Like Another Fairytale escrita por Mariia_T


Capítulo 15
14.


Notas iniciais do capítulo

Demorei muitão né? Haha to com uns probleminhas para escrever galere, não consigo me concentrar, não consigo me inspirar, a coisa tá feia ><'



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/245212/chapter/15

    Justin não respondeu nada, apenas ficou em silêncio com um sorrisinho genuíno nos lábios. Tia Judith aproximou-se para dar-lhe um abraço apertado e cheio de carinho.

    - Por que não disse que seu amiguinho era Justin? – Perguntou ela.

    - Eu não sabia que era importante... – Menti automaticamente, por causa de Jolie, que não falou nada.

    - Os dois aqui namoraram. – Ela falou, com tanta calma que chegou a me surpreender. Quero dizer, ela deveria ter algum tipo de discrição, certo? Por Jolie.

    - Ah... – Foi tudo que pude dizer e foi a vez de Justin me encarar.

    - Vocês estão com fome? – Perguntou ela.

    - Acho que Justin já estava de saída. – Jolie murmurou.

    - Já? – Tia Judith olhou para ele, visivelmente decepcionada.

    Cheguei a acreditar por um minuto que a relação entre os dois foi um dia incrível. Justin e Jolie, porque isso abalou tanto minha prima. Todos ali gostavam de Justin, os meninos, meus tios. Não tinha como não gostar dele e ela sabia disso. Talvez por isso ela se incomodava tanto por me ver falando com ele.

    Jolie só quer ser compreendida.

    - Eu insisto. – Tia Judith sorriu.

    - Já que insiste. – Justin soltou uma risadinha abafada e colocou as mãos nos bolsos. E ele? Como podia ser tão cara de pau? Era claro que Jolie ainda sentia mágoa por tudo que ele havia feito a ela, mas Justin não reagia como esperado. Era como se ele agisse como se não soubesse o que havia feito.

    - Ok! – Ela betu palminhas. – Vou preparar alguns petiscos e bebidas. Karen, meu amor, você bebe?

    - Não. – Respondi automaticamente. Ela me olhou por alguns instantes e assentiu, desaparecendo cozinha adentro.

    - Como você se atreve a vir aqui? – Jolie falou com a voz carregada de rancor e raiva.

    - Jolie, eu só vim fazer meus afazeres da escola! – Defendeu-se.

    - Não interessa, que fizesse na rua!

    - Jo... – Tentei interferir.

    - Não, Karen! Eu não quero você andando com ele! Justo com ele!

    - Jolie, por favor... – Justin pediu, com um tom cansado, como se já tivesse ouvido isso mais de um milhão de vezes.

    - Espero que gostem de maçã. – Tia Judith voltou com uma bandeja com algumas taças de Martini cheias e alguns tipos de queijos numa travessa. Ela parecia não ter ouvido a pequena discussão que aconteceu ali ou, se ouviu, não demonstrou.

    - Mãe...

    - Ora, vamos Jolie. – Tia Judith sorriu para ela e puxou Justin para se sentar no sofá. Abaixei-me e comecei a recolher nossa atividade de cima da mesa, juntando tudo e levei ao meu quarto. Depois organizaria e entregaria ao professor na sexta. – Karen!

    Voltei à sala e sentei-me ao lado de Jolie. Ela me passou uma taça sem muita cerimônia e virou a dela.

    - Jolie! Isso são modos? – A mãe dela ralhou. Justin jogou três pedaços de queijo na boca.

    - Desculpe, Judith. – Ela respondeu. Tia Judith olhou para ela como quem bronqueia, mas não disse nada.

    - Então, Justin, como está a vida? – Tia Judith virou-se para ele, ansiosa.

    - Hm... Nada demais.

    - Nada? O basquete, as provas, a universidade?

    - Ah... Teremos um jogo decisivo nessa sexta, estamos nos preparando para vencer. – Justin sorriu abertamente e tomou outro gole do Martini.

    - Vocês vão fazer festa?

    - Uhum. Depois do jogo, na casa do Seth. – Ele sorriu. Olhei para Jolie.

