Dois Caminhos, Um Só Destino escrita por LEvans, Cella Black


Capítulo 25
Capítulo 24 - Carpe Diem


Notas iniciais do capítulo

Oieeeeeeee!!! Cella aqui... Antes de deixar vocês em paz e nos vermos nas notas finais, só queria agradecer pelos comentários maravilhosos e dedicar o capítulo a Fe Damin: Obrigada por ter me ajudado a resgatar a minha inspiração. Esse cap é pra você ♥
Enfim, perdoem eventuais erros, a coisa ficou enoorme, mas ta lindo, ta fofo, ta TUDO DE BAUM.
Enjoy!



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  I could make you happy, make your dreams come true

Nothing that I wouldn't do

Go to the ends of the Earth for you

To make you feel my love

 

Make you feel my love - Adele

 

  Harry não lembrava da última vez que tivera uma noite de sono tão tranquila desde que o mistério no Departamento dos Aurores se fez presente. Na verdade, ele duvidava que já houvesse dormido tão bem em sua vida, partindo do fato de que fora a primeira vez que dividira a cama com Gina.

     E, intimamente, desejou que fosse a primeira de muitas.

  Após abrir os olhos naquela manhã de segunda-feira, Harry automaticamente sorriu; o cheiro floral, o seu preferido dentre todos os aromas, habitava em cada centímetro da cama onde, infelizmente, a dona não se encontrava. Ele automaticamente lamentou por estar tão cansado na noite passada, porque a única imagem que tivera de Gina ao seu lado ali era uma que seus olhos captaram minutos antes de se renderem ao sono. Queria ter visto ela adormecer, se mexer durante a madrugada; queria ter vislumbrado o semblante sereno e quieto da ruiva, ter feito carinho nos cabelos rubros e gravar cada mínimo detalhe dela, porque não importava quantas vezes já a admirou, ele sempre acharia que não fora o bastante.

  Suspirando, Harry virou-se na cama e pegou sua varinha na pequena cabeceira ao lado, para logo depois murmurar “Accio óculos” e ter o objeto em mãos. Sentou-se e arrumou o óculos no rosto, enxergando com mais nitidez tudo ao seu redor. A peça de roupa que Gina tirou de seu corpo estava dobrada em cima de uma poltrona ao lado da porta que dava acesso ao banheiro, para onde se dirigiu para fazer sua higiene matinal.

  Não era um banheiro grande, e de fato era o único compartimento daquele apartamento que ele nunca entrara, nem mesmo quando o imóvel ainda pertencia a Hermione. O quarto que agora era de Gina era o mesmo onde a melhor amiga dormia, de modo que Harry sempre limitou-se a usufruir do lavabo no corredor. No entanto, o banheiro lhe pareceu subitamente mais interessante quando notou algumas peças de roupa de Gina penduradas no pequeno gancho na parede, ao lado do espelho. Levou exatos 3 minutos para Harry convencer-se de que analisar  as roupas íntimas da ruiva não era algo da sua índole, mas controlar sua imaginação era um fato do qual ele já tinha perdido as rédeas há muito tempo. Será que ela estava usando aquele sutiã rendado no quarto do St Mungus? Imaginar que perdera a oportunidade de ver o contraste da cor preta daquela pequena peça com a pele alva de Gina o fez bufar.

  Julgando sua mente fértil demais e o sutiã tentador, Harry apressou-se em fazer o que tinha que fazer ali, antes de voltar a sentar na beirada da cama e analisar o machucado em seu braço. No mesmo momento, Gina adentrou o quarto e o vislumbrou ali, nu da cintura para cima e de costas para ela.

  O sorriso em seu rosto, o qual parecia permanente desde que acordara, sequer tremeu enquanto ela andou até a cama e engatinhou por cima dessa para abraçar Harry pelas costas.

  -Bom dia… - Disse ela, em uma voz abafada pelos cabelos dele.

  Harry sorriu com o ato e se arrepiou ao sentir as pequenas mãos dela repousadas em seu peito, tal como a respiração, que batia em sua nuca. Com agilidade, ele a puxou para seu colo, observando que as roupas que ela trajava na noite passada ainda continuavam ali.

  -Bom dia. - Respondeu, acariciando-a pelas costas e dando beijos em seu pescoço, seguindo pelas bochechas e finalizando com um rápido beijo na ponta do nariz. Gina riu com o gesto.

  -Como anda o seu machucado?

 -Totalmente curado. -Garantiu ele. Gina o enlaçou com os braços pelo pescoço, e fez o mesmo com sua cintura usando suas pernas. Harry aprovou a posição, porque suas mãos foram direto para as coxas macias e livres dela.

  -Dormiu bem?

  -Muito bem. E você?  

 -Como uma pluma. - Revelou a ruiva. Pelos momentos seguintes, não falaram nada. Havia uma ponte entre seus olhos, que os conectava de uma forma tão nítida quanto o contato físico. De alguma forma, depois da noite que passaram juntos, o laço que os envolvia tornara-se mais forte, mais íntimo, porque no lugar da vergonha e do anseio dos próximos passos a serem dados, havia certeza, segurança e, acima de tudo, familiaridade, como se dormissem juntos há muito tempo. Tal como um peixe em um aquário voltando para o mar, ao lugar onde sempre pertencera… Harry era o mar de Gina, e ela não via a hora de se afundar nele mais e mais.

  O beijo que se seguiu teve o mesmo toque quente dos beijos no St Mungus. Enquanto Gina invadia com a língua a boca de Harry, ele seguiu caminho com suas mãos pelas coxas dela, até chegar na bunda e apertá-la ali contra si. O gesto a fez suspirar e comprimir mais suas pernas em volta da cintura dele. Sem dúvida aquele beijo quente era uma ótima maneira de começar o dia.

  -Não gostei… de acordar… e não ver você… - Falou Harry, quando voltou a dar atenção ao pescoço de Gina enquanto essa arfava com as carícias das mãos dele, agora abaixo de sua bunda, bem no limite de seu short jeans, o qual maravilhosamente era curto demais.

  -Prometo ser… uma… anfitriã melhor… da próxima vez.- A respiração dela estava tão descompensada quanto os batimentos seu coração, os quais, se desacelerassem mais um pouco, combinariam em perfeita sintonia com o latejar de seu lugar mais íntimo. Fosse seus hormônios ou a maneira leve e gostosa com que Harry impulsionava seu quadril contra o dele, ela só tinha a plena convicção de que o momento era bom demais para sequer cogitar em interrompê-lo.

 -Próxima vez? -Harry arqueou a sobrancelha e sorriu malicioso ao fitar a face de Gina vermelha, os olhos fechados e a boca entreaberta, quase sem fôlego quando ele apertou mais firmemente a pele de sua cintura que ele havia acabado de descobrir ao infiltrar as mãos pela blusa dela. - Vou me certificar de que tenha uma próxima vez.

