Caliel. escrita por Wana


Capítulo 2
Por que eu não peguei uma droga de táxi?


Notas iniciais do capítulo

Hello!
How are you guys?
Vamos direto para o primeiro capitulo?
Ai a maioria dos personagens vão ser apresentados.
E só pra lembrar, os capitulos são só sobre UM dia ok ? podem se passar vários e tals!
enfim, vamos lá



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Por que eu não peguei uma droga de táxi?

Desci as escadas correndo. Estava atrasada, só para variar. Vestia uma calça jeans, uma blusa preta de alças, e uma sapatilha preta, que pensava ter pedido há um bom tempo.Não me pergunte como consigo perder sapatos, já que, hipoteticamente, eu não poderia esquece-los no shopping ou em uma praça. Tratando-se de mim, tudo é possível.

— Coma direito, menina! Você vai se engasgar assim. – minha mãe, Laura brigou.

— Caliel vai morrer? – Simon, meu irmão, questionou com a voz chorosa. Ele tinha apenas 5 anos, então não entendia muito bem as várias formas e significados que a língua pode assumir. Resumindo, ele não entendia que nem tudo que falamos, deverá, necessariamente, acontecer.

— Não. Caliel não vai morrer. - Daniel, meu padrasto, negou com um ar de riso, enquanto exercia seu ritual matinal: ler jornal.

— A menos que ela não entre na escola. - Laura olhou para o seu relógio e lançou-me um olhar ameaçador.

— Tudo bem! Tudo bem, já estou indo. - falei levantando da mesa, pronta para subir as escadas para escovar os dentes. Um carro buzinou lá fora. Eu tinha quase certeza de que era meu pai me apressando, já que era ele quem me levava todos os dias para o colégio. Quando ouvi outra buzinada, dessa vez mais demorada, minha mãe levantou-se da cadeira e foi na janela.

— Cássio, você quer fazer o favor de parar de buzinar? - ela gritou carrancuda. Ouvi meu pai rindo. Tinha quase certeza de que meu pai buzinava todos os dias na porta de casa, não para me apressar, não porque estivesse preocupado com o horário, mas apenas para irritar um pouco mamãe. Segundo ele, ela faz uma cara especialmente engraçada quando está gritando. Meu padrasto foi para a janela também e se pôs atrás da mamãe, descansando seu queixo no ombro dela.

— Bom dia, Cassio. - Cumprimentou amigável papai, que estava além do meu campo de visão. Subi as escadas, antes que Laura voltasse a gritar.

Mamãe era separada de meu pai há 7 anos. Ele, após se separar, passou a morar em uma casa ao lado da nossa, que sempre me pareceu mais uma extensão de minha casa com minha mãe, do que uma casa vizinha. Quando eu tinha 12 anos, meu pai casou-se com Marie, uma criaturinha de olhos pequenos, cabelos pretos e longos que contrastavam com sua pele alva , lábios rosados, sempre acompanhados de um sorriso fácil e amável. Marie tem uma filha um ano mais nova que eu,Lavínia, que é uma versão mais nova da mãe, a não ser pelos olhos azuis. Minha mãe nunca casou-se realmente com Daniel, um advogado, de 40 anos, com olhos extremamente sinceros, sorriso arrebatador e voz firme, porém vivem juntos há algum tempo. Era engraçado o modo como Daniel aceitava o fato de que meu pai e minha mãe terem uma ligação diferente, que jamais poderia ser quebrada, pois mesmo que eles tenham decidido que uma separação seria melhor, nunca foram de longe parecidos com um casal separado, mas sim com melhores amigos, que moram em casas vizinhas. Daniel nunca pareceu se importar com isso, sempre tratou meu pai da forma mais amável possível.

Finalmente desci as escadas, depois de ouvir meu pai buzinar mais umas seis vezes, todas seguidas de ameaças de Laura e de longos risos de papai, Daniel e Simon.

Eu abri a porta do carro e sentei no banco de trás, já que Lavínia estava no da frente.

— Bom dia, Caliel. - Lavínia disse sorrindo timidamente para mim.

— Bom dia. - retribui o sorriso.

Nunca fui muito amiga de Lavínia. Não que eu tivesse algo contra ela. Na verdade, tinha até mesmo certo respeito pela calmaria impregnada em sua aparência, como se ela fosse uma imensidão de paz inabalável. Sempre que eu entrava na casa de papai, lá estava ela, sentada em sua cama, com a porta do quarto aberta, enquanto lia um livro. Nunca consegui me forçar o bastante para entrar no quarto dela, pois apesar de a porta estar sempre escancarada, como se para mostrar que ela não tem nada a esconder, parecia que o quarto tinha um escudo, como se houvesse algo naquela porta aberta, que me dissesse que eu poderia ver de longe, mas que era muito errado entrar nele, tirar Lavínia daquele estado de concentração, segurança e paz. Sentia que era errado invadir sua fortaleza e sempre que passava por aquele corredor, fazia de tudo para que não atrapalha-la ou assusta-la. Era um sentimento estranho, ridículo e ilógico, ainda assim, sempre me pegava andando na ponta dos pés quando passava por ali.

