Dois Caminhos, Um Só Destino escrita por LEvans, Cella Black


Capítulo 17
Capítulo 16- Cara a Cara ou Cara a Tapa?


Notas iniciais do capítulo

N/A Giks: Heeey pessoal!! Cap chegoou!! Parece até milagre, né? Não demoramos tanto dessa vez!! Era para termos postado ainda em 2013, mas um raio caiu perto de casa e queimou o treco do wifi. Raivaa!! E isso aconteceu DUAS vezes!! Viram a nossa falta de sorte? Mas, enfim, postamos o cap!!
Cap super dedicado para a nossa Sister mais velha, Paulinha Almeida!! E, também, para a fofa da Mary B pelas lindas recomendações!! Agradecemos também para todos aqueles que nos mandaram reviewss!!!
É isso. Espero que apreciem o capítulo haha.
Nos vemos nas notas finais =D
N/A Cella: Ela estava com preguiça de escrever. Relevem =)



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And all the pain I put you through

(E toda a dor que eu te fiz passar)

I wish that I could take it all away

(Eu gostaria de poder retirá-la completamente)

And be the one who catches all your tears

(E ser aquele que apanha todas as suas lágrimas)

The Reason - Hoobastank

–Ai!

–Ah, desculpa.

–A-ai!

–Já vou acabar...

–AI!

–Pare de reclamar, Ronald Weasley!

–Essa coisa ‘ta doendo, Mione! –Resmungou o ruivo, deitado no sofá.

Hermione suspirou, e lhe lançou uma daqueles olhares típicos dela de quando estava com raiva.

–Prometo ficar calado e... AI! –Exclamou ele, finalmente recebendo a última gota do remédio sobre o seu braço direito.

Hermione, que até então se encontrava de joelhos no chão, levantou-se e colocou o pequeno vidrinho que carregava em cima da mesa de centro da sala. Ela limpou as mão com um pano e logo depois se virou para o noivo, que ainda estava largado no sofá, sem camisa e parecendo cansado.

–Ok, agora você vai me contar o que está acontecendo. –Exigiu ela, apoiando as duas mãos na cintura, ato consequente de presenciar Molly Weasley brigando com os filhos e netos.

Quando Hermione se deparou com o noivo no batente da porta, e com o braço ensanguentado, ela não pensou em outra coisa a não ser correr para ajudá-lo, com Harry e John em sua cola. Tudo aquilo só a certificou de que estava certa em duvidar do noivo e do melhor amigo, afinal, algo estava realmente acontecendo no Departamento dos Aurores.

–Hermione... – Começou Rony.

–Tudo bem, Harry não vai se importar em me contar o que está acontecendo, então. –Ela virou-se para o melhor amigo, que se encontrava sentado em uma poltrona, com os cotovelos apoiados em suas pernas, e com as mãos unidas, como se estivesse perdido em pensamentos.

Harry levantou os olhos e a olhou, com as sobrancelhas quase unidas. Ele estava com raiva, Hermione notou.

–O que foi? –Indagou ele.

–Quero saber o que está acontecendo no Departamento de vocês, Harry.

Ele suspirou e passou uma das mãos por entre seus cabelos. Levantou-se da poltrona e encarou John, que se encontrava calado sentado na poltrona oposta a do amigo.

–Me tirem dessa. Ela é sua amiga há mais tempo. –Balbuciou o loiro, recebendo um olhar arregalado e raivoso de Hermione.

–Francamente, eu...

–John, quero que vá ao Ministério e ponha em nota tudo o que aconteceu... Não podemos deixar passar nenhum detalhe. –Falou Harry, interrompendo a amiga.

–Mas e o jantar? –Hermione e Harry lançaram um olhar raivoso para o loiro assim que ele falou. – Ah... eu nem estava com fome...

John deu de ombros e levantou-se, pondo ambas as mãos nos bolsos de sua calça. Passou por Rony e acenou com a cabeça para o mesmo.

–Até amanhã, cara. –Disse John, antes de desaparecer por detrás da porta de entrada para o apartamento dos amigos.

Harry virou-se para uma Hermione de braços cruzados, olhando-o ansiosa por respostas. Ele suspirou. Ele sabia que a amiga desconfiava de algo, afinal, ele nunca subestimou a inteligência dela. Direcionou um olhar para o amigo deitado no sofá, e esse olhou para a noiva, constatando que ela não deixaria que eles a deixassem em branco.

–Estamos sendo ameaçados. –Soltou Rony.

Hermione virou tão rapidamente a cabeça em direção a ele que o ruivo se assustou.

–Ameaçados? Como assim ameaçados?

Harry passou uma das mãos por seus cabelos e suspirou novamente. A cegueira diante do caso lhe irritava profundamente.

–Alguém anda mandando cartas anônimas com ameaças contra o Ministério. –Continuou Harry.

–Que tipo de ameaças? –Quis saber ela. –Não ouse tentar se levantar desse sofá, Ronald Weasley!

Rony, que estava prestas a se levantar apoiando seu peso apenas com um braço, bufou e voltou a se afundar no sofá.

–Ameaças, Hermione! Ameaças contra mim!

–Sim, mas isso não é normal? Digo... Como podem levar essas ameaças a sério? Pode ser alguém fazendo brincadeirinhas ou algum bruxo sangue puro que...