 -Por favor… - Ela não soube se era uma confirmação ou um pedido de urgência, estava entregue demais as carícias  para formular algo coerente. Ainda assim, o modo como Harry interpretou suas palavras não podia tê-la deixado mais satisfeita. Rapidamente, ele virou-se com ela ainda enlaçada em seu tronco, e a deitou na cama, fortalecendo o contato entre seus corpos. Os olhos dele foram instantaneamente para o volume dos seios cobertos somente pelo fino tecido da blusa. O sutiã que lhe tirara o prumo no banheiro agora fora totalmente esquecido, uma vez que Harry tinha certeza que vê-lo em Gina não seria melhor do que vê-la sem ele.

 Se aquilo não estivesse entre eles no dia anterior, nos beijos trocados até ali, desde o momento em que se reencontraram na Toca, o pensamento de que talvez estivessem indo rápido demais poderia existir em suas mentes. Mas não era uma urgência, era uma necessidade.

  Incentivado pelas mãos da ruiva em sua nuca, ele voltou com todo gás às curvas do pescoço dela, usando a língua para saborear e explorar a pele branca. Não sabia como parar, e não queria porque, diferente da noite passada, ele estava totalmente cheio de energia naquele momento. Sem perder mais tempo, ele subiu uma das mãos por baixo da blusa dela e chegou ao local tão desejado. Gina arqueou o corpo contra o dele ao senti-lo em um de seus seios, simplesmente adorando saber o que os olhares dele lançados aquele local horas atrás imaginavam fazer.

 Subitamente, Harry afastou seus lábios dos dela, mantendo o resto do seu corpo parado no exato local onde estavam.  Gina o encarou, com a boca entreaberta, o coração palpitante e a respiração desregulada, a espera de palavras que ele não veio a dizer, porque a verdade era que não fora sua pretensão parar para falar. Estava prestes a tornar real um dos seus desejos mais profundos na adolescência e a razão de muitos banhos frios nas últimas semanas, simplesmente não podia deixar passar nenhum detalhe. Determinado, ele selou seus lábios brevemente nos dela antes de voltar a mover a mão que segurava um de seus seios.

  Gina queria muito não desviar o olhar dos verdes de Harry, não havia vergonha alguma de sua parte para o fazer, além do que olhá-lo enquanto esse a tocava tão intimamente era excitante demais. Contudo, quando ele começou a circundar com os dedos e brincar com o bico de seu seio esquerdo, foi impossível não fechar os olhos. Com o gesto, Harry sentiu-se sedento, porque sua boca implorava para tomar o lugar de seus dedos.

  E, sem hesitar, foi o que fez.

  Eram bom ter a mão dele a tocando, oh, como era bom! Gina fechara os olhos, suspirava… No entanto, o bom tornara-se maravilhosamente excelente quando os dedos levantaram mais sua blusa e foram substituídos pela boca, fazendo a ruiva morder os lábios e levar ambas as mãos para a nuca de Harry, prendendo-o ali. Não que fosse do desejo dele sair, sua bermuda já estava quase o sufocando e sentia-se como se fosse explodir de tanta repressão caso parasse pois, milagrosamente, sua língua estava provando de Gina, explorando e sugando um ambiente antes jamais explorado por ele.

  Não era algo rápido; a língua dele beijava seu mamilo como se realmente tivesse a saboreando, e Gina jamais sentiu tanto prazer naquele local como naquele momento. Suas mãos puxavam os cabelos negros do auror e eram elas que o incentivaram a continuar. O meio de suas pernas suplicava por atenção, tão molhado como se a língua de Harry já houvesse feito seu trabalho por lá. O pensamento a fez gemer e, partir dali, a única palavra que vinha em sua mente era mais.

  Como um bom menino, Harry obedeceu os anseios de Gina. Afastou-se um pouco para terminar de tirar a blusa dela que já não cobria mais nada. Depois, ele voltou a colar os lábios na pele dela, começando na testa e descendo lentamente, passando pela bochecha, nariz, boca, queixo… Gina riu com a tortura, desejando desesperadamente que ele acelerasse os movimentos e voltasse para onde não devia ter saído. Quando finalmente aproximou-se do busto dela, sua mão trabalhou em conjunto com sua boca, apalpando o seio esquerdo enquanto sua língua se ocupava com o direito.

 Aquelas alturas, os gemidos de Gina saiam livres e sem pudor, soando como música para os ouvidos de Harry. A música, porém, foi drasticamente interrompida  com batidas na porta.

  -GINA!!

 -Maldição! - Disse a própria, afastando Harry de si e levantando da cama em dois tempos. -Merda!

  -Gina!? -A voz de Viviane não escondia o sorriso que a porta fechada impedia a ruiva de ver. -Eu realmente odeio está interrompendo, você sabe… Mas bem, você disse para eu te chamar caso não saísse desse quarto em 15 minutos. Já se passaram 20, então… Acho que está atrasada.

  -AH… CERTO… Humm.. -Gina andava de um lado para o outro, não ligando para a nudez de sua cintura pra cima. Harry, jogado na cama de peito pra cima, massageava sua testa, de olhos fechados, parecendo irritado com a total falta de sorte de ambos.  

 Gina o fitou por alguns segundos, dando um sorriso de consolo que ele tão pouco vira e que não servira para si própria.

 -Ei… -Disse ela, aproximando-se para poder engatinhar por cima dele e chegar até seu rosto. -A culpa é minha. Esqueci completamente que devia estar no jornal nesse exato momento.

  Harry abriu os olhos e adorou vê-la por aquele ângulo: Ela em cima de si, os cabelos ruivos caindo, formando uma espécie de cortina vermelha e os braços apoiados um de cada lado de seu rosto. Gina sorria para ele e esse retribuiu, levando a mão direita para acariciá-la  na bochecha.

  -Tudo bem -ele suspirou-  eu resolvi os meus problemas no Ministério, você tem os seus também.

  Ela beijou-o na bochecha com tal compreensão e recebeu um abraço apertado em troca quando ele ergueu o tronco e voltou a sentar-se na cama. Sentir seu tronco nu totalmente colado ao dele ao mesmo tempo que as costas eram acariciadas por suas mãos quase a fizeram perder novamente a noção do tempo. Era fácil acostumar-se aquele momento, mas a realidade infelizmente estava em patamares mais baixos de felicidade. Bem, pelo menos naquela manhã.

  -Sem pressa, certo? - Falou ela, enchendo o rosto de Harry de beijos. -Temos todo o tempo do mundo pela frente. Além do mais, haverão próximas vezes para repetirmos isso.

  -Uhum… -Concordou ele, abrindo um sorriso largo de acordo com que uma ideia ia surgindo em sua mente. - Da próxima vez vou me certificar de que ninguém irá atrapalhar.

  -Posso saber como?

  -Seria considerado crime se eu trancasse você em um quarto longe da cidade, onde só eu saberia o seu paradeiro? - Harry coçou o queixo, meio pensativo. Gina riu com a visão, parecia tão maroto e imprudente quanto as brincadeiras de seus irmãos gêmeos em Hogwarts.

  -Eu vou adorar ser a sua vítima.

