Dois Caminhos, Um Só Destino escrita por LEvans, Cella Black


Capítulo 3
Capítulo 2 - Olho no Olho




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Conservar algo que possa recordar-te seria admitir que eu pudesse esquecer-te. - William Shakespeare

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–Mãe, por que não nos disse que Gina iria voltar? –Perguntou Gui na manhã seguinte. Assim que viu a irmã n’A Toca, lhe dera um grande abraço.

–Ah, só eu e seu pai sabíamos. Queríamos fazer uma surpresa. –Declarou Sra. Weasley, que estava feliz por ter naquela manhã, a filha junto de si novamente. Gui foi logo de cedo a pedido da mãe, e como Percy e Jorge, abrira um grande sorriso ao ver Gina. Encontrou seu pai e o restante dos ruivos ali presente com o mesmo “espanto” que eles. Até mesmo Carlinhos, que havia voltado da Romênia, estava ali.

–E então maninha, voltou de vez de Gales? –Perguntou Carlinhos ao mesmo tempo em que levava uma torrada a boca. A Sra. Weasley enchera a mesa no café da manhã pois, segundo ela, “Gina estava muito magrinha!”. A mesa d’A Toca estava repleta de ruivos novamente, faltando apenas Rony.

–É... Abandonar o time não foi nada fácil, mas não é definitivo. Quis aproveitar as férias para ver vocês novamente, e ir ao ministério. Acho que posso conseguir um bom emprego lá. –Disse Gina que estava em frente a uma montanha de frutas e pães postos por sua mãe. – De qualquer forma, foi bom passar esses seis anos fora. Aprendi muita coisa e conheci Viviane e David... Não me arrependo de ter partido.

E realmente ela não se arrependera. Fora necessário que na época, ela tomasse esse tipo de escolha. Estava sofrendo e seu coração parecia não aguentar mais de tanto sofrimento. E tudo isso por culpa dele... Por mais que tenha sentido falta de sua família, ela conseguiu superar a mágoa que a incomodava. Se ocupar com os treinos do time e ter conhecido David foram as coisas mais importantes que haviam acontecido no momento em que estivera longe. Lhe ajudara, de uma certa forma, a esquecer que um dia amara Harry Potter. Era como se ele tivesse sido um livro, da qual ela leu durante muito tempo e, depois de muitos capítulos, resolveu parar. Parar e não se importar com o final da história. Ela precisava viver. Levar sua vida adiante, sem esperar ou ter a esperança de que ele tomasse alguma atitude e falasse com ela, o que de fato não aconteceu. Foi a coisa que mais doera nela. Se tivesse ficado, Gina tinha certeza de que não consegueria esquecê-lo. Foi uma escolha difícil, mas necessária.

Também não pensava em Quadribol como um trabalho sério. Pensava nele como uma diversão; ele fora o remédio de sua dor, e agora que a dor havia passado, ela não via mais motivo de estar tão longe de sua família.

–Só quero ver esse tal de David... – Bufou Jorge. Gina riu.

–Ah é, quase ia me esquecendo que tenho irmãos ciumentos. Afinal, você e Rony sempre amam os meus namorados, não é mesmo? –Ironizou a ruiva de forma divertida. Jorge revirou os olhos. –Ah, e mãe! Quando avisará a Rony que eu estou aqui?

–Ah, eu e minha cabeça! Irei mandar uma carta agora mesmo. –Disse a matriarca enquanto saia da cozinha em busca de um pergaminho.

–Gina, se quiser Percy e eu podemos lhe ajudar com o emprego no Ministério. –Disse o Sr. Weasley que estava sentado de frente a Gina.

–Obrigada pai, mas já tinha enviado uma carta para Hermione. Ela disse que tinha arrumado algo pra mim, mas não quis dizer o que é. Só disse que eu ia gostar e, bom... Eu confio nela. Irei ao Ministério assim que me ajeitar por aqui. –Revelou a ruiva, recebendo um meio sorriso do pai. Além de seus pais, Hermione também sabia que ela iria voltar, mas, ao que pareceu, resolveu colaborar para a grande suspresa de Sra. Weasley. –Jorge, onde estão Angelina e o pequeno Fred?

