Dois Caminhos, Um Só Destino escrita por LEvans, Cella Black


Capítulo 26
Capítulo 25 - Ponto de Partida


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, tudo bem com vocês? Demoramos, mas sempre voltamos. Repito oq já dissemos por aqui: Nunca abandonaremos nossas fanfics. Não vou me estender muito, o capítulo tá grande e bem fofo. Obrigada desde já pelos comentários, eles nos inspiram demais!! Perdoem eventuais erros que vierem a encontrar.
Nos vemos lá em baixo.
P.S: Interpretem o título como quiserem ;)



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I don't wanna miss one smile
I don't wanna miss one kiss
Well, I just wanna be with you
Right here with you, just like this
I just wanna hold you close
Feel your heart so close to mine
And just stay here in this moment
For all the rest of time

I Don't Want to Miss a Thing - Aerosmith

 

O prédio que Harry morava tinha 6 andares. Ele não costumava ter muito contato com seus vizinhos, embora soubesse o nome da senhora que dividia o segundo andar com ele. Por alguma razão que ele não sabia determinar, Almofadinhas gostava muito dela, de modo que  o cachorro sempre fazia uma grande festa quando ela aparecia no corredor.

        Surpreso, Harry viu seu cachorro fazer o mesmo para Gina.

        Não ficou muito satisfeito ao não ter mais a atenção dela voltada somente para si. Ele ainda podia sentir os dedos dela em sua nuca, suas unhas causando-lhe arrepios, desafiando-o a acertar de primeira o buraco da fechadura da porta tendo a chave na mão que não a tocava. Mas toda aquela distração era demais para o monstro –sim, aquele mesmo monstro- que urrava eufórico em seu peito. Quando ele sentiu os dentes dela arranharem de leve sua mandíbula, esqueceu-se rapidamente da promessa que havia feito a si mesmo de que evitaria usar magia tendo tantos trouxas ali por perto. Situações extremas exigem medidas desesperadas. Bem, Harry reconhecia que nenhuma situação extrema os ameaçava, mas com certeza estava desesperado.

        O riso de Gina fez com que o corpo dela tremesse contra o dele ao sentir a porta se abrindo em suas costas. A chave que antes Harry tinha em mãos foi jogada às cegas na direção que ele achava estar o sofá. Os latidos começaram naquele mesmo momento.

        –Olá, amigão! –Disse a ruiva, desgrudando-se de Harry para dar atenção a bola de pêlos que lambia seus pés.

—Não dê muita bola, ele não vai querer desgrudar de você pelo resto da noite. -Falou Harry, se livrando da capa e jogando-a por cima da poltrona mais próxima.

—Ciúmes, Potter? Ou você não consegue dividir a minha atenção com o seu cão de estimação? -Gina lançou um daqueles olhares maliciosos típico da época de Hogwarts, quando ela respondia afiadamente um de seus irmãos ou algum idiota que mexesse com Luna ou ofendesse Hermione.

Havia uma mexa de sua franja quase em seus olhos e as mãos que antes acariciavam a cabeça de Almofadinhas foram parar em seus quadris. Por algum motivo, aquilo fez com que Harry sentisse como se nunca tivessem ficado 6 anos separados.

—Se você quer mimar um cachorro, comece pelo seu dono. -Respondeu ele, com uma ousadia rara, mas que não o fez se sentir nem um pouco acanhado.

Gina gargalhou, jogando a cabeça para trás.

—Quem disse isso?

—O autor do livro “Como conquistar cães alheios”.

—Você acabou de inventar esse livro, Harry! -Ela riu mais uma vez, e Harry achou que poderia morrer ouvindo aquele som.

—Talvez algum dia eu o escreva. -Disse ele, acompanhando-a no riso e abaixando-se para fazer carinho na cabeça de Almofadinhas. -Você é muito esperto, Almofadinhas.

O cachorro latiu, seu rabo balançando pra lá e pra cá num ritmo frenético.

—Você quer beber alguma coisa? -Perguntou Harry, olhando novamente para Gina. Ela havia se sentado no sofá e livrava seus pés de seus sapatos. Almofadinhas deu as costas a Harry e foi em direção a ruiva, lambendo seus dedos.  

—Na verdade, não. -Respondeu ela, relaxando mais no sofá.

Os pés de Harry o levaram diretamente para mais perto dela. Seus olhos viajaram mais uma vez pela ruiva, admirando-a em seu vestido agora um tanto amassado devido os beijos que trocaram antes de entrarem no apartamento. Ele achou que, anos depois, ele finalmente conseguiria obter mais sucesso ao tentar controlar a si mesmo e não parecer um grande bobalhão apaixonado que não conseguia deixar as mãos longes dela. Foram muitas tentativas falhas pelos corredores de Hogwarts, em seu sexto ano, quando nem mesmo Voldemort oferecendo recompensa pela sua cabeça fora capaz de impedir momentos muito prazerosos, que envolviam risos, óculos embaçado, cabelos bagunçados e roupas tortas. Mas lá estava ele, agora chefe dos aurores, considerado um dos bruxos mais poderosos daquele tempo, mas talvez não tão poderoso assim quando se tratava de Gina Weasley, pois se algum bruxo quisesse atingi-lo pelas costas naquele exato momento, ele sabia que seria um homem morto.

Mas, pensou, morreria feliz.

Mesmo sendo objeto de análi-se dos olhos verdes, Gina se sentia completamente relaxada. A noite estava sendo de muitas revelações, inclusive públicas, mas estava mais interessada nas que envolviam Harry. Sentia como se fosse o mundo no qual ele queria se afundar, descobrir, explorar, mas ficava analisando milhares de caminhos por onde começar. Então, não achou que seria problema ela lhe dar uma ajudinha.

—Sabe, eu já conheço o apartamento, mas não todos os compartimentos... -começou.

