Like Another Fairytale escrita por Mariia_T


Capítulo 8
08.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo grandão, geeente! Ficou bem bestinha, mas espero que gostem! x



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Fitei o cesto de lixo próximo à minha mesa e arremessei minha maçã. Comemorei minha cesta e levantei dali, indo atrás de Jolie ou de Gabe. O que viesse primeiro.

- Tem certeza que vocês estão bem? – Perguntei, saindo do carro de Jolie. Estávamos na Times Square, prontas para compraralguma coisa para ela usar essa noite. Até onde eu havia entendido, era somente uma reuniãozinha de amigos, nada demais. Precisava mesmo daquela formalidade toda?

- Isso acontece sempre. E você está me enchendo a paciência desde cedo, pode, por favor, parar com esse assunto?

- Então também não está com raiva de mim? – Sorri meu melhor sorriso fofo.

- Não. – Revirou os olhos. – Vamos, temos pouco tempo.

No final, fizemos a festa. Jolie me ensinou um pouco do estilo nova iorquino, apesar de eu não concordar muito em muita coisa. Quem gastou mais fora ela, claro. Eu sinceramente não sabia fazer compras e tive que explicar à minha prima mais de uma vez que quem comprava minhas coisas era minha tutora.

- Já está pronta? – Ela entrou no meu quarto, colocando os brincos. Quando a vi, deixei meu queixo cair. – Que foi?

- Você tá linda, Jo! – Sorri e a fiz dar uma voltinha no lugar. – Que produção toda é essa?

- É importante estar bonita. – Deu de ombros, mas aquilo era visivelmente o menor dos motivos. Coloquei as mãos na cintura e a encarei, esperando a explicação completa. – Para com isso!

- O menino vai estar lá?

- Que menino? – Fingiu não entender. Bati o pé no chão, impaciente. – Tá, tá. O Seth é amigo do Gabe, ele pode estar por lá!

- O que você viu de tão bom nesse Seth? – Sentei na cama dela.

- Ah, K... Ele é tão lindo! – Ela suspirou. – Sei lá, ele tem esse jeito meninão, despojado e despreocupado, como se nada o abalasse. Ele é só... Perfeito!

- Meu Deus, como você reagiria se esse menino te pedisse em namoro. – Olhei para ela, maliciosa. Jolie riu de nervoso e abriu um sorrisão.

- Eu morria! Acho que ia desfilar meu namorado pela escola toda, esfregando na cara daquele povo que ele é meu. – Disse, como se visse a cena através da parede branca do quarto.

- Nossa. – Comentei, tentando parecer satisfeita com sua fantasia. Acho que eu esperava um pouquinho mais. Enfim, levantei-me rapidamente, virando-me para o grande espelho perto da penteadeira enorme dela.

- Você tá linda também. Claro, porque eu escolhi suas roupas. – Ela se gabou, rindo um pouco e parou ao meu lado. – Nós estamos lindas.

Analisei meu jeans preto – muito – justo, a batinha vermelha e a jaqueta de couro por cima. O salto me incomodava um pouco, já que eu nunca fui muito acostumada com saltos tão altos, eu sempre usava saltos menores que dez centímetros. Já Jolie usava um vestido branco, também justo e sandálias no mesmo tom. Eu ainda achava aquilo muito exagerado para a ocasião.

- Vamos logo, antes que cheguemos por último. – Ela segurou minha mão e nos puxou para fora do quarto. Descemos até a garagem do prédio e nos dirigimos para a casa de Gabe. – Sua primeira social em Manhattan. – Jolie brincou.

- Verdade. Sou uma pessoa badalada. – Joguei o cabelo como uma daquelas meninas faziam na escola, provocando risadas de Jolie. – Por que aquelas meninas são assim?

- Não sei. – Disse, olhando atentamente a rua. – Mas elas deveriam se tocar de que são muito, muito, irritantes.

- Elas são vaidosas, Jo. Ninguém pode culpa-las por isso.

- Ser vaidosa tudo bem, mas ser vadia, não.

- Entendi. – Torci o nariz.

- Chegamos. – Disse, girando o volante com a mão esquerda para manobrar. – Pode descer, vou estacionar.

- Ok. – Sorri e saí do carro, meio hesitante. Senti aquele vento quente bater em meu rosto, provocando o aumento de meu sorriso. – Vou esperar na porta.

