Like Another Fairytale escrita por Mariia_T


Capítulo 22
21.


Notas iniciais do capítulo

Eu demorei, eu sei :c
Mas aqui está!!



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    - Está frio hoje, hein? – Gabe apareceu ao meu lado de repente, fazendo-me derrubar alguns livros no chão. Olhei feio para ele, que apenas sorriu e deu de ombros.

    - Muito frio. – Murmurei, abaixando-me para pegar a Biologia do chão.

    - É uma pena que o Justin não está aqui para te esquentar. – Ouvi-o dizer, fazendo-me engasgar com a própria saliva. Minhas bochechas arderam e eu me demorei no chão um pouco mais que o necessário para que ele não visse a cor de meu rosto.

    - Desculpe, o que você disse? – Franzi o cenho, fazendo-me de desentendida.

    - Deixa para lá. – Ele riu, passando a mão nos cabelos. – Você tem visto a Jolie?

    - Não. – Suspirei, olhando em volta.

    - Estou preocupado com ela.

    Aquilo chamou minha atenção então voltei meus olhos para ele.

    - Por quê?

    - Ela não atende minhas ligações e a mãe dela diz que não a vê há dias.

    Pisquei duas vezes, tentando absorver aquilo. Jolie estava... Desaparecida? Voltei minha atenção para o armário aberto, prevenindo-me de surtar um pouco. Somente a ideia de nunca mais ver Jolie me assustava terrivelmente. Era minha culpa, não era? Vi a culpa e a angústia brotarem do chão e se rastejarem em minha direção.

    - Você acha que... – Comecei, mas Gabe soltou uma risada seca e balançou os ombros.

    - Ela deve estar em Hamptons. Ela sempre faz isso quando acontece alguma coisa.

    - O que é Hamptons?

    - Uma cidade luxuosa na costa de Nova Iorque. – Deu de ombros. – Você deveria ir lá algum dia.

    - Uhum... – Não dei muito valor ao convite, minha mente já estava a mil pensando em onde ela poderia estar nesse exato momento. – Gabe, eu tenho que correr para minha aula de Inglês e tirar algumas dúvidas, você se importa?

    - Não, claro que não, vai lá. – Sorriu abertamente e apontou com a cabeça para o outro lado do corredor. Sorri também e girei nos calcanhares, indo em direção à escada que dava para o terceiro andar, onde ficava a sala de Inglês.

    Eu estava me perguntando por que aquela escada era tão grande quando ouvi uma voz irritantemente familiar gritar.

    - Não dê as costas para mim! – Ela gritou para alguém, claro, fazendo sua voz ecoar na escadaria. Eu não podia ver Jennifer, ela estava próxima, talvez se eu continuasse subindo e virasse a veria do outro lado da parede. – Você sabe muito bem do que eu estou falando! Onde você pensa que vai? Volte aqui! Eu vou contar tudo!

    Nesse momento, Justin apareceu na minha frente, no topo da escada, depois da curva e parou estático. Atrás dele, Jennifer apareceu e, quando ela me viu, o sorriso arrogante também apareceu.

    - Karen! – Ela guinchou. – Que bom te ver aqui! – Passou por Justin, esbarrando de propósito em seu ombro e desceu os três degraus que nos distanciavam. – Eu estava aqui, falando com Justin, que as pessoas não deviam ter segredos. O que você acha? Concorda comigo?

    Franzi o cenho e desviei o olhar de Justin.

    - Eu...

    - Ah, mas olha a quem eu estou perguntando! – Ela riu. – Você é uma dessas pessoas que têm segredos, não é, princesa?

    Soltei um suspiro derrotado ao ser lembrada daquele fato. Senti o olhar de Justin me queimar, mas não me dei ao trabalho de olhar de volta.

    - Não é mais um segredo. – Respondi, serena.

    - Então você é a favor dos segredos revelados?

    - Se são segredos, Jennifer, há um motivo para não ser dito. – Desdenhei, não queria prolongar demais aquela conversa.

    Ela apenas sorriu para mim, como que decidindo alguma coisa internamente, então eu voltei a subir os degraus. Passei por Justin, sem ter coragem de olhar para ele. Não depois do nosso pequeno beijo no jogo de futebol. Eu nunca havia me sentido daquele jeito, não conseguia olhar para ele.

    - Karen. – Ele me chamou, segurando meu antebraço. Olhei para sua mão antes de subir o olhar para seu rosto. – Oi...

    - Justin. – Jennifer chamou, alguns degraus abaixo. – Nós ainda não terminamos de conversar.

    Ele fechou os olhos e respirou fundo antes de abri-los e me olhar de um jeito que eu não pude decifrar. Fui solta e Justin desceu os degraus, juntando-se a Jennifer de um modo meio resignado, talvez até triste.

    Soltei um suspiro frustrado antes de continuar meu caminho.

