Acordei segunda-feira com Sally gritando no meu ouvido que iríamos nos atrasar para o primeiro dia de aula. Me levantei apressadamente e fui logo me arrumar.

Encontramos Remo e Pedro no Salão Comunal, que disseram que James e Sirius ainda estavam dormindo, e fomos tomar café. O tempo estava passando devagar, provavelmente por minha ansiedade pela aula de poções. Era minha aula preferida desde que entrei em Hogwarts, e a de Sev também, mas nos últimos três anos caímos em turmas diferentes.

Enquanto isso...

 James não conseguia se conformar.

– Hoje vamos ter aula com o Ranhoso, e ele vai ser a dupla da Lily! Não posso deixar ele chegar perto dela. – disse James.

– Se eu não te conhecesse, diria que está com ciúmes. Diria também que você está caidinho pela Lily, a sua ruivinha. – Disse Sirius.

– Que bom que você me conhece, então! – disse James, irritado.

– Tá, tá... Eu sei que a gente não pode deixar ele chegar perto dela, mas a única coisa que podemos fazer sobre isso é sentar perto dos dois e não brigar com ele na frente de Lily de jeito nenhum! Você tem sorte, eu ainda vou ser obrigado a cumprir uma semana da detenção com o Ranhoso. – disse, enquanto pensava: Eles vão se casar um dia...

– Já sei! É isso! Eu vou pegar detenção pra poder ficar de olho nos dois enquanto você faz detenção com o Remo! – Disse James, como se tivesse encontrado a solução.

– Cara, mas o que você vai fazer agora que possa te render uma semana de detenção, começando hoje? – Perguntou Sirius, preocupado.

– Calma, Almofadinhas. O que tá acontecendo com você hoje? Até parece que não me conhece mesmo... – disse James com o sorriso maroto que todos tanto conheciam.

Saindo da aula de História da Magia, que misteriosamente James faltara, ouvimos um barulho vindo do corredor da biblioteca, e logo eu e Remo fomos checar o que estava acontecendo.

Chegando lá, encontramos o corredor inteiro cheio de bosta, totalmente sujo e fedido. Em um outro corredor que também se encontrava com o em que estávamos, encontramos James deitado no chão de tanto rir de um grupo de alunos que passavam exatamente na hora em que ele, obviamente, soltara as bombas de bosta.

– Ora, James, não acredito! Logo no primeiro dia de aula?! Não podia esperar uma semana não? – perguntei.

– Claro que não, meu lírio! Eu tinha que estrear o ano o quanto antes, não? E que jeito melhor de estrear o ano senão com as clássicas bombas de bosta?- ele respondeu entre risos.

– Mas quantas bombas exatamente você soltou?

– Não vou dizer... É segredo!

– Então vou ser obrigada a te dar uma semana de detenção. Será que você pode cuidar dessa detenção pra mim, Remo? – ela disse, dirigindo-se ao amigo.

– Não vou, não. Não dessa vez. A última vez que eu dei uma detenção pra esse aí eu acabei dormindo por dois dias. – Respondeu Remo.

– Dois dias?! O que você fez, James?! – perguntei, assustada.

– Eu só... dosei mal uma poção do sono... – disse ele, embaraçado.

– Mas você na me daria uma poção do sono, daria? – perguntei.

– Claro que não, ruivinha.

– Então, Remo, você vai ter que dar a detenção para o Sirius, porque eu não posso dar detenção pros três.

Mais tarde, depois do almoço, fomos para a aula de poções. Eu já estava sentindo um frio na barriga quando avistei Severo na porta da sala me esperando.

– Oi Lily! – ele disse, sorridente.

– Oi, Sev! Estou tão animada...

– Eu também – ele respondeu.

– Eu também! – respondeu Sirius, recebendo um olhar desagradável de Sev e um divertido meu.

– Então vamos entrando! – James disse, nos seguindo para dentro da sala.

Logo que escolhemos nossos lugares, James e Sirius se sentaram bem atrás de nós.

– Vocês vão mesmo sentar aqui? – perguntou Severo.

– Claro! Por quê? Algum problema?! – perguntou Sirius com cara de anjinho maroto.

– Não... ainda. – respondeu Sev baixinho.

A aula passou com eu e Sev respondendo todas as perguntas, recebendo muitos elogios do professor Slughorn, que disse que éramos os melhores alunos que ele já havia lecionado, o que realmente fez o meu dia. James e Sirius passaram a aula realmente quietos, e isso até me assustou e me preocupou.

Mais tarde, às oito horas em ponto, cheguei à Sala dos Troféus, onde James e Severo já me esperavam, formalmente quietos e observando um ao outro cautelosamente.

– Viram? Não é tão difícil dividir uma sala! – disse, feliz por não terem explodido a sala ainda.

– Você que pensa – respondeu James, de mau humor.

– Tá, podem começar. – disse, conjurando dois baldes cheios de água e sabão e duas esponjas.

Depois de o que me pareceram quinze horas, finalmente a detenção acabou. Estava certa de que James iria aprontar com Severo, mas ele até que se comportou bem. Vai ver ele realmente amadureceu e cresceu... Não, duvido muito! Ele deve estar aprontando alguma coisa a longo prazo...