Ela assentiu e arrancou com o carro. Virei-me para o prédio onde, obviamente, Gabe residia. Não muito diferente do de Jolie, na verdade, igual em luxo. Por ser noite, a rua estava toda iluminada, com holofotes estrategicamente posicionados para dar o ar luxuoso do bairro. Essa era a classe privilegiada de Manhattan, prazer.

- Demorei? – Jolie pulou ao meu lado, sorridente. Neguei com a cabeça. – Vamos.

Entramos no prédio e logo nos dirigimos ao elevador. Pelo canto do olho, notei a ansiedade de Jolie. Esse Seth mexia mesmo com ela. De uma forma sobrenatural, talvez. Já passávamos do décimo quinto andar quando resolvi prestar atenção na demora do elevador chegar ao seu destino. Estávamos no vigésimo andar quando ele parou.

- A cobertura do prédio do Gabe é a coisa mais linda que você vai ver na sua vida. – Jolie quase gritou, com alguns ganidos de ansiedade vindos da garganta, parecidos com gritinhos contidos.

Cobertura? Precisamos disso tudo? Quando a porta do elevador abriu, tive minha resposta: sim, precisava.

Não era, visivelmente, uma “reunião de amigos”. Só se Gabe tivesse muitos amigos. O lugar não estava decorado como se estivesse preparado para uma festa. Na verdade, tinham muitos sofás, pufes, uma pista de dança, um bar, uma cabine de DJ e a vista de Manhattan. As pessoas se amontoavam da forma que podiam. Andávamos nos esbarrando com gente se beijando em atos mais vulgares e bebidas derramavam no chão.

- Jolie! Karen! – Gabe se colocou à nossa frente, sorrindo e de braços abertos. Ele tinha um cheiro forte de álcool e algo como tabaco. – Nem acredito. – Ele nos abraçou ao mesmo tempo, nos esmagando uma contra a outra.

- Oi! Onde estão os meninos? – Jolie sorriu, direta no assunto.

- Por ali. – Apontou com a mão aberta, como se indicasse uma região da festa. Jo olhou para onde ele apontava e fez careta.

- Vou beber. – Disse e saiu dali.

- Vamos dar oi. – Gabe segurou minha mão e me puxou até onde os meninos estavam, com suas respectivas companheiras.

Seth estava com Katherine, beijando-a com certa selvageria. Luke conversava com alguma menina e Justin estava lá também, com Jennifer. Não pude deixar de reparar como eles estavam... Ligados. Jennifer mantinha uma perna nua em cima das pernas de Justin, que acariciava sua pele enquanto o rosto da menina estava escondido em seu pescoço. Fiquei sem graça de interromper o momento, mas Gabe não pareceu abalado.

- Olha quem chegou! – Gabe gritou, mais alto que a música.

- Hey, Karen! – Seth largou a boca de Katherine e sorriu para mim, ofegante. Katherine seguiu seu exemplo.

- Você por aqui! – Ela, porém, soltou-se completamente dele e veio me abraçar.

Justin virou o rosto em minha direção, assim como Luke.

- Hey. – Eles disseram em uníssono. Jennifer tirou o rosto da curva do pescoço de Justin e me olhou com indiferença no olhar, quase como desprezo. Retribui com um sorriso, quase forçado, mas eu sabia como ser simpática.

- Sente aqui. – Katherine me deu espaço, ao seu lado, no grupo de sofás em que eles estavam.

Sentei-me, por falta de opção, e fiquei meio à parte, claro. Mas Katherine se esquivou de um beijo de Seth e virou-se para mim, totalmente animada de repente.

- Você está linda, já disse? – Ela sorriu para mim. Ela era muito fofa, já disse?

- Obrigada, você também está.

- Eu achava que as europeias eram meio sem graça, mas você tem uma coisa diferente... – Ela assumiu uma expressão pensativa, como se me analisasse no íntimo.

- Para com isso. – Fiquei um pouco sem graça, tanto pelo elogio quanto pelo fato dela me encarar com afinco.

- Olha só o que eu trouxe! – Um garoto estranho, que eu não conhecia, apareceu ali, segurando um saquinho transparente na mão, com uma coisa verde dentro. Eu conhecia aquilo, espera...

