Like Another Fairytale escrita por Mariia_T


Capítulo 30
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Notas iniciais do capítulo

"O que gostaria de dizer ao leitor antes dele ler o capítulo?" MIL DESCULPAS NÃO EXPLICAM O QUE EU QUERO DIZER ENTÃO, apenas leia o capítulo :c



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O barulho metálico na prateleira de cima do meu armário me fez levantar a cabeça, desviando minha atenção do celular. Olhei para cima, encontrando o olhar furioso de Justin. Vi a corrente dourada pendurada em sua mão, mas a pedra estava escondida pelo punho fechado. Mordi o lábio inferior, constatando o que eu temia: a reação exagerada de Justin.

– Não sei em que momento você decidiu que eu sou digno de pena...

– Justin, você sabe que eu não...

– Você sentiu pena sim! E foi tanta que deixou o colar dentro do bolso da minha blusa... Achou mesmo que eu sou idiota a esse ponto? Que eu ia achar o colar e agradecer aos duendes da sorte por terem sido bons comigo?

– Eu só quis ajudar.

– Você quer ajudar? Fique calada sobre tudo o que eu te contei, é o melhor que pode fazer por mim, princesa. – O tom dele ao dizer a palavra me pegou de surpresa, rasgando alguma coisa dentro de mim.

– Desculpe, eu não sabia que ia te ofender.

Ele não respondeu, apenas largou o colar dentro do meu armário e me deu as costas, indo em direção ao ginásio. Respirei fundo e peguei o colar da prateleira, guardando-o na minha bolsa em seguida.

Ontem, antes de me deixar em casa, Justin saiu para avisar Pattie que estava saindo de novo. Nesse meio tempo, ocorreu-me que eu podia e também, de alguma forma, devia ajudar Justin. Ele não merecia estar passando por aquilo sozinho... Deus, dívidas com um traficante! Nesse quesito, ele era só uma criança!

Por isso vasculhei minha bolsa atrásde qualquer item de valor que pudesse ajudar e acabei encontrando uma gargantilha que Jolie me obrigara a usar nos primeiros dias de aula, mas eu acabei tirando porque me dava a sensação de estar sendo enforcada. E, quando me certifiquei de valeria alguma coisa... deixei-a no bolsoda jaqueta dele.

E aqui estou, suspirando, sem saber se me arrependo de ter sido tão intrusa ou se mantenho firme a minha opinião.

– Não sabia que o ar de Manhattan está tão bom para a senhorita suspirar tanto. – Jolie se apoiou na porta do armário ao lado e me abriu um sorriso caloroso.

– Não está. – Suspirei de novo.

– Então o que é... ?

Mordi o lábio e olhei para ela, ponderando o que falar.

– Justin.

– Como é?! – Ela rapidamente se aproximou de mim à procura de algo. – Ele te machucou? Aquele idiota ousou...

– Não, Jo! – Afastei as mãos dela de mim. – Eu que fui idiota.

Ela franziu o cenho. Fechei a porta do meu armário e pendurei a bolsa no ombro. Gabe estava a alguns metros de distância de nós, cumprimentando algumas pessoas no caminho até onde estávamos. Luke e Seth também estavam próximos, trocando olhares com Gabe e Jennifer, que vinha na direção contrária a todos nós. O ar de repente se tornou denso demais para ser respirado e minha respiração acelerou. Todos ali sabiam de algum detalhe sobre Justin. Jolie sabia do homem morto, Gabe, Seth e Luke sabiam das drogas e Jennifer sabia de alguma coisa, qualquer pessoa com bom funcionamento do cérebro podia ver aquilo. Apoiei-me junto ao armário, tentando assimilar cada pedaço da história a seu respectivo personagem, processando tudo ao passo que tentava manter a respiração intacta, mas essa tarefa se encontrava cada vez mais difícil de ser executada. Meus pulmões exigiam mais do que eu podia absorver e fechei os olhos por alguns instantes que logo se tornaram eternidades.

[...]

– Ela disse que o problema era você! – A voz feminina disse, perto de mim.

– Eu? Por que o problema tem que ser sempre eu? – O garoto disse.

– É a ordem natural das coisas. – Ela respondeu e então sua voz ficou mais alta. - Já era hora dela acordar.

Abri os olhos de uma vez ao ouvir aquilo. Acordar?

A luz forte me cegou e, em algum canto, alguém comemorou.

