Like Another Fairytale escrita por Mariia_T


Capítulo 11
10.


Notas iniciais do capítulo

Adoro fazer uma prévia, aí o capítulo 10 inteiro fica como capítulo 11 na listinha dos capítulos na capa da fic haha. Mas aqui está e leiam as notas finais: importante!!!!1
Uma coisa para ler essa capítulo:
Justin Evans
Pattie Handley
Fredo agora é Gabriel/Gabe
Ryan > para Seth
Chaz > Luke
Jasmine > Katherine/Kate



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- Você está divina nesse jaleco, Jo. – Reafirmei, exagerando no elogio para que ela enfim acreditasse que aquele jaleco não diminuía sua beleza. Estávamos na aula dupla de química, no laboratório. Jolie reclamava de seu jaleco dois números maiores que o que ela usava.

- Eu acho desnecessário o uso de jaleco nos laboratórios. – Suspirou. Ela claramente não entendia que havia toda uma política de segurança para a obrigação do uso de jalecos nas aulas de química e biologia.

- Eu também acho. – Jennifer, que estava na bancada atrás de nós, disse. – Não teria que ver a baleia McGee na versão branca.

- Por que você não tira a roupa e toma um banho de ácido sulfúrico? – Jolie respondeu de uma forma tão séria que achei que ela iria mesmo jogar o ácido na cara dela. Jennifer rolou os olhos com desprezo, mas não rebateu.

- Qual é o problema entre vocês? – Perguntei baixinho, não conseguindo mais conter minha curiosidade.

- Ela é uma vadia. – Respondeu, apenas, anotando alguma coisa na apostila que tínhamos de preencher até o final da aula. Mantive meu olhar sobre ela, esperando por mais respostas. – Éramos amigas até as férias de verão do ano passado. Ela ficou com meu namorado, eu descobri e brigamos.

- Credo! – Franzi o cenho, pensando um pouco mais. – Ela não era sua amiga de verdade.

- Demorei um pouco para perceber isso. – Suspirou. – Katherine também não era. Todo aquele grupinho não era, na verdade.

- O que houve para você se afastar? – Não conseguia manter a boca fechada; sempre que via que ela estava terminando as informações daquela pergunta, já elaborava a próxima.

- Jennifer. – Disse, seca, com rancor e veneno na voz. – Cobra criada, depois da briga, ela conseguiu fazer todo mundo se virar contra mim.

- Como?

- Todos ali acham que eu quem denunciou o esquema.

- Esquema? – Estava começando a me irritar aquele modo de falar picado dela.

- A gente usava droga. Quero dizer, eles ainda usam. Eu saí dessa. – Deu de ombros, olhando a folha com atenção. Ela não parecia querer falar sobre aquilo, e eu entendia. Resolvi não prolongar o assunto e ajuda-la a terminar nosso experimento.

- Tome, coloque cinco mililitros de ácido sulfúrico nesse tubo de ensaio. – Pedi, entregando o vidrinho para ela. Jolie lançou um olhar travesso e ameaçador para Jennifer. – Vai, Jolie! – Ri fraco enquanto guiava sua mão até o tubo.

Terminamos nosso experimento com um timing perfeito. Assim que entregamos o relatório, o sinal para o intervalo tocou.

- Preciso passar no armário. – Avisei a Jolie, enquanto seguíamos para o refeitório. – Guarda meu lugar! – Pedi e dei meia volta, indo contra a multidão de adolescentes.

Parei em frente ao armário branco e lutei com o segredo dele – eu ainda não havia gravado a senha. Quando finalmente consegui abrir, peguei o CD rapidamente e corri para o refeitório. Achei Jolie rapidamente, deixei minhas coisas na mesa e fui pegar meu lanche.

- Você viu o Justin? – Perguntei quando me sentei à mesa com minha prima, que mexia distraidamente em seu celular.

- O que você quer com aquele... – Ela começou, mas então Justin passou por nossa mesa, conversando com alguns amigos que eu não conhecia nem de vista. Levantei rapidamente e o parei.

- Oi, Justin. – Abri um sorriso amistoso. – Eu queria te...

- Legal. – Revirou os olhos e voltou a andar, ignorando-me totalmente. Ainda pude ouvir um ou outro de seus amigos rindo e perguntando quem eu era.

- Imbecil. – Jolie disse, completando a frase que havia começado há alguns segundos atrás. Sentei novamente em minha cadeira, estranhando por um instante o comportamento de Justin. – O que foi?

- Nada.

- Ele é idiota assim mesmo. Liga não.

- Não estou pensando nisso. – Menti.

- Ok, então.

- E o Gabe?

- Tomara que tenha entrado em coma alcóolico!

- Jolie! Meu Deus! Não diga algo assim! Vocês estavam tão bem quando eu cheguei...

- É, mas foi ele quem começou com tudo!

- Só ele não, né? Você também não dá uma folga para o menino!

- De que lado você está?

- Do lado de ninguém!

- Se não está comigo, está contra mim, Karen. – Ela cruzou os braços e me encarou.