—Não? -ele fingiu indignação. -Eu esqueci de alguma parte? Que falta a minha…

Gina riu, gostando do caminho que aquela brincadeira estava os levando. Ele ofereceu uma de suas mãos para ela, que a segurou prontamente, levantando-se do sofá, agora 15 centímetros mais baixa sem seus sapatos. Almofadinhas pareceu entender que competir com seu dono seria uma batalha perdida, então deitou-se ao lado do sofá, apoiando a cabeça em suas patas dianteiras, os olhos colados no casal, como se estivesse apreciando um show.

—Na verdade, foi a Mione que me apresentou quase tudo. -respondeu ela, enlaçando seus braços ao redor do pescoço de Harry, sentindo os braços dele envolverem seu quadril.

—Eu sou mesmo um péssimo anfitrião.  

—Uhumm.

Ele a beijou. Mas não com toda a ferocidade com que o fazia antes de entrarem no apartamento. Foi calmo, como se estivesse beijando-a pela primeira vez, embora, lembrava-se bem, na ocasião não houvesse sido exatamente daquela forma.

—Essa é a sala. -falou ele, entre o beijo. Sentiu o corpo dela tremer sob seus dedos quando a ruiva riu diante das palavras dele.  

—É uma graça. -respondeu ela, os joelhos fracos quando Harry afundou o rosto em seu pescoço e começou a distribuir beijos pelo local.

—Tive ajuda na decoração -comentou. Firmando as mãos no quadril de Gina, ele virou o corpo dela, fazendo com que as costas da ruiva ficassem completamente coladas em seu peito.

Gina arfou ao sentir seus cabelos sendo levados em direção ao seu ombro esquerdo, pois a boca de  Harry queria livre acesso a todo espaço exposto pelo vestido. Eles começaram a andar e uma das mãos dela se pôs em cima da que apertava sua cintura, incitando-o a continuar com a carícia, enquanto a outra foi diretamente para os cabelos negros, não querendo que a boca dele desgrudasse de sua pele.

—Cozinha. -Falou ele, quando pararam de andar.

Nem um pouco preocupada em olhar o compartimento que já conhecera em uma noite da qual classificou como desastrosa, Gina virou-se de frente para Harry quando esse mordeu de leve o lóbulo de sua orelha. Suas mãos foram direto para os botões da blusa dele, onde demorou mais do que o suficiente para abrir cada um devido os beijos nada inocentes que ele depositava em seu pescoço. Quando a peça de roupa finalmente caiu no chão, eles continuaram a andar, os passos mais rápidos e embaralhados em busca do cômodo que parecia nunca chegar.

Harry nunca considerou seu apartamento grande, exceto nos minutos em que voltou a beijar Gina, sentindo as mãos dela passearem por seu tórax. Em algum momento, entre o banheiro e o quarto de Ron, ele viu-se apenas de cueca, enquanto ela permanecia, embora amarrotada, completamente vestida.

Quando finalmente chegaram a porta do quarto de Harry, Gina lhe sorriu misteriosa enquanto esse abria a porta. Ele não precisou anunciar o cômodo como fizera com todos os outros, e ela tão pouco esperou. Curiosa, mas não querendo sair dos braços dele, ela virou-se, ficando novamente de costas para ele e, enquanto esse beijava-lhe a nuca e libertava os cabelos rubros da pequena liga que prendia parte deles, a ruiva passou os olhos pelo cômodo.

Um dia achou que a curiosidade certamente lhe mataria, mas o desejo… ah, esse era muito pior. Ao sentir Harry descer o zíper de seu vestido e tocar-lhe nas costas, Gina fechou os olhos, deixando de lado qualquer coisa que não fosse as carícias e beijos que recebia. Bem, ela era uma mulher com prioridades e, no momento, a prioridade era livrar-se daquele vestido.

Harry a ajudou com tal feito, escorregando as alças da peça pelos braços dela. Gina não cogitou abrir os olhos, achou que as sensações das mãos dele em seu corpo, agora somente com um pequeno pedaço de pano, aumentavam em grandes proporções quando focava sua atenção somente nelas. Estando de costas para ele, a posição não favorecia o olhos de Harry, mas o mesmo não se aplicava ao seu tato. Ele beijou-a novamente no pescoço quando ela pendeu a cabeça para trás, entregue as carícias que os dedos dele agora faziam em seus seios.

—Harry… -sussurrou ela, mas soou mais como um pedido desesperado.

Ele não soube explicar a sensação que lhe domou quando ouviu seu nome saindo da boca dela em meio a um gemido, numa espécie de súplica que suas mãos responderam bem e uma determinada parte do seu corpo reagiu de tal forma que Gina, tendo as costas completamente grudadas nele, se deleitou, mas também provocou, simplesmente porque não podia evitar. Não querendo deixar por menos, suas mãos voaram para o pedaço de tecido nos quadris da ruiva que não cobria quase nada, mas que dificultava muito os objetivos de ambos. Não hesitou ao empurrar a peça para baixo, onde as pernas dela terminaram o trabalho. Se no corredor, quando ela estava completamente vestida e ele quase nu, se via em desvantagem, agora o auror com certeza estava ganhando.  

—Isso não é nada justo, Potter. -ela voltou a falar, agora virando-se de frente para ele.

—O mundo é um lugar injusto. -respondeu ele, puxando o lábio inferior dela com os seus.

—Não nesse quarto. -finalizou ela, calando-o com um beijo que girou sua mente e provando o que dissera com os dedos, os quais impacientemente  se livraram da última peça de roupa que o cobria.

 Havia pressa: ambos latejavam por um desejo há anos afundado e que agora, finalmente, submergira. Mas também havia paciência, porque uma vez em superfície, a vista era bela demais para ser apreciada em poucos minutos. Harry conseguiu ver aquilo em Gina, quando essa mordeu os lábios ao senti-lo apertar sua bunda e corpo contra o dele, e na maneira desesperada com que ela buscou sua língua novamente entre o beijo e arrepiou sua nuca com as unhas.  