Despedi-me de Severo e fui direto para o Salão Comunal, seguida por James.

– Então, Lily, tudo bem? – perguntou ele, puxando assunto.

– Sim, e você?

– Também.

– Então, soube que foi nomeado o capitão do time de Quadribol...

– É, estou muito animado! Peraí, quem te contou? – perguntou ele.

– Uma de suas admiradoras. – respondi. – Por quê? Não era pra eu saber?

– Não, não é isso. É que eu só contei aos Marotos, mais ninguém...

– Sei lá, vai ver elas andaram te espionando – disse, rindo com a ideia. James me acompanhou, rindo.

– Tomara que não... Mas, enfim, vamos ter que começar a treinar logo, pois o primeiro jogo da temporada é daqui há duas semanas. Sabe, o clássico Grifinória e Sonserina.

– Ah, claro. É incrível como até os professores alimentam a rivalidade, não?

– É... Por falar nisso, você bem que podia assistir o meu primeiro treino como capitão, não é? Sabe, como amigos. Remo e Pedro vão estar lá também...

– Claro, eu adoraria – respondi quando chegamos ao Salão Comunal. – Boa sorte com tudo isso. Boa noite, James.

– Boa noite, ruivinha.

Finalmente estamos nos dando melhor. Já estava cansado das brigas... Pena que ela só me vê como amigo. – Pensou James. – Mas eu posso dar um jeito nisso! - E puxou Lily com uma mão antes dela subir para o seu dormitório e lhe deu um beijo na bochecha, fazendo-a corar até atingir a cor dos próprios cabelos.

– Boa noite, James. – ela repetiu, se retirando e subindo para o dormitório.

Já é um progresso, ele pensou, ela nem me beteu!

No dormitório, Sally chegou e me perguntou o que tinha acontecido pra me deixar tão vermelha.

– James me deu um beijo na bochecha agora pouco. – respondi, corando ainda mais, se é que era possível.

– Ah, tá explicado... – ela responde, piscando pra mim com um sorriso idiota.

– Como assim “tá explicado”?! – imitei-a.

– Ah, fala sério, Lily! Até parece que você não tem uma queda pelo James desde... SEMPRE! – Ela respondeu, me jogando um travesseiro.

– Tá, até parece, Sally. Tem alguém aqui delirando ou é impressão minha? – perguntei sacarsticamente.

– Só se for você, por causa do beijo do James - respondeu, me contrariando de propósito. Ô garota do contra!

– Não viaja, Sally! – cortei a conversa, indo trocar de roupa para dormir. – Boa noite.

– Boa noite, Lily. Durma com os anjos, ou melhor, sonhe com o James! – ignorei essa última parte e fui dormir.

O resto da semana foi tranquila, até as detenções, os professores passando milhares de deveres de casa e todos os meus amigos reclamando, manos eu e Remo, que, na verdade, estávamos bem animados. Afinal de contas, era o ano dos NOM’s, certo?

O treino de Quadribol estava marcado para sexta à noite, dia que não demoro a chegar. Depois das aulas, Eu e Sally voltamos rapidamente para o dormitório nos arrumar. Penteei o cabelo só para não parecer descabelada, passei um batom bem de leve e um perfume e fomos para as arquibancadas, que por sinal já estava cheia de garotas – todas admiradoras do James e do Sirius, eu aposto – e esperamos o treino começar. Antes disso, vi uma garota entregar um bilhete para James, e senti uma coisa estranha... Acho que eu estava com... ciúmes! Eu nunca tinha sentido isso antes. Nunca! É claro que já tinha namorado outros garotos, mas nunca tinha sentido ciúmes antes! Logo afastei esse pensamento. Eu não podia me apaixonar assim! Pelo menos não por
James! Mas ele estava sendo tão legal comigo, tão gentil, meigo...

James dividiu o time titular e o reserva em dois, misturando todos. Os times ficaram assim:

James – apanhador; Sally – batedora; Chris Lancez, um menino de estatura mediana, forte, também louro, de olhos verdes, do sexto ano – batedor reserva; Claire McBond, uma garota do quinto ano alta, morena e uma das fãs de James – artilheira reserva; Andrew Mark, um menino do terceiro ano, o mais novo do time, moreno de olhos azuis, alto, magricelo e desengonçado e, por alguma razão desconhecida, eu tinha um sentimento agradável sobre ele - artilheiro; Marie Hopler, uma garota baixinha, pequena e um pouco acima do peso, do sétimo ano - goleira; por último, Francis Wenz, um garoto também do sétimo ano, baixo, porém forte e bonito.

O time de Sirius era composto por ele como artilheiro, Kurt Jones, um garoto do quinto ano bastante alto, forte, louro de olhos azuis, bonito, as garotas babavam por ele... não tanto quanto por James e Sirius, mas chegava a me irritar - apahador; Alex Sebling, um garoto do quarto ano, ruivo e de estatura mediana - batedor; Joanna Brown, do quarto ano, também de estatura mediana, de cabelos pretos - batedora; Peter Blunch, do sexto ano, alto, moreno - artilheiro; Brian Romero, do quinto ano, alto, louro e de olhos verdes - artilheiro; e Edward Spine, muito cobiçado, alto, louro de olhos cinzentos, incrivelmente bonito – porém em tanto quanto James... Pare com isso, Lílian Evans! É o James! Só o seu amigo James. Só isso! -goleiro.

