- Obrigada Pattie – peguei Jason que chorava no colo dela. Me sentei no sofá e voltei a amamentá-lo. Logo eu estava sozinha na sala de novo, depois de ter dormido um pouco depois do almoço no antigo quarto de Justin, acordei assim que ouvi o choro de Jason.

Senti algo vibrar no sofá e tirei um dos braços de Jason, o equilibrando enquanto ele mamava distraído. Levantei uma das almofadas e ofeguei ao ver que era o celular de Justin, o peguei em minhas mãos e olhei o numero. Não tinha nome.

Agarrei o aparelho em minha mão, enquanto ele ainda tocava insistentemente. Abri os olhos e Justin me olhava da porta, sem expressão. Soltei o aparelho fazendo o mesmo quicar no estofado, ainda vibrando. Quem quer que fosse que estivesse ligando, não desistiria.

Voltei a olhar pra Jason, que agora olhava pro pai que se aproximava devagar.

Justin se sentou ao meu lado e pegou o telefone, o olhou enquanto ele ainda vibrava, aquilo já estava me irritando.

- Atende, por favor – pedi e balancei Jason.

- Não quero atender – terminei de amamentar Jason e me ajeitei, o coloquei pra arrotar.

- Você quer, eu sei que você quer. Eu não quero saber quem é, ou o que você tem pra conversar com quem quer que seja. Só atende, esse barulho já esta me irritando e vai começar a irritar seu filho também. – levantei e comecei a balançar Jason.

- Alô... Não, não posso... Não interessa... Sim... Não é da sua conta... Tchau – continuei balançando Jason até que ele arrotasse.

- Eu quero conversar com você.

- Sobre o que? – eu estava de costas pra ele, e já sabia sobre o que ele falaria.

- Vamos pra casa, la nós conversamos. – me virei e ele já saia da sala. Deixei uma lagrima cair e a sequei rapidamente. Jason me olhava atento, enquanto ressonava. Ele puxou um tufo do meu cabelo que estava perto do rosto, o olhei e sorri triste.

Era incrível como meus filhos sentiam quando eu estava triste, eles sabiam exatamente quando eu não podia me estressar, então se comportavam do melhor jeito possível.

Logo ele dormiu e assim que o coloquei no carrinho, Pattie e Scott apareceram sorrindo, atras deles Justin vinha com Julieta no colo.

- Amanhã o papai vem te buscar – olhei confusa pra ele – Da um abraço na mamãe. – Julieta veio correndo em minha direção, me abaixei e a abracei, acarinhando seus cabelos castanhos.

- Nós já vamos mãe, obrigado por ficar com eles essa noite. Pela manhã agente vem buscar eles. – me levantei e encarei Justin. Ele tocou minha cintura e deu um ultimo beijo em Julieta.

- Eles vão ficar essa noite aqui, amanhã nós os buscamos. – sussurrou pra mim e eu suspirei.

Não estava me sentindo bem, só o fato dele não querer que nossos filhos estivessem em casa durante nossa conversa, já me fazia pensar o pior.

Mas eu não permitiria, eu não o deixaria.

Entrei na frente dele assim que ele abriu a porta. Fui até a cozinha e comecei a arrumar coisas pra preparar um jantar, estava tarde, mas eu não queria ter a tal conversa. Comecei a mexer em tudo rápido, ouvi ele suspirar e segurar meu braço me fazendo olhá-lo.

- Para – falou me olhando com pena, me soltei de seu toque e voltei a buscar as coisas.

- Não esta com fome? Vou preparar algo pra jantar. O que você quer comer? Quem sabe um macarrão?

- Delilah!

- Eu posso tentar fazer de novo aquela receita da minha avó, eu sei que você gosta e

- Delilah! – gritou me fazendo parar em frente a pia. Eu sentia o nó na garganta e não consegui segurar o choro, quando ele começou a arranhar minha garganta. As lagrimas começaram a descer e eu fechei os olhos tentando não soluçar.

- Eu sei o que você esta fazendo. Para com isso – fiquei em silencio e esperei, podia ouvir os passos dele se aproximando. Senti ele segurar meus dedos, me fazendo soltar da borda da pia, que eu nem sabia que segurava com tanta força.

- Eu quero que você me ouça. – virei o rosto, não querendo o encarar.

- Delilah, eu quero o divórcio.

Ouvir aquilo foi como uma facada, um pequeno golpe bem no meu ponto mais doloroso. Eu deveria ser orgulhosa, aceitar e deixar pra la, mas eu não sou, meu orgulho não é maior que meu amor por ele.

O abracei e senti ele ficar rígido, seus braços caídos ao lado do corpo enquanto eu o envolvia com força pelo pescoço.

- Não me deixa. Justin, por favor, não me deixa – implorei em meio aos soluços.

Eu sabia que era humilhação, mas eu não podia deixar, eu não podia permitir que ele me deixasse ou deixasse seus filhos.

- O que eu vou fazer sem você? O que nossos filhos vão fazer sem o pai? Justin você não pode me deixar, deixar sua casa. Eu aceito, eu não ligo que você tenha uma amante. Não me importo, só não me deixa, não sai de casa, eu te imploro. – ele me olhava assustado, enquanto eu implorava sem conseguir enxergar direito, as lagrimas me segavam.

- NÃO – senti minha garganta rasgar com um grito e me joguei de joelhos no chão, bem aos pés dele. Fechei os olhos e pedi a Deus em silêncio que tudo aquilo não passasse de um pesadelo. Um terrível pesadelo que acabasse assim que eu abrisse os olhos.

Senti os braços de Justin a minha volta e ele me ergueu, me pegando no colo em seguida.

Me mexi na cama e abri os olhos, eu ainda estava com a mesma roupa, a mesma estava amassada e eu sentia meu rosto inchado. Levantei e fui até o closet, ofeguei em ver o lado de Justin com poucas roupas. Entrei e analisei, os documentos, produtos de higiene e malas dele, não estavam la.

Ele havia me deixado.