O caminho curto até a cama envolveu mãos em todo lugar por parte de Gina, e boca disposta a provar tudo o que estava ao seu alcance por parte de Harry. Já tinham feito aquilo antes, mas era a primeira vez que faziam juntos, de modo que, quando finalmente deitaram na cama, ele por cima dela, eles se encararam e sorriram. Não havia ninguém para atrapalhar, nenhum outro lugar para se estar e nenhuma outra noite tão perfeita como aquela. Perfeita. Aquela definitivamente era a palavra da noite, pois ela passou na cabeça de Harry no momento em que vira Gina na festa, nos segundos antes de beijá-la no meio do salão, ao vê-la completamente nua em seu quarto e ao vislumbrar sua expressão de prazer quando ele finalmente se uniu a ela.

Se Harry pudesse ter outra foto da ruiva, a tiraria naquele momento: ela arfando, os lábios abertos e os olhos fechados, as pernas firmes ao redor da cintura dele. Era uma visão tão prazerosa quanto senti-la arranhando suas costas ou como quando ela impulsionava seu quadril contra o dele, ajudando na dança do sexo da qual Harry, diferente de outra, guiava com maestria.

Ele também não via motivos para poupar energia: beijou-a e a fez gemer de prazer quando aumentara a velocidade de suas estocadas, e então ouviu um latido vindo de trás da porta fechada. Ambos ririam da situação se o prazer do clímax não comandasse cada parte de seus corpos, mas Almofadinhas voltou a latir por pelo menos 2 vezes durante a noite: quando Gina não domou os próprios instintos ao sentir a boca dele sugando e beijando seu ponto mais sensível, e nos minutos que ambos gemeram quando trocaram de posição e tentavam atingir o ponto mais alto do prazer outra vez. Mas aquilo não pareceu os incomodar, haviam outras coisas para se  preocupar, como saciar a sede de seus próprios corpos e descobrir uma forma de acalmar seus corações que pareciam querer rasgar seus peitos de tão acelerados.  

Quando o cansaço e sono falaram mais alto, suados, mas felizes, adormeceram de uma maneira que tanto Harry quanto Gina almejaram por dias: juntos.  

~x~

Entre abrir os olhos e acordar de fato, demorou alguns minutos.

A primeira coisa que Gina viu foram as costas de Harry, descendo e subindo lentamente. Apertou os olhos e voltou a abri-los, dessa vez enxergando com mais nitidez. Sorriu, e não soube o exato motivo, tal como todos os outros sorrisos que dera na noite passada, mas havia a certeza de que eram reflexo da presença de Harry, de qualquer pedaço dele.

Diferente dele, Gina estava de peito pra cima e assim permaneceu por algum tempo, revezando sua atenção entre as costas nuas dele e a bunda coberta pelo mesmo lençol que cobria sua própria nudez. Analisou-o, e perguntou-se se era daquela maneira que ele acordava todos as manhãs, porque a posição -de bruços, os braços servindo como apoio para a cabeça deitada para o lado oposto -, mesmo que inconsciente, parecia alheia a sua presença ali e Gina achou, de certa forma, um ponto bastante positivo para tal afirmação: ele não era acostumado a dormir acompanhado.

Nada que ela não pudesse mudar com o tempo.

Bocejando, ela esticou os braços e pernas com cuidado para não acordá-lo e se permitiu, pela primeira vez com os olhos de uma jornalista, analisar o cômodo em que se encontrava.

Era um quarto simples pra quem obtinha muito em um cofre em Gringotes e, assim como a casa, não havia exageros em cores ou luxo. Talvez leitoras assíduas das revistas de fofocas do mundo bruxo sequer passassem perto da realidade ao imaginar o quarto do famoso Harry Potter, mas Gina certamente chegou perto. A única diferença era que, nas estantes em cima da pequena cômoda, havia mais livros do que esperava encontrar.

Seus olhos demoraram mais nos dois porta-retratos em cima da cabeceira da cama -bem ao seu lado- cujos eram os únicos objetos que denunciavam que aquele quarto pertencia a um bruxo. A primeira foto que Gina observou foi a de Teddy, lá pelos seus 3 anos, rindo pro pequeno bruxo de pelúcia em mãos. A risada durava apenas alguns segundos antes de se repetir, mas era adorável o suficiente para que ruiva a encarasse por quase dois minutos. A outra foto era uma de Harry, Rony e Hermione, sorridentes em um ambiente que Gina reconheceu sendo o jardim d’A Toca.

Havia uma outra foto, lembrou-se ela, dentro da gaveta daquela mesma cabeceira, escondida por entre as meias, como bem relatara Teddy. Gina riu baixo com a lembrança, sabendo que a ruiva que Harry encarava secretamente quase todas as noites estava com ele em carne e osso naquele momento, e era ela.

A lembrança fez seu coração acelerar e seu corpo sentir saudade dos braços dele envolta de si. Talvez ela estivesse ficando um pouco mal acostumada, mas a atenção dele não era algo que ela estava dispostas a dividir naquele dia, nem mesmo com um dos travesseiros da cama. Com movimentos lentos, ela virou-se para as costas dele e ergueu-se, o lençol branco imediatamente se acumulou em suas coxas, expondo sua nudez da cintura pra cima. Gina tão pouco ligou para a janela um pouco aberta e para claridade que vinha dela, debruçou-se sobre ele e encostou seus lábios naquelas costas.

Como um auror, mesmo que as atividades da noite passada tenham sido muito intensas, um simples movimento na cama o acordou, mas foi o toque e o beijo dela em suas costas que o fez abrir os olhos, sorrir e despertar outra parte de seu corpo. Se tudo realmente não fora um sonho, lembrava-se bem da forma que ela havia adormecido na noite passada, e não envolvia nenhuma peça de roupa. Pensar nisso fez com que ele se virasse na cama, tendo a ajuda dela para que o lençol em sua cintura não atrapalhasse seus movimentos.