- Finalmente, cara! – Um menino que eu também não conhecia chegou para perto do grupo. As meninas sentaram em uma roda no chão, animadas, com alguns outros garotos que se aproximaram também. Eles tiraram aquilo do saquinho e enrolaram em papeizinhos pequenos, logo depois acenderam.

- Ah! Eu fiquei sem! – Jennifer reclamou, olhando com desejo para o cigarrinho de Katherine.

- De boa, gata. Pega o meu. – O cara que trouxe a erva inclinou um pouco o rosto para a frente, oferecendo a ela. Jennifer deu um sorriso travesso e apoiou as mãos no chão, acabando por ficar de quatro e se esticar para pegar o cigarro do menino com a própria boca.

Eu já estava começando a ficar tensa e constrangida.

- A gatinha aí não vai querer? – Ele olhou para mim, curioso, como se esperasse alguma reação minha.

- Não, valeu. – Respondi rapidamente, encostando-me às costas do sofá, mais tensa que antes. Senti olhares em mim, mas tentei ignorar.

- Seth? – Ele se voltou para os meninos, que apenas observavam a situação. Justin, Seth e Luke, de fora daquilo.

- Estamos parando. – Justin foi quem respondeu. – Pelo time.

- Fica de boa, cara! – O menino voltou a insistir. Justin negou com a cabeça e suspirou.

- Vou procurar Jolie. – Falei, meio baixo, acho que ninguém me escutou, mas a intenção realmente era não ser notada. Levantei-me do sofá, meio rígida pelo nervosismo.

Andei um pouco pelo lugar, entretida em reconhecer Jolie em qualquer pessoa que se animasse demais na pista de dança. Arrisquei algumas vezes olhar para trás e checar se eles ainda continuavam fumando a erva. Na Europa aquilo era muito comum, mas por aqui, acho que é até ilegal. Melhor me manter longe de problemas legais.

Desviei de algumas pessoas que dançavam descontroladamente por ali. Deixei escapar um leve sorriso ao notar para onde meus pés me levavam. Talvez eu estivesse louca de vontade de tomar ar puro ou estava totalmente encantada para ver a vista que aquela cobertura proporcionava.

Apoiei meus braços no parapeito e suspirei, sentindo aquele vento um tanto frio bater em meu rosto. Dali eu podia ouvir o barulho da cidade ainda em movimento, apesar do horário. A cidade iluminada me trazia uma espécie de sentimento nostálgico, como que lembrando as vezes que eu via as fotos de Nova Iorque e me imaginava apreciando toda aquela vista.

- Não cai! – Alguém segurou meus ombros e me empurrou para frente. Meu coração disparou e por reflexo me agarrei ao parapeito de mármore, para me manter firme. Passado o susto, virei-me rapidamente e vi aquele cara da aula... Mal me recordava seu nome. – Está sozinha, gatinha?

- Eu...

- Ótimo. – Sorriu. Seu hálito era uma mistura repugnante de vários tipos de bebidas alcóolicas. – Que tal ficar comigo?

- Tenho certeza que seria muito legal, mas eu tenho que procurar minha prima...

- Não, fica aqui comigo. Vai ser mais divertido, eu garanto. – Sorriu de um modo malicioso e se inclinou para pressionar os lábios na curva de meu pescoço.

- Desculpe... – Cambaleei para o lado, me esquivando dele, que avançou no ar. Não me prolonguei demais, apenas saí andando dali, voltando para o interior da festa.

Vaguei mais um pouco por ali, totalmente sem rumo, me sentindo um peixe fora do ninho. Sim, peixe e ninho na mesma frase. Decidi ir atrás de algo para beber, já que minha garganta já começava a implorar por algo líquido. Nada que não tivesse álcool.

- Reunião entre amigos, hein? – Murmurei para mim mesma, olhando atentamente os copos com os tipos de bebidas. Eu reconhecia alguns só de olhar, havia até rum ali. Rum.

- O Gabe guardou algumas latas no apartamento dele. – Ouvi aquela voz rouca perto de mim. Virei-me rapidamente e o encontrei logo atrás de mim, com um sorrisinho no rosto.

- Latas?

- É. – Justin desviou o olhar e riu. – Coca. Você não bebe, né?

- Não. – Limpei a garganta. Ele assentiu e esticou o braço ao meu lado, pegando um copo de bebida azul fluorescente para si. Levantou o copo como que em brinde e indicou um lugar com a cabeça. Deu alguns passos e parou, virando-se para ver se eu o seguia. Entendi o recado e saí do lugar, indo atrás dele. – Que foi?