- Eu não sou paga para isso! – Falei no mesmo tom que Justin usara no Central Park, quando um disco o acertou na cabeça.

- Onde aprendeu isso? – Ela riu. – Meu Deus, você está se tornando uma pessoa normal!

- Obrigada pela parte que me comove. – Revirei os olhos.

- Para de drama. – Estalou a língua e soltou uma risada. – Você está se soltando mais! Está se adaptando.

Adaptação me lembrava muito teoria evolucionista. Tentei pensar nessa escola como uma selva, então. Talvez a apologia fizesse justiça, mas eu ainda não havia vivido muito na Roosevelt para ter certeza acerca da civilização das pessoas. Por enquanto, não posso dizer muita coisa.

- Talvez... A gente devia dar uma festa. – Brinquei. Jolie aumentou o sorriso e levantou os braços para o alto.

- Agora você falou como uma genuína nova iorquina! Yeah! – Quase soltou um gritinho, se não tivesse reparado os olhares tortos da mesa ao lado.

- Estou brincando, Jo.

- Ouch. – Seu sorriso se desfez. – Não brinque comigo assim!

- Você não pode ir a festas por um mês.

- Nem me lembra disso. – Bufou.

- Só um mês. Poderia ser pior. – Consolei-a. Tia Judith descobriu o que Jolie havia aprontado na sexta-feira e a deixou de castigo. Aparentemente, o vestido não foi motivo de muito alarde.

- Hunf. – Apoiou o cotovelo na mesa e seu queixo em sua mão, olhando o nada com indignação. Apesar do pouco tempo que tenho aqui, pude notar que Jolie ama festas.

- Olha quem chegou. – Falei, apontando para Gabe, que vinha pelo refeitório de mãos dadas com a menina ruiva do grupo de Katherine... Qual era o nome dela? Suspirei discretamente, resolvendo baixinho que precisava andar com uma agenda em mãos.

- Quê isso?! – Jolie girou o corpo em 180º e encarou o casal se aproximando.

- E aí, gatinhas. – Gabe parou à nossa mesa exatamente quando achei que ele iria passar reto por nós. – Vou sentar com o J hoje.

- Obrigada por avisar. Não te vi o dia inteiro, fiquei preocupada. – Falei, casualmente, trocando com ele um olhar cúmplice. Ainda me lembrava nitidamente de seu estado na festa de sexta-feira. Totalmente alterado. Ele me deu um beijo na bochecha e bagunçou o cabelo de Jolie com a mão que não segurava sua “companheira”, depois saiu. – Quem é J?

- Justin Evans. – Respondeu sem dar muita importância, observando Gabe e a ruiva fazerem sua rota até a mesa badalada. – Tome rumo na sua vida, Karen, e fique bem longe dele. Quem avisa amigo é.

- Obrigada pelo conselho. – Franzi o cenho, cutucando meu bolinho de baunilha. Olhei para ela, vendo que esta por sua vez olhava aquela mesa. – Ignore isso. – Aconselhei. Ela não me respondeu por algum tempo. Desisti de qualquer tipo de conversa e fui para a biblioteca assim que terminei de comer. Precisava de alguns livros para uma atividade que o professor de biologia havia pedido.

Enquanto me aproximava do corredor onde ficava meu armário, podia ouvir risadinhas abafadas de alguma garota. Uma coisa que eu havia reparado por aqui é que não existe pudor quanto suas relações pessoais. Um dia desses encontrei um casal aos beijos, trocando carícias quase íntimas no meio do pátio!

O corredor não estava vazio, na verdade até estava cheio. Os armários quase todos abertos com seus respectivos donos metidos até os ombros neles, pegando livros e cadernos. Próximo ao meu, estavam Justin e Jennifer. Ele tinha um braço esticado ao lado da cabeça dela, encostada ao armário, e a outra mão dele segurava pela cintura, próximos.

- Hey, Karen! – Seth passou por mim e me deu um beijo na bochecha, sorridente. Katherine não estava com ele. – Grande Justin! – Saudou o amigo a dois armários de distância do meu. – Treino hoje, quinto tempo. – Eles fizeram um toque enquanto Seth lembrava o amigo do treino.

- Eu sou o capitão do time, acho que eu sei dos compromissos, Seth. – Ele respondeu, em tom de brincadeira.

- Você é o cara. – Seth riu e deu um murrinho no ombro do amigo. Não me toquei que estava encarando até que Jennifer virou o rosto para mim e fez cara feia. Fingi estar ocupada com minha senha do armário.

Lembrei-me de quando perguntei a Justin sobre sua namorada e ele me disse que Jennifer não era sua namorada. Então por que agiam daquele jeito? Não fazia sentido algum para mim. Era como Jolie havia me contado sobre Seth e Katherine? Puro “interesse”? Era como se algo em mim não acreditasse que Justin era capaz de algo assim.

Guardei meus livros e deixei aquilo de lado, não era importante. Cuidaria minha vida e somente isso.