O braço quente dele logo a envolveu, puxando-a pela cintura para que ficassem colados, seus narizes se tocando com tamanha proximidade.

—Você me acordou. -disse ele, com a voz um pouco rouca, mas num tom que dizia a Gina que ele não havia se importado em nada com aquilo.

—Você estava muito longe -justificou ela, abraçando o quadril dele com uma de suas pernas. Harry viu as pupilas dela se dilatarem quando sentiu o quão desperto ele já estava.

—E agora? - quis saber ele, descendo sua mão pela lateral do corpo dela, depois dedilhando sua barriga até chegar num ponto onde comprovou que ele causava as mesmas sensações nela.

—Ainda… longe -conseguiu dizer, antes de morder o lábio inferior.

Harry sorriu, deleitando-se com aquela visão. Até que sentiu uma das mãos dela descer por seu peito e encontrar um caminho muito perigoso, mas que fez Gina ter o total controle da situação.

Os dedos dele pararam o que estavam fazendo quando Gina levantou seu tronco e Harry, puxando-a por seu traseiro, ajudou-a a se posicionar em cima dele. A posição facilitou seu desejo de abocanhar um dos seios dela, porque com certeza não havia obtido o suficiente deles na noite anterior. Nunca seria o bastante.

O desejo ardia novamente por suas veias. Sexo naquela manhã parecia tão certo quanto fora horas antes, assim, não demorou muito para esgotarem todos os espaços entre seus corpos, atingindo finalmente os níveis de proximidade que Gina queria alcançar. Ela comandou uma dança deliciosamente lenta, torturando-o e arrancando-o gemidos de prazer acompanhados de palavras desconexas.

Os cabelos de Gina caíram como uma cortina ao redor deles quando ela inclinou o tronco, quase encostando seu nariz no dele. Harry subiu uma de suas mãos pelas costas dela até sua nuca e prendeu parte dos cabelos ruivos entre seus dedos. Seus lábios se encostaram, o dela entre os dele, suas respirações ofegantes se mesclando, seus gemidos quase uníssonos e os movimentos cadenciados… Poderiam ficar ali por horas, se a necessidade de atingir o ápice não fosse tão desesperadora.

Manter o mesmo ritmo lento foi impossível e demorou algum tempo até que suas respirações voltassem ao normal. No entanto, Gina se manteve em cima de Harry, julgando a posição confortável e gostosa demais para se mover e jogar-se ao lado dele no colchão.

—Bom dia. -disse ela, sorrindo. Ela sentiu o corpo de Harry tremer em resposta pois, depois de toda aquela atividade, achou que tal cumprimento soara engraçado.  

—Ótimo dia, eu diria. -Respondeu ele, dando um selinho nela enquanto envolvia seu rosto com uma de suas mãos, acariciando a bochecha dela com seu polegar.

—Algum poblema se passarmos o dia inteiro trancados nesse quarto? -indagou Gina, afundando o rosto no pescoço de Harry, onde deixou um beijo singelo no local. Ele deu um leve apertão em sua cintura em resposta.

—Nessa posição?

—Exatamente nessa posição.  

—Ótimo, porque não acho que eu vá conseguir me mover muito. -A resposta dele fez com que ela levanta-se imediatamente a cabeça para poder encará-lo outra vez.

—Tá me chamando de gorda, Potter? Eu acho bom você pensar muito nas suas próximas palavras… Podem ser as últimas! -Disse Gina, fingindo seriedade ao sussurrar a última parte.

Harry a achou adorável.

—Bem… Morrer nessa posição não seria uma morte tão terrível. -brincou ele, se divertindo com a forma que Gina o olhou.

—Talvez eu chame a Mulher Gorda pra ficar no meu lugar.

     -Ouch! Você sabe mesmo como desarmar um cara. -Respondeu ele, usando uma conotação que fez Gina entender todos os sentidos da frase.

       -Não… só você. -Disse ela, após uma gargalhada que Harry julgou gostosa demais. -Tem certeza que é chefe de um dos principais departamentos do Ministério? Tô começando a achar que a segurança do mundo bruxo está bastante comprometida.  

         -Se a ameaça envolver uma Weasley, eu certamente não terei a menor chance.

         -Resposta sábia. -Brincou ela, presunçosa.

         -Julgando pela nossa posição, não posso discordar.

    Ambos riram novamente. O pensamento de acordar daquela forma para sempre passou pela cabeça de Harry, e achou que, depois de tudo, seria mais do que planejara e esperava para si. Seu conceito de felicidade envolvia um mundo sem Voldemort, sem Dementadores, visitas ocasionais a Hagrid, torta de amora de Molly Weasley, vôo de vassoura com Teddy e momentos bastante agradáveis ao lado de Rony e Hermione. Naquela manhã, trocando carícias e risos com Gina, percebeu que tal conceito era bastante modesto, porque incluí-la antes parecia um sonho muito ganancioso e Merlim sabia que Harry Potter não se dava muito crédito. Tirando as recentes ameaças no Ministério, ele se sentia feliz com tudo o que conquistara e com o que tinha depois daqueles anos turbulentos que todos sabiam bem, mas, após uma sessão de prazer e sorrisos com quem ele pensou que nunca mais teria, a palavra felicidade tomou caminhos muito mais amplos para ele.

   De repente, ser atacado por mil Dementadores não era mais uma possibilidade tão assustadora. Porque ele venceria fácil. Pensava até que nem o frio característico daquelas situações o atingiria.

   -Fome? -indagou ele, depois de minutos, ou talvez horas em silêncio, em que ambos apenas desfrutaram o contato quente e relaxante entre seus corpos.

  -Hmmmmm… muita fome. -respondeu ela, dando um selinho rápido nele antes de, preguiçosamente e com muito, muito esforço, erguer o corpo e se sentar ao lado dele no colchão.