    - Vocês vão, meninas?

    - Não sei, mãe. – Jolie respondeu. – A Karen quer ir. Justin, por que você não leva ela?

    - Eu... – Justin começou.

    - Quero ir com você, Jo.

    - Mas por quê? Vocês não estão tão amiguinhos ultimamente? Por que não se colam com fita adesiva de uma vez? – Ela despejou, com veneno na voz. Aquilo não era ciúme, era mágoa.

    - Não se sinta enciumada, Jolie. – Tia Judith riu pelo nariz. Justin me lançou um olhar condescendente e pigarreou.

    - Judith, eu agradeço a bebida e os queijos, mas... Eu tenho mesmo que ir. – Ele disse, levantando-se num pulo. Ela aceitou e o conduziu à porta. – Tchau, meninas!

    Pensei em responder, mas me contive. O olhar de Jolie para sua taça de Martini estava me dando medo.

    - Vou dormir. – Disse Jolie quando ouvimos a porta sendo fechada.

    - Você não está chateada comigo, está? – Perguntei, antes que saísse da sala.

    - Com você? Não! Estou revoltada com a audácia desse menino petulante! – Rosnou.

    - Desculpe, minha intenção não era ser inconveniente, mas precisamos fazer isso!

    - Você é só uma garotinha linda e inocente no meio de toda essa bagunça, Karen. – Suavizou o tom e saiu da sala. – Boa noite! – Ouvi-a gritar.

    - E aí? – Justin apareceu ao meu lado. – Ela comeu sua cabeça ou...

    - Isso não é engraçado, Justin. – Falei, séria. Fechei a porta do armário e saí andando em direção à minha aula de Geografia.

    - Qual é, Karen! Ela tem que superar o que aconteceu!

    Quase parei de andar ao ouvir o que ele disse, mas prossegui meu caminho. Não pude acreditar que ele havia dito aquilo... Era tão grosseiro e sem coração! Como, eu me pergunto, como ele consegue?

    Tirei o celular do bolso, decidida a fazer algo por Jolie. Algo útil, de verdade.

    - Alô? Sim, é a Karen. Sei que não liguei. – Mordi o lábio inferior. Odiava aquela burocracia toda. – Quero falar com meu pai, por favor. – Parei de caminhar e abri a porta da sala com certa dificuldade, já que carregava livros em uma mão e meu celular em outra.

    - Karen! – Ouvi meu pai me saudar. Senti meu coração bater pequeno com sua voz, sempre tão carinhosa e rouca. Amava meu pai com todas as minhas forças, assim como minha mãe. E pensar nisso tudo só me fez sentir mais saudades de casa, de tudo.

    - Bom dia, pai. – Sorri. – Preciso de um favor seu...

    Quinta-feira estava parecendo se tornar o dia da semana mais pesado para mim. Era o dia que tinha mais aulas de exatas e um horário duplo de Inglês. Eu não me sentia à vontade dessa classe, porque minha língua nativa não era essa e eu me sentia incomodada. Queria e sentia falta de conversar com alguém em meu dialeto dinamarquês.

    Atravessei os portões da escola e fui apressadamente até a escada do metrô mais próxima da escola. Havia recebido todas as instruções sobre como ir e voltar à casa sem a ajuda de Jolie.

    Ela estava se recuperando da cirurgia plástica que havia feito nas costas, para remover a cicatriz. Eu havia conseguido o dinheiro e não foi difícil convencer meu pai de que era caso extremo, que Jolie precisava muito. Dei aquilo a ela como um pequeno presente, porque aparentemente eu a lembrava muito de seu triste passado com Justin. E eu não podia me perdoar facilmente por lhe causar tamanha dor. Ela havia dito à tia Judith e ao tio Joe que era uma tatuagem que havia feito escondido deles e que agora se arrependia e não preciso mencionar que eles ficaram satisfeitos.

    E, apesar de estar colaborando em uma mentira sem pé nem cabeça, me senti feliz em poder ajudar.

