– Não preciso da ajuda de uma sangue ruim imunda como ela!

Essas palavras ecoaram na cabeça de Lily. Eu não acredito! ela pensou. Logo ele, logo o Sev! O que sempre esteve lá por mim, e por quem eu sempre estive lá! Desde antes de Hogwarts! Meu melhor amigo... acho que as coisas mudam, mas não era pra ser assim! Mas, ele já é grande e sabe o que faz! A culpa é do Potter! Se ele não fosse tão metido e idiota, nós não teríamos brigado, e isso não estaria acontecendo! Não acredito que Sev falou isso de mim... Todos esses pensamentos passaram por ela como um raio. Seja forte, Lílian! Você não tem tempo pra autopiedade e esse tipo de coisa! Você é uma Grifinória! Seja fore! Ele não merece uma lágrima sequer! E, com isso, as lágrimas que se formavam no canto dos olhos de Lily desapareceram, e ela adotou uma postura fria.

– Ótimo. - respondeu, calmamente. - No futuro, não me encomodarei. E eu lavaria as cuecas se fosse você, Ranhoso.

– Peça desculpas a ela! - berrou James para Snape, apontando-lhe a varinha ameaçadoramente.

– Não quero que você o obrigue a se desculpar! - gritou Lily, voltando-se para James. - Você é tão ruim quanto ele!

– Quê? Eu NUNCA chamaria você de... você sabe o quê!

E a raiva da Lily transbordou, despejando-se toda em James, e tudo o que a atormentava se tornaram palavras frias carregadas de raiva direcionadas à James.

– Despenteando os cabelos só porque acha que é legal parecer que acabou de desmontar da vassoura, se exibindo com esse pomo idiota, endando pelos corredores azarando qualquer um só porque é capas... até surpreende que a sua vassoura consiga sair do chão com o peso dessa cabeça cheia de titica. Você me dá NÁUSEAS!

E, virando as costas, ela se afastou depressa.

– Lily! - chamou James. - Ei, LILY!

Mas ela não olhou pra trás.

[...]

POV James:

Desde o dia que Ranhoso chigou Lily e ela jogou a culpa em mim, ela não falou mais comigo, ou falava o mínimo possível. Eu já estou ficando LOUCO, e só se passaram quatro dias!

Nós tínhamos que arrumar a festa da Sally, e essa era a única vez no dia que eu a via, tirando as aulas. Ela me evitava de todas as maneiras possíveis e imagináveis! Sally tinha me dito pra deixá-la sozinha por um tempo, pra pensar, mas eu já começava a me perguntar quanto tempo ela leva pra pensar!

O dia de aniversário da Sally finalmente chegou, e eu e os Marotos fomos pra Hogsmead comprar os presentes e distrair a Sally enquanto Lily ficava em Hogwarts terminando os últimos preparativos pra festa. Nos revesamos de dois em dois pra comprar os presentes e ficar com a Sally, pois o Sirius vetou a idéia dela se encontrar com o Carlos, o garoto da Corvinal com quem ela tava saindo. Ele alegou que tínhamos prioridade por sermos amigos dela a mais tempo que eles se conheciam, o que basicamente equivale a "não quero te ver se pegando por aí com aquele cara de bunda metido a inteligente".

Quando a tarde foi chegando à metade, fomos ao Três Vassouras pra passar o tempo.

– E aí, vamos comemorar? - perguntou Rabicho.

– Óbvio, né! Que pergunta... - disse Sirius, indo até o balcão e voltando com uma garrafa de uísque de fogo.

– Que bom que a Lily não tá aqui pra reclamar da bebida! - disse Rabicho, e dei-lhe um tapa na cabeça. Ele podia ser tão sem noção às vezes!

– É... Eu sinto falta dela! Logo hoje... - disse Sally, cabisbaixa.

– Por que ela não veio? - perguntou Remo, encobrindo a mentira da festa e se fazendo de inocente.

– Bom, sinceramente, ela disse que não queria encontrar com James hoje. - ela respondeu, e nem precisei encenar uma carranca: ela veio automaticamente. Por que ela tinha que dar uma desculpa tão convincente?!

– Ah... - um suspiro escapou da minha boca. Toda vez que falavam da Lily na minha frente eu agia feito um completo idiota, tipo agora.

Acabamos de beber o uísque e voltamos pra Hogwarts.

Chegando ao Salão Comunal, Lily sequestrou Sally e fomos nos arrumar pra festa, o que não demorou muito.

A Sala Precisa estava super legal! Decorada toda em roxo e azul, as cores preferidas de Sally, haviam estrelas penduradas no teto, junto com um globo de espelhos, um balcão cheio de bebidas e comidas e ainda uma área mais reservada com dois sofás, tudo combinando perfeitamente.

A Lily é demais! pensei. Tá, agora uma novidade...

A medida que as pessoas iam chegando, a Sala ia enchendo e a música tocava, vindo de um rádio antigo daqueles que se iluminavam, que vinha até a minha cintura.

Quando todos chegaram, Remo mandou um aviso à Lily, que, novamente, ficou encarregada de uma desculpa pra Sally se arrumar e a acompanhar até ali.

No momento que a porta se abriu e elas entraram, todos gritaram "SURPRESA"

A reação de Sally foi bem engraçada. Ela levou as mãos ao peito, depois se jogou em cima da Lily, que nos chamou pro abraço, e logo todos estavam a acolhendo num abraço em grupo gigante.

Sally usava um vestido tomara que caia não muito curto nem muito longo, o que, não precisava nem dizer, deixou Sirius babando.

E foi aí que eu vi a Lily. Ela estava com um vestido verde também tomara que caia que ia até os seus joelhos, solto, que combinava magicamente com seus olhos, que pareciam me hipnotizar. O vestido balançava graciosamente enquanto ela andava - OK, isso foi meio gay, mas o que eu posso fazer?! A culpa era toda dela! E eu aqui de quatro por ela e ela nem aí!- .

Mais uma vez, quando me soltei do feitiço que seus olhos lançavam em mim, fui tentar me desculpar, quando o olhar dela encontrou o meu e ela viu que eu estava indo em sua direção, percebeu o que eu ia fazer, virou as costas e foi embora. Até o fim da festa, eu só vi ela de relance.

Não houve tumultos, o que foi realmente um milagre (sempre tinha uma briga em festas, sempre), e todos aproveitaram muito a festa, mas eu fiquei todo meio que tomando conta da Lily.

Me diz, meu Merlin, o que eu faço?!