Aquela semana passou voando. Literalmente. Eu havia me inscrito para o jornal do colégio e precisava escrever uma matéria classificatória, tema livre, contanto que tivesse a ver com o colégio. Decidi me dedicar aos estudos tanto quanto me dedicava às atividades reais na Dinamarca, por meus pais. Mas estudar mais seria algo por mim. Os dias pareciam estar milimetricamente contados, cada segundo com seu respectivo acontecimento. Não havia conseguido devolver o CD a Justin, já que esse pareceu me ignorar nas três vezes que tentei me comunicar.

- Respira, Karen. Respira. – Jolie estava ao meu lado, segurando meu braço, tentando me acalmar. Mas a verdade era que ela estava me deixando mais nervosa que tranquila. Hoje sai o resultado para a vaga de jornalista do jornal da escola.

- Será que minha matéria ficou boa?

- Não sei, você não me deixou ler. – Bufou ela. Ri pelo nariz, lembrando-me de que havia trancado meu quarto enquanto produzia a matéria. Além da vergonha de estar sendo observada enquanto pensava no título da matéria, Jolie não parava de tagarelar sobre um intercambista da Austrália que sentou com ela na bancada de biologia.

- Desculpe. – Segurei sua mão e abri um sorriso caloroso. Ela deu de ombros e sorriu.

- Olha! – Ela me girou pelos ombros a tempo de ver a editora-chefe do jornal saindo de sua sala e colando o papel amarelo no mural de notícias do corredor sul.

- Hora da verdade. – Ri fraco. Aproximei-me e procurei por algum indício do meu nome ali, mas não achei nada. – Não consegui. – Falei baixinho, me sentindo meio mal por aquilo.

- O quê? Como não?

- Outra menina conseguiu a vaga.

- Oh, K. Sinto muito.

- Eu achei que ia conseguir. De verdade...

- Vamos almoçar. – Ela segurou minha mão, puxou-a sobre seu ombro, de forma que eu a abraçasse de lado, e depois segurou minha cintura. Naquela semana, Jolie havia relaxado mais. Não voltou a falar com Gabe, de qualquer forma, mas ele falava com ela sem nenhuma hesitação.

- Não estou com fome. – Falei, desanimada.

- Ah, não! Karen... Alexandrine! – Ela se enrolou para falar meu nome, já que só sabia meu último sobrenome.

- É sério. – Fiz bico.

- Tudo bem, vamos comer fora hoje.

- Onde? – Abri um sorrisinho.

- Estou a fim de lasanha.

- Acho que só comi lasanha uma vez na minha vida, quando passei uma semana na Itália. – Refleti. Jolie fez cara de espanto e nos guiou para fora da escola em questão de segundos.

Jolie dirigiu até um restaurante meio distante da escola. Até onde sabia, não se localizava na zona nobre da cidade, mas ainda assim tinha uma aparência agradável e parecia ser bem limpinho e coisas do tipo. Jolie desceu do carro com um sorrisinho no rosto.

- Vem muito aqui?

- Na verdade, tem muito tempo que não venho. – Deu de ombros. – Mas lembrei desse lugar esses dias.

Entramos no restaurante que mais parecia um pequeno bistrô. Era completamente adorável por dentro. Aconchegante e caseiro, tipicamente caseiro. Tinha um cheiro no ar que eu quase poderia reconhecer, mas não conseguia. Estava parcialmente cheio.

- Estou vendo certo? – Uma moça, aparentemente nova, bonita e baixinha saiu por uma porta grande com uma bandeja cheia de copos em mãos. – Jolie McGee voltou aqui?

- Oi, Pattie. – Jolie riu pelo nariz e foi até ela, dar-lhe um beijinho nas bochechas. Apenas acenei com a cabeça, sem saber como proceder numa situação como aquela. – Essa é a Karen, uma prima minha distante... Muito distante.

- Prazer. – Dissemos juntas, ambas com sorriso no rosto.

- E o que vai ser hoje? – Pattie quis saber.

- Eu estava morrendo de vontade de comer aquela lasanha. – Jolie falou em tom sonhador.

- Boa escolha, gatinha! – Pattie sorriu e nos levou até a mesa. – Já volto.

- Gostei daqui. – Falei.

- Vai gostar mais ainda quando comer a lasanha.

- Você está falando tão bem dela que vou te bater se ela não for tão boa.

- Não, ela não vai ser tão boa. Vai ser melhor.

- Assim espero. – Sorri.

Não demorou muito e nosso prato chegou. A lasanha exalava um cheiro maravilhoso e parecia deliciosa. Podia ouvir o queijo derretido quase borbulhando de tão quente e levemente torrado.

- Bon apetit! – O garçom sorriu para nós e nos deixou a sós com aquela obra prima.

- Você. Vai. Pirar. – Jolie previu, cortando um pedaço e colocando em meu prato. Sorri para o modo como aquilo era irônico. Eu poderia jurar que Jolie nunca entraria num restaurante abaixo de quatro estrelas, e aqui estávamos nós, comendo lasanha, com um garfo de madeira que combinava com a decoração do lugar. Aliás, adorei esses talheres de madeira...

- Aqui é bem simples. – Observei.

- Tem valor emocional. – Ela respondeu, colocando seu pedaço em seu prato.