  Ela roubou mais um beijo de seus lábios antes de deixá-lo responder.

 -Juro que se você continuar aqui agora, seu sequestro começará hoje mesmo e amanhã estampará a capa de todos os jornais do mundo bruxo.

  Rindo alto, Gina saiu de seu colo e começou a se arrumar as pressas sob olhos minuciosos e predadores, adorando ver a cara de raiva dele quando ela, propositalmente, tirou seu short e ficou só de calcinha em sua frente. Foram por poucos segundos, mas ela tinha certeza de que ele amara a visão pois o volume em certa região de seu jeans ainda não havia diminuído.

 Despediram-se com um beijo, uma promessa de próximas vezes e um desejo de que essas vezes fossem o mais rápido possível.

Infelizmente, para Harry e Ginny, não houve outra oportunidade para continuarem o que haviam começado na cozinha da Toca, ou no hospital St Mungus ou no quarto da ruiva. A semana chegou carregada de tarefas para ela, já que o campeonato daquele ano estava apenas no início e Harry passou a organizar e investigar melhor seus aurores. Ele confiava plenamente em todos, mas havia depositado igual confiança em Ryron. Ele não queria ser pego de surpresa duas vezes, muito menos ser traído novamente por outro companheiro de trabalho.

Mais do que a prisão de Ryron, a ausência de Jean foi sentida. A loira tinha papel fundamental em certos casos e no treinamento de novos aurores, então Harry teve que assumir as tarefas da ex-namorada e as de Ron. Fizera questão em dar liberdade para o amigo retomar as férias interrompidas, pois sabia o quanto o ruivo ficava nervoso todas as vezes que algo acontecia e ele e Hermione eram obrigados a adiar o casamento.

Contudo, mesmo atarefados, Harry e Ginny conseguiram se encontrar durante a semana. Almoçaram dois dias juntos, além dos encontros que ambos não planejavam nos corredores do ministério. Naquelas horas, era difícil controlar o sorriso e até o Ministro, ao acompanhar Harry em uma reunião, notou a felicidade descomunal do chefe dos aurores.

—Vejo que esse sorriso tem nome e sobrenome. -Comentou Kingsley, sobre o gesto que Harry lançou a Gina ao vê-la.

Harry não se importou. Apesar de já ter se acostumado, ele não gostava dos boatos falsos que os jornalistas insistiam em criar em relação a ele, mas as palavras do Ministro eram diferentes. Elas o fizeram rir.

No meio da semana, a matéria de Gina sobre o jogo saiu. Foi a primeira coisa que Harry leu ao abrir o jornal logo pela manhã. Ficou orgulhoso pela habilidade da ruiva com as palavras e de como ela conseguia passar emoção através delas. Era como se ele estivesse no jogo outra vez, mas se atento aos vultos dos jogadores no meio do campo e não a movimentos suspeitos.

É claro que as explosões causaram um  grande rebuliço no mundo bruxo. Harry sutilmente empurrou John para responder algumas indagações para os jornais, porque sempre faziam alguma pergunta pessoal demais para ele e, no fim, a principal notícia sempre era aquela, embora a resposta do auror tivesse sido bem diferente.

Felizmente, as atenções logo se voltaram para o baile anual do Ministério, que ocorreria no próximo sábado. Harry não queria ir, mas Hermione sempre preparava um discurso que o convencia do contrário. Além do mais, naquele ano havia algo a mais, de modo que a amiga só precisou dizer um nome para que Harry tirasse do armário suas vestes a rigor: Gina.

—Padrinho, por quê é que eu não posso ir com você? -Perguntou Teddy, enquanto assistia Harry arrumar sua camisa de mangas compridas no sábado, em frente a um espelho. O auror havia aproveitado o dia ensolarado para pegar o afilhado e brincarem com Almofadinhas no parque próximo ao seu apartamento.

—Você não iria querer ir nessa festa, Teddy. Novo demais para ir em eventos tão chatos. -Disse Harry, olhando para o afilhado que estava de bruços em sua cama, o esperando para levá-lo de volta pra casa.

Teddy não pareceu muito satisfeito com a resposta.

—Quero logo ser adulto. -Suspirou o garoto.

—Tem certeza que você está pronto para ter um emprego?

—Eu quero ser jogador de quadribol, Harry!

Harry sempre se surpreendia quando Teddy o chamava pelo nome, e também se lamentava, pois achava que o afilhado estava crescendo rápido demais.

—Primeiro você tem que passar pelos N.O.Ms… E pelos N.I.E.Ms. -Disse ele, não vendo mal algum em assustar um pouco o garoto. Mas, o pequeno Teddy era esperto demais.

—Você disse que não são tão difíceis.  

—Não são. Mas tem alguém que vai pegar muito no seu pé.

—Quem?

—A Professora McGonagall. -Harry viu as sobrancelhas de Teddy se arquearem.

—Mas ela gosta de mim, padrinnho.

—É exatamente por isso, campeão.

O auror terminou com sua camisa e, por fim, colocou sua capa. Pensou em como se sentia desconfortável como toda aquela engomação, sorte ser só durante aquela noite. A verdade é que ele não gostava de estar rodeado de gente que só se interessava pelo menino-que-sobreviveu, e não por quem ele era de fato. Mas não estava se preocupando muito com isso naquele ano. Porque, naquele baile, ele só queria estar com uma pessoa.





Os motivos que levavam John Bennett a marcar presença em festas costumavam ser vários: a bebida, a diversão e, é claro, as mulheres. Mas, naquela noite, enquanto andava pelo baile promovido pelo Ministério da Magia, ele já havia admitido a si mesmo que o motivo que o levara a comparecer naquela festa em especial era somente um: Viviane.

Ele não a via desde o St. Mungus, onde o auror estava quebrado demais para levantar-se da cama e prendê-la ali. Hoje, no entanto, ao acordar, ele deu-se conta de que não haveria mais oportunidades de vê-la caso faltasse ao baile. E, lá, ela não teria como fugir porque, diabos, ela parecia viver o fazendo. Portanto, chegara cedo, as mesas estavam quase todas vazias, mas se aquela noite poderia mesmo ser a última vez que a veria, e ele aproveitaria cada minuto.

John estava mais do que disposto a ignorar a careta que ela provavelmente daria ao convidá-la para uma dança que ele faria durar a noite inteira. Mas seus planos foram por água abaixo ao vê-la chegar acompanhada de um dos irmãos mais velhos de Rony. Não que ele tenha se sentido desencorajado, o mero pensamento de não fazer o que queria por causa do ruivo o fizera bufar. Ele quase havia sucumbido a morte, e passara os últimos dias engolindo as piores poções feitas dos mais nojentos ingredientes, na opinião dele. E, maldição, ainda no dia anterior, seu peito doía como o inferno. Enfrentar um Weasley parecia fácil perto de tudo isso. Assim, ele teria apenas que ser paciente, e esperar pela oportunidade certa.     

  Ela não demorou a chegar.        