–Ficaram em casa. A Lina iria cuidar de uns produtos da loja e Fred quis ficar. Você tem que ver, ele está cadê vez mais parecido comigo! –Jorge Morava em uma casa em cima de sua loja de logros, junto com Angelina e seu filho Fred.

–Deve ser um pestinha, então... –Gina riu da cara marota do irmão.

– Pronto. Acabei de enviar a carta a Rony, querida. Ele deve reponder logo -logo. – Falou a Sra. Weasley voltando para a cozinha. Gina sorriu. Estava realmente com saudades de Rony e apesar de eles brigarem muitas vezes, ela sabia que eram apenas coisas de irmãos. De repente, voltar não estava sendo tão dificil quanto parecia. Até agora...

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–Mamãe me mandou uma carta. –Falou Rony entrando em sua sala no Ministério, da qual dividia com Harry. Depois do amigo, ele era o segundo no comando.

Trabalhavam diariamente e, depois da última viagem, Harry e Rony tirariam férias dali a alguns dias. Para isso, antes de qualquer folga, eles deveriam deixar tudo encaminhado para outros aurores, o que significava muita papelada a ser analizada e carimbada. Hermione também trabalhava no Ministério, na área de Excuções das Leis Da Magia.

–E o que ela diz? –Perguntou Harry sem tirar o olho do relatório de sua ida a China. Estava sentado em sua mesa, de frente a uma montanha de papeis.

–Ela quer que passemos nossas férias lá. E diz que tem uma surpresa para nós. E ainda disse que não aceita ‘não’ como resposta. –Declarou o ruivo agora sentado em sua mesa, que estava em um estado não muito diferente da do amigo. –Você vai, não é?

–Eu... não sei. –Disse Harry agora encarando o ruivo. –Pensei em pegar Teddy para passar uns dias comigo... faz tempo que não o vejo.

–Ah, qual é cara. Faz tempo que você não aparece por lá também, e vai ser bom passarmos algumas semanas. Como nos velhos tempos... Mamãe não se importará se levarmos Teddy também.

–Tudo bem, eu vou. –Declarou ele. Estava morrendo de saudades da família que lhe acolhera desde os seus 11 anos. Fora realmente feliz nos poucos momentos em que esteve ali. Apenas uma vez ficou triste... Balançou a cabeça tentando afastar a lembrança que tivera na noite passada. Não tinha como a revê-la ali. Ela morava em outro lugar. Ele não corria esse risco. Tentou se convencer daquilo. Sabia que ela não estava morando mais ali, mas de alguma forma tinha medo de que n’A Toca ele sempre a reencontraria. Talvez ele quisesse revê-la, e ao mesmo tempo não. Nem ele entendia.

A porta se abriu, e Hermione surgiu, voltando a fechá-la assim que entrou.

–Hermione, ia mesmo falar com você. –Rony deu um selinho na namorada. –Mamãe nos convidou para passarmos as férias n’A Toca.

–Que ótimo. E podemos aproveitar para pedirmos ajuda com as coisas do nosso casamento! –Disse Hermione empolgada.

–Sim. –Ele chegou perto da morena e sussurou em seu ouvido. –Não vejo a hora de me casar com você!

Hermione riu.

–Agham! –Pingarreou Harry. – Eu estou aqui!!! Acho melhor o casalzinho se separar e irmos logo almoçar por que tenho muito o que fazer! –Disse Harry tentando se fazer de bravo.

–Não vejo a hora de você se acertar com a Jean! –Disse Rony. Harry revirou os olhos e Hermione riu. –A vida de solteiro não está fazendo bem a você!