— Eu realmente irritei sua mãe hoje hein? - meu pai disse sorrindo largamente, enquanto começava a dirigir.

Concordei e continuamos conversando sobre coisas sem importância.

Quando chegamos no colégio, despedi-me de meu pai rapidamente e preparando-me para falar com Lavínia, virei-me. Não deu muito certo, já que ela estava a muitos passos de distancia de mim, entrando pelo portão do colégio. Arrumei a mochila no ombro, passei as mãos no cabelo e atravessei o portão do colégio. Subi as escadas, para ir para sala e quando estava dobrando no corredor vi Alice, vindo em minha direção, arei e esperei que ela se aproximasse.

— Ei, foguinho! - Cumprimentou-me despejou em mim um abraço de urso, típicos dela. Alice, minha melhor amiga, era de uma estatura mediana, com olhos grandes de avelã, cabelos impecavelmente lisos, com uma franja perfeitamente arrumada, de um castanho extremamente claro. Alice vestia roupas, que eu sabia que eram de grife, combinadas de acordo com o próprio manual de moda dela.

— Oi Alice.

— Animada para o primeiro dia de aula? - ela me perguntou em seu tom relaxado.

—E como - falei ironicamente. Para mim era como um dia qualquer.- Quem se importa é o primeiro ou o vigésimo dia de aula?

— Pois eu estou! - deu de ombros. — E sinto que esse ano vai ser um dos mais legais! - A animação foi tomando conta dela e quando ela acabou a frase ela já está dando pulinhos de alegria.

— Há novatos não é? - rolei os olhos

— Cali, estamos no primeiro dia de aula! É claro que há novatos. - respondeu como se eu fosse alguma estúpida e continuamos a andar.

— Ah, ok. Isso significa “Mais possibilidades de garotos para Alice se encantar”.

Alice tem uma estranha mania de ficar encantada por qualquer garoto.Ela bate os olhos em uma cara qualquer e CABUM! Fica obcecada por ele. Não para até descobrir tudo sobre ele e só se “desencanta” quando outro garoto lhe chama a atenção. Isso torna o começo do ano para ela muito mais emocionante. Apenas mais uma das coisas de Alice, ela sempre fora tão diferente de qualquer um, com várias manias e com uma personalidade tão alegre, tão singular. Algo que eu realmente aprecio nela.

Durante a aula, Alice cutucou-me com a caneta, enquanto o velho Sr. Mellery, professor de história, falava com um ar desinteressado sobre o conteúdo programático do ano.

— Adivinha quem vai vir morar lá em casa? - Sussurrou em meu ouvido.

— Batman? - ela balançou a cabeça. — Ok, hum... Chapeuzinho Vermelho? - balançou a cabeça novamente. — Super Man? - mais uma balançada de cabeça. —Desisto!

— Hoje você não está muito criativa. - sorriu-me.

— Perdoe-me, alteza. - fiz uma careta.

— Ok, se você não advinha... Eu conto! Meu irmão está vindo morar comigo!

— Seu irmão? Você quer dizer Lucas?

— Claro! Quem mais? - deu de ombros.

— Ótimo - resmunguei.

— Você ainda não gosta muito dele, não é? - ela me olhou nos olhos. Eu podia ver um traço de esperança em seus olhos.
— Não, eu não gosto do seu irmão Alice... - dei um longo suspiro. — No entanto, não acho que ele vá ficar deprimido por isso. - emendei, tentando ser brincalhona.

— É você tem razão. - concordou pensativa.

Lucas, irmão gêmeo de Alice, sempre fora o mais próximo de um arqui-inimigo em minha vida. Não havia um grande motivo para nos odiarmos e sim pequenos motivos, que juntos transformavam-se em uma grande poça de raiva um contra o outro. Odiava pequenas coisas nele, com seu modo de respirar e seu sorriso irônico. Ele nunca morou, de fato, com Alice. Vivia com seu pai e apenas em férias de verão visitava sua mãe. Lembro de me sentir muito grata por isso. Fazia bastante tempo que eu não o via, visto há alguns anos ele não passava um tempo com a mãe.