 John soube exatamente quando Carlinhos Weasley se afastou de Viviane. Ele fora para um lugar que o loiro não pôde ver. Bem, John não se importava, porém, se o ruivo fosse para o inferno. Naquele instante, a única coisa que sabia era que o irmão mais velho de Rony estava longe de Viviane. Ela estava sozinha.

Sem hesitar, ele largou a bebida na mesa mais próxima e começou a andar em direção a morena. Antes que chegasse até ela, no entanto, John teve certeza de duas coisas: Carlinhos Weasley era idiota por tê-la deixado ali, a mercê de qualquer outro que possuísse a visão perfeita para vislumbrar as curvas atraentes delineadas pelo longo vestido azul. A segunda certeza era de que seria muito difícil -beirando o insuportável- manter as mãos longe dela.

Mas haveria uma terceira certeza também, só que John só se daria conta dela minutos depois, quando já estivesse suficientemente perto de Viviane que poderia até contar perfeitamente todas as sardas que se espalhavam pela bochecha e nariz dela: ele não queria que ela fosse embora.

—Você está linda, Pintinha. -Ele se aproximou pelas costas dela, murmurando, embora não exatamente baixo, o elogio perto demais de seu ouvido. Ele adorou ver os pelinhos de sua nuca se eriçando por isso.

Viviane se virou de frente para John. O sorriso que ela carregava nos lábios não era totalmente verdadeiro, ele notou, achando incrível como em tão pouco tempo conhecera muito bem a batedora. No entanto, o loiro nunca sabia dizer se ela estava contente em vê-lo ou se amaldiçoando por dentro pelo mesmo motivo.

E ele adorava isso.

Como um legítimo auror, John não se acanhava diante de um desafio e Viviane era a melhor espécie deles. Não que ele a visse exatamente dessa forma. Ela tinha um ar misterioso que o instigava, seu semblante e as palavras muitas vezes afiadas que ela direcionava a ele sempre lhe passavam a impressão de que havia muito mais por trás. John pensou que tudo isso mudaria depois que ela lhe contasse sobre seu passado, mas não podia negar a satisfação ao ver que tudo continuou exatamente o mesmo: ela um mistério e ele tentando desvendar cada pedacinho dele.

—John. -Disse Viviane, em forma de cumprimento. Ela tinha um copo em mãos, embora ele não sabia o que continha dentro.

—Eu não sabia que você e o Weasley eram próximos. -Ele não foi capaz de segurar o impulso.

As sobrancelhas de Viviane se arquearam, mas John não pareceu se importar se estava sendo intrometido. Pelo contrário, ao colocar as mãos nos bolsos de sua calça, ele demonstrou claramente que sabia o que estava fazendo e não se importava em nada com isso.

—Agora sabe. -Respondeu ela e a vontade de socar Carlinhos aumentou consideravelmente em John.

—Bem, você é muito boa em aguentar o fardo. Ele não saía de perto de você, parecia mais um cão atrás de um osso.

—Então eu sou um osso?

—A visão e o olfato dele devem ter problemas, Pintinha.

—E eu me pergunto o que em você não deve ter problemas, mas é difícil, ainda não consegui encontrar nada.

John riu, e deu um passo para mais próximo dela.

—Até mesmo os meus lindos olhos, Pintinha? -Os cantos da boca dela tremeram, e John ficou satisfeito demais em saber que, de alguma forma e de um jeito totalmente dele, ele estava a divertindo.

—Eles são atrevidos demais. -Apontou ela, e bebeu mais do líquido em seu copo.

Como que para comprovar o que ela acabara de dizer, os olhos dele desceram pelo corpo dela, demorando-se um pouco mais no decote de seu vestido. Viviane balançou levemente a cabeça, como se tivesse acabado de constatar que não havia remédio nenhum para os “problemas” de John.

—Eu não vejo isso exatamente como um problema.

—É mesmo? E como você vê? -ela não queria estar instigando as brincadeiras dele, mas não podia evitar. Ignorá-lo era uma habilidade que ela ainda não havia desenvolvido com sucesso.

—Como um reconhecimento de tudo que é bom demais de se olhar. -O sorriso que ele carregava nos lábios agora era totalmente malicioso. -E de tocar.

As lembranças de toques quentes, respirações ofegantes e de um galinheiro tomaram rapidamente Viviane. E, olhando-a como John estava o fazendo naquele momento, ela não precisava de mais nenhum indício para saber que ele também estava lembrando da noite que ambos passaram juntos. Não fazia nem dois meses, mas parecia ter sido há anos. Aconteceram coisas demais depois daquele dia, inclusive enfrentar seu passado e encarar Ryron, porém, o que ocorrera no galinheiro continuava ali, na mente dela, e não importava quanto tempo fazia nem de quanto tempo parecia ter ocorrido, Viviane ainda se arrepiava com a mera lembrança, ainda a fazia esfregar as coxas em determinados momentos e sorrir involuntariamente antes de dormir.

E por isso ela tinha que voltar para Gales. John era uma das razões que ela tinha para ir, mas a única que poderia fazê-la ficar. E reconhecer isso foi difícil demais para seu próprio orgulho, e surpreendentemente fácil para seu coração. Não havia motivos para continuar negando.

—Você queria falar alguma coisa comigo? -Quis saber ela, quebrando a conexão de seus olhos e o silêncio que permanecera por tempo indeterminado, olhando na direção onde Carlinhos Weasley sumira dentre a multidão de bruxos ali presentes. Viviane achou mais sensato seguir por outros caminhos.

—Você volta amanhã para Gales. -Respondeu ele, atraindo a atenção dela novamente. Sua expressão mudara da água para o vinho. Se antes ele sorria maliciosamente, agora ele a olhava como se quisesse tirar algo dela.

—As férias teminaram.

—Passaram rápidas demais, não acha?

—Na verdade, eu acho que já está mais do que na hora de voltar para o meu trabalho. -Disse ela, em meio a um suspiro. Ela sentia falta do restante do time e do próprio quadribol, embora tivesse certeza de que sentiria mais saudade de Gina. -Você veio me dizer adeus?

—Isso depende de você, Pintinha.

Ela franziu o cenho, mas antes que pudesse verbalizar sua dúvida, ele voltou a falar.

—Porque você tem a mania de sempre ir embora sem se despedir. -Explicou ele.

—Tenho?

—Acordei sozinho no galinheiro, você foi embora do quarto do Caldeirão Furado e quando eu voltei a acordar no St Mungus, você não estava mais lá.

—Oh… Eu não gosto de despedidas, John, mas eu pensei que aquela na praia tivesse sido uma. -Falou Viviane, demonstrando que, mesmo depois do que acontecera no estádio e com John, ela não havia se esquecido o que havia acontecido no aniversário de Victorie. -Quantas vezes vou precisar me despedir de você?

—Quantas vezes forem o suficiente para você desistir de ir. -As palavras saíram de sua boca antes que John pudesse filtrá-las.

Viviane foi pega completamente de surpresa com a resposta que obteve, mas a expressão de John se manteve impassível. Pelo menos, até ele perceber o que havia dito, notou ela.