- Isso é frustrante, Jo.

- O quê?

- Isso! Você sempre fala em enigmas e fica falando do seu passado sem me contar de verdade, eu me sinto muito à parte!

- Ah. – Ela riu para seu prato. – Você vai pegando aos poucos.

- Promete?

- Prometo, senhora curiosidade. – Revirou os olhos e comeu seu pedaço de lasanha. Olhei para meu prato e fiz o mesmo que ela, saboreando talvez a oitava maravilha do mundo. Olhei para Jolie, que degustava aquilo enquanto me observava com expectativa.

- Muito, muito, muito gostosa! - Sorri, sentindo a massa quase se dissolver na minha boca de tão macia que era.

- Sabia que ia amar.

Dei-lhe um sorriso fraco e voltei a comer minha lasanha. Minha mente vagava distante enquanto eu degustava a massa. O céu de Nova Iorque amanhecera cinza naquele dia, provavelmente choveria. O clima estava agradável, pedia apenas um casaquinho leve, um suéter de cashmere. Eu esperava cheia de expectativas para ver a chuva cair, queria saber como caia aqui. Pode parecer idiota, mas na Europa, tudo é demasiado exagerado. Se faz frio, é muito frio; se chove, é quase uma tempestade; se neva, você quase morre soterrado na neve.

- Karen, quanto tempo você vai ficar? – Jolie me despertou de meus devaneios, cutucando sua lasanha como se sentisse vergonha de pronunciar as palavras. – Digo... Não que eu queira que você vá. Mas...

- O que é então? – Abri um sorriso gentil.

- Sei lá... Eu só queria saber...

- Pretendo cursar a faculdade aqui, Jo. – Respondi.

- Sério? Então temos tipo... Quatro ou cinco anos pela frente?

- É.

Jolie abriu um sorrisinho, mas parecia querer sorrir mais. Não sei, talvez fosse só impressão. Terminamos de comer nosso almoço sob uma conversa agradável sobre qualquer coisa. Não tínhamos pressa, mas também não queríamos nos demorar demais ali.

- Meu Deus! Sexta, finalmente! Isso soa como música para meus ouvidos! – Jolie abriu um sorriso e fechou os olhos, como se aproveitasse o vento gelado que corria por Nova Iorque naquele dia.

- Não entendo por que vocês odeiam tanto a escola.

- Você, minha amiga, é que não entende o lado bom de não ter escola.

- Eu já tive isso e posso te garantir com todas as letras: não é tudo isso que você pensa. – Coloquei as mãos na cintura e fiz bico.

- Ai não. E eu te garanto que ter escola sempre não é essa Coca-Cola toda.

Revirei os olhos e empurrei a porta da Roosevelt para que pudéssemos entrar. Estava tudo tranquilo, alguns alunos estavam em seus armários, outros conversavam nos corredores como se não houvesse nada a ser feito.

- Eu consegui a vaga no jornal! – Ouvimos uma menina ruiva, de cachos naturais e brilhantes pulando num canto do corredor, mostrando o papel de sua admissão para a amiga. Jolie me lançou um olhar preocupado e dei de ombros, decepcionada.

- Não fica assim, vai. – Ela segurou meu braço e apoiou a cabeça em meu ombro. – Você é melhor que ela, em muitosmodos.

Sabia exatamente do que ela falava. Mas decidi me fingir de sonsa e apenas abri um sorriso amarelo para ela, caminhando até meu armário, para pegar minha mochila. Ignorei todos os olhares que as pessoas me lançavam, como se ainda não tivessem se afeiçoado ao fato de ter uma aluna nova bem no meio do semestre. Qual é! Já fazia duas semanas que eu estava aqui!

- Sabe, eu estava pensando em pintar meu cabelo de vermelho... Ou preto! – Jolie encostou-se ao armário ao lado do meu e começou a tagarelar sobre sua necessidade de mudança. Apenas acenava com a cabeça quando ela esperava alguma resposta.

- Mas o que... – Falei baixinho quando abri meu armário e encontrei lá dentro uma lata de coca, com um bilhete encostado horizontalmente a ela. Jolie parou de falar e enfiou a cabeça na minha frente para ver o que era.

- Lê o cartãozinho. – Sugeriu o óbvio. Peguei o pequeno papel amarelo e o analisei, sem remetentes, apenas destinatário.

Estava te devendo essa.”, li em voz alta. Aquilo não fazia o menor sentido. Jolie olhou para mim, esperando uma explicação, mas ao encolher os ombros, ela notou que eu estava tão confusa quanto ela.

- Ok, estranho, mas funcional. Você vai tomar? – Ela perguntou, pegando a latinha de dentro do armário e a abrindo.

- Não.

- Posso?

- À vontade. – Dei de ombros e voltei a olhar meu pequeno papelzinho. O que era aquilo? – Acho melhor... A gente ir.

Jolie não respondeu, estava bebendo o refrigerante. Peguei meu livro de Física II e fechei o armário, puxando minha prima. As aulas vespertinas dela naquele dia eram todas voltadas às artes, já as minhas: exatas.