    Meu celular vibrou em meu bolso e eu rapidamente o peguei com uma vã e até patética esperança de que fosse Jolie... Mas era Justin.

    “Eu sinto muito.”

    Pisquei duas vezes para a tela do celular, sem entender nada da mensagem. Resolvi deixar para lá e fui logo para a sala de Inglês, evitando todo e qualquer pensamento sobre Justin ou até mesmo Jolie.

    [...]

    - Hey, K. Que pressa, hein? – Seth me cumprimentou quando passei por ele na saída do colégio. Sorri, mas não parei de andar. Ele veio atrás de mim. – Ei, posso falar com você?

    - Fale. – Tentei ser mais simpática possível.

    - Não, calma, para de andar. – Ele tentou me segurar, mas na hora eu desviei de outro aluno que quase esbarrou em mim.

    - Não posso, Seth. Preciso achar a Jolie. – Falei, decidida.

    - Tudo bem, mas... Karen. – Seu tom ficou impaciente.

    - Desculpe, Seth. – Olhei por cima do ombro para ele e empurrei a porta da saída da escola, sentindo a brisa suave e a luz do sol me atingir. Olhei em volta, procurando Gabe pelo estacionamento e depois pelo pátio externo já que eu estava pensando em pedir uma carona até a nova casa de Jolie. Mas, sem querer, meus olhos pousaram numa cena que me fez sentir tudo por dentro parecer parar de funcionar.

    Então era por isso que ele me mandou aquela mensagem. Porque ele estava com Jennifer. Porque havia me beijado no ato mais impulsivo e momentâneo. Droga, eu estava me sentindo tão... Boba.

    - Karen. – Ouvi a voz de Seth vinda detrás de mim. Logo depois uma mão segurou meu ombro, quente e firme, puxando-me para um abraço lateral. Olhei para cima e vi Gabe olhando para baixo, concentrado em tirar sua chave do carro do bolso sem derrubar o celular.

    - Gabe, você sabe onde a tia Judith está morando agora? – Perguntei, tentando engolir o bolo que se formou em minha garganta.

    - Ia perguntar se você queria uma carona para o hotel. – Sorriu para mim, agora com a chave na mão.

    - Na verdade, eu queria ir ver a tia Judith.

    - Sorte sua que eu sei. – Ele enfim respondeu minha pergunta, depois de olhar em volta rapidamente. – Você está bem?

    De alguma maneira eu sabia que ele havia visto o que eu vi.

    Dei de ombros e desci os degraus da escadaria da entrada da escola, indo em direção ao estacionamento. Gabe estava logo atrás de mim e rapidamente destravou o carro.

    Não demoramos muito dentro do carro. Tia Judith estava morando em Chelsea agora, num prédio branco com detalhes em marfim, perto do Central Park. Gabe me desejou boa sorte e disse que qualquer coisa, eu podia ligar para ele, mas... Eu não ligaria.

    Entrei no prédio com um pouco de cuidado, tentando não tropeçar nos degraus molhados. O porteiro me disse qual era o apartamento da minha tia e me mostrou o elevador. Mordi meu lábio em claro sinal de nervosismo enquanto o elevador subia os andares até o sétimo.

    - Karen? – Foi o que tia Judith falou ao me ver na porta. – O que você está fazendo aqui? Está tudo bem?

    - Eu fiquei sabendo de Jolie. – Mordi o lábio de novo, agora apreensiva. Ela fez uma cara nada boa e passou a mão na testa. Não havia notado antes, mas minha tia parecia ter envelhecido uns dez anos naquela semana.

    - Entre, querida. – Abriu mais a porta e me deu espaço para passar. O apartamento era lindo por dentro, ainda melhor que o apartamento do Upper East Side. Era espaçoso e tinha uma visa incrível do Central Park pela grande janela da sala de estar.

    - Tem alguém te ajudando aqui, tia? – Perguntei com cautela, sem querer ofender nem nada.

    - Ah, nem me fale disso. Estou sem ajuda até que essa situação se estabilize, não tenho condições emocionais para entrevistar empregadas agora. – Suspirou, jogando-se na poltrona de veludo vermelho perto da grande janela que eu havia notado antes.

    - Mãe! – Ouvi a voz infantil vinda do corredor e tia Judith suspirou.

    - Eu vou. – Ofereci-me e, antes que ela pudesse negar, eu fui. Achei o quarto dos gêmeos, era logo ao lado da suíte principal, cuja porta estava aberta e eu quase entrei nela. – Jack.

    - Karen! – Joshua, que estava sentado no chão brincando com uns carrinhos, levantou correndo e veio me abraçar.

    - Oi. – Ri fraquinho, procurando Jack com os olhos. Ele estava em cima do beliche, quase pendurado, quase caindo. Soltei Josh e fui correndo ajuda-lo a sair daquela posição sem um tombo. – Cuidado. – Avisei, colocando-o no chão. – Ei, vocês por acaso não sabem onde Jolie está, sabem?