Alice não falou mais nada sobre ele durante dias e eu tinha quase certeza que isso acontecera devido ao fato de que ela estava ocupada demais observando as pessoas, ou melhor, os garotos novatos. Não posso dizer que me senti mal por ela não ter tocado mais no assunto também.

— Eu deveria entrar na escola meio assim ó! - Alice falou enquanto andava como uma modelo, fazendo caras e bocas. — Claro, que combinando com um belo look. - ela acrescentou rapidamente.

— Eu não vejo porque alguém não gostaria do jeito como você anda ou se veste Alice, não mude seu jeito por ninguém. - a repreendi. Eu estava sendo sincera. Gostava tanto do jeito que Alice andava! Ela era graciosa, sempre caminhava meio andando meio dançando, com os braços balançando alegremente. Quanto ao modo de se vestir, bem, como alguém poderia não gostar de como Alice se vestia? A menina sempre me pareceu aquelas modelos de revistas de moda, que estão com roupas harmoniosas, escolhidas por especialistas em moda. “As roupas são como a sinopse de livro e eu quero a sinopse do meu livro bonita e alegre” disse-me uma vez, e depois de um tempo acabei por entender o que ela queria dizer. Olhando por esse lado, as roupas de Alice, de fato, mostravam como ela era : linda fisicamente, delicada e fofa. Fofa até demais, se me permitir citar.

— Você tem razão. - respondeu-me. — No entanto, talvez eu mude meu cabelo... - acrescentou enquanto vagava por meu quarto.

— Você já sabe minha opinião sobre isso. - dei de ombros.
Assim que eu fechei minha boca, o telefone de Alice começou a tocar uma música extremamente irritante e alta. Ela não pareceu notar, então joguei uma almofada bem no rosto dela, na tentativa de tira-la de seus devaneios. Funcionou. A garota fez uma carranca para mim e o atendeu.

— Alô... Oi mãe... - ela esperou até que a mãe dela falasse do outro lado da linha. Ela fez uma careca. — Claro, claro, já estou indo... Tudo bem, eu já disse que estou indo! - e desligou o telefone. — Que tal darmos uma voltinha lá em casa? - propôs, lançando-me um sorriso largo demais.

— Hum... Claro. - respondi analisando-a desconfiada.

— Então vamos logo. - Disse já saindo pela porta.

— Já vou só, me dê um minuto para que eu troque de roupa. - falei rindo. Era engraçado como, de uma hora para outra, Alice ficava extremamente agitada e urgente.

Ela colocou a cabeça para dentro do quarto. — Tudo bem, só não demore! Não queremos que dona Vivian arranque minha cabeça. - ela fez uma careta quando disse o nome da mãe. Eu ri e ela desapareceu da minha porta.

Em frente ao espelho, fiquei atentamente esperando ouvir seus passos se distanciando, um ranger na madeira escura que revestia o chão, quando ela passasse por cima, ou o barulho de seus pés quando ela chegasse à escada, mas nada disso fez barulho, e se fez, foi baixo o bastante para que meus ouvidos não os percebessem. Contudo, não me surpreendi com isso. Minha melhor amiga sempre fora dotada de uma harmonia natural, como uma bailarina, que após muito tempo de ensaios, conseguia obter certa graciosidade.

Afasteis os devaneios sobre Alice e me concentrei em encontrar uma roupa para vestir. Coloquei uma calça jeans preta, uma blusa azul escura de alças, com um cardigã cinza por cima, meus cabelos ruivos estavam um emaranhado, então eu passei uns bons minutos arrumando-os, até que eles estivessem em seu liso meio ondulado.

Quando desci as escadas, Alice não estava na sala.

— Mãe, você viu onde Alice se meteu? - falei entrando na cozinha.

— A mãe dela ligou e eu acho que ela foi embora. Ela me disse que eu deveria te dizer algo, Hum... - pensou por um instante. — Ah sim, ela disse para você encontrar ela na casa dela, ela precisava fazer uma coisinha antes, mas estaria te esperando lá.

— Tudo bem se eu for?

— Claro! - falou sem se importar. — Não volte muito tarde.