Eu havia pego o semestre exatamente em sua metade, ou seja, eu estava dividida entre as leis avançadas da termostática e termodinâmica, ambas incompletas em minha memória. Não sabia se tentava aprofundar mais em um assunto ou em outro. O professor passou alguns exercícios para resolvermos na aula enquanto ele corrigia um teste surpresa que foi aplicado uma semana antes de minha chegada à Roosevelt.

- Espero... – Seth se materializou ao meu lado, arrastando uma cadeira. – Que você seja mais inteligente nessa porcaria que eu.

Ri fraco com seu comentário, agradecendo sua companhia logo em seguida. E assim o dia se passou, entre cálculos e piadas sem graça de Seth, durante aulas de exatas. Conseguimos resolver uma ou duas questões, o que eu já considerava um progresso, uma vez que nenhum dos dois conseguia ou parar de rir ou raciocinar direito para ao menos ler a questão.

- Antes que eu me esqueça. O viado do Justin disse que queria falar com você. – Repassou a informação, deu-me um beijo estalado na bochecha e foi embora, junto com o resto da escola ansiosa por seu final de semana. Fiquei parada por alguns segundos, tentando associar o Justin que me ignorou a semana inteira e o Justin que agora queria falar comigo.

Eu tentava responder uma mensagem de Jolie e equilibrar o meu exemplar de “O Mensageiro” – que havia pego na biblioteca mais cedo, recordando-me da recomendação de uma menina que gostava muito do autor, Markus Zusak – enquanto me dirigia à saída da escola. Ela queria saber onde eu estava, pois já me esperava para irmos para casa e eu estava demorando. Os corredores já estavam vazios. Mal tinha consciência de onde estava indo quando, sem querer, esbarrei em alguém.

- Não era bem assim que queria te encontrar, mas oi. – Ouvi a voz de Justin do alto. Levantei os olhos do meu celular e encontrei seus olhos castanhos me fitando.

- Oi. – Respondi, apenas. Ele ficou alguns segundos em silêncio, o que eu presumi como minha deixa para ir embora. Se ele não tinha nada para falar, eu também não tinha, certo? Voltei a marchar para a saída.

- Não, espera. – Justin me puxou. – Eu queria saber se você não queria terminar de conhecer a cidade comigo, agora.

- Agora? – Arqueei uma sobrancelha. Ele assentiu, esperançoso. Lembrei-me do conselho de Jolie e ponderei seu comportamento ao longo da semana. – Não dá, desculpa.

- Eu sei que a Jolie está de castigo e não pode sair de casa. Se ela não sai, você não sai, logo não há nada que impeça você de ir comigo ver a cidade de noite. – Apresentou sua teoria completa. Cruzei os braços e fitei-o. – Vamos, por favor... Eu só quero que você conheça esse lado da cidade. – Disse em tom baixo, chegando mais perto. Seu tom de voz era quase aveludado, macio, confortável. – Por favor?

Desculpe, Jolie.

- Por que eu deveria ceder agora? Não era você quem estava me ignorando? – Resolvi bancar a durona, apesar de já ter respondido sua pergunta na minha cabeça.

- Eu... – Sua voz falhou quando ele ia dizer alguma coisa. – Certo, me desculpe. Acho que eu mereço isso.

- Se faz tanta questão que eu vá, Justin, eu vou. Eu só queria que pensasse nisso que eu acabei de te perguntar. – Girei nos calcanhares e passei pela porta da saída, fechando um pouco os olhos pela luz alaranjada que me atingiu ao fazer isso. – Preciso avisar Jolie.

- Não! – Justin tirou o celular da minha mão. – Só... Manda uma mensagem.

Parei no lugar, vendo-o mexer em meu celular como se fosse o dele.

- Com licença? – Pigarreei.

- Desculpa. Bom, está enviado. – Sorriu e me devolveu o celular, mas, antes que e pudesse sequer tocar o aparelho, ele puxou de volta e fez outra coisa ali.

- E então?

- Só... Meu número. – Devolveu o celular com o visor para cima, ligado, ainda sem salvar o número dele. “Evans”, foi o nome que ele colocou como dono daquele número. Suspirei, reprimindo um risinho, e salvei os dados. – Não vai me dar o seu?

- Pede para o Gabe.

Seu rosto se configurou em uma expressão indecifrável. Eu me senti mal, de repente, talvez tivesse sido grosseria da minha parte.

- Hm, é... – Justin limpou a garganta e me lançou um sorriso sem graça. – Meu carro... – Apontou, ainda sem jeito. Mordi o lábio inferior, começando a me sentir a maior cretina do mundo. Eu não precisava ser tão chata, precisava?

- Claro. – Esperei que ele começasse a andar, afinal, eu não sabia onde Impala 67 estava. Tentei respirar fundo e colocar um sorrisinho discreto e simpático no rosto, para mudar aquela aura chata que eu havia criado sobre mim mesma. – Aonde vai me levar?

- Bom, é sexta e o centro está movimentado. Podemos tentar algo mais calmo.