O jogo começou com o time de Sirius abrindo o placar. Quando o jogo estava 90x30 para o time de Sirius, James avistou o pomo, entrando num mergulho de quase sete metros. Pensei que ele fosse bater direto no chão, mas no último segundo ele inclinou o corpo pra frente e esticou a mão direita, agarrando o pomo antes que seu adversário, Kurt, chegasse ao chão.

O resto do treino James deu dicas para os outros jogadores e fizeram alguns arremessos nos aros, desvios de balaços (só por precaução), esse tipo de coisa, que Pedro me explicou ser o “básico”.

Depois do treino, voltamos todos para o Salão Comunal, onde ficamos até tarde conversando. Depois de algum tempo, todos foram para seus dormitórios, e eu e Sally ficamos acordadas conversando. As garotas com quem dividíamos o quarto... é... não nos dávamos muito bem. Elas todas corriam atrás de James e Sirius. Todas. Todas as três garotas. Isso sempre me irritou, agora, ter que conviver diariamente com isso me matava por dentro. Até hoje só falei com elas umas três vezes, e as mantenho longe. Não sei até onde essa obseção pode ir, mas eu odiaria ter pessoas me seguindo a cada passo que eu dou! Não sei como eles aguentam!

Não consegui dormir e percebi que Sally também não conseguia, então fui me deitar na sua cama para conversarmos um pouco, só até dar sono.

– Sally, eu tenho uma coisa muito importante pra te contar, então acho melhor você fechar as cortinas – eu disse quase que em um sussurro, e ela logo obedeceu.

– Pode falar, Lily linda – disse ela.

– Pare de me chamar assim! Se os garotos ouvirem, vão me encher o saco pra sempre!

– É, você tem razão... Enfim, o que você queria me dizer mesmo?

– É que... eu... eu meio que... sabe...

– Lílian Evans, abre logo esse bico e fala logo!

–Euestoumeioqueapaixonadapelojames. – eu disse tão rápido que ela nem entendeu.

– Lily, fala mais devagar e com mais calma, por favor.

– Eu estou meio que apa... apaixonada pelo James – eu disse, corando. Odeio quando isso acontece!

– Eu sabia! EU SABIA! EU TINHA CERTEZA! VOCÊ NÃO ME ENGANA, LÍLIAN! EU SABIA! SOU UM GÊNIO! – disse ela, gritando.

– Cala a boca, Sally! Você vai acordar as maníacas, e se elas soubessem, não daria meia hora pra escola toda saber. Já sei, vou colocar um feitiço para isolar o som! – disse Lily, murmurando alguma coisa que Sally não ouviu, mas que obviamente foi o feitiço, pois todo o som que vinha de fora do quarto simplesmente parou.

– Agora sim, EU SABIA! EU SABIA! VOCÊS FORAM FEITOS UM PARA O OUTRO! EU SABIAAAAA! ELE TE AMA, E AGORA VOCÊ TAMBÉM AMA ELE! VOCÊS VÃO NAMORAR, E AI SE CASAR, E AI VÃO TER UM FILHO LIIINDO, E AI VÃO ENVELHECER JUNTOS...

–Chega! Meu Merlin! Você não respira não? – disse eu, assustada.

– Sim, eu já estava ficando sem fôlego, mas esse não era o ponto... – disse ela. – Na verdade... EU SABIA!!! E AÍ, QUANDO VAI CONTAR PRA ELE?

– Você ta LOUCA? Eu não vou “contar pra ele”! – eu disse, imitando a voz dela. – As coisas não são tão simples!

– Claro que são! Ele é doido por você desde o primeiro dia de Hogwarts! E vive sempre te convidando pra sair! E, eu tenho certeza que, se você pedir, ele nem vai pensar antes de responder!

– Olha, eu sei que você tem sua quedinha secreta pelo Sirius, então, que tal fazermos um acordo?

– Um acordo? Interessante...

– Quando você falar com o Sirius, eu falo com o James.

– Ótimo! Você só esqueceu uma coisinha: Sirius também é doidinho pro mim e eu sou uma “sem vergonha”, como você costuma dizer. Vou falar amanhã mesmo com ele, no Três Vassouras!

– Mas... mas... mas eu estava esperando mais tempo, sabe? Quem sabe você não pede da próxima vez que formos à Hogsmead?

– Totalmente fora de cogitação, Lily! Prepare-se, pois você vai sair com o Thiago! – Ela disse, rindo como se o mundo estivesse acabando... o que pra mim até era verdade... que ironia!

Depois disso ainda conversamos um pouco, mas logo fui dormir, ansiosa porque amanhã seria o primeiro final de semana em Hogsmead do ano, além de ser o dia em que eu admitiria para o mundo minha “quedinha” por James Potter.