– Karen? Você está bem? – Era Jolie perto de mim. Assenti, estendendo o braço, pedindo ajuda para me sentar na cama onde eu estava deitada. Reconheci o ambiente à minha volta, era a enfermaria. Embora eu nunca tivesse estado lá, o excesso de material branco denunciava.

Pelo canto do olho, notei a movimentação perto da porta e vi Justin saindo por ela, o semblante nervoso ao mesmo tempo lívido. Fechei os olhos por um instante, reprimindo uma estranha vontade em mim de me encolher e começar a chorar. Jolie se aproximou mais, colocando a mão na minha testa.

– Certeza de que está bem? – Ela mantinha o olhar preocupado, quase maternal que me lembrou automaticamente de tia Judith.

Uma mulher também vestida de branco entrou na sala com um pequeno sorriso nos lábios. Ela olhou para mim e seu sorriso aumentou, mostrando as rugas nos cantos dos olhos e as marquinhas de sorriso na boca.

– Que bom que já está acordada, querida. O táxi já chegou.

– Táxi? – Franzi o cenho. Não me recordava de nenhum táxi.

– Você não pode frequentar o resto de suas aulas nesse estado. – Ela explicou, passando um braço pela minha cintura e me tirou da cama. Quando meus pés tocaram o chão, não fui capaz de sustentar meu próprio peso nas pernas e quase caí.

– Meninos, podem nos dar uma mãozinha aqui? – A enfermeira pediu e Gabe se levantou da cadeira acolchoada, vindo em nossa direção. Ele rapidamente passou o braço por debaixo das minhas pernas e pela minha cintura, tirando-me do chão logo em seguida.

– Ugh, Gabe, não precisa...

– Claro que precisa, Karen. Você não está bem nem para andar! – Ralhou ele, jogando-me um pouco mais para perto para me segurar melhor. Fechei os olhos e afundei o rosto em seu ombro, rezando para que os corredores estivessem vazios. Depois que passamos pela segunda porta que nos levaria ao corredor principal, ouvi alguém arfar e Gabe me apertou mais contra si. – Agora não. – Sua voz estava carregada de grosseria e, surpresa pelo tom de voz, levantei a cabeça para ver com quem ele falara. Encontrei o olhar de Justin.

Não falei nada durante o resto do trajeto. Gabe também não pareceu se incomodar em quebrar o silêncio até o momento que chegamos ao táxi. Ele me colocou no chão e abriu a porta para mim. Disse algumas poucas palavras sobre ficar melhor e descansar antes de fechar a porta e o táxi entrou em movimento.

Entreguei o dinheiro ao taxista quando ele parou em frente ao meu hotel e desci, meio cambaleante.

O hotel estava cheio hoje, várias pessoas entravam e saiam, lotavam a recepção. Segui reto até o elevador de serviço por estar sempre mais vazio. Encostei a testa à parede de aço escovado para aproveitar a temperatura baixa, amenizando a leve dor de cabeça que estava ameaçando começar. Outra pessoa entrou, provavelmente correndo, porque a respiração dela era audível. Abri os olhos e levantei a cabeça quando senti a pessoa perto de mim.

– Você está bem? – Justin perguntou, olhando para mim com extrema preocupação. Assenti, com medo de que, se falasse, minha voz denunciasse meu nervosismo. Ele se aproximou mais, quase grudando seu corpo no meu. Aproveitei a proximidade para apoiar minha cabeça em seu ombro, o que fez suas mãos envolverem minha cintura. – Aquilo mais cedo... Não foi por causa daquilo que você desmaiou, foi?

– N-não. – Limpei a garganta.

– Ótimo. – Ele balançou a cabeça. Sorri comigo mesma, meio boba pelo modo como ele agia. Aquela era forma dele pedir desculpa?

– Eu não devia ter me metido...

– Não devia. Mas sua intenção foi boa. Eu te desculpo.

– Eu não pedi desculpas.

– Então você acha certo se intrometer nos meus assuntos? – Ele perguntou assim que a porta do elevador se abriu, afastando-se de mim para sair às pressas do elevador. Quando ele fez aquilo, notei o quão boba eu fui por ter me deixado levar pela proximidade. Ele apenas queria algo para se segurar por ter medo de elevadores.

– Não. Talvez eu tenha sido precipitada, mas você está sendo orgulhoso e estúpido por achar que pode resolver as coisas sozinho! – Respondi, sentindo o sangue esquentar. Como ele pode ser tão...? Argh! Fui atrás dele até a porta do meu quarto.