—Viviane… -começou, mas Viviane o impediu de continuar.

—Um motivo. -Falo ela, interrompendo-o.- Me dê um motivo para não voltar para Gales, John, porque se você tiver um, eu quero saber.

Parecia uma pergunta simples, mas John ficou encarando a batedora por vários minutos sem dizer nada. Sua expressão confusa e sua boca se fechando e abrindo várias vezes demonstravam sua confusão interior. Mas Viviane não iria aliviar nada para ele. John fora até ela e praticamente pedira para ela ficar, não negaria que havia pensado na possibilidade. Porém, não se larga algo sólido por algo incerto. Viviane tinha uma carreira como jogadora de quadribol que lutara muito para conseguir, e não daria as costas para tudo aquilo sem uma boa razão. E só quem poderia dá-la era John.

Milhares de respostas passaram pela cabeça do auror, mas ele não sabia o que responder. Nunca tivera dificuldades com mulheres, mas Viviane era como andar em uma corda bamba: ele poderia se desequilibrar e cair facilmente.

Ele desviou os olhos, e olhou por entre as pessoas no baile, como se alguma delas fosse a resposta.

—Gina. -Disse ele, finalmente, após enxergar a cabeleira ruiva da mais nova dos Weasley junto a família.

John voltou a encará-la, e a viu sorrir, balançando levemente a cabeça como se já esperasse por aquilo. Ele se sentiu um idiota.

—Deus sabe o quanto vou sentir falta da Gina, mas ela está bem. -Viviane olhou para onde a melhor amiga estava e sorriu ao vê-la rir de algo que Hermione dissera em seu ouvido -Feliz. Eu ficaria por ela, mas não tem razão para isso. Soa estranho para você?

—Não, eu entendi perfeitamente. Mas e quanto a mim?

Viviane soltou uma lufada de ar pelo nariz e terminou com o conteúdo do próprio copo.

—O que tem você? -Seu coração acelerou com o que poderia ouvir, embora ela tenha tentado disfarçar. -Você vai ficar bem, John.

—Eu vou sentir a sua falta, Pintinha. -Falou ele, as palavras voando de sua boca.

—Vai? -Ela tinha acreditado no que ele dissera, mas ela queria ouvir outra vez.

—Vou. -Não havia razão para negar, afinal, se ela iria partir no outro dia, o que mais ele tinha a perder? -Eu queria ter uma razão pra você ficar.

Um soco no estômago teria sido menos doloroso para Viviane.

Ela não sabia o que responder, mas não precisou se preocupar muito sobre suas próximas palavras, pois Carlinhos havia encontrado o caminho de volta para sua acompanhante.

—John! - Exclamou ele, sorrindo simpático ao se aproximar.  

John forçou um sorriso ao se virar na direção do Weasley mais velho.

—Bennett. É Bennett pra você, Weasley.  -Disse o loiro, e Carlinhos riu, parecendo achar tudo aquilo divertido.

—Claro, Bennett.

—Eu estava apenas me despedindo da sua acompanhante. -Explicou o loiro. -Você sabe, antes que ela fuja.

—Viviane não gosta muito de despedidas. -Disse Carlinhos, e Viviane sorriu para ele. John, no entanto, resolveu que seria melhor manter as mãos dentro dos bolsos dianteiros de sua calça antes que, sem querer, uma delas pudesse ir parar no queixo do ruivo.

Não era como se ele não soubesse daquilo. Ele sabia. Carlinhos Weasley não tinha absolutamente nenhuma vantagem em relação a ele afinal, Viviane se abrira para John. Ela confiava nele o suficiente para compartilhar não apenas uma noite de sexo mas como segredos que ela havia guardado a sete chaves. Supera isso, Weasley!

John queria jogar tudo isso na cara de Carlinhos. Mas não o faria, não sabendo que aí sim o ruivo teria mais vantagens do que ele e Viviane nunca mais o olharia na cara.

—É, não é difícil perceber. -Murmurou ele, e voltou a olhar para Viviane. -Pintinha…

Viviane levantou as sobrancelhas ao ver o loiro, sem hesitar, cruzar o espaço que os separava e parar bem em frente a ela, não se importando ao dar as costas a Carlinhos, muito menos com sua presença ali. John subiu uma das mãos até seu queixo, levantando levemente o rosto dela em direção ao dele.

—O que…

—Volte logo. -Murmurou ele, antes de lançar um sorrisinho para ela e aproximar mais seus rostos.

Por um segundo, Viviane pensou que ele iria beijá-la, e prendeu a respiração em expectativa. Mas no meio do caminho, John desviou seus lábios e os encostou em sua bochecha, embora perto demais da boca dela. Quando ele se afastou, seu semblante estava sério, mas seus olhos transmitiam toda a carga de verdade das palavras que ele lhe dissera. Segundos depois, ele já havia sumido em meio a milhares de bruxos ali presentes, deixando uma Viviane atônita para trás.

Na outra extremidade do salão, Gina fingia prestar atenção na festa ao seu redor. O Ministério não media gastos para o evento, porque aquela era a decoração mais bonita que ela já vira em toda sua vida. Flores, velas flutuantes, tecidos da mais alta costura… era tudo de fato lindo e luxuoso, mas não tão interessante ao ponto de roubar sua atenção por mais do que alguns minutos. Não que ignorasse a festa em si, ela até deixara Viviane escolher seu vestido, e internamente apoiava o ministério a premiar seus mais sucedidos e competente profissionais a cada ano, ainda que nem todos os homenageados apreciassem tal fato. E, por ironia do destino, a  “razão” por estar fingindo apreciar a festa era o único a receber homenagens durante 4 anos seguidos, e não gostar nem um pouco disso.

Bebericando seu vinho, ela deu sorte de nem Rony, Hermione, Arthur e Molly notarem sua procura iminente por Harry Potter, pois estavam entretidos demais em uma conversa que Gina não arriscaria a acertar o assunto. Chegou a perguntar se o auror realmente viria, mas ela sabia que por maior que fosse sua aversão a toda aquela festa, ele era educado demais para ignorá-la. Estando ali,   irritantemente longe do centro das atenções, porque seus olhos até agora não avistaram nenhum homem de óculos e cabelos revoltos. Bem, Harry nunca fora alguém público, mesmo que seu sucesso e história dissessem o contrário.

Surpreendentemente, a ruiva notou a ausência de Jean. A loira não estava em nenhum local da festa, nem mesmo perto de John, e a certeza espantou Gina. Jean não parecia alguém que facilmente passaria despercebida aos olhos de ninguém, a beleza e a cor do cabelo não lhe permitiriam isso. Além do que, após seu último e único encontro com ela no apartamento de Harry, a auror certamente gostaria de ver Harry sendo homenageado, o aplaudindo de pé e de camarote.

Gina revirou os olhos com os próprios pensamentos para logo depois o sorriso tomar conta de seu rosto. Lindo, em um elegante traje a rigor, Harry vinha andando a passos lentos em sua direção, parecendo totalmente inerte aos demais bruxos ao seu redor uma vez que seus olhos estavam focados nela e, internamente, a ruiva sentiu-se feliz em ter a atenção dele só pra si.

