remédio que Zatsune deveria tomar.

– Ela tá meio ocupada, então sou eu quem vou te tratar. – Miku disse com um sorriso simpático, tentando criar um clima amigável.

A garotinha de olhos vermelhos olhou Miku de cima á baixo, como se fosse um crítico avaliando um quadro. Miku se sentiu desconfortável novamente. O que havia com aquela criança e aquele olhar sério?

– Ah, entendo. Outra novata... – Zatsune disse, suspirando em um tom entediado. – Honestamente, o que há com esse hospital? Faça a nós duas um favor e vá chamar a doutora Haku.

O desconforto de Miku logo se tornou irritação, uma veia pulsando em sua testa apesar de ela manter o sorriso.

Que garota mais mandona. Quem ela pensa que é? A dona do hospital? E o que ela tem que ela quer tanto a minha... foi então que uma idéia veio a Miku. Será que ela é a pessoa que o hospital vive chamando a mamãe pra tomar conta?

Aquele pensamento fez o sorriso de Miku se tornar um de irritação enquanto ela tentava controlar a sua voz. Não pegaria bem à ela brigar com uma garotinha mimada de dez anos. Ela era a mais velha aqui, portanto ela devia se mostrar a pessoa mais madura.

– Como eu disse, a doutora Haku tá ocupada, e ela me deixou a cargo de lhe dar os seus remédios.

– E eu disse pra você se retirar e ir chamar ela. Você é surda ou o quê?

Estava ficando realmente difícil para Miku se mostrar a pessoa madura, pois o tom mandão daquela garota estava severamente dando-lhe nos nervos.

– E quem é você afinal? Se parece com a Doutora Haku, mas é fina feito uma tábua.

Foi aí que Miku decidiu atirar a maturidade pela janela.

Se havia uma coisa que ela (e Rin) não suportava era que alguém apontasse que ela carecia em uma de suas três medidas, ainda mais se fosse em comparação com sua mãe, com quem Miku desesperadamente queria ficar parecida nesse critério.

– Pra sua informação, sou filha dela. – Miku disse, seu sorriso se tornando perigoso enquanto mais veias pareciam pulsar na sua testa e seu olho direito tremia levemente em irritação.

– Só se for adotada. – Zatsune disse, revirando os olhos.

A sugestão de Rin de que Miku “desse um jeito” naquela pirralha lhe parecia muito tentadora agora. Ela teria dado colher de chá á Zatsune pelo fato de que ela era só uma criança, mas do jeito que ela era rude, Miku estava rapidamente se esquecendo desse detalhe.

– Olha aqui, pirralha... – Miku decidiu deixar cair a fachada de educação e devolver no mesmo troco o tratamento rude de sua sósia mais nova. – Eu vim aqui pra lhe dar esse remédio e eu vou dá-lo, nem que tenha de forçar goela abaixo.

Zatsune pareceu momentaneamente chocada que Miku a tivesse ameaçado enquanto pegando uma das pílulas que a garota de cabelos pretos deveria tomar. Porém ela logo se recuperou e voltou a sua forma rude de ser:

– Você está me ameaçado?! Eu conheço meus direitos, sua enfermeira de araque!

– Vamos fazer o seguinte: você toma esse remédio, eu vou embora e então não nos vemos nunca mais. O que acha?

– Me obrigue.

Aquela foi a gota final para Miku.

Em um instante, a garots de cabelos azuis estava lutando pra fazer com que sua sósia mais nova tomasse o remédio enquanto esta segurava suas mãos com uma força surpreendente pra alguém daquele tamanho. Foi então que Haku abriu a porta do quarto e arregalou seus olhos ao ver a cena lá dentro.

– Miku!

– Mamãe?! – Miku disse, parando imediatamente ao escutar a mulher de cabelos prateados chamar-lhe. Ela então olhou para Zatsune, que ainda lhe lançava um olhar zangado enquanto segurava seus braços, e para si apoiado em cima da cama da outra, uma mãe segurando uma pílula e a outra agarrando a menininha embaixo de si. Ela olhou de volta para Haku. – E-Eu posso explicar!

No entanto, Zatsune aproveitou aquele momento para agarrar a bandeja de café da manhã que havia sido deixada do lado de sua cama e acertou Miku na cabeça com toda sua força. A menina de cabelos azulados nem soube o que a atingiu antes de cair no chão, estrelas cobrindo sua visão...

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– Desculpe, filha. Eu devia ter prestado mais atenção na lista que te dei. – Haku disse, sua voz novamente macia e preocupada.

– Tudo bem, mamã... ouch! – Miku estava sendo enfaixada na cabeça por Haku logo apos ter sido trazida para área infantil e ter acordado.

– Mas honestamente Miku, porque você foi dar motivo á Zatsune? – Haku perguntou, apesar de seu tom carecer qualquer reprimenda.