– Não só posso como vou! – Rebateu.

– E como você pretende fazer isso? Hein?

– Eu vou dar um jeito! Eu vou conseguir, Karen! Você pode achar que não...

– Você acha que eu não acredito que você é capaz? Justin, eu só não quero que você tenha que passar por isso sozinho, por que é tão difícil entender?

Ele me fitou por algum tempo e eu abri a porta do quarto, jogando minha bolsa de qualquer jeito em cima de uma cadeira. Minha visão girou pelo movimento súbito e coloquei a mão na cabeça. Senti dois braços me segurarem firmes pela cintura, conduzindo-me para a cama.

– O que está fazendo, Justin?

– Você cuidou de mim, agora eu cuido de você. – Ele respondeu delicadamente, deitando-me na cama. Fitei seu rosto enquanto ele tirava minhas sapatilhas e puxou o cobertor para me cobrir.

– Por que você é assim? – A pergunta escapou. Justin parou de arrumar as cobertas e me olhou por alguns segundos. Mordi o lábio inferior, começando a me arrepender por ser tão impulsiva com ele.

– Assim como?

– Meio... Bipolar.

– Bipolar? De novo isso? Achei que havíamos deixado essa fase no passado.

– Eu só continuo confusa.

– Se isso te consola, você também mexe com a minha cabeça.

– Não consola, mas pelo menos eu sei que estamos quites. – Suspirei. Ele soltou uma risada fraca e terminou com as cobertas.

– Descanse, princesa. – Deu um beijinho na minha testa e fechou as cortinas do quarto, indo embora logo em seguida.

[...]

Alguém devia tentar explicar o que acontece com o clima da escola quando é sexta-feira. As pessoas parecem mais felizes. A mudança é perceptível até nos professores.

– Um passarinho me disse que vamos a Houston... – Jolie juntou os materiais e pulou ao lado da minha carteira.

– Nós? – Olhei para ela.

– Eu e você. – Jolie bateu palminhas, sorrindo como uma criancinha. – Minha mãe vai deixar os gêmeos com uma amiga e vai resolver umas coisas da boutique que ela quer abrir... enfim! E ela deixou a chave da casa de praia comigo!

– Praia? – Arqueei as sobrancelhas.

– É... – O sorriso dela diminuiu. – Você não quer ir?

– Eu quero! Quero sim, Jo! – Abri um sorriso, jogando minhas coisas na bolsa. – É que... Eu não esperava, você realmente me pegou de surpresa.

– Eu adoro surpresas. – Ela suspirou. Saímos da sala de aula, entrando na multidão de alunos em direção ao refeitório. – Você tem biquíni? Ah, que pergunta besta, quem não tem biquíni? Mas você pode ter deixado na Dinamarca. Não tem problema, a gente compra um ou eu te empresto e aí...

Sem querer, eu me desliguei do monólogo de Jolie. Paramos na fila do almoço e meu celular vibrou em meu bolso. O nome no visor me fez abrir um pequeno sorriso.

"Ela não para de falar D:". Eu ri fraquinho e levantei a cabeça, procurando Justin pelo refeitório. Ele estava numa mesa no canto, junto com Luke e Seth, que riam sobre alguma coisa da qual Justin não fazia parte, seus olhos estavam em mim.

"Gosto dela assim ;)".

"Ginásio?".

"Hoje tem pizza :(".

"Depois da pizza?".

Levantei a cabeça e procurei Justin, mordendo um pedaço de pizza. Exibido.

"Vou pensar no seu caso ;) x".

Guardei o celular e peguei minha bandeja.

– E aí? – Jolie me cutucou quando nos sentamos à nossa mesa de costume.

– E aí o quê?

– Você ouviu alguma coisa do que eu disse ou as mensagens com o Justin estavam mais legais? – Ela fez um biquinho sugestivo, cruzando os braços. Comprimi os lábios, sem graça tanto por ter sido pega no ato e por medo de Jolie dizer alguma coisa sobre o Justin. – Olha, K, você sabe que eu não gosto dessa sua... coisa com o Justin, mas... Se é o que você quer... Só tenha cuidado, ok? Muito, muito cuidado.

– Obrigada. – Murmurei, os olhos grudados na bandeja.

– Então... Nós vamos hoje.

– Hoje?