–Eu não falo mais nada! –Declarou Harry levantando-se da cadeira e arrumando os papeis em cima de sua mesa com um aceno da varinha.

Depois que Rony respondeu a carta da mãe dizendo que estava tudo confirmado, os três foram almoçar em um restaurante trouxa que gostavam muito.

Harry e Rony chegaram em casa naquele dia exaustos. O trabalho deles não era muito cansativo, já que desde o fim de Voldemort, havia poucas coisas para se preocupar. Mas era estressante ficar lendo e organizando relatórios o dia inteiro e reoganizar horarios para os treinamentos de novos aurores já que, de tempos em tempos, um novo comensal surgia, com a ridícula ideia de vingar a morte do lorde das trevas.

O moreno já ia deitar-se quando ouve seu celular tocar. Ele ensinara a alguns aurores a como usar o aparelho já que eram mais eficientes e rápidos para se comunicarem. Abriu o aparelho e reconheceu o número.

– Harry! Entregou seus relatórios? – Perguntou Jean assim que o moreno atendeu.

– Oi Jean. Sim, já entreguei. E você?

– Também já entreguei. Você está em casa? – Ele devia esperar que ela perguntasse aquilo.

– Estou. Rony esta aqui também. – Comunicou-a.

– Estou com saudades de você. Qualquer dia passo aí... Podemos sair pra jantar, o que acha? – Perguntou ela ansiosa.

– Não sei Jean... Ando ocupado com o Ministério. Preciso de um tempo pra esfriar a cabeça e arrumar as minhas coisas aqui. Outro dia nos falamos ok?

– Tudo bem então... Vou ficar esperando a sua ligação e não me enrole! Beijos e boa noite.

Harry desligou. Ela era incontrolável. Era como se não entendesse que o que tinha acontecido com eles chegara ao fim. Ele sabia que tinha culpa, pois ele participou de bom grado das últimas noites que passaram juntos, mas chegou a hora de dar um fim. Ele não gostava dela como ela merecia. Ele não podia simplesmente brincar com os seus sentimentos. Eles teriam que conversar novamente, o que não demorou para acontecer. Como previra, Jean não lhe deu ouvido, e na noite seguinte ela estava ali, na sua porta, com uma vestido preto que deixava suas pernas a mostra e uma maquiagem um pouco exagerada no rosto.

–Não vai me convidar para entrar? –Perguntou ela com um sorriso sedutor. Ela era realmente muito bonita, só um trasgo negaria isso.

–Fique avontade. –Respondeu ele educadamente, enquanto abria mais a porta para que ela entrasse.

–Como vai Rony? –Perguntou Jean assim que adentrou na sala e viu o ruivo vendo TV sentado no sofá da sala.

–A-ah, oi Jean. –Ele lançou um olhar para Harry que estava encostado na porta passando as mãos no cabelo. Logo em seguida, deu um meio sorriso, o que fez o moreno revirar os olhos. –Bom... eu vou pro meu quarto. Boa noite ‘quase casal’.

Harry sentiu vontade de dar um soco no amigo, mas ficou satisfeito ao ouvir Rony murmurar mal humorado enquanto seguia pro seu quarto: “Maldita noite que Hermione foi dormir em casa.” Jean riu.

–Seu amigo é mais esperto que você. –Disse a loira virando-se para Harry que ainda estava encostado na porta do apartamento.

–Obrigado pelo elogio. –Respondeu ele ironico. Respirou fundo e andou para mais perto da loira. –Jean, precisamos conversar.

–Ah, lá vem você de novo com esse papo de que “precisamos conversar”. –Ela fez aspaz com os dedos. –Olha Harry, eu já sei o que você vai me dizer. Sei que você está confuso e que não sabe se gosta de mim como eu gosto de você e blá blá blá. Mas olha, eu amo você. Será que isso não conta em nada?

