Like Another Fairytale escrita por Mariia_T


Capítulo 12
11.


Notas iniciais do capítulo

D E M O R E I. Eu sei. Tenho mil e um motivos, mas não tem importância. Vocês que são lindas e sempre são pacientes e esperam a fic... slá. Amo vocês haha.



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– Meu Deus, você voltou. – Jolie apareceu na mesa do café da manhã com um sorrisinho de bom dia. Sentou-se ao meu lado e serviu-se de uma xícara de leite morno.

– Bom dia. – Ri pelo nariz. – Voltei de onde?

– Você não havia voltado ontem até a hora que eu fui dormir.

– Ah. Você dormiu realmente cedo, Jo. – Fui condescendente.

– Também acho. Sexta-feira e eu em casa, tem cabimento uma coisa dessas? – Ela parecia mais conformada com aquilo.

– Jo, eu imagino o quão sua aparência não condiz com sua personalidade. – Sorri. Ela me olhou, esperando a explicação enquanto mordia uma rosquinha caramelizada. – Você aparenta ser do tipo caseira.

– Eu também achava isso de você. Até ontem, quando você voltou para casa tarde.

– Não voltei tarde! – Revirei os olhos.

– Com quem você estava?

– Com o Justin.

– Quê?! O que eu te disse sobre ele, Karen? – Ela pareceu incrédula, como se não acreditasse que eu havia ignorado seu conselho.

– Ele só queria me mostrar o Empire State, Jo.

– Karen, eu falo sério! Não fale com esse menino. Por favor, faz isso. Por mim.

– O que você tem contra ele afinal? A única coisa negativa que ele me mostrou até agora foi sua bipolaridade.

– Isso não te incomoda?

– Às vezes. – Admiti. – Mas não é como se eu exigisse que ele fosse legal o tempo todo, as pessoas têm seus maus dias.

– Karen, você é tão inocente! Justin é mau caminho, me escuta!

– Ok, me dê apenas um motivo. Um motivo e eu lhe digo se vou ou não ficar longe dele.

Jolie me olhou no fundo dos olhos, procurando alguma coisa neles. Talvez só tenha encontrado a determinação deles. Não iria desistir de arrancar cada detalhe daquela maldita história que eu havia perdido. Parecia ter tanta coisa por debaixo dos escombros daquele relacionamento mal terminado... Eu estava começando a ficar fascinada.

– Vocês namoraram, vamos lá, você deve ter um bom motivo para odiar ele agora. – Insisti. Ela arregalou os olhos e abriu a boca para falar, mas a fechou imediatamente. Mais um segundo de silêncio e ela resolveu falar.

– Como sabe do nosso namoro?

– Ele me contou.

– Justin te contou isso?

– Foi.

Ela pegou minha mão e nos levou até seu quarto. A parede vermelha logo atrás da cama cheia de fotos de bandas, artistas e cartazes de filmes me saldou quando adentramos o recinto. Adorava o quarto de Jolie, era o que eu classificava como perfeito. Meu quarto no palácio era tão... Não minha cara. Talvez fosse. Talvez eu fosse totalmente sem graça como meu quarto, quem sabe. Paredes brancas que podem ser sujas ao menor dos movimentos e talvez por isso todos as mantenham seguras das coisas sujas.

– Justin é um monstro, Karen. – Ela sussurrou.

– Ainda quero minha prova. – A imagem de Justin associada à de uma besta furiosa e selvagem não me entrava pela cabeça.

Ela suspirou e passou por mim, fechando a porta do quarto. Havia algo... Algo sombrio, remoto e melancólico em seu olhar. Morbidez pura, como se ela se recusasse a pensar no que estava prestes a fazer. Fiquei parada no lugar onde estava, olhando Jolie respirar fundo e tomar coragem. Hesitante, ela virou-se de costas para o espelho e levantou a regata que estava usando.

Os segundos seguintes foram de puro silêncio e confusão em minha cabeça. Via o que Jolie me mostrava, mas ao mesmo tempo não queria associar as coisas.