–E você acha que levaríamos a sério se não tivéssemos certeza de que as ameaças são verdadeiras? Quem quer que seja, me quer fora do Departamento. –Ponderou Harry. Suas sobrancelhas quase unidas em cima de seus olhos demonstravam o quanto aquele assunto lhe tirava do sério.

–Isso é um absurdo. Você não pode abandonar o Departamento! –Exclamou Hermione.

–Eu não vou fazer isso Hermione, acontece que ele falou sério quando disse que eu sofreria as consequências por isso!

Harry olhou para Rony, como se estivesse se desculpando por algo.

–Além do mais, quem mandou as cartas sabe de detalhes sobre casos antigos que não liberamos para o Profeta nem para os outros jornais. –Continuou Rony, atraindo a atenção de Hermione.

–Isso quer dizer que...

–Que o ‘espião’ ou sei lá do que devemos chamá-lo está infiltrado no Ministério... ou até mesmo no Departamento. Já lemos todas as fichas dos nossos aurores e não encontramos nada, nenhuma pista que nos leve a esse maldito estranho. Estamos completamente cegos, Hermione.

Fez-se um minuto de silêncio. Rony e Harry encaravam a morena, que parecia digerir e repassar todas as informações que acabara de receber. Ela sentou no pequeno espaço ao lado de seu noivo parecendo olhar para o nada.

–Vocês... vocês deveriam ter me falado disso tudo antes.

–Não acho que mudaria muita coisa, Hermione. –Ponderou Harry. –E não acho que seja a hora de dar sermão.

A morena não ligou para a grosseria do amigo. Ainda estava muito entretida com os próprios pensamentos.

–Vou ajudar vocês. Vou pensar em algo, juro que vou. –Prometeu Hermione, determinada.

–Não. Não quero que você se envolva mais nisso, Mione. Sem chance. –contrapôs Rony, levantando um pouco seu tronco do sofá.

–Já estou envolvida. Sou a amiga de Harry e você é o meu noivo. As ameaças cabem a mim também!

Nenhum dos dois encontrou argumentos contra os da amiga. Ambos sabiam que, infelizmente, Hermione estava certa.

–Harry, preciso ler as... as cartas.

Harry concordou e voltou a se sentar. Em todos os seus anos como auror, ele nunca havia se sentido tão inútil como naquele momento. Queria poder enxergar a solução para aquilo, e principalmente não precisar aceitar ajuda de Hermione. Não que ele deixasse seu orgulho falar mais alto, mas como chefe dos Aurores, se sentia no dever de solucionar todos os casos que adentravam em seu departamento.

–Estão no Ministério. Mas ninguém poderá saber que você as lerá. –Pronunciou Harry, sendo apoiado pelo amigo ruivo.

–Sim. Você não precisa se expor mais do que já está.

–Ron...

–Não quero ter motivos para adiar nosso casamento, Mione.

–Não vão ter. Vamos conseguir pegar seja lá quem estiver mandando essas cartas. E ele pagará caro por isso em Azkaban. –Disse Harry, com convicção. –E amanhã temos que ir n’A Toca.

–Pra que? –Perguntou Rony.

–Reforçar os feitiços ao redor dela, Rony. Todo cuidado é pouco. Não quero que mais ninguém seja atacado, por mais que eu não ache que o dono das cartas vá tentar mais alguma coisa contra algum de nós... Pelo menos, não pelos próximos dias.

–Certo, mas vamos ter que ter cuidado com os sentidos aguçados da mamãe.

Hermione deu um leve sorriso. Molly facilmente notava quando algo estava fora do lugar e, principalmente, quando um de seus filhos escondia algo. Ela conhecia suas crias tão bem que muitas vezes ela se perguntou se a matriarca ruiva podia ler as mentes dos filhos.

–Bem... acho que já posso pedir o jantar, não é? –Indagou Rony, meio receoso. Ao seu lado, Hermione o olhou com os olhos arregalados. – O que? Eu ainda não jantei. Preciso recuperar as energias!

Harry não quis ficar para acompanhar a curta discussão dos amigos. Desejou boa noite e se dirigiu para seu quarto, onde encontrou Almofadinhas deitado em cima de seu tapete.

Tomou um banho e, quando se deitou em sua cama, se pôs a pensar novamente no relato de Rony antes de ambos contarem à Hermione o que estava acontecendo.

“Eu não sei direito como aconteceu... eu só senti algo me atingir no braço e quando vi, estava sangrando.” Fora o que o ruivo dissera como ganhara o machucado no braço logo após sair da loja de Jorge no Beco Diagonal.

Beco Diagonal.

Harry suspirou e mexeu-se em sua cama. Aquele era um lugar público a qualquer bruxo, simplesmente não poderia associar a ninguém especificamente com tantas pessoas frequentando aquele local todos os dias!

Ter isso como uma pista totalmente inútil foi o que lhe fez demorar a pegar no sono, afinal, o que mais poderia ter acontecido a Rony se ele não houvesse aparatado logo que fora ferido?

Era um dos raros momentos que Harry chegava a ter raiva dos próprios pensamentos.

XXXXX

–Se você encostar mais uma vez no meu braço, juro que quebro esses seus dentes! - Disse Rony assim que aparatou ao lado de John e Harry nos jardins d’A Toca.

Já era noite, e a única coisa que iluminava onde estavam eram a luz da lua e a claridade que vinha das lâmpadas de dentro dos cômodos da casa dos Weasleys. Não havia muito barulho