–Conta. Só que... Eu não sou o homem perfeito pra você. Será que você não ver que eu posso te magoar? Você não merece isso, Jean. – Ele olhava nos olhos dela. Jean era assim, não se permitia aceitar a verdade de que ele não a amava. Não permitia ser contrariada. Se acreditasse em uma coisa, ia com ela até o fim. Chegava a ser infantil com tal atitude.

–Sabe o que eu acho? Que você tem medo de uma coisa que talvez nem venha a existir. Poxa... eu estou aqui, com todo o meu amor e você parece não ligar. – Ela chegou mais perto dele. –Por favor, me dê mais uma chance. Dá mais uma chance pra gente. Eu juro que podemos ir com calma. Sem pressa. E aí quando você quiser voltar a me namorar, você me avisa. Mas... por favor, não negue o meu amor.

Jean tinha enlaçado seus braços no pescoço de Harry, encostando perigosamente seu corpo no dele, o qual ainda a olhava nos olhos. Pôde ver ali que ela realmente o amava e pensou na conversa que tivera com Hermione e Rony em relação a ela. Por mais que ele não sentisse o mesmo, ele se sentia um idiota de não poder corresponder a esse amor. “Apenas acho que você passa muito tempo sozinho e acaba ignorando o que Jean tem a lhe oferecer.” Hermione talvez tenha razão. Há muito tempo ele não se permite uma “diversão” em sua vida. Apenas trabalho e mais trabalho. Tivera sorte de conhecer Jean, e agora estava tentando afastá-la, como fizera com todas antes dela. De uma certa forma, ela se tornara especial. Bufou. Ele estava sendo um completo idiota mesmo. Ela o amava e é isso que importa.

Ele a enlaçou pela cintura e a beijou ferozmente, e é claro que Jean retribui se sentindo vitoriosa. Ele iria tentar. Podia não amá-la, mas tentaria. Iria tentar fazer com que valesse a pena e não magoá-la. Mas iria com calma. Estavam apenas “ficando”, o que era um bom começo, e mesmo que ele tentasse negar, seu corpo não conseguiria, e talvez com um tempo, aprendesse a amá-la. Por mais que no dia seguinte acordasse arrependido da noite que iria ter, seu corpo desejava Jean; com passos lentos a levou para seu quarto sem quebrar o contato com sua boca.

E mais uma vez, se deixou levar.

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–Você não tira o olho desse livro?! –Disse Mindy Gooch, colega e companheira de trabalho de Hermione.

Era uma manhã um tanto fria e monótona no Ministério.

–Está parecendo o Rony! –Falou Hermione não tirando o olho do livro que lia.

Mindy era alta, com cabelos curtos e pretos com os olhos da mesma cor. Trabalhava no Ministério junto a Hermione há alguns anos e era extremamente organizada! Era uma boa amiga, porém um pouco tagarela.

–Desculpe então... mas eu gostaria de uma boa conversa às vezes, sabe? –Mindy sorriu quando viu a amiga revirar os olhos e fechar o livro.

–Tudo bem, vamos conversar! –Mas as duas não chegaram a trocar mais de duas palavras, pois o chefe do departamento das Execuções das Leis Da Magia adentrou a sala, alegando de que precisava de Mindy, deixando Hermione sozinha na sala.

Não pensou duas vezes e voltou a ler. Seu trabalho andava um pouco... morno ultimamente, o que era muito estranho já que quase todos os dias, saía um pouco mais tarde do que seu horário de trabalho, lendo e relendo acusações sobre inflações às leis que o Ministério exercia. Mas, devido ter tirado férias, sobrava para Mindy fazer grande parte de seu trabalho, fato pelo qual escolheu um livro trouxa para ler, ao invés de centenas de “inflações”.

Ouviu alguém bater na porta e revirou os olhos novamente.

–Não queira ser educada agora, Min...

–Te atrapalhei? –A mulher em sua frente nem de longe se parecia com Mindy. Era um pouco mais baixa, com a pele mais branca e sardenta. Cabelos compridos e... flamejantes!