– Jo? O que é isso? – Perguntei com a respiração meio pesada pelo choque.

– Sua prova.


O meu final de semana foi meio mórbido. Jolie me arrastou para um shopping no centro de Manhattan e passamos o dia por lá, fazendo nada, como tínhamos direito. Não compramos muita coisa, como eu havia imaginado que seria com Jolie. Passamos mais tempo na loja de CDs, de brinquedos e na praça de alimentação, brincando com a comida e contando coisas do nosso passado.

Descobri que nossa vida era, realmente, incrivelmente, muito diferente. Jolie havia viajado para a Disney várias vezes, ela já tinha ido para tantos lugares com os amigos, com Justin, sozinha, com a família. Seus pais tinham um rancho no meio do Texas e passavam alguns verões ali. No natal, eles reuniam a família e faziam a ceia, abrindo presentes debaixo da árvore à meia-noite e enviando cartões para as pessoas espalhadas pelo país.

Enquanto eu, viajava a negócio com meus pais, sempre. Ficava trancafiada a maior parte do meu dia no quarto do hotel porque eu era nova demais para participar dos conselhos diplomáticos que meus pais participavam. Meu natal era solitário, porém não vazio. Os bailes de natal no palácio eram sempre suntuosos e os mais esperados do ano. Não tínhamos rancho, apenas a casa de verão que minha mãe amava passar a temporada do frio por lá. Eu não tinha amigos.

Comprei para mim um boneco do Woody, de Toy Story. Gostava dele, não sabia por quê. Jolie ria de mim porque me achava criança quando eu estava rodeada de brinquedos. E livros também. Ler era minha predileção da vida. A melhor coisa que eu tinha no palácio era a biblioteca que minha mãe mantinha.

– É sério, K. Eu podia jurar que aquela corda não ia arrebentar! – Jolie ria, tentando me contar uma história do rancho do Texas, de uma corda presa em uma árvore perto de um córrego e que ela havia pago o maior vexame da vida dela naquele dia.

– Você caiu com tudo?

– De costas! – E ela riu mais. Tive de acompanhar sua risada, imaginando a cena de Jolie caindo na água como uma fruta podre cai do pé.

Voltamos para casa meio tarde. Já estávamos atrasadas para o jantar e tia Judith parecia nervosa com alguma coisa.

– O que você comprou para mim? – Josh veio correndo até mim, procurando algo para ele em minhas sacolas. Achou meu Woody e abriu um sorrisão do tamanho da Rússia. Jolie ia dizer a ele que o boneco era meu, mas deixei que ele ficasse com o caubói. Jack também quis alguma coisa, então dei o alcaçuz que eu havia comprado num quiosque de doces.

– Meninas, vão se lavar, o jantar já vai ser servido. – Tia Judith apareceu na sala, esfregando a testa com o indicador e o polegar. Seu rosto estava meio vermelho e levemente inchado.

Obedecemos à mãe de Jolie e nos sentamos à mesa com o resto do pessoal. Tio Joe apareceu também, vestindo roupa de ficar em casa ao invés de seus famosos ternos caros. Ele também tinha um ar mais nervoso, apesar de sorrir levemente.

– Família à mesa. – Ele disse, sorrindo.

Tia Judith soltou um suspiro pesado. Troquei um olhar com Jolie, que também parecia não estar entendendo nada. O jantar foi servido e começamos a comer. Ninguém emitia um som, ninguém parecia ousar. Os meninos, eu tinha certeza, também sentiram o clima pesado à mesa.

– Então... – Jolie começou e olhou para mim, como que me pedindo apoio. – Amanhã eu e Karen vamos ser liberadas mais cedo da escola por causa de uma palestra... Tem algum filme legal passando? – Ela perguntou aos meninos.

– Tem Hotel Transilvânia! – Josh levantou a mão, sem querer, espalhando suas ervilhas pela mesa.

– Josh! Tenha mais atenção! – Tia Judith repreendeu-o, com um tom severo demais. Josh abaixou o bracinho e se encolheu na cadeira.