- Mas qual é a graça de estar em Nova Iorque e não sentir esse... Movimento? – Perguntei, franzindo o cenho. Percebi que à medida que eu falava, ele ficava mais confortável, como se imaginasse que minha “grosseria” havia passado.

- Fique peixe, criança. – Ele arriscou uma brincadeira. Olhei para ele, esperando uma explicação.

- A Dinamarca é meio sem graça, né?

- Não somos obrigados a saber todas as gírias particulares de vocês. – Rebati.

- Ok, senhora-tenho-resposta-para-tudo. Podemos partir ou você quer experimentar o carro em movimento com a porta aberta?

Olhei para minha porta e percebi que ela ainda estava aberta. Sorri amarelo e fechei a porta rapidamente. Justin arrancou com o carro e saiu do campus da Roosevelt.

- Por que está me levando para ver o resto da cidade?

- Porque ficou faltando um ponto que eu acho crucial.

- Tipo...?

Justin não respondeu, apenas abriu um sorrisinho enigmático e focou sua atenção na rua. De fato, Manhattan estava a todo vapor naquela noite. A ‘Times Square’ estava um caos de carros e seres humanos brigando pelo mesmo espaço naquela selva de pedra.

- Justin?

- Relaxe e aproveite a viagem, senhorita...

- Alexandrine.

- Isso. Você vai gostar, eu prometo.

- Por que se importa tanto em me mostrar esses lugares?

- Por que você faz tantas perguntas?

- É um mundo novo para mim, Justin.

- Por isso quero lhe mostrar. – Virou seu rosto rapidamente para mim, esboçando um sorriso.

- Você ainda não respondeu minha pergunta.

- Como não? Você é nova por aqui, quero que fique por dentro de tudo.

- Isso não é motivo.

- Coloque algum CD para tocar, por favor? – Ele mudou de assunto, mas parecia sincero quanto querer ouvir alguma música. Abri um porta-luvas e tirei o primeiro que vi. Coldplay.

- Você tem bom gosto musical.

- Uma das poucas coisas das quais me orgulho. – Disse, olhando os pedestres atravessando a rua enquanto o sinal estava fechado. Perguntei a mim mesma várias vezes o que ele queria dizer com aquilo e por que aquilo parecia doer tanto ao ser dito, mas, sem chegar a muitas conclusões, decidi desistir.

- Gosto dessa. – Falei, ao ouvir a faixa que eu havia escolhido. Justin não fez objeção e apenas acompanhou o ritmo da música batendo os dedos no volante.

- Karen... – Chamou. Ele se inclinou por cima do ombro, olhando através do para-brisa. – Chegamos.

Fiz o mesmo que ele e deixei meu queixo cair. Como eu pude me esquecer daquele gigante? Justin procurou estacionamento, um pouco longe, e seguimos andando até o prédio. Já era noite, a cidade estava inteiramente iluminada, o que me dava a sensação de estar dentro de um filme. O vento gelado cortava meu pescoço à mostra, provocando-me arrepios e até mesmo tremores. Justin parecia apenas um pouco mais protegido que eu, porque sua blusa parecia de uma malha mais grossa. Paramos. Ali estava eu, diante do Empire State Building.

- Uau. – Falei, sentindo meu pescoço doer à medida que eu subia os andares daquele prédio com o olhar. Justin riu ao meu lado, com as mãos no bolso e os olhos carregados de expectativa.

- Não, ainda não. – Disse, pegando-me pela mão e me puxando até a entrada do prédio. O grande saguão nos recebeu com luxo e modernidade. Havia um elevador para “turismo” e outro para os demais afazeres que eram feitos naquele prédio. Justin nos puxou para o primeiro depois de pagar 45 dólares por uma fila que com certeza era menor do que a fila dos que pagavam apenas 22 dólares.

Fui a primeira a entrar no elevador, cheia de ansiedade e quase quicando no lugar. Justin entrou logo em seguida. O elevador não subiria enquanto não comportasse sua capacidade máxima de passageiros e então tivemos de esperar até outros turistas curiosos tomarem o lugar que restava ali. Comprimi os lábios em preocupação quando um senhor mais gordinho entrou no elevador. E, aparentemente, eu não era a única que achou aquilo, porque Justin o olhava quase com desespero no olhar.

- Desculpe, desculpe. – O cara pediu, quando entrou por inteiro no elevador e causou certa compressão no lugar. Fiquei de lado, de frente para Justin e de costas para uma mulher. Justin encostou na parede e segurou-se a ela como se sua vida dependesse daquilo.

- Se não gosta de elevadores, poderia ter me levado a outro lugar. – Falei, gentilmente, ao perceber qual era o problema de Justin. Ele já suava.

- Não tenho medo de elevadores. – Disse, porém sua voz falhou.

- Estou vendo. – Ironizei. – Segure alguma coisa, vai se sentir melhor.

- Estou bem. – Sussurrou.

Ri pelo nariz e suspirei aliviada ao ouvir o sinal do elevador indicando que já estávamos subindo. Justin soltou uma tosse seca e encarou um ponto fixo do meu cabelo até o momento em que as portas se abriram de novo. Ele pareceu ansioso por sair dali.