–Gina! –Hermione correu até a amiga e a abraçou. –Me desculpe, e-eu pensei que fosse a Mindy e... Uau, Gina!

–Hermione, estava com saudades! –Gina retribuiu o abraço da amiga e, depois de alguns segundos, se encararam.

–Ah, por favor, entra! –Hermione puxou Gina da porta. –Nossa, quanto tempo Gina!

–É... tenho ouvido muito isso ultimamente.

Hermione observava sua melhor amiga, agora uma mulher completamente decidida e bonita. No lugar de tênis e calças frouxas, Gina usava belas sandálias de salto, com uma calça um pouco colada em suas pernas e uma blusa de alças grossas na cor lilás e um casaco creme. Não eram mais meninas bobas que ficavam conversando até tarde sobre coisas de adolescentes. Eram mulheres!

–Nunca, NUNCA mais ouse me deixar, ouviu bem? Não sabe o quanto sentir sua falta! Principalmente quando os meninos estavam em missão! –Hermione voltou a abraçar a amiga.

–Ok, nunca mais vou me afastar! Er... eu te atrapalhei? É que... bom, vim ver sobre o emprego no Profeta Diário e resolvi passar aqui para te agradecer!

–Não atrapalhou, na verdade, estava sem nada pra fazer. Ah, e eu sabia que conseguiria o emprego!

–Obrigada Mione.

–Tá, agora vamos conversar por que eu tenho muito o que falar e perguntar! Não arranjou outra amiga lá em Gales para me substituir, né?

–Você é insubstituível, Mione! –Gina sentira falta de Hermione tanto quanto sentira de Rony. –E como vai o meu irmão? Dando muito trabalho?

Hermione riu.

–Você não imagina o quanto! –Ironizou a morena, dando início a uma conversa muito divertida e alegre ao lado da velha amiga.


A semana passou como um vento forte e frio para Harry. Passava a maioria de seu tempo no Ministério com Rony, e não via a hora de tirar férias. Arrependido. Sim, depois daquela noite ele, como previra, estava arrependido; E se ele não conseguisse amá-la? Tinha somente brincado com ela, saciado seu desejo? Bufou de raiva, se sentindo, mais uma vez, um idiota. Mas ele resolveu tentar, e tentava se convencer que não fora tão errado assim, como Hermione havia dito.

A amiga pareceu bastante satisfeita quando soube, através de Rony, que Jean havia passado pelo menos duas noite no apartamento, junto a Harry. Ele merecia ser feliz. Depois de tudo que fizera para com o mundo bruxo, ele merecia ser feliz. Ou pelo menos tentar ser. No entanto, sabia perfeitamente como era a cabeça do moreno, e tentava lhe convencer que ele não fizera de errado. “É errado tentar ser feliz?” Ela indagava sempre que ele demonstrava ódio sobre si. Mas Hermione, apesar dele não demonstrar, sabia que o amigo estava ouvindo seus “conselhos”, pois, depois daquela noite, Jean havia ido duas vezes lhe “visitar” no apartamento, e ele de bom grado, não a rejeitou.

Bufou novamente. Hermione sabia exatamente como convencê-lo. O conhecia a tanto tempo que sabia perfeitamente qual era seu ponto fraco, e usava isso sem hesitar. Sorriu ao lembrar-se que o casamento dela junto a Rony estava cada vez mais perto, e deduziu ele, que ela teria algo a mais a se preocupar do que com sua vida amorosa com Jean. Ele não sabia por que a amiga queria tanto que ele ficasse junto da loira, Hermione nunca havia interferido em sua vida amorosa e agora parecia bastante interessada.

–Não vejo a hora que amanhã chegue, e irmos para A Toca. Isso aqui está começando a me deixar louco! –Rony entrou na sala, sobressaltando Harry ao abrir a porta bruscamente. Já perdera a conta de quantas vezes o ruivo saíra da sala com montanhas de papéis para entregar à sala do auror que ficaria tomando conta do departamento enquanto ele e Rony estivessem fora.