– Vamos assistir? – Jolie perguntou ao irmãozinho. Ele assentiu, meio acuado. Permaneci calada, apesar de querer pegar o menino no colo e o proteger do mundo (no caso, da mãe dele). – E você, Jack?

– Quero ver o Ted.

– Acho que esse filme não é para você. – Tio Joe disse, apontando o garfo para o filho e rindo um pouco.

– Então vai o Hotel mesmo. – Fez cara feia. Abri um sorrisinho.

– Então: amanhã, hein? – Jolie sorriu. – Não vão se atrasar. Vou passar aqui em casa depois da aula e quem não estiver pronto, não vai!

– Ok! – Os dois meio que aceitaram o desafio e voltaram a comer.

– Por que você não vai também, amor? – Tio Joe segurou a mão de Tia Judith por cima da mesa e ela, por sua vez, retirou a mão dali.

– Amanhã estarei ocupada. – Ela sorriu, se lamentando, para os meninos, que mal pareceram ligar.

O jantar se seguiu entre algumas tentativas de conversa minha e de Jolie. Pelo menos os adultos ali não pareciam querer conversar.

– O que será que houve? – Jolie perguntou, deitada ao meu lado na cama, olhando o teto cheio de fosforescências grudadas nele.

– Não sei. Nunca vi seus pais daquele jeito.

– Isso não é comum. Às vezes acho meus pais felizes demais... Ou infelizes demais.

– Como assim?

– Eles não brigam muito, não se beijam na bochecha nem na boca... Não sei. Acho que nem fazem mais sexo.

Remexi-me ao lado dela na cama, meio incomodada com o assunto. Apenas o abajur iluminava o quarto, deixando o lugar parcialmente escuro. Agradeci por isso, senão ela veria que eu corei.

– Acha que o casamento deles está... Sei lá, estremecido? – Perguntei, tentando ser cautelosa com as palavras.

– Não sei. Todo casal tem suas crises, certo? – Ela olhou para mim, procurando algum ponto de apoio.

– Meus pais brigam às vezes. – Dei de ombros. – Acho que é normal. Acho que eles brigam mais, só não na minha frente.

– Entendo... - Jolie ficou quieta por um momento. Depois, rapidamente, virou-se para mim com um sorrisinho no rosto. – Você ainda é virgem?

– Hein? – A pergunta me pegou de surpresa.

– Você sabe...

– Eu sei o que é, por que quer saber?

– Sei lá... Eu imagino que você tenha pelo menos um milhão e meio de pretendentes numa fila esperando para ficar com você. – Ela sorriu.

– Na verdade... Ninguém falou sobre isso comigo ainda. – Desconversei.

– Ok. Mas e aí? É ou não é?

– O que você acha? Sou, Jo.

– Uau. – Ela me olhou, séria. – Se eu fosse você, tomaria cuidado com os garotos da escola. Eles são muito safados.

– Anotei a dica. – Revirei os olhos. – E você?

– Não.

– Sério? Com quem? Quando?

– Ano passado. Com Justin, claro. Não sou uma vadia! – Torceu o nariz, como se estivesse ofendida. – Foi algumas semanas antes da gente terminar. Acho que ele não gostou de mim e foi se esfregar na vadia da Jennifer.

– Não acho... Não me entenda mal, você é linda, Jo. Não acho que o Justin tenha te traído com ela por causa disso...

– Lá vem você defender o menino!

– Não, me escuta! O que ele te fez foi errado e eu concordo com você, não tem perdão! Mas estamos analisando o motivo pelo qual ele te traiu.

– Não estamos analisando nada. Não quero mais falar disso!

– Ok. – Suspirei.

– Você prometeu para mim, K.

– Eu sei. Vou ficar longe dele.

– Você deve estar me achando uma chata, mas eu só não quero que você passe pelo que eu passei.

– Eu sei.