   Ela esticou os braços acima de sua cabeça com os olhos fechados e com um sorriso no rosto feito uma gata manhosa. Colocando seus óculos, Harry observou os fios de cabelo rubro dela entre a luz agora mais forte vindo da janela, as partículas de poeira flutuarem entre sua pele nua agora arrepiada e o lençol branco, além de seus seios pedirem pelo toque dele novamente...

  Como podia estar sedento por ela novamente se tinha acabado de tê-la? Entre pensar em como a puxaria novamente para onde ele achava que ela nunca mais deveria sair e concretizar seu desejo, seu estômago resmungou e Almofadinhas começou a arranhar a porta quando Gina colocou os pés no chão.

   -Acho que Almofadinhas também está querendo o café da manhã. -falou Gina, notando os olhares dele sobre si.

    -Ou mendigando atenção -disse ele, não exatamente com raiva, levantando-se da cama.

      Gina sorriu, indo em direção ao banheiro de Harry.

     -O que você está fazendo? -quis saber ele, ao vê-la começar a fechar a porta.

     -Vou usar a sua toalha -respondeu ela, segundos antes da porta fechar.

   Ele quase podia ver o sorriso matreiro dela ao ouvir o som do chuveiro. Minutos se passaram em que ele pensou em usar um “alorromora” e se juntar a ela naquele banho, mas o latido de Almofadinhas o denunciou e, segundos depois, ouviu a voz de Gina num tom quase inocente soar abafada do outro lado da porta.

     -Algum problema por aí?

    Rindo, Harry  começou a se vestir, pensando que a Gina de Hogwarts, a caçula dos Weasley e irmã de Fred e Jorge fazia parte da lista das pessoas mais cruéis da face da terra.

  

 

  Minutos mais tarde, enquanto passava os dedos por entre seus fios rubros molhados, Gina o encontrou na cozinha, de frente ao fogão, usando apenas uma calça de moletom que ela particularmente achou sexy. O cheiro maravilhoso que tomou conta de suas narinas desde que saíra do banho provinha da panela que ele manuseava com tal concentração que demorou para que notasse a presença dela no local.

  -O cheiro está bom. - Falou ela, segurando-o pela cintura e se inclinando para frente de modo a ver o que ele preparava.

  -Ovos com bacon, minha especialidade. - Revelou ele, dando um breve beijo no topo da cabeça de Gina, de onde sentiu o cheiro do próprio shampoo. Sorriu com o detalhe.

  Ela se sentou na cadeira na ponta da mesa, onde um bule e duas xícaras já encontravam-se ali. Observando-o, ao mesmo tempo que acariciava a cabeça de Almofadinhas, a ruiva notou que Harry sabia dominar a cozinha muito bem para alguém que pouco a usava. Nem ela mesma, uma criação clara de Molly Weasley, admitia saber fazer um café da manhã com um cheiro tão apetitoso quanto aquele. E, embora cozinhasse em Gales muito mais do que Harry o fazia para si, ela o viu depositar os ovos e bacon em um prato, pegar torradas e geleia em uma dispensa e a servir com uma naturalidade de quem sabia o que estava fazendo e, surpreendentemente, sem ajuda de magia.

   Não se deu conta que estava com água na boca até começar a comer.

   -Que delíxa - Elogiou ela, de boca cheia e olhos arregalados.

   Harry riu com a evidente surpresa dela.

   -Eu cozinhava quando morava com os meus tios trouxas.  

  -Sempre me esqueço desse detalhe, principalmente porque você nunca cozinhou nada n’A Toca.

  Harry levantou as sobrancelhas enquanto abria um armário em busca do café de Almofadinhas, que já o olhava cheio de expectativas.

    -Isso porque Molly me mataria antes que eu pegasse um guardanapo.

   -É verdade -Disse ela, antes de se servir do que descobriu ser suco de abóbora. -Mas ela faria exatamente isso comigo se eu não pegasse um guardanapo. Ou Rony, ou Fred, ou Jorge…

   -Rony é péssimo na cozinha. -Lembrou ele, fazendo careta como se estivesse se recordando de um episódio não muito agradável.

  Gina riu, sem dúvida concordando com ele.

  -Eu costumava fazer as tarefas dele também… Em troca, ele me cobria enquanto eu voava no jardim. Eu fiquei mais esperta alguns anos depois. -Falou a ruiva, gostando da visão de um Harry totalmente relaxado servindo a tigela de Almofadinhas enquanto o cão pulava animadamente ao seu redor. -Mas dona Molly sempre gostou de te mimar.

  Harry deu de ombros, terminando com a ração de Almofadinhas e finalmente se encaminhando para mais perto dela.

    -Eu era a visita. Talvez ela interpretasse dessa forma.

   -Não seja bobo. Durante os dois primeiros anos, talvez. Mas aí você salvou a filha preferida dela das garras de um fantasma maluco e entrou para a família. Você é da família. -Frisou ela, e Harry não saberia descrever o quanto aquelas palavras soavam maravilhosas para ele, principalmente porque vinham dela.

   -Filha preferida? -Provocou ele, roubando um bacon do prato dela.

  -Rony era chorão demais. -Comentou, apreciando o aperto leve que ele deixou um pouco acima do seu joelho. -Depois, ela apenas tinha medo que você fizesse algo… imprudente. Você era meio suicida na escola.

   Harry riu mais uma vez naquela manhã. Era estranhamente bom que pudessem brincar com o que acontecera em Hogwarts depois de tanto tempo.

     -Você é como um filho pra ela e pro papai.

     -Mesmo agora, depois de ter roubado a inocência da filha deles ontem?

  Gina pareceu pensar e Harry não segurou o impulso de levar uma de suas mãos até o rosto dela e colocar uma das mechas teimosas e ruivas dela para trás de sua orelha. Após finalmente olhá-la quando ela entrara na cozinha, percebeu que suas camisas ficavam muito melhores nela do que nele. Pensar que ela poderia adotar aquela vestimenta pelos próximos dias era uma ideia que começava a tomar sua mente.

  -Você não roubou. Isso eu nunca tive. -Respondeu ela, aproximando seu rosto do dele para deixar um beijo rápido nos lábios de Harry.