– É, Karen, hoje é sexta-feira, temos que aproveitar o final de semana. – Ela disse como se fosse óbvio. Assenti com a cabeça enquanto mordia minha pizza.

– Você me ajuda a arrumar a mala? – Perguntei, sentindo-me uma criancinha pequena por precisar de ajuda.

– Claro! – Ela bateu palminhas, pegando um pedaço de cenoura crua de seu prato.

– Olha quem está comendo cenouras! – Abri um sorriso, apontando com meu garfo o pequeno vegetal no prato.

– Eu conversei com a minha mãe... A nutricionista disse que eu preciso me cuidar ou posso acabar aos 30 com ossos de uma pessoa de 70. – Terminou com um sinal da cruz. Soltei uma risada e mordi o último pedaço da minha pizza, indo para o bolinho de chocolate. – Você, por outro lado...

– Você tem que me dar um desconto! Essa comida... Isso só existe aqui! Com esse sabor... Ah! Eu tenho que comer!

– Quem olha para você nunca diria que você é princesa. – Jolie riu de mim, revirando os olhos. Eu abri um sorriso, achando graça de início, mas eu não gostei da piada, por algum motivo.

– Então eu acho que a América está me ensinando muito bem a não ser como uma.

Abri um sorrisinho cínico e saí da mesa, irritada. O corredor do lado de fora do refeitório estava vazio, salvo por algumas pessoas que preferiam almoçar no pátio ou no gramado. Arrumei a bolsa no ombro e puxei o cabelo para um coque enquanto caminhava em direção ao banheiro do vestiário, por estar mais próximo.

Lavei meu rosto com água gelada e retoquei o batom nude, tentando espantar aquele sentimento ruim de estar perdida dentro de mim.

– Hey! – Justin pulou atrás de mim, saindo de Deus sabe onde.

– Oi. – Abri um leve sorrisinho.

– O que foi? – Ele franziu o cenho, chegando mais perto. – Aconteceu alguma coisa?

– Não. – Pisquei duas vezes e respirei fundo antes de abrir um sorriso. – Acho que eu comi rápido demais. – Desdenhei.

– Tudo isso é pressa de me ver? – Abriu um sorriso presunçoso.

– Se você não notou, estamos no banheiro. Feminino, diga-se de passagem, e não no ginásio onde foi combinado.

– Eu te segui. – Ele deu de ombros.

– Então é você quem está com pressa. – Abri um sorriso vitorioso.

– Não posso negar... Tem essa princesa e ela não sai da minha cabeça...

– Ouvi dizer que pessoas dentro da sua cabeça podem fazer mal...

– Não essa garota. – Ele abriu um sorriso enorme antes de entrelaçar nossas mãos e as levar para trás de suas costas. – Estou ansioso para te mostrar o mar.

Ah. Droga, a praia.

– Ah... – Mordi o lábio.

– O que?

– A Jolie quer ir para Houston hoje.

– Ela também? – Justin revirou os olhos. – Os caras querem passar o final de semana lá...

– Você vai?

– Agora que eu sei que a Jolie vai te arrastar para o mar antes de mim... – Ele fechou a cara.

– Desculpe. Eu não pude dizer não...

– Tudo bem. – Acenou com a mão para que eu deixasse isso de lado.

Olhei para o chão, pensando em um jeito de reverter aquela situação sem graça. Troquei o peso do corpo de um pé para outro e suspirei.

– Talvez você poss me mostrar... – Comecei, tímida, apenas tentando quebrar o silêncio.

– Eu vou te mostrar o mar, eu prometi. – Ele completou, com um pouco mais de convicção. – Vou dar um jeito. Não acho que a Jolie vá me deixar chegar perto de você...

– Eu não preciso da bênção dela. – Revirei os olhos.

– Acalme seu coração, pequeno gafanhoto. – Justin riu. – Uma revolução de cada vez


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Notas finais do capítulo

Ok. Eu queria dizer que eu tinha esse capítulo pronto há milênios mas não consegui postar de jeito nenhum, nem no Anime eu consegui postar o que já estava pronto! Minha vida deu um solavanco do lado de cá e eu não pude fazer absolutamente nada! To de final em uma matéria, quase perdi inscrição de vestibular, ENEM foi um sacrilégio pra mim, enfim! Mil desculpas a vocês, minhas lindas! Nem consigo dizer o quanto eu sinto muito :c
amo vocês, espero que tenham gostado! xxx



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