–A Hermione já foi? –Geralmente, era a única pessoa que acalmava Rony nessa situação. Harry organizava os últimos papéis a serem entregues.

–Sim, ela saiu mais cedo para arrumar suas coisas para levar à Toca. –Com um aceno da varinha, ele organizou em pilhas os poucos papeis que levaria novamente a outra sala. –Mulheres!

–Não te alegra a pensar que amanhã estará comendo a comida de sua mãe? –Perguntou Harry entre risos.

–É a minha única motivação para continuar com isso. –Respondeu Rony ironicamente enquanto saiu com a última pilha de papéis. Logo depois, Jonh Mark, um homem alto, com braços e peitos bem definidos, olhos azuis e o cabelo loiro adentrou pela porta onde um ruivo acabara de passar.

–Cara, o Rony ta ficando doido... isso não me surpreende! –Brincou o loiro, quando Harry o olhou. –E aí Harry, como foi a viagem?

–Cansativa... – Harry tirou os óculos do rosto e passou a mão direita nos cabelos, bagunçando-os ainda mais. –Mas não precisa ficar com ciúmes! Eu voltei pra você!

–Ah, eu estava perdendo as esperanças! –Falou Jonh, enquanto revirava os olhos e imitava perfeitamente Jean. Harry riu. Eram amigos desde que ele e Rony começaram a trabalhar no ministério. O loiro era uma boa companhia, indispensável na “noite dos garotos”, como Rony nomeou as noites onde se reuniam em um certo dia da semana e tomavam algumas doses de Whisky de fogo no Caldeirão Furado. Jonh se tornara também, o mais novo filho da Sra. Weasley, já que quase todos os domingos, o loiro acompanhava Rony no almoço n’A Toca e, apesar de ter a mãe viva, jurava de pé junto que ninguém vencia a comida de Molly.

Jonh também era um alvo fácil aos olhos das mulheres, principalmente as que trabalhavam no Profeta Diário; Donos de belos olhos azuis, o loiro fazia qualquer mulher suspirar ao seu lado. Fato que não melhorou quando, à alguns meses, seu estado civil mudou para solteiro novamente.

–Eu dava tudo pra entrar de férias junto com vocês! Sério... eu vi a montanha de papel que o Rony deixou na minha mesa... Belos amigos vocês são! –Exclamou Jonh, enquanto se deitava no sofá da pequena sala.

–Ah claro... e você queria o que? Temos direito a férias também... você tirou as suas no mês passado. –Respondeu Rony, que acabara de voltar a sala, jogando-se no outro sofá de frente ao amigo.

–Ele estava com saudades daquela fotógrafa lá do Profeta! –Declarou Harry, se apoiando na mesa agora sem pilhas de papel.

–Ela é repugnante! –Bufou o loiro.

–Sabe do que você precisa, meu querido amigo!? –Rony viu Jonh estreitar os olhos. –De uma bela mulher... Por quê vamos combinar... a Romilda é horrível!

–É... você me livrou de uma, cara. –Declarou Harry, rindo enquanto se lembrava das épocas de Hogwarts, onde até cartão de amor recebera da garota.

–Eu não tenho culpa se eu sou irresistível! –Falou Jonh, simplesmente, enquanto Harry e Rony morriam de rir. –Ta, mas eu quero me livrar dessa Romilda... ela está me irritando! Já dei o fora nela várias vezes, mas ela não larga do meu pé!

–Ela não vai desistir tão cedo! – Rony riu da careta do amigo.

–Obrigado pelo incentivo! –Jonh fuzilou o ruivo com os olhos.

–Boa sorte, cara. –Declarou Harry, enquanto via Jonh suspirar.

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Gina estava em seu quarto, sentada em sua cama. Ficou feliz em saber que, mesmo estando fora, ninguém mexera em seu quarto. O cartaz do seu time de Quadribol, do qual fazia parte, estava no mesmo lugar em uma das paredes, e sua escrivaninha continuava no mesmo lugar.