  Poderia ser possível um homem ser tão feliz em apenas algumas horas? Se aquilo era  apenas uma pequena amostra de como seria acordar com Gina todos os dias, então ele queria aquilo para sempre. A princípio, seu próprio pensamento o assustou, enquanto a observava terminar seu café da manhã como se fosse a coisa mais deliciosa que já havia provado, ou talvez ela apenas estivesse tão feliz quanto ele e não conseguisse não demonstrar isso em cada ato seu. Mas de repente se deu conta que tê-la apenas por algumas horas, ainda que não só naquele dia, seria pouco se comparado com o que almejava. Além disso, ela merecia muito mais.

Muitas coisas haviam acontecido para chegarem até ali, incluindo discussões, lágrimas e beijos que pareciam certos, mas em horas completamente erradas. Tudo estava bem entre eles naquele momento, mas Harry sabia que havia a magoado no passado, e se ele queria que tudo fosse diferente, então ele faria tudo certo dessa vez.  

—Gina… Eu te devo um pedido de desculpas. -Começou ele, encarando-a. Depois de horas de prazer, uma sessão de carinhos, risos e mais prazer, levar a conversa para aquele lado parecia deixar tudo distante demais. Mas Harry sabia que precisava fazer aquilo. Não queria adiar nada e sentir como se estivessem tapando um buraco com areia movediça, mesmo que, pensou ele, corresse o risco de Gina dar as costas a ele ao se dar conta do grande idiota que fora.

—Pelo o que? -Quis saber Gina, descansando os cotovelos na mesa.

—Eu não fui exatamente um cavalheiro quando você chegou. Eu deveria ter sido mais discreto enquanto você ainda namorava aquele…

—Harry. -Repreende ela, antes que alguma palavra suja saísse da boca dele.

Harry assentiu, suspirando. Era difícil chamar o ex namorado de Gina pelo nome quando se lembrava da última vez em que o vira.

—Eu sei que eu fui um grande idiota. Eu não deveria ter agido da forma que agi quando discutimos n’A Toca.  

—Você dificultou mesmo as coisas pra mim, Harry. Mas, se tudo tivesse sido diferente e você não tivesse me encurralado naquele dia, ou me beijado no jardim de casa, acho que ainda sim acabaríamos aqui no final de tudo.

Harry não respondeu de imediato. Levou alguns minutos para seu cérebro absorver por completo tudo o que ela quis dizer com aquilo e foi capaz de entender onde a ruiva queria chegar. Duas pessoas não deveriam se sentir tão atraídas uma pela outra depois de 6 anos longe, muito menos agir sem pensar nas consequências, como trocar olhares e beijos quando outras pessoas estão envolvidas. Ninguém se separa e, depois de tempos distante, volta se sentindo da mesma forma de quando partira em relação a outra pessoa, ou talvez sentindo bem mais do que naquela época.

Exceto Harry e Gina.

Harry se lembrou de sua conversa com Hermione no jardim d’A Toca, de quando ela o encorajou a lutar por Gina, e de como Molly demonstrou seu total apoio a ele em relação aos seus sentimentos por sua filha que, até então, ele não sabia que eram tão explícitos. Gina tinha razão, afinal. Eles acabariam exatamente ali, no final da estrada, ainda que tivesse sido menos ou mais imprudente durante o percurso.

—Por que tá fazendo isso agora? -Quisa saber Gina. Eles haviam conversado durante alguns dias, mas em nenhum de seus encontros Harry fez menção de retornar a assuntos passados.

—Porque vou fazer tudo diferente dessa vez. Não vou ser covarde e te deixar escapar, e também porque não fui completamente sincero com você nos outros dias como fui ontem a noite. -Respondeu Harry e viu um sorriso querendo brotar nos lábios dela.

—Tá falando da gente deixando aquele baile bem mais interessante? -Indagou ela, levantando-se de sua cadeira e indo se acomodar no colo de Harry, que a recebeu de braços abertos parecendo muito satisfeito em tocá-la novamente.

—Exatamente desse momento.

Gina sorriu, aproximando seu rosto do dele para fazer um carinho gostoso com seu nariz encostando no dele. Havia algo de muito reconfortante em estar completamente enroscada em Harry, vestindo apenas uma blusa de Harry e estando somente na companhia de Harry.  Ela não se importaria em ter mais daquilo pelas próximas horas.

—Eu não vou a lugar algum. -Disse ela, por fim. E Harry  mostrou toda sua satisfação com aquela resposta ao beijá-la carinhosamente, enquanto suas mãos voavam para de baixo da blusa que ela trajava.

—Que horas temos que nos despedir de Viviane? - Perguntou contra o pescoço dela enquanto constatava que, além daquela blusa, ela não vestia mais nada.

—Ela vai pegar a Chave do Portal ao pôr do sol.

Gina riu quando Harry, de supetão, levantou-se com ela ainda enroscada em seu tronco.

—Então temos tempo.

—Quanto tempo? - Aquela altura, eles já estavam quase no quarto.

—O suficiente. - Falou Harry, deitando-os na cama e encerrando a conversa.

Eles ainda conversariam mais sobre a noite passada, e não terminariam o assunto por se ocuparem demais com o corpo um do outro. Quando por fim resolvessem sair do apartamento, ainda se atrasariam por compartilharem um banho e depois discutiriam, com um sorriso no rosto, que não fora a melhor das ideias. Embora já atrasados, se beijariam mais uma vez, profundamente e sem pressa, e seria um dos momentos que Harry pensaria que a vida era boa demais para ser real. E, felizmente, era.