- Vamos buscar sua bebida. – Disse, apenas, indo em direção à saída da cobertura (o elevador, né).

- Não precisa vir comigo. – Corri um pouco para acompanha-lo.

- Você não ia achar o apartamento.

- Uma hora eu iria. – Estufei o peito.

- Bom, eu achei que você iria gostar de estar aqui na hora do bolo. Mas se quer demorar anos procurando pelo apartamento do Gabe nesse prédio...

- Bolo? Isso aqui é um aniversário?

- Sempre tem bolo nessas coisas do Gabe. É a melhor parte.

- Por quê?

- Ora, comida! – Ele abriu os braços como se fosse óbvio. Ri da cara que ele fez e adentrei o elevador com ele, que logo apertou o botão do décimo andar e a porta se fechou.

O silêncio se instalou por ali enquanto o elevador descia. Justin se encostou à porta e ficou de olhos fechados, parecendo concentrado em algo. Fiquei olhando a luz caminhar conforme os andares que íamos descendo. Até ela parar no décimo andar.

- A chave deve estar por aqui... – Justin começou a procurar por entre alguns vasos enormes decorados com flores no corredor.

- A porta está aberta. – Falei, notando a pequena fresta na porta. Justin ajeitou a coluna e veio para perto, empurrando a porta.

- Gabe? – Chamei, entrando logo atrás de Justin. – Será que alguém arrombou?

- Não nesse prédio. – Justin parecia controlado, como se aquilo fosse normal.

- Mas cadê ele então?

- Vamos ver no quarto dele. – Ele pegou meu pulso e nos guiou até a porta no final do corredor escuro.

De repente o barulho de algo quebrando me fez pular de susto e eu me agarrei à jaqueta preta de Justin, que soltou uma risadinha. Ele abriu a porta com cuidado, meio tenso de repente. Senti-o esticar a mão para ligar a luz e prendi a respiração quase que inconscientemente.

- Que é?! – A voz de Gabe explodiu assim que a luz se fez presente. Saí de trás do Justin e olhei para dentro do quarto, aflita. – Ah, mas que inferno, Justin!

- Gabe! O que foi? Você está bem? – Corri até ele, segurando seus ombros. Seu rosto estava vermelho e seus olhos pareciam injetados de sangue, como cólera. Seu cheiro de bebida me atingiu em cheio quando ele bufou, ainda encarando o Justin, como se não se conformasse com algo.

- Tô ótimo. – Respondeu, de má vontade. – Mas que merda, hein Justin? Não falei que hoje não queria garota nenhuma aqui no meu apartamento?!

- O-o quê? E-eu... A gente só veio pegar um refrigerante e...

- Ai meu Deus! – Coloquei a mão na boca, horrorizada por ter entendido o que Gabe quis dizer.

- Não... Não é assim... – Justin gaguejou, de olhos arregalados e rosto pálido.

- Você não perde uma né? – Gabe riu com escárnio. – Coitada da menina, JB, deixe-a em paz!

- Você tá bêbado, Gabe! Vem Karen, vamos deixar ele sozinho com a frustração dele. – Justin estendeu a mão e me chamou.

- Eu vou ficar mais um pouquinho e... – Não terminei, apenas finalizei com um sorrisinho amarelo.

- Ok, a gente se esbarra. – Disse rapidamente e saiu. Dava para ver que ele estava ansioso para sair dali.

- Fica longe dele. – Gabe murmurou, dando um soco em um travesseiro, que voou longe. Logo depois ele se jogou ali.

- Eu... Eu...

- Não é garota para o bico dele. Fica esperta. – Continuou. Ai meu Deus, ai meu Deus!, eu pensava sem parar.

- Você está bem? – Mudei de assunto rapidamente, me sentindo totalmente desconfortável por pensar nas intenções de Justin ao me trazer aqui.

- Não, caralho. – Disse, grosseiro. Tentei não me espantar.

- O que houve?

- Interessa?

- Quero ajudar! – Falei, sentando ao seu lado na cama.

- Então tira aquela vagabunda da Jolie da minha frente! Para sempre! – Gritou, jogando aquele ar poluído de álcool em cima de mim. Arregalei os olhos, inevitavelmente.

- Vocês brigaram de novo?