    Fiquei observando o quadro com as estações enquanto esperava a minha na Upper East Side. E uma ideia – e um desejo – me assaltou quando paramos em uma estação específica do Midtown West. Eu reconhecia aquele endereço. Era impossível não lembrar. Resolvi descer ali e depois voltaria para casa.

    Caminhei um pouco às cegas no começo, mas depois fui me familiarizando com o local e até reconheci algumas passagens. Sorri abertamente quando vi o pequeno restaurante no começo da rua, iluminado por suas luzes neon e um típico toque caseiro de bom gosto e atenção. Adentrei o lugar, reconhecendo tudo. Até os talheres de madeira!

    Sentei-me no bar e esperei um pouco, sem pressa na verdade, mas ficando impaciente, já. Um homem negro, alto e de barba malfeita saiu da cozinha e passou por mim, indo ao caixa gritou para alguém me atender. O lugar estava praticamente vazio e eu imagino que fosse por causa do horário. Daqui a pouco a freguesia aumentava, seria hora do jantar.

    - Pode deixar que eu... – Justin saiu da cozinha e parou no lugar ao me ver ali. Ele usava um avental e uma blusa de mangas, com uma gravatinha borboleta como decoração. – O... O-oi!

    - Justin! – Respondi, tão surpresa quanto ele. Era a última pessoa que esperava encontrar aqui. – Você trabalha aqui!

    - É... – Ele foi para trás do balcão e veio para a minha frente, colocando uma xícara à minha frente e colocou café nela. Meu celular vibrou em meu bolso e eu o peguei rapidamente para ver o que era. – Não conta para ninguém, por favor!

    Olhei para ele, atordoada.

    - Não contar? Por quê? Ninguém sabe? – Franzi o cenho.

    - Ninguém... Só você e a Jolie. – Falou ele, tirando o celular de minha mão e o jogou na minha bolsa.

    - Tudo bem, Justin, era só uma mensagem promocional. – Garanti apontando para minha bolsa. Ele soltou uma risada nervosa.

    - Ok...

    - Por que isso aqui é segredo?

    - Porque ninguém pode saber que Justin Evans é garçom em um restaurante nas horas vagas. – Sussurrou.

    - Não vejo...

    - Karen! – Ouvi uma voz feminina falar de repente e vejo Pattie vindo em minha direção. – Você de novo!

    - Já se conheciam? – Justin apontou para nós duas.

    - Já! Jolie a trouxe aqui semana passada! – Pattie explicou.

    - Jolie. – Justin bufou e jogou um pano debaixo do balcão.

    - Filho, você já anotou o pedido dela? – Pattie quis saber. Olhei para Justin, que fechou os olhos e disse algo sem fazer som.

    - Vou anotar, mãe. – Disse.

    - Ótimo. Fique à vontade, Karen! – Pattie me deu um beijo na bochecha e voltou à cozinha.

    - Ela é sua mãe?

    - Ok! Agora você sabe de tudo! Vai lá, sai e vai contar para todo mundo que eu não nasci em berço de ouro, que eu não passeio de barco nos fins de semana ou que eu não tenho uma casa de praia em Miami...

    - Justin, eu também não tenho casa em Miami. – Revirei os olhos. – E eu não vou sair espalhando isso para todo mundo, não há necessidade.

    - Sei...

    - Ok, assim você me ofende!

    - Desculpe, Karen. Mas sabe como aquela gente reagiria se soubesse que eu sou... Isso? – Apontou para o lugar à sua volta.

    - Eu gosto disso. – Imitei seu gesto. – Não há porquê ter vergonha de onde você veio. – Levei a xícara de café à boca.

    - Diz isso porque você é a princesinha da Dinamarca.

    - O quê? – Engasguei. O que ele havia dito?!

    - É, você é a intercambista da Roosevelt e todo mundo acha isso incrível. Só que não há nada de incrível num cara que trabalha para ajudar a pagar as contas de casa.

    - Não vejo isso como motivo de vergonha, Justin. – Finquei pé. – De onde eu venho, muita gente começa a trabalhar desde cedo.