                     ~X~ 

Viviane não se dera conta que seus dias em Londres passaram tão rápido até aquela tarde. No entanto, sabia que o dia chegaria, mesmo que evitasse pensar nele. Odiava despedidas, não importava o quão boba isso a fazia se sentir e, ainda assim, considerava-se boa em partir, a seguir em frente. Fora assim quando saíra da casa de seus pais, quando mudou de cidade e quando engavetou em sua mente o mais distante possível as tristes lembranças de seu passado: difícil, mas necessário.  Ela chegou a se perguntar se algum dia seguiria em frente sem deixar um pedaço de seu coração para trás. Ainda que um dia viesse a acontecer, não era o caso agora.

Eram para ser as férias mais tranquilas que já tivera nos últimos anos, mas a realidade passou tão longe disso que ela chegou a rir enquanto arrumava sua mala naquela tarde.

Se o início fora inesperado - porque Viviane não escolheria aparatar quase nos braços de John - o resto das férias foram, no mínimo, memoráveis. De fato, não houve um dia em Londres que ela classificou como tranquilo, mas não ousaria reclamar, não quando, entre todos os sentimentos que tomavam seu peito agora, a saudade era o maior e mais forte deles. E ainda nem havia partido.

Da convivência com os Weasleys, ela soube desde o começo que sentiria falta da vivacidade que os ruivos davam ao seu lar. A casa parecia ter vida própria, tal como Gina relatou um dia, quandos eles se reuniam no almoço de domingo, e Viviane sentiria saudade de sentir-se em casa mesmo estando bem longe da sua. Do seu encontro inesperado com Ryron, ela jamais lamentaria, uma vez que finalmente se vira livre do fantasma que ele representou um dia.

Dos seus momentos com John, a morena sentiria falta de tudo.  

Ela deu-se conta disso na briga que tiveram no aniversário de Victorie, enquanto andava para longe dele. Por mais que houvesse se esforçado para que não viesse acontecer, ela soube naquele dia na praia que havia perdido uma batalha da qual não lutara como deveria, de tal maneira que continuar negando para si mesma que não sentiria saudade dele seria perda de tempo e paciência.

Não era boba, sabia que um dia o reencontraria, mais precisamente quando viesse visitar Gina novamente ou talvez ele pudesse se aventurar em ir em mais jogos de quadribol. Mas do mesmo modo que tinha medo de não vê-lo por muito tempo, temia o reencontro. Ele continuaria o mesmo mulherengo de sempre? Estaria tão bonito como na noite passada? Ainda a desejaria com a mesma força que o fazia agora?

O último Viviane sabia ser algo egoísta, mas não pôde evitar pensar no assunto.

Foi com um meio sorriso que ela aparatou do apartamento de Gina e parou nos arredores d’A Toca. Quando entrou na sala, com sua mala flutuando atrás de si, viu Carlinhos, Molly, Percy - o Weasley que ela menos conhecera por sempre estar ocupado demais com o trabalho -, Rony e Hermione sentados no sofá, entretidos com uma conversa que chegara ao fim assim que notaram sua presença.

No minuto seguinte Harry e Gina entraram sorrindo no cômodo, de mãos dadas, envoltos de uma bolha de felicidade tão evidente que Viviane não pôde conter a própria cara de eu-sei-o-que-vocês-fizeram-na-noite-passada.

Hermione e Molly sorriam radiantes enquanto Percy e Carlinhos limitaram-se em apenas revirar os olhos. Rony, no entanto, não conseguiu segurar a língua.

—Até que enfim, Potter. Pensei que teria que te denunciar por rapto de mulheres indefesas. -Disse o ruivo, muito embora seu semblante fosse a mais perfeita calmaria. Harry sabia que aquele modo, de um jeito bem torto, era a maneira do amigo expressar que estava feliz com aquilo.

—Indefesa? Gina nunca foi indefesa! Faça-me o favor, Ronald! -Ralhou Molly, indignada, como se mulheres indefesas fossem impossíveis de serem geradas em seu útero. -Oh meus queridos, estou muito feliz por vocês!

Harry e Gina não tiveram nem tempo de agradecer ou afirmarem que, se já não estivesse tão claro como o sol, eles estavam juntos. A Sra Weasley os puxou para um abraço triplo, incapaz de esconder a grande satisfação em vê-los, finalmente, felizes.

—Obrigada, mamãe. - Respondeu Gina, enquanto Harry exibia um sorriso mais largo para Rony. A ruiva não chegou a fazer o mesmo pois seus olhos pararam em Viviane. Largou a mão de Harry e andou em direção a amiga, a qual ainda a olhava de uma maneira parecida com a que Hermione o fazia.

—Muito tarde para fazer você desistir de ir? -Perguntou Gina, dando um abraço na morena.

—Não jogue sujo, Weasley.

—Você não pode me culpar por tentar. Sempre vou querer você por perto.

Viviane afastou-se do abraço e sorriu para a ruiva.

—Prometo que venho te visitar mais vezes, ainda mais agora, que conheço toda a sua família e o bonitão ali. -Disse ela, se referindo a Harry logo atrás de Gina.

—Não sei como agradecer tudo o que você fez, Viviane. -Falou ele.

—Que tal controlando essa cara de quem não dormiu nada e não tá nada insatisfeito com isso? Não sei se consigo aguentar tanta demonstração de felicidade.

      Risinhos foram ouvidos por toda a sala, ao mesmo tempo que Gina a fuzilava com o olhar.

    -Acho que um soco talvez resolva, assim não restarão tantos dentes pra mostrar. -Comentou Rony apoiando-se no batente da porta de acesso ao jardim.

—Ronald! -Repreendeu Hermione, enquanto Gina revirava os olhos e Harry ignorava com sucesso o comentário do amigo. -Viviane… Você vai voltar para o nosso casamento, não vai? Não aceito um não como resposta!

Com o fim dos problemas no Ministério, Rony e Hermione puderam manter a data do casamento, voltando com os preparativos com todo gás.

—Que espécie de amiga eu seria se eu não aparecesse? - Viviane sorriu, comovida com o convite e recebendo um abraço da nova amiga em seguida.

—Já está tudo pronto, querida. - Falou Arthur, por trás de Rony. Ele estava ocupado verificando a chave do portal: uma cartola velha depositada no jardim.