—Harry! Atrasado, como sempre, mas muito elegante! - Disse Molly ao avistá-lo. Sorrindo, ela abriu os braços e o envolveu entre eles.

—O atraso já virou tradição, Sra. Weasley. - Respondeu ele, dando um beijo na bochecha da ruiva robusta envolta de um pequeno xale laranja, da mesma cor do vestido.

Posteriormente, fez o mesmo com Hermione e apertou a mão de Arthur. Ignorando Rony, ele deixou o melhor pro final, sabendo que não precisava ter pressa em cumprimentá-la já que não havia mais ninguém além dela digno de sua atenção. Bem, Viviane, John e Carlinhos não eram prioridades e certamente podiam esperar.

O mesmo não se aplicava a Gina Weasley.

Olhando-a de perto agora, Harry imaginou-se vivendo de arte. Ele pintaria quadros inspirados nela, tentaria retratar as suas curvas e a vivacidade da cor do seu cabelo, mas ainda que fosse o melhor dos artistas, ele saberia que jamais obteria êxito. Gina era digna de ter um quadro em sua homenagem, mas a pintura nunca seria digna para retratá-la. Não naquele vestido vermelho, que evidenciava seus traços e seios através de um decote muito generoso, onde cada detalhe seria crucial para o conjunto da obra.

Será que ela sabia que estava deslumbrante? Que o vestido o torturaria durante aquela festa inteira, porque a única coisa da qual ele conseguiria pensar era na própria boca cobrindo partes do corpo dela que o vestido não cobria? Mas ao encará-la e tomar conhecimento do sorriso enviesado que estava o rosto de Gina naquele momento, ele teve certeza de que ela sabia cada pensamento, sensação e vontade que passava pelo corpo dele. Ela não era alguém que jogava limpo, no final das contas.

—Você está… uau… -Foi a única coisa que ele conseguiu falar, a fazendo rir.

—Você também está muito elegante, Harry. - Respondeu Gina, antes dele cumprimentá-la com um beijo na bochecha. Com a ação, ele aproximou-se ainda mais dela e ficou por ali mesmo, pouco se importando com o resto da família a suas costas.

—Elegante não é bem a palavra que eu usaria para descrever você agora. -Disse ele, um pouco mais baixo que o normal. Agoniado, ele enfiou as mãos nos bolsos dianteiros de sua calça em busca de controlar a vontade enlouquecedora que estava de tocá-la.

—Então há uma? -Gina bufou - Droga! Pensei que tinha te deixado sem palavras... Foi como a Viviane descreveu esse vestido quando o escolheu, disse que você ia ficar de boca aberta.   

Eles riram com a brincadeira.

—Harry - Molly o fez virar-se para todos novamente - Você tem visto Teddy? Estou fazendo um novo suéter para ele. Aquele menino não para de crescer!

—Outro!? -Resmungou Rony.

—Eu o vi hoje, Sra. Weasley. -Respondeu Harry - Ele ficou triste por ainda não poder vir ao baile.

—O pequeno Teddy não sabe a sorte que tem! -Falou o Sr Weasley, arrumando o casaco pelo o que parecia ser a vigésima vez na noite. Aparentemente, Arthur não sentia-se confortável vestido a rigor, mas, sendo um bruxo muito popular no Ministério da Magia, também não podia-se dar o luxo de faltar. Harry o entendia completamente.

Tirando os resmungos do Sr Weasley e as perguntas constante de Rony sobre a hora - esse parecia ansioso para jantar -, o baile transcorreu normalmente, bem como nos anos anteriores. Harry não pôde dar mais atenção pra Gina, porque logo Kingsley apareceu e o raptou para uma conversa com demais bruxos de alto cargo e importância no Ministério. Mas, mesmo que estivessem distante, a troca de olhares e sorrisos entre eles era inevitável.

Harry bem que tentava prestar atenção a conversa dos homens e mulheres ao seu redor, mas parecia que Gina exercia um poder magnético em seus olhos, feito um imã. Simplesmente não conseguia passar mais de dois minutos sem olhá-la! Desistindo de tentar controlar-se, ele a olhou descaradamente pelo resto da noite e, por sorte, ninguém além dela mesma pareceu notar.

No ponto alto da festa, Kingsley subiu ao palco centralizado no meio do salão, proferiu algumas palavras de agradecimento e chamou, um a um, bruxos que, ao seu ver, mereciam um prêmio por sua contribuição e trabalhos prestados ao Ministério da Magia no último ano. Por ordem de Departamento, cada bruxo que subia ao palco era aclamado com uma salma de palmas antes de receber uma medalha simbólica do próprio ministro, podendo assim proferir algumas palavras de agradecimento. Alguns falaram mais que o esperado, fazendo John e Rony bocejar. Outros levaram os mais sensíveis as lágrimas, com um discurso tão bonito quanto a festa que os homenageavam e, por fim, havia Harry, que somente subiu no palco, apertou a mão de Kingsley e agradeceu a salma de palmas, dizendo que seu trabalho era reflexo do time competente de aurores que ele liderava.

 Quando enfim a puxação de saco acabou - usando as palavras de John -, o palco foi tomado por uma banda bruxa que levou muitos a pista de dança, inclusive Arthur e Molly. Rindo dos passos desengonçados dos pais, Gina avistou Harry perto da mesa de drinks, milagrosamente livre e sozinho. Sem chance de deixar a oportunidade passar, a ruiva olhou para Viviane, a qual a fazia companhia, e essa deu uma piscadela mostrando que estava totalmente ciente do querer da amiga.

  Sorrindo, Gina cruzou o salão em dois tempo até chegar próximo o suficiente de Harry para sussurrar:

   -Um galeão por seus pensamentos.

  Harry sentiu os pelos de sua nuca se eriçarem ao ouvir a voz de Gina, tendo noção da proximidade daquela boca tão perfeitamente pintada de vermelho próxima de si. Quando ele virou-se para encará-la, o sorriso muitas vezes direcionado a ela durante aquela noite já estampava seus lábios novamente, dando chance de seus olhos passearem pelo corpo dela mais uma vez. Ela estava deslumbrante, de tirar o fôlego e… por Merlin, como queria tocá-la!

   -Você quer dançar? - As perguntas saíram de sua boca antes que ele pudesse domá-las.

 -Harry Potter está me chamando para dançar? Foi isso mesmo que eu ouvi? -Gina arqueou uma sobrancelha.

  -Considerando que eu não sou muito bom nisso, acredite quando digo que é sincero. E, claro, não posso sair dessa festa sem dançar com a mulher mais bonita do salão, não é?

  -Então é tudo sobre se vangloriar por estar dançando com uma mulher bonita? Que feio… E se eu disser que prefiro manter meus pés a salvo? -O bico que ela fazia ao falar, tão determinada e implicante, fez Harry ter vontade de beijá-la.

  -É um risco, mas eu prometo ser cuidadoso.