- Viu? – Falei, quando saímos do elevador. Justin parecia aliviado. – Não aconteceu nada de... – Interrompi meu discurso apaziguador quando olhei para frente e me deparei com a visão. Senti meu coração dar um solavanco e quase parar de bater, mas não parou, ao contrário, bateu mais forte, talvez pela adrenalina ou o ar rarefeito, mas continuava acelerado.

- Karen? – Justin perguntou, parecendo preocupado.

- Meu Deus. – Aproximei-me do parapeito protegido por uma cerca de ferro

- Não é? – Ele concordou. – Por isso queria te mostrar isso aqui de noite.

- Já tinha tudo planejado, né? – Ri pelo nariz, sem tirar os olhos da vista.

- Quase. Não estava nos meus planos agir daquele jeito com você...

- Está tudo bem, Justin. – Cortei-o, vendo que começaria com um martírio desnecessário. Eu sempre estive acostumada com a atenção, quis dizer a ele, mas você simplesmente me ignorou e ninguém jamais fizera isso antes, obrigada por me fazer sentir normal e invisível. Aquilo, é claro, não saiu da minha boca.

- Você não entende porque...

- Não, sério, tudo bem. Se você quiser que ninguém saiba que você fala comigo fora da escola, não vejo mal algum. Até entendo.

- Entende?

- É. Não pegaria bem com seu grupo de amigos se você começasse a falar com a amiga e prima da suposta traidora deles. – Dei de ombros. É claro que eu não pensava daquele jeito, sobre Jolie, mas era daquele jeito que eles pensavam e era aquele lado que eu tentava compreender.

- Ela te contou?

- Mais ou menos.

- A Jolie, ao contrário do que parece, não gosta muito de expor a própria vida. – Justin suspirou. – A vida dos outros é sempre mais digna de nota do que a dela.

- Você fala como se a conhecesse muito bem.

- Talvez.

- Vocês eram próximos?

- Mais do que imagina. Ela não te contou, não é?

- Ninguém parece me contar nada.

- A gente namorou. – Disse. – Por dois anos. Eu e Jolie.

- Não acredito.

- É.

- Então você a traiu? Com a Jennifer? E vocês estão juntos desde então?

- Não, não! Não é assim. Eu não traí ninguém. Eu estava bêbado, chapado e provavelmente sob efeito de outras coisas.

- E você quer que eu acredite que a Jennifer armou tudo?

- Não sei o que fazer ou não você acreditar. Não ligo, é passado. A única coisa que me resta disso tudo, é uma amizade com o Gabe. Jolie me odeia.

- Você ainda gosta dela?

- Não. Quero dizer... Jolie é incrível, mas... Você entendeu.

- E você acha que foi mesmo ela quem denunciou vocês?

- Não sei quem foi. Tudo indica que foi ela. Só sei que o filho da... – Se repreendeu. – O infeliz que tenha sido, vai ter minha eterna recomendação ao inferno.

- Você teve muitos problemas?

- Mais do que imagina. Quase fui preso.

- Um escândalo.

- Exato.

O clima ficou pesado. Olhei novamente a rua abaixo de nós. Os carros eram somente pontos luminosos que ziguezagueavam por entre cicatrizes na cidade, ou ruas, como alguém que está no solo firme poderia dizer. Ali de cima, apesar de eu não fazer parte daquilo, daquele passado, me parecia que os problemas daquelas pessoas andando lá embaixo, não importavam.

- Você tem moedas? – Justin perguntou de repente, longe de mim, apoiado no telescópio do terraço. – Só tenho notas, desculpe.

Abri um sorriso, checando meus bolsos do jeans, já que minha carteira havia ficado na bolsa da escola, no carro de Justin. Achei três dólares em moedas de 5 centavos. Justin riu ao ver isso e eu o acompanhei.

- Três dólares, hein. – Ele ria enquanto colocava as moedinhas na máquina. Fechou um olho e suspirou. – Já vi muito essa imagem, veja você.

Sorri abertamente e ajustei meu rosto diante daquela máquina. Procurei os lugares que eu havia ido com Justin no domingo passado. Achei o museu, a estátua não foi tão difícil. Eu estava extasiada com tanta beleza, tanta perfeição, magnitude. Nova Iorque parecia ter a missão de me encantar cada dia que passava e eu garanto que ela estava se saindo muito bem.

- É perfeito. – Sussurrei, incapaz de conter meu sorriso mais sincero.

Justin soltou uma risada fraca ao meu lado.

- Cinco minutos. – Disse ele, após certo tempo. Soltei-me do aparelho e olhei para ele, confusa. Justin deu um meio sorriso e me afastou do telescópio pela cintura. – Tem outras pessoas querendo ver também.

- Oh, desculpe! – Sorri pequeno para o homem que esperava atrás de mim, como se formasse uma pequena fila.

Justin assentiu para mim, como que avisando que já estávamos de saída. Olhei em volta de novo. Vendo a cidade iluminada através dos quadradinhos de ferro formados pela grade de proteção.

- Está com fome? – Ele quis saber, enquanto esperávamos o elevador encher para poder descer.