Viviane se encaminhou para lá sendo seguida por todos. Seus olhos brilhavam, mesmo que piscasse com mais frequência para segurar as lágrimas que teimosamente ameaçavam cair de seus olhos. Parou sua mala perto do portal e passou os olhos pelo jardim, procurando por alguém que ela já não esperava mais encontrar. Quando olhou para Harry, o viu fazer uma pergunta muda para Rony.  

Rony a olhou com tristeza ao dar de ombros e balançar a cabeça. Harry pareceu, de repente, impaciente.

John não viria.

Era algo que Viviane já tinha conhecimento e internamente achava que era melhor assim, mas simplesmente não pôde controlar a pequena e também tola - ela reconhecia- esperança de vê-lo ali. Suspirando, ela despediu-se de Arthur e Molly com agradecimentos e elogios. Deu um abraço em Harry, Rony, Hermione, Carlinhos e Percy. Quando chegou em Gina, ela deixou uma lágrima escorrer por sua bochecha direita.

—Você vai ficar bem? - Perguntou a ruiva, a abraçando mais uma vez.

—Eu sempre fico. - Respondeu Viviane.

O sol já estava quase desaparecendo quando ela carregou sua mala.

—Espero vocês no primeiro jogo daqui a duas semanas! -Foram suas últimas palavras.

Todos lhe sorriram e acenaram, aparentemente tão tristes quanto ela. No segundo seguinte, ela triscou na cartola e era engolida por um borrão que rapidamente tomou o formato da rua em que morava. Levou alguns instantes até que finalmente começasse a andar em direção ao seu prédio, seus olhos procurando cabeleiras ruivas por todo canto. Mas sabia que a probabilidade de encontrar ruivos tão simpáticos como os que a encaravam minutos atrás era muito baixa.  

Seu apartamento estava exatamente do jeito que o deixara. Depois de tantos dias fora, havia uma sensação muito boa ao chegar em casa. Lembrava-se bem do dia em que partira ao encontro de Gina, esperando aproveitar as férias e descansar antes que a chuva de treinos começasse e dessem início ao campeonato já próximo. Fora logo depois de uma última reunião com a capitã do time e não poderia estar mais satisfeita com o que tinha, embora soubesse que faltava algo em sua vida. Agora, ela abria a porta de seu quarto carregando exatamente as mesmas coisas de quando partira, mas por que se sentia tão vazia?

Não era como se ela tivesse ganho algo em seus dias em Londres, exceto, é claro, pelos novos amigos e pela boa dose de sexo. Uma noite de sexo. Uma única e deliciosa noite com John, e era assim que ela se esforçaria para lembrar do loiro: como alguém que a fizera esquecer de seu passado por algumas horas com técnicas muito boas e prazerosas.

Com isso ela poderia conviver.  

Difícil seria esquecer o que veio depois. John a provocando e querendo mais; John a protegendo -embora ela não precisasse de proteção alguma!- e afastando o fantasma de memórias desagradáveis que a assombrava; John secando suas lágrimas e agora carregando suas lembranças com ela, tornando aquela antiga dor mais suportável…

Fechando os olhos, Viviane tentou afastar o loiro de sua mente. No dia seguinte, ela teria um dia cheio, com teste de vassouras, uniforme e a bateria de exames de todo início de campeonato. Pensar no que o time a reservava pelos próximos meses a deixou subitamente cansada bem no momento em que matava a saudade de seus lençóis e travesseiro. Logo tudo voltaria ao normal e ela ficaria tão focada no trabalho que não teria tempo para pensar em John.  

No dia seguinte, ao sentir o cheiro de grama molhada, Viviane se deu conta que sentira menos falta do campo  do que pensava ao adentrar no centro de treinamentos das Harpias no outro dia. Algumas meninas já se encontravam em cima de suas vassouras e gritaram comprimentos quando a avistaram.

—Keller! Será que você ainda sabe como se voa? -Perguntou Meg, apanhadora da equipe, dando-lhe um abraço.

—Aposto que ainda melhor que você!

—Só falta você para a sessão de tortura. -Comentou Daphne, pousando ao lado de Viviane, se referindo aos exames de rotina que as jogadoras eram obrigadas a fazer.

Viviane fez uma careta, mas apressou-se em direção a porta que a levaria para momentos que ela, com certeza, não sentira falta alguma. Os exames não eram demorados, mas ela já havia perdido a conta de quantas vezes já havia feito aquilo. Sempre as mesmas perguntas, sempre as mesmas respostas. Sempre os mesmos feitiços, sempre as mesmas recomendações. Não escutava nada que já não soubesse. Dessa vez, no entanto, o sorrisinho da bruxa azeda na opinião de Viviane a surpreendeu.  

Após submeter o sangue da batedora a vários testes usando poções cujo cheiro era enjoativo, medir os batimentos cardíacos e apalpar o abdômen da morena mais vezes que o normal, a medibruxa sorriu.

—Bem, parece que as férias irão se estender por mais alguns meses. -Falou ela, e Viviane suspirou, tediosa. Queria logo terminar com aquilo.

—Como assim? -Indagou ela, já esperando por alguma resposta ácida.

Mas nenhuma outra teria lhe atingido tanto quanto a que veio.

—Parabéns, mamãe. Você está grávida.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

NA Cella: Que tiro foi esse???? O capítulo mais esperado da fanfic foi postado, e estamos muito felizes e satisfeitas com ele! Esperamos que vocês sintam o mesmo e relatem sobre isso nos comentários! 3 ou 2 capítulos + epílogo nos separam do final da história, mesmo assim, vocês não esperam um fim sem surpresas, né? Harry e Gina são finalmente um casal, John não apareceu e Viviane grávida! Alguém se arrisca a adivinhar oq irá acontecer?
Bem, vou ficando por aqui. Obrigada mais uma vez pelos comentários inspiradores! ♥
Um beijão e até o próximo cap!



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