- Que inferno! – Ele levantou da cama e foi pegar uma garrafa de uísque que até então eu não tinha notado em cima de uma cômoda. – A vadia da Jolie e o filho da puta do Justin, na mesma noite. Que cacete! – Praguejava em voz alta, chutando as coisas que encontrava pelo caminho de volta à cama. – Sai daqui, Karen. Quero ficar sozinho com a merda da minha vida.

Não respondi nada. Se ele queria ficar sozinho, ficaria. Levantei-me rapidamente e segui para a porta do quarto, mas antes que eu pudesse sair Gabe me chamou:

- Vamos fingir que você não me viu assim. – Disse após mais um longo gole no gargalo da garrafa.

Assenti meio assustada e saí dali o mais depressa possível. Não queria incomodar o Gabe, não queria deixa-lo pior do que já estava. Fechei a porta atrás de mim e corri para o elevador. Esperei que ele demorasse mais um pouco, mas logo pude ouvir a música alta que vinha da cobertura.

Rodei mais um pouco, à procura de Jolie. Meu relógio de pulso indicava que já passava das dez da noite. Passara rápido até.

- Uau! Essa festa está ótima! – Jolie pulou na minha frente, segurando uma garrafa de bebida nas mãos e a entornava várias vezes. Pela mão puxou um rapaz que eu até então não havia reparado e o beijou com voracidade, seu corpo colado ao dele.

Ela me entregou a garrafa e abraçou o pescoço do garoto com os braços livres. Quando partiram o beijo, riram como dois deficientes mentais, pegaram a garrafa da minha mão e a dividiram.

- Ok, você já pode ir! – Jolie acenou com a mão e ignorou totalmente o garoto. Este saiu, sem se incomodar com o fato de ter sido dispensado. – Cara! Eu me sinto tão...!

Não chegou a terminar a frase, tropeçou no próprio pé e caiu no chão, rindo da própria desgraça. Abaixei-me rapidamente e a ajudei a levantar, com certo esforço, mas bem sucedida. Ela não me parecia nada bem.

- Jo?

- Vamos dançar, K! – Ela gritou no meu ouvido, conseguindo ser mais alta que o som. Segurou minha mão e riu, me puxando para a pista de dança.

Ela se balançou no ritmo da música, visivelmente solta e divertida. Alguns garotos se aproximavam, davam-lhe selinhos e depois se afastavam, rindo também. Aquilo estava sendo muito para minha cabeça. Virei-me para deixar Jolie ali, mas ela segurou meu braço num movimento muito rápido para seu raciocínio debilitado pela bebida e, de novo, caiu no chão. Suspirei e a ajudei a levantar.

- Meu Deus, você está pálida! – Observei, quando a tirei daquele monte de gente e a levei para a luz. – Jolie!

- Vamos voltar! – Ela sorriu.

- Não! Vamos para casa! – Falei, sendo firme com ela. Não sabia de jeito nenhum como cuidar de uma pessoa bêbada... Quero dizer, eu era uma festeira de primeira viagem! Não sabia como ou o quê fazer.

- Você dirige?

- Não, mas...

- Então não vamos para casa! – Falou ela simplesmente e saiu, voltando para a pista de dança.

- Meu Deus... – Murmurei e fui atrás dela.

Depois de algum esforço, consegui arrastá-la para a porta de saída, mas ainda precisava resolver o problema do transporte. Não havia trazido a carteira, não tinha um centavo sequer comigo. Não sabia dirigir, não tinha o celular dos meus tios, não sabia se Jolie havia trago o celular... Eu estava sem saída! Gabe estava no apartamento dele comendo o pão que o diabo amassou! O que seria de mim?!

- Opa, cuidado! – Ouvi o menino que impedir Jolie de cair novamente dizer.

- Seth, me beija, seu lindo, gostoso! – Jolie riu e jogou-se em cima de Seth. Ele fez uma careta e a segurou pela cintura, afastando-a com firmeza.

- Precisa de ajuda? – Ele se virou para mim, com um sorriso solidário no rosto.

- Eu... Preciso. – Suspirei, derrotada.

- Deixo vocês em casa, já estava indo embora mesmo!

- A Jenny mandou um beijo, Ry... Karen! – Katherine se aproximou de Seth e me notou ali. Retribuí seu sorriso gentil e acenei. – Meu Deus, o que houve com ela? – Apontou para Jolie, que virava mais um pouco de sua garrafa dentro da boca.