    - A mamãe diz que não sabe, mas eu ouvi alguém fazendo alguma coisa no quarto trancado. – Josh voltou a brincar com seus brinquedos e disse, como quem fala do tempo.

    - Eu acho que ela voltou bem tarde da noite. – Jack completou a informação.

    - Quarto trancado? – Perguntei.

    - É. O último quarto do corredor. – Jack deu de ombros, ligando seu Xbox e começou a jogar um joguinho violento. Assenti e me coloquei de pé também, me dirigindo ao tal do quarto trancado.

    De fato, era difícil abrir a porta do quarto, mas não estava trancada. Havia um móvel impedindo a abertura da porta, então fiz um pouco de força para arrastar o móvel que, depois que consegui entrar no quarto, eu descobri ser apenas duas malas empilhadas.

    O quarto estava vazio, não havia ninguém lá. Mas um barulho vindo do banheiro me levou a ficar mais um pouco ali. Entrei no banheiro com calma e cuidado, mas também não vi ninguém. A banheira ficava num nível mais elevado, três degraus a separavam do chão. Qual não foi minha surpresa ao ver minha prima ali dentro, deitada, brincando com uma garrafa de bebida alcóolica enquanto um pé balançava de acordo com o ritmo qualquer de uma música em seus fones de ouvido.

    - Jolie! – Exclamei, ajoelhando-me na borda e tirando a garrafa de suas mãos. Ela olhou para mim, assustada, mas de um jeito ainda lento. De repente um cheiro que eu ainda não havia notado me pegou em cheio. Olhei para baixo e vi, perto de meu joelho, um cigarro fininho queimando e a fumaça de sua ponta subindo lentamente.

    - Karen! – Ela gritou de volta e içou-se para frente, abraçando-me pelo pescoço e me puxou para dentro da banheira com ela, fazendo-me derrubar um pouco do líquido de dentro da garrafa. – Ai, meu Deus! – Ela pronunciava o ‘e’ de uma maneira arrastada. Seria engraçado se eu não soubesse que ela estava sob o efeito de drogas.

    - Jo... Jolie, o que você fez? O que você está fazendo? – Perguntei, ajeitando-me em cima dela, ficando meio sentada, meio deitada em suas pernas.

    - Eu não sei... – Os olhos dela estavam marejados e as bochechas vermelhas, a maquiagem borrada, os cabelos desgrenhados. O que fizeram com ela? – Está tudo dando errado!

    - Jolie...

    - Você não entende, K! Meu pai traindo minha mãe, a separação deles, as pessoas na escola, você... Não me deixa também! – Ela estava chorando já. Mordi o lábio e me sentei do melhor jeito possível para poder abraça-la. – Eu sei que eu fui uma idiota, que você não fez aquilo por mal... Mas eu juro, por favor, me perdoa! Eu juro que não fui eu quem espalhou seu segredo, me desculpa!

    - Shh. – Abracei-a mais forte, alisando seu cabelo grudento. – Meu Deus, Jo. Você precisa de um banho.

    Ela riu.

    - Eu senti sua falta. – Confessou baixinho para mim.

    - Também senti a sua. – Soltei também, do fundo do meu coração.

    Ela apoiou sua cabeça em meu ombro e soluçou um pouco, apertando-me cada vez mais forte. Ficamos ali por um tempo. O cheiro da maconha já grudando em todo meu corpo e a música que saia baixinha dos fones de ouvido preenchendo o silêncio que criamos. Em alguma hora, tia Judith entrou no banheiro e, quando nos viu ali, quase gritou. Subiu correndo os degraus da banheira e abraçou Jolie pelo pescoço, dizendo coisas sem sentido para a garota, coisas como: bebê e inacreditável.

    Saí da banheira em silêncio, querendo não interromper o momento mãe-filha e antes que eu pudesse atravessar a porta, tia Judith me chamou, dizendo que tinha alguém me esperando na portaria do prédio para me levar para casa. Agradeci com um sorriso e mandei um beijinho para Jolie, que me sorriu de volta. Despedi-me dos gêmeos e fui direto para o elevador sentindo-me tão leve que quase poderia voar.

    A porta do elevador se abriu e eu tive que me conter para não sair saltitando pelo saguão do prédio. Entrei no táxi e dei o endereço do hotel.

    Meu celular vibrou na bolsa, tirando minha cabeça do que acabara de acontecer no quarto de Jolie.

    “A gente precisa conversar. Broadway, em dez minutos.”

    Piorando a situação já bizarra, meu coração acelerou.

    Ponderei muito sobre deixa-lo esperando a noite toda ou ir. Mas algo me dizia que eu não teria coragem de dizer não.

    - Mudança de planos. – Anunciei ao taxista. – Pode me levar à Broadway?


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? HAHAHA gente é sério, não odeiem a Jolie poax 8(
Me digam o que acharam ;D
xxx amoras ♥



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