A casa de Alice não era tão longe da minha, então eu preferi ir andando a esperar por um táxi. Eram quatro da tarde. Segui calmamente pela ruas, observando as casas sempre tão parecidas, com seus jardins bem cuidados e balanços velhos de crianças que já deveriam estar grandes demais para serem chamadas de crianças. Muita gente passeava pela rua naquele horário. Alguns andavam com seus cachorros, outros passeavam com seus filhos, outros simplesmente andavam. Preferi andar pela pista a ter que me desviar de tanta gente. Já não havia muito o que caminhar. Bastava apenas alcançar a curva que se formava no fim da rua e a casa estaria visível.
Ouvi um acelerar tornando-se cada vez mais alto à minhas costas. Virei o rosto rapidamente, enquanto o vento encarregava-se de jogar meus cabelos em meus olhos, dificultando a visão. Era uma moto! Era uma moto super rápida, percebi apenas com tempo de jogar-me para cima da calçada. O condutor, reduziu a velocidade bem rápido, parando ao meu lado. Resmunguei sem fôlego, sentido meus joelhos arderem por baixo na calça jeans suja com a poeira da calçada. Olhei para o garoto, que há pouco havia tirado o capacete. Embasbaquei-me um pouco ao perceber seu corpo bem formado. Possuía músculos, evidentes por baixo de sua camiseta preta. Seus olhos eram castanhos e seu cabelo de ruivo mais discreto que o meu. Possuia um sorriso brincalhão nos lábios.
.

— Belo extinto de sobrevivência. - ele falou divertido.

— Belo jeito de tentar me matar. - resmunguei.

— Eu devo pedir desculpas por isso. - ele disse. Questionei-me se deveria aceitar suas desculpas. Afinal, quem se importa se ele era um louco que dirigia extremamente rápido em uma área escolar? Quem se importa que ele tenha quase me matado, seja de susto ou passando com aqueles pneus por cima de mim? Como ele podia simplesmente pedir desculpas? Eu lamento por ter passado por cima de você, ele podia dizer e seguir seu rumo como se nada tivesse acontecido.

Levantei-me, limpei o sujo dos joelhos e continuei meu caminho andando um pouco mais lentamente, por causa da dor que sentia.

— Você sabe que eu não tentei te machucar, não é? - ele falou, com sua moto andando lentamente ao meu lado, na pista. Subi na calçada e ignorei o garoto.

— Eu não te conheço, não sei de nada.

— Eu ia diminuir, se você quer saber!
Eu podia sentir os olhos dele em mim e comecei a me preocupar que ele fosse algum tipo de cara que persegue garotas, depois de tentar matá-las de susto. Ótimo, tudo que eu preciso é de um motoqueiro psicopata na minha cola!
— Eu posso te dar um carona. - insistiu em tentar conversar comigo
— Não! Obrigada, mas não.
Dobrei na rua e a casa de Alice estava a vista, finalmente.
— Eu sou Vincent. - Continuou, ainda me acompanhando. Por Deus! Ele já não deveria ter ido embora?

— Legal

— Seu nome?
Eu pensei por um momento, discutindo comigo mesma se deveria ou não dizer meu nome pra um estranho. Mas afinal o que adiantava ele não saber meu nome? Se ele quisesse me fazer algum mal já o teria feito! E, levando em consideração o quanto estava estranhamente deserta a rua, era melhor não irrita-lo.
— Caliel - eu disse por fim.

Já estava na soleira da casa de Alice, dei umas batidas na porta e me virei só para ver que Vincent estava parado em sua moto lá na frente. Eu fiz uma careta.

— Acho que você já pode ir. - tentei sorrir gentilmente.

— Na verdade, eu acho é aqui que eu vou ficar! eu estava indo visitar um amigo que chega hoje de viagem, sabe? - ele tirou o papel do bolso e sorriu. — Sim, é aqui.

Fitei-o confusa. Até onde eu sabia Alice não estava fazendo uma festa, muito menos alguém estava chegando de viagem. Minha melhor amiga atendeu a porta e deu-me passagem, Vincent estava bem atrás de mim. Alice meio que ficou de boca aberta quando ele entrou na casa.

— Eu sou Vincent, amigo de Lucas. - ele deu um sorriso sedutor.

Alice deu um sorriso abobalhado, e balançou a cabeça como se tivesse tentando se concentrar.

—Claro! Lucas vai amar ver você aqui. Huh, o famoso Vincent. - Ela deu passagem para ele.

E ai a ficha caiu. Primeiro minha boca se abriu em um grande O, depois eu trinquei os dentes com raiva.

— Por que diabos eu estou em uma festa de boas vindas para o seu irmão gêmeo idiota? - encarei-a com raiva, concentrando-me para não esgana-la.



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Notas finais do capítulo

Esse capitulo ficou meio grandinho, mas enfim... Eu,como leitora, não gosto de capitulos pequenos haha *-*
Mereço reviews? Vamos lá, eu estou me esforçando para fazer algo que preste!
E qualquer erro ortográfico me avisem ok?
Além do mais, me incentivem a não deletar essa história também.
Beijos
ps: já estou preparando o próximo capitulo mas ele pode demorar um pouco, dependendo da criatividade e tals.
Beijos :*