    - É, mas estamos do outro lado do oceano.

    - Fique tranquilo. Sei guardar segredos.

    Ele assentiu, parecendo se decidir se acreditava ou não.

    - O que vai querer?

    - Hm... Como é o nome? La... Lasanha! Meu Deus isso é uma delícia!

    E, para confirmar mais uma vez minha teoria sobre a bipolaridade de Justin, ele soltou uma risada e se dirigiu à cozinha. Fiquei encarando minha xícara com certo pesar. Por que ele se sentia na obrigação de esconder aquilo? Ele tinha amigos na escola, todos o adoravam, não havia porque mentir!

    - Não vi Jolie hoje na escola. – Justin voltou e se sentou ao meu lado.

    - Ela está se recuperando de uma cirurgia. – Expliquei.

    - Cirurgia?

    - Para tirar a cicatriz. – Tentei ao máximo não condená-lo em meu tom de voz.

    - Que cicatriz? Não me lembro de nenhuma cicatriz nela? Como ela a conseguiu?

    - Não se faça de bobo, Justin. – Ralhei. Ele me olhou fixo.

    - Tá falando o quê? Nem sei do que você está falando!

    - Até parece! Não fale como se isso não tivesse acabado com o namoro de vocês.

    - O quê? Karen, Karen, fale claramente, sem enigmas. Eu não faço ideia do que está acontecendo aqui.

    - Você bateu na Jolie na noite posterior ao término de vocês.

    - Eu?! – Justin abriu a boca, chocado. – Por que eu faria isso?

    - Porque ela denunciou vocês.

    - Fiquei chateado com a traição dela, mas nunca encostei um dedo em Jolie, Karen.

    - Não acredito.

    - Poxa, eu não fiz nada!

    - Justin!

    - Karen, eu não bati na Jolie. Nunca seria capaz disso. Eu a amava! – Disse ele, convicto.

    - Se não foi você, como ela conseguiu aquela cicatriz horrível?

    - Eu não sei... Mas agora estou curioso. – Ele admitiu. – E horrorizado! Quem faria isso a ela?

    - Justin se você estiver mentindo...

    - Eu não estou, Karen! – Pegou minhas mãos e as juntou na frente do rosto. – Por favor, acredita em mim!

    Recolhi minhas mãos e desviei o olhar para a xícara. Ouvi Justin suspirar.

    - Vou pegar sua lasanha. – E dizendo isso saiu dali.

    Suspirei também e pensei seriamente sobre aquilo. Se não foi Justin, quem foi?

    - Aqui. – Ele colocou um prato à minha frente e se virou.

    - Eu acredito em você. – Falei.

    - Que bom que sabe diferenciar as coisas. – Ele sorriu. – E aí, quem são os próximos suspeitos?

    - Justin! – Soltei uma risada fraca. – Isso não é uma investigação.

    - Mas você está com cara de quem quer solucionar isso.

    - Eu adoraria, mas parece que tem coisas que ninguém quer me contar.

    - Tem coisas que você não gostaria de saber. – Ele fez um biquinho. Encarei Justin, tentando entender o que havia por trás daquilo. Ouvi-o soltar uma risadinha e apontar para meu prato. Cortei um pedaço e comi enquanto pensava. – Gostoso?

    Assenti, soltando uma risada contida depois.

    - Você guarda muitos segredos, não guarda? – Perguntei a Justin, não conseguindo controlar minha curiosidade.

    - Não. Claro que não. – Ele riu pelo nariz. – Mas você só poderia saber mais de mim se me conhecesse muito bem.

    - E quem te conhece muito bem?

    - Eu.

    - Quem mais, espertinho?

    Justin me encarou por dois segundos, olhando no fundo de meus olhos, como que para ter certeza de algo.

    - Quer ser a primeira? – Perguntou, com os olhos ainda nos meus.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Yay, como foi? Nem ficou tão ruim assim, né? Próximo capítulo vai ser mais agitado, prometo! haha
Beijão gatinhas xxxx ♥