  Gina continuou parada, sorrindo, como se estivesse feliz demais em torturá-lo na espera de sua resposta.

  -Nesse caso, aceito o risco.

  Harry segurou a mão que ela lhe ofereceu e a puxou para onde muitos casais de bruxos já dançavam. Ele não era muito bom naquilo, como bem dissera, mas achava que, enquanto o ritmo das músicas continuasse lento, ele poderia fazer algum esforço. Além do mais, era uma ótima oportunidade de estar com as mãos em Gina mas, assim que ela se aproximou e descansou as mãos em seus ombros, olhando-o tão profundamente, pensou que aquilo tudo seria como testar seu autocontrole. Era uma tortura totalmente deliciosa estar tão perto e não poder ir tão longe.  

  Começaram a se mover no ritmo da música e Harry tentou ao máximo não parecer tão idiota ao ter que olhar para baixo para se certificar que os pés dela se manteriam vivos. Gina foi adorável, fazendo-o lembrar de quando ela tentou ensiná-lo a dançar na noite em que a levara em Hogsmeade e em como tudo terminou. Ele só queria que aquela noite tivesse o mesmo destino.

  Depois de algum tempo, Harry não precisava mais olhar para baixo. Eles estavam totalmente conectados, seus corpos colados, mas não tanto quanto gostariam, e a lateral da bochecha dele roçando na têmpora esquerda dela tornava tudo confortável demais, deixando-os totalmente alheios aos olhares que alguns curiosos lhe lançavam.

   -Eu li a sua matéria. -Falou ele, num tom de voz baixo, mas que ela podia ouvir.

  -O que achou? -O modo que ela perguntou fez com que ele soubesse que ela realmente se importava com a resposta. A opinião dele importava.

  -’Que não era a sua primeira vez como colunista do Profeta. Tem certeza que você nunca fez isso antes?

  Gin riu, encostando a bochecha momentaneamente no peito dele, como alguém faz quando fica tímido.

  -Tá falando sério? Eu sei que você e Rony acompanham algumas colunas de quadribol, não precisa me elogiar só porque eu sou da família.

  -Muito sério. -Ele afastou o rosto do dela para que pudesse olhá-la nos olhos. -Você conseguiu passar todo o espírito da coisa. Eu estava lá, mas não pelo jogo. Quando li o que você escreveu, parecia que eu estava outra vez no campo, mas dessa vez pelo mesmo motivo que todo mundo.

  -Obrigada. -Disse ela. -Hermione disse que eu quase a fiz gostar de Quadribol.

 Harry riu, antes de mudar o passo assim que outra música começou. Gina se surpreendeu com a iniciativa. Não fora nada elaborado, nem de quem aparentava saber conduzir uma dança, mas reconheceu que estava ficando cada vez mais fácil pra ele. Sob sua palma, ela podia sentir o calor que emanava da pele dele e perceber que seu corpo não estava nem um pouco tenso. Pelo contrário, tudo em Harry denunciava que ele estava, na verdade, muito confortável.

  -Teddy queria mesmo vir? -Perguntou, depois de alguns minutos em que eles apenas aproveitaram o contato próximo um do outro.

  -Eu não sei porque, mas na cabeça dele este baile parece legal.

  -Não é tão ruim assim...

  -Esse está longe de ruim, Gina. -Ele fez questão de ser incisivo ao falar o nome dela para que não restasse dúvidas de que o motivo era ela. -Mas depois dos dois primeiros anos, tudo isso ficou chato demais.

  -Rony parece gostar. -Observou ela, ao ver o irmão sentado em uma das mesas que rodeavam a pista de dança.

  -Isso é porque ele só vem pela comida.

  -É verdade.

  Eles riram mais uma vez juntos, e Harry não resistiu ao desejo de passar a ponta do nariz na bochecha da ruiva, e descendo em direção ao seu pescoço. Ele não demorou muito lá, mas foi o suficiente para absorver o perfume que emanava do local. Ela era tão linda que por vezes ele se perguntava se merecia tanto e, ao se lembrar de quando a deixara escapar, se sentia o primeiro na lista dos mais idiotas do mundo bruxo. Haviam tantas coisas que ele gostaria de fazer… Mas haviam muitas outras que ele tinha que dizer, porque simplesmente não podia mais guardar aquilo pra si.

  Gin estava ali, com ele e nos braços dele. Merlin sabia o que ele faria consigo mesmo caso a deixasse escapar outra vez. Harry não queria sequer correr tal risco. Se havia uma coisa que ele havia aprendido era que, se a chance está bem na sua frente, então a agarre com unhas e dentes. E ele faria aquilo.  

    -Quando você ofereceu dinheiro pelos meus pensamentos, eu lembrei de uma coisa. -A frase saiu mais rápido do que ele gostaria.  

    -O que?- Ela levantou o rosto somente para poder olhá-lo diretamente nos olhos outra vez.

    -Na guerra, quando me entreguei a Voldemort... Não foi rápido. Digo, demorou alguns minutos até ele finalmente fazer o que tinha que fazer, e pensei em algumas coisas durante aquele momento. Poucas, na verdade - Harry respirou fundo - Eu lembrei de você. O nosso beijo, no dia do seu aniversário... Foi a última coisa que pensei antes de... Apagar.

  Ela reconhecia o fato de que não o agradava nem um pouco ter que falar sobre aquela fatídica noite, de modo que foi impossível não ficar surpresa diante das palavras do auror.

  -Por que tá me dizendo isso?

  -Você não precisa questionar os meus pensamentos, Gina, porque é em você que penso a quase todo instante. Antes de dormir, antes de levantar da cama de manhã, antes de ir na Toca visitar os seus pais… Até mesmo antes de morrer. Meus pensamentos são seus há mais tempo do que posso contar. Tentei mudar isso enquanto estive longe de Londres, mas não consegui. Você lançou um feitiço em mim, Gina Weasley, e eu não tive tempo nem de pegar a minha varinha pra me defender.

   Ele a amava.

  A certeza veio ao mesmo tempo para ambos. Gina não lia mentes, mas o modo como ele a olhava e no modo como suas mãos apertaram firmemente a cintura dela enquanto ele falava tudo aquilo, como se estivessem dizendo que ela não poderia sair dali sem antes escutá-lo. Mas a verdade era que ela não iria a lugar nenhum.

  Haviam coisas que não precisavam das exatas palavras para serem ditas, simplesmente porque existem milhares de formas de dizê-las. Você pode entender um sentimento sem proferir o nome se falar o que ele significa. E Harry acabara de dizer que a amava sem ter dito as três palavras, mas utilizando-se de outras que obtinham a mesma veracidade que ele queria passar.

  Era o bastante pra ela.  

  -Sabe… -Ela sorriu pra ele, desviando os olhos para baixo por um breve segundo, como alguém faz antes de falar o que ela gostaria de falar. -Eu ainda não devolvi a sua capa.

  O coração de Harry batia tão forte que ele se perguntou se ela estava o ouvindo.

   -Não, não devolveu.