Ela tinha em uma das mãos uma carta de David, que havia acabado de chegar, informando-a que iria chegar dali a duas semanas. Bufou. Tinham marcado que ele chegaria antes, mas parece que algum imprevisto no trabalho o impediu. Ela levantou-se e jogou a carta em algum canto do quarto e começou a pentear os cabelos úmidos. Dali a poucos minutos, seu irmão chegaria.

A ruiva tinha ido ao Ministério dias atrás e falou com Hermione. Foi um encontro feliz e acabaram almoçando juntas naquele dia. Sentira muita falta de Hermione, e embora tivesse amigas no time das Harpias, nenhuma se comparava a ela, nem mesmo Viviane. Conversaram bastante naquela manhã e para sua grande tristeza, Rony não se encontrava no Ministério. Estava feliz em saber que a amiga e o irmão viriam passar alguns dias n’A Toca, e quem sabe assim, poderia contar o que ela perdeu durante esses anos que esteve fora e organizar algumas coisas para o casamento.

Passou um batom em seus lábios e se perfumou. Não sabia o porquê, mas queria estar bonita naquela manhã. Sua mãe havia preparado um almoço para a família e desta vez todos os seus irmão estariam presentes. Gina virou-se e ficou olhando a paisagem através de sua janela. O quarto podia ser pequeno, mas gostava dele justamente pela vista que ele lhe proporcionava. Ela podia avistar um campo onde muitas vezes ela treinara Quadribol com os irmãos. Então, ela abaixou seus olhos para o canteiro que ficava em sua janela e não encontrou as flores que costumavam-se brotar ali. Ficou desapontada. Ela gostava bastante das flores; eram diferentes, da cor azul e um cheiro melhor que qualquer aroma que sentiu.

Gina saiu do quarto e desceu as escadas. Escutou barulhos de movimentações no andar de baixo como se tivesse mais gente ali, mas não pareceu ligar. Chegou à sala e assim que avistou a mãe, lhe direcionou a palavra.

– Mãe, o que aconteceu com as... – Ela parou de falar assim que se deu conta de que sua mãe não era a única na sala. Simplesmente perdeu a voz assim que descobriu quem ali estavam, e embora tivesse três pessoas ali, ela só conseguia olhar para uma, como se seus olhos estivessem petrificados.

No momento em que seus olhos castanhos encontraram os verdes, seu coração pareceu pipocar em seu peito e as palavras ficaram engatadas em sua garganta, completamente esquecidas. Aquilo não podia estar acontecendo com ela. Não podia! Não que o odiasse, mas tinha medo de sua reação ao vê-lo. Não queria demonstrar que ficava afetada com a presença dele. Por mais que pensasse desse jeito, ela gostou de ver novamente a cor daqueles olhos que tanto amara. As lembranças relacionadas a ele pareceu explodir em sua mente. Os sapinhos continuavam os mesmos.

Não esperava vê-lo ali, não agora. Sentiu-se idiota. Ele sempre foi bem vindo na casa dos Weasley’s, fazia parte da família e é claro que ele iria aparecer. Queria que algo a puxasse novamente para a realidade, mas nada acontecia. Era como se o tempo estivesse parado e aquele momento, em que se encontraram novamente depois de anos, ficasse congelado. Ela só não sabia dizer se era só em sua mente, ou em todos ali presente.

Foi difícil sustentar aquele olhar, mas, uma vez ligado aos dele, era quase impossível desviar. Desistiu de mandar comando a seus olhos, eles negavam facilmente, como se estivessem agradecendo por novamente estarem fundidos aos verdes.



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Notas finais do capítulo

Heeey, ficamos muito felizes com os comentários. Que bom que vocês estão gostando. Que tal comentar sempre? haha. Esperamos que vocês gostem deste capítulo também. Beijos e até o próximo!