- O que quase aconteceu com você, né amor? – Seth respondeu, desajeitando delicadamente o cabelo de Katherine.

- Ai, minha diabetes... – Jolie disse, fingindo passar mal e ânsia de vômito. Katherine revirou os olhos significativamente, dando um selinho em Seth em seguida.

- Vamos dar uma carona para elas. – Seth avisou, abrindo a porta para que eu passasse com Jolie apoiada pelos braços.

O carro de Seth era tão luxuoso e opulento quanto quase tudo nessa região de Manhattan. O Audi – só o que eu reconhecia do carro era sua marca – deslizava silenciosamente pelas ruas. Jolie quase dormia em meu ombro enquanto a mão de Seth fazia um movimento de vai-e-vem na coxa desnuda de Katherine.

- É aqui, não é? – Seth quebrou o silêncio, parando o carro na frente do prédio de Jolie. Assenti e esperei que ele destravasse as portas, para que então pudesse sair com Jolie sendo arrastada. – Quer ajuda?

- Não precisa, eu sobrevivo. – Garanti, fazendo um pouco de esforço para mantê-la de pé. – Obrigada, Seth! Tchau!

Fechei rapidamente a porta do carro e reboquei Jolie até o saguão do prédio. Eu podia sentir minha vergonha crescendo a cada olhar desviado para nós naquele prédio. Não acreditava que Jolie estava fazendo aquilo comigo. No elevador, que pelo menos estava vazio, ela chorou.

- Que foi? – Segurei seu rosto, limpando suas lágrimas. Os cabelos grudavam em sua testa pelo suor misturado às lágrimas, ela estava um caco. Jolie levantou os olhinhos azuis cheios de lágrimas e me lançou um olhar penoso, culpado e humilde.

- Por que ele me rejeitou? – Ela choramingou em meu ombro.

- Quem? – Não me recordava de alguém que ela tenha beijado e esse alguém a dispensou, aliás, foi tudo ao contrário.

- O Seth.

- Ah. – Tudo fazia sentido, então. – Ele tem namorada, Jo.

- Isso nunca impediu ninguém de ser feliz!

- Mas ele está feliz com ela!

- Não está não! Tudo o que eles fazem é sexo! Tudo! Não tem amor ali! É só... Sexo! – Explicou, com um biquinho indignado.

- Mas Jo...

- Eu sou melhor, sou muito melhor! – Ela continuou chorando. – Por que só ele não vê isso?

- Olha, a gente chegou. – Sorri para ela, ao ver que a porta do elevador se abrira.

Conduzi-a até seu quarto e a preparei para dormir. Fiz um café expresso para ela, tentando acalma-la antes de deixa-la dormir. Foi uma noite pesada, receio eu. Na verdade, não sabia o que era exatamente aquilo que ela sentia. Eu nunca tive a experiência de gostar de alguém e não ser correspondida. Para ser mais específica, eu nunca havia gostado de alguém.

Eu chegava a me questionar: como é?

- Boa noite. – Falei, antes de sair de seu quarto e apagar a luz.

Andei um pouco pelo apartamento, procurando algum adulto naquela casa, mas nem meus tios e nem os gêmeos estavam por lá. Fui para o meu quarto e me troquei para dormir. Aquela noite havia sido surreal para mim! Tudo!

Sorri ao constatar – mais uma vez – como minha realidade era diferente daquela gente. Se minha tutora ouvisse algo do tipo, ela nunca acreditaria em tamanha gafe! Ficar bêbada em público? Ir para casa de carona? Chorar por um cara? Jamais!

Adiei a escrita em meu diário. Afinal, eu não precisava escrever todos os dias nele, não era necessário. Deitei na cama e fiquei repassando a noite, como um filme automático. O sorriso brotou em meus lábios e por ali ficou até eu pegar no sono.



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Notas finais do capítulo

Eaí? Curtiram? Tell me! haha.
Booom, eu queria fazer uma perguntinha, vocês acham que o Justin vai ser vadio ou amorzinho? Slá, quero saber as impressões que ele está passando e pá...
As coisas estão começando a ficar boas na fic, relaaax.
É isso aí, guys! Espero que gostem, xx!
p.s: to me sentindo muito Gossip Girl escrevendo sobre Manhattan HSPAISJASOAISGIOASJ é.
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