– Sabe aquele dia que eu perguntei se você ia ficar muito tempo por aqui? Eu não perguntei aquilo porque queria que você fosse embora logo. Eu queria saber por quanto tempo mais eu teria minha única amiga por perto. – Ela não olhou para mim ao dizer aquilo. Ela estava claramente sem jeito, mas havia total sinceridade em sua voz.

– Somos amigas? – Perguntei, sentindo aquela coisa crescer dentro de mim. Aquela felicidade. Eu tinha uma amiga. De verdade, que não ficava comigo só porque eu era da realeza ou algo do tipo.

– Claro! Passar metade do semestre sozinha foi tão... Horrível. Gabe sempre me fez companhia, mas uma amizade feminina sempre faz falta. Uma amiga... Aquelas que se tornam irmãs, sabe?

– Na verdade, eu só estou sabendo disso agora. Você também é a única amiga que eu tenho, Jolie.

Dito isso, ela me abraçou apertado e ficou olhando o teto.

Em minha cabeça, ainda latejava o auge de minha felicidade: amizade.


– Vou pegar meu livro de biologia. – Falei, levantando-me da mesa da biblioteca.

– Pega o meu também, por favor? – Jolie pediu, estendendo um papelzinho com o segredo de seu armário. Fiz cara feia, sentindo a preguiça me invadir, mas fui mesmo assim.

Passei no armário de Jolie primeiro, já que ficava mais perto da biblioteca que o meu. O colégio estava vazio. A gente chegou bem mais cedo para estudar para o teste de biologia que teria no terceiro tempo daquela segunda.

O corredor branco estava limpíssimo, eu podia quase me ver refletida nele. Parei frente ao meu armário e abri-o, pegando o livro de biologia com uma lentidão digna de lesma. Ajeitei o livro no meu braço, em cima do de Jolie e fechei a porta do armário.

– Ai! – Levei a mão à boca quando vi Justin parado ao lado do meu armário, com um sorriso travesso nos lábios. Meu coração estava acelerado e acelerou mais ainda quando me lembrei de Jolie. Recuei alguns passos, abrindo um sorriso amarelo e fazendo meu caminho pelo corredor rapidamente.

– Ei, desculpe! Não queria te assustar. – Justin facilmente me alcançou. – Ok, talvez só um pouquinho. – Riu pelo nariz. – Ei, Karen, foi só uma brincadeira. – Segurou meu braço e me parou.

Virei-me para ele, mesmo que não quisesse e não devesse. Justin estava ainda mais lindo naquela manhã, como se fosse possível. Seus cabelos estavam mais escuros pelo fato de estarem molhados e bagunçados, deixando cair por sobre os olhos, sua boca estava mais rosinha, assim como suas bochechas, como se ele tivesse ganhado mais vida ou apenas mais sangue. O cheiro dele me deixou quase desnorteada.

– Tudo bem? – Ele perguntou. Olhei para ele novamente, meio que saindo daquele transe.

– Ótima. – Respondi, seca e voltei a andar.

– O que foi? É comigo? Karen!

– Justin! – Respondi assim que ele gritou meu nome. – Não é nada. Eu tenho um teste de biologia hoje, tenho que estudar. Tchau.

E, dizendo isso, saí andando um pouco mais apressada em direção à biblioteca. Nunca na minha vida eu havia sido tão grossa. Senti-me mal por Justin por um segundo. E então, esse segundo se passou e eu não sentia nada mais que a sensação de dever cumprido. Estava seguindo o conselho de Jolie



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Notas finais do capítulo

Então, não sei o que dizer desse cap. Decidi escrever ele porque eu estudei muita matemática hoje e precisava distrair. Aí saiu isso. Não sei se ficou bom, não sei de nada. Só saiu. Enfim, me digam se gostaram, ok? E daqui 1 tempo eu vou arrumar os nomes dos outros capítulos então paciência, k? E depois eu respondo os reviews lindos de vocês haha. Xx tenho prova de matemática feat. biologia feat. química amanhã, me desejem boa sorte :s Amo vocês lindas ♥



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