- Na verdade... Tem uma coisa que eu queria provar aqui em Nova Iorque...

- E eu já imagino o que seja. – Justin me olhou pelo canto do olho.

- Sério?

- Uhum. – Sorriu e observou as portas do elevador se fecharem. Desviei o olhar dele, para deixa-lo mais à vontade com seu medo de elevadores.

A descida pareceu mais rápida que a subida, tão logo estava em solo firme. Justin até sorriu quando as portas se abriram e ele nos puxou para fora dali. Não voltamos para o carro, fomos andar pelas ruas da cidade. Meus olhos procuravam habilidosamente por entre as pessoas, carros e outros que podiam camuflar meu objeto de desejo.

- Ali! – Justin apontou para um carrinho sendo empurrado por um homem de mais ou menos 30 anos, quem sabe. Segurou-me pela mão e correu até lá, comigo em seu encalço.

- Não acredito. – Ri pelo nariz, quando paramos perto do cara. – Senhor!

- Hein? – O cara parou seu carrinho e virou para nós. Abri um sorriso ao ver que ela justamente aquilo que eu procurava.

- Vamos querer dois. – Justin falou, já tirando a carteira do bolso.

- Hã? Ah, sim. – Ele riu de si mesmo e começou a montar nossos cachorros-quentes. Eu sempre quis comer um cachorro-quente nova-iorquino. Rapidamente ele nos entregou os pães e declarou o preço. Era uma mixaria. Eu descobri que pagaria milhões por aquilo assim que dei a primeira mordida.

Depois de pago, fomos comendo enquanto voltávamos para onde o carro estava estacionado.

- Agora que já vimos a maior parte... Você está gostando de Nova Iorque? – Justin quebrou o silêncio, jogando o guardanapo no lixo, quando terminou o cachorro-quente.

- Mais apaixonada, impossível. – Abri um sorriso contido por estar comendo. Justin me sorriu de volta e olhou para frente.

- Fico satisfeito.

- E tem razão para! Você quem me apresentou a essa pérola ocidental. – Olhei a rua iluminada e movimentada enquanto falava.

Ouvi Justin rir baixinho.

- O que foi? – Eu quis saber.

- Você fala tudo tão certinho. É como se tivesse engolido uma gramática.

- Algo errado com isso? – Arregalei os olhos, surpresa pela observação dele. Era estranho falar a língua como deve ser dita?

- Não é só que... Às vezes dá a impressão... Assim, pensando sobre a Dinamarca e tal... Lá é um reino, não é? – Justin se enrolou um pouco. Ao ouvir “reino”, meu coração parou de bombear sangue por alguns segundos e este voltou a circular em minhas veias como gelo triturado.

- É... É... Sim. – Gaguejei.

- É que tipo... Eu não sei se todo mundo fala assim por lá, mas parece... Você parece meio... Da nobreza, entende?

- E-eu... Eu... Não... – Não sei o que dizer para tirar isso da sua cabeça. – Eu tive aulas de inglês com... Com um diplomata britânico.

Justin me olhou engraçado, como se aquilo pudesse talvez explicar minha polidez no vocabulário.

- Diplomata britânico?

- Justin...

- Você estudava em casa, tinha aula com um diplomata... Só falta me dizer que tinha chofer e criada própria. – Riu pelo nariz.

- Claro que não. – Acompanhei seu tom, olhando para os lados. Um pequeno silêncio se instalou ali. Não sabia mais o que dizer. Era a segunda vez que ele fazia isso.

- Vou te levar para casa. Está tarde. – Ele disse de repente.

- Tudo bem, mas... São seis e meia, Justin.

- É tarde para mim.

- Ah, vai me dizer que você tem horário para dormir? Não acredito.

- Não. Mas tenho coisas a fazer. – Ficou sério, colocando as mãos nos bolsos.

- Uhum, sei. Uma festinha igual à que o Gabe fez sexta-feira passada.

Chegamos ao carro depois de uma caminhada de cinco minutos, quem sabe. Partimos para o Upper East Side em alta velocidade e em silêncio. Justin parecia concentrado ou simplesmente recluso. Não sabia diferenciar muito essas coisas. Ele parecia ser meio bipolar de vez em quando.

- Boa noite. – Eu falei, antes de sair do carro e Justin apenas acenou com a cabeça, sem tirar os olhos da rua molhada à frente do carro e com a cabeça apoiada numa mão, apoiada pelo cotovelo na janela aberta. Ok.

Saí do carro sem mais delongas.



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Notas finais do capítulo

Eaê? Curtiram? Let me know :33
Então, vamos lá. Eu li e reli todos os reviews e cheguei à conclusão, pela maioria, de só mudar o sobrenome do Justin. É o seguinte: somente o Justin e a Pattie terão seus nomes mantidos, sobrenomes não. Lá em cima, eu mostrei a relação. Os outros personagens "reais" tiveram nomes alterados. E é isso.
Aos poucos eu vou mudando os nomes em todos os capítulos que já foram postados!
xxxxx gatinhas, qualquer reclamação sobre as alterações... haha, speak now!



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