– Bem... eu... – Miku tentou pensar em uma desculpa, mas, não conseguindo pensar em nada, suspirou e resolveu contar a verdade. Ela também nunca conseguia mentir para sua mãe, por mais que tentasse. – É que ela tava sempre alugando você e foi tão rude comigo que... bem, acho que dá pra adivinhar daí.

Haku fez uma cara de surpresa ao ouvir aquela confissão. Miku olhava para o lado, parecendo incapaz de olhar nos olhos vermelhos de sua mãe, seu rosto cheio de vergonha e culpa por ter sido pega fazendo aquele papelão.

– Miku... você sentiu inveja? – Haku perguntou.

– É... é eu senti. – Miku admitiu.

Haku se sentiu inclinada a, mais uma vez, repetir mentalmente seu velho mantra de “eu sou uma péssima mãe” ao ver que sua filha havia feito tudo aquilo por que ela havia deixado seu trabalho se interpor em seu tempo com Miku.

Porém ela tinha coisas mais importantes para fazer no momento do que e auto-recriminar. Suspirando, Haku falou para Miku:

– Filha, eu entendo que eu possa ter passado essa impressão, considerando que nós não temos nos falado muito ultimamente, mas, entenda, não é porque eu não goste de você, ou goste menos de você, que eu tenha dado tanta atenção ao trabalho. É porque eu quero te dar uma boa vida e eu realmente gosto do que faço aqui.

Miku entendia aquilo. Era a mesma coisa que ela sentia quando pensava em seguir carreira no mundo da musica. Ela não queria que sua mãe parasse de trabalhar como pediatra só porque Miku sentia que não passavam tanto tempo juntas como antigamente.

A menina de cabelos azuis abraçou sua mãe e falou:

– Eu sei, mamãe, eu sei. Me desculpa, tá? Não quero que você deixe de se dedicar ao seu trabalho por minha causa.

Haku abraçou sua filha de volta e olhou para ela nos olhos, dizendo:

– Miku, ninguém vai substituir o seu lugar no meu coração. Você é minha filha. Então não precisa sentir inveja, ok?

Miku assentiu com a cabeça e abraçou sua mãe novamente, se sentindo mais tranquila e jurando que não deixaria que algo bobo como inveja a fizesse pensar que Haku não gostava dela.

Após as duas terminarem seu abraço, elas olharam para frente e viram metade das crianças da ala infantil as observando. Miku e Haku coraram um tom rubro ao perceberem que não haviam notado que estavam sendo assistidas.

Haku foi a primeira a se recuperar e limpar sua garganta:

– Ok vocês todos, o show acabou. Podem ir.

– Uh... acho que eles também querem um abraço, mamãe. – Miku opinou, apontando para uma garota ruiva com uma cicatriz de queimadura embaixo do olho esquerdo, que parecia querer levantar os seus bracinhos para pedir um abraço.

– Oh... eh... Miku, você poderia me ajudar? Eu só tenho dois braços.– Haku perguntou, sua típica timidez voltando.

Miku suspirou, porém sorriu para sua mãe aquele sorriso de felicidade que ela reservava somente para Haku antes de se levantar e se ajoelhar no chão, perto das crianças e perguntar:

– Quem quer um abraça da enfermeira Miku?

As crianças pareceram ficar animadas e se jogaram em cima da voluntária, que pode apenas rir ao ver o entusiasmo deles.

Haku sorriu.

- / - / - / - / - / - / -

Um dia depois, Miku resolveu que continuaria a ser voluntária esporádica no hospital, já que ela ainda tinha o clube de musica em Cripton para atender.

Em um desse dias, Zatsune recebera seu lanche da tarde na cama de seu quarto como sempre. Ela nem ao menos prestou a atenção em quem trouxe seu café, como sempre, e alcançou com a mão um sanduíche que havia na bandeja sem olhar, abocanhando um pedaço deste... apensa para cuspi-lo em seguida apos sentir um gosto que seu paladar identificara como horrível.

Olhando para o sanduíche e para a bandeja, Zatsune Miku viu que havia um cartão com uma mensagem. Pegando o cartão, ela viu, escrito a mão, as seguintes palavras:

Vejo você por aí, pirralha.

H.Y.M.

Zatsune ergue uma sobrancelha para aquilo e olhou para seu sanduíche novamente. Seu rosto se contorceu em uma expressão de puro desgosto enquanto ela dizia:

– Eu odeio negi...


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Notas finais do capítulo

Pra aqueles que estão imaginando; sim H.Y.M. são as iniciais para Hatsune Yowane Miku.
Eu disse já no primeiro capítulo que Haku adicionaria seu nome de familia ao da Miku, só nunca tive a oportinidade de mostrá-lo até agora