  -E eu tenho que fazer isso, porque você pode precisar dela em algum momento, não é? Digo, você é o chefe dos aurores, ser invisível em certas missões com certeza deve trazer algumas vantagens. -O sorriso que ela carregava nos lábios não eram nem um pouco inocente e Harry estava gostando demais dos caminhos que seus próprios pensamentos começavam a tomar.

  -Muitas vantagens. -Confirmou.

  Céus, ele aparataria com ela ali mesmo.

  Mas não podia.

 Maldição. Uma série de adjetivos nada agradáveis correram rapidamente por sua mente ao pensar no bruxo que havia tornado tal pensamento impossível.

  Ele sabia exatamente que a capa era apenas um pretexto. Além do mais, se aquela noite terminasse do jeito que desejava, ele a levaria para a sua casa. Ele não havia mentido sobre raptá-la, no final das contas.

  -Eu preciso fazer um convite? -Perguntou ela, mordendo o lábio inferior e segurando no queixo dele, só para provocar. Rony tinha razão quando falava que ela era a pior dos Weasley, afinal.

  -Não. -Respondeu ele.

  Ao fundo, a música continuava a tocar, mas Harry e Gina haviam parado de dançar. Eles estavam muito ocupados olhando um para o outro para se preocupar em acompanhar o ritmo da canção, já não estavam nele fazia algum tempo. O único ritmo cadenciado eram as batidas que ecoavam dentro deles.

  -Eu não quero só os seus pensamentos, Harry. Eu quero tudo, porque é isso que você tem de mim. -Falou Gina, um pouco mais baixo, mas no volume certo para que aquelas palavras chegassem aos ouvidos dele. Ela o olhara profunda e seriamente, exatamente como ele havia feito com ela para dizer a mesma coisa que havia acabado de sair de sua boca.

   Não desejá-la seria uma ordem que ele falharia em cumprir, assim como não amá-la. Manter a boca longe da dela naquele momento, no entanto, e depois do que ela dissera, foi impossível.  

  Alguns curiosos de plantão arregalaram os olhos, outros sorriram e até algumas palminhas tiveram, mas tudo o que Gina tinha consciência era dos lábios de Harry nos seus, e de sua cintura sendo abraçada mais firmemente pelos braços dele. As mãos dela que estavam apoiadas nos ombros do auror subiram em direção ao seu pescoço até finalmente se instalarem na nuca dele.

  O modo como as mãos de Harry subiam e desciam por suas costas dizia a ela que ele queria ir muito além, mas que aproveitaria o pouco espaço de pele que tinha. Pelo menos, durante aquele beijo. Nos outros, aqueles que Gina prometera ao fazer o convite implícito, ele teria que ser mais paciente para ter, e planejava manter-se na linha, desde que a ruiva continuasse sendo só dele pelo resto da noite.

  Não foi um beijo feroz, embora o desejo no interior de cada um fosse. Tampouco foi rápido, para a alegria dos jornalistas da coluna de fofocas dos jornais do mundo bruxo, que ficaram muito felizes em ter tempo para mais de uma foto. Foi cadenciado, lento e apaixonado; este último combinava perfeitamente com o que Harry estava se sentindo no momento.

  As línguas logo se entrelaçaram, e Gina não tinha dúvidas de que Harry sabia muito bem conduzir aquela dança. Ela podia sentir os óculos dele roçando em sua bochecha e os fios do cabelo dele entre seus dedos, mas também podia sentir todo o pano que os cobria e que os fazia ter a sensação de estarem distante demais.

  Eles precisavam sair dali.

  -Eu tenho que falar com uma pessoa antes. -Falou Gina, quando os lábios de Harry se afastaram dos seus. As mãos dele agora estavam em cada lado de seu rosto.

   -Eu também. -Respondeu ele, antes de dar outro selinho nela.

   Eles se separaram, Harry com um sorriso enorme no rosto e Gina varrendo os olhos pelo salão até que encontrassem Viviane. A morena tinha as sobrancelhas arqueadas e um sorrisinho que dizia que ela sabia exatamente o que a amiga e Harry estavam planejando.

  A ruiva caminhou a passos decididos até a amiga, ignorando com sucesso todos os olhares que ainda se mantinham sob ela. Não se importava. Ela até poderia dar alguns acenos para alguns jornalistas ali presentes se não estivesse com tanta… pressa.

  -Eu estou muito orgulhosa de você, ruiva. -Disse Viviane, quando Gina parou em sua frente.

    -Eu falo com você amanhã?

    -Pensei que eu teria que ir para a Toca.

   -Não seja boba, pode ficar tranquila. Você terá a casa só pra você pelo resto da noite. E, sabe, você está livre para levar um loiro… ou um ruivo. -Gina riu ao ver a amiga revirar os olhos, mas a abraçou mesmo assim. -Não vá embora sem se despedir, ok? Eu sei que você odeia despedidas, mas faça isso por mim.

  -Aparentemente, todo mundo sabe disso... -Comentou Viviane, retribuindo o abraço da ruiva. -Divirta-se.   

   Gina lançou um último olhar em direção a amiga antes de dar as costas a ela. Harry já a esperava no outro lado do salão, onde os bruxos voltavam aos poucos a dançar após o show extra que ela e Harry haviam dado. A única coisa que ela viu foi Molly Weasley se abanando, como se não estivesse preparada emocionalmente para tudo o que havia acontecido até ali, antes de alcançar a mão que o dono dos seus olhos verdes preferidos lhe oferecia.

  -Você foi se desculpar com o Ministro por ter que se ausentar? -Indagou ela, divertida demais com aquela fuga nada indiscreta.

 -Não. Fui falar com Rony e Hermione. -Respondeu ele, enquanto a guiava em direção a uma das lareiras que os levariam para fora dali.

  -Falar o que?

  -Para não voltarem pra casa hoje.  

   


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Notas finais do capítulo

N/A Cella: Aiiii, eu tô tãaao feliz em postar esse capítulo e ansiosa para saber o que vcs vão achar... A dança do Harry e da Gina estava programada desde o nascimento dessa fanfic. É um momento importante e um dos mais esperados da história, espero realmente que tenho alcançado as expectativas de vocês.
O próximo capítulo será dominado por Hinny tanto quanto esse, embora de um jeito diferente... alguém aí gosta de cenas danadinhas??? HSUAHSUAHAUA
Alguns avisinhos importantes:
—Temos um grupo fechado no facebook em união com a Fe Damin, no qual falamos sobre 'Destino, futuros projetos e indicações de livros e fanfics. Participe, adoraremos conversar com vocês por lá! ;) https://www.facebook.com/groups/1779275052355810/
—A LEVans postou uma nova fanfic HINNY, que eu particularmente já considero uma das melhores que já li (e não é pelo fato de sermos irmãs). Se você gosta de música, ama esse casal e gosta de sofrer, vai amar ler Trilha Sonora. https://fanfiction.com.br/historia/718376/Trilha_Sonora/
Então.. é isso!! No aguardo dos comentários de vocês, não me escondam nada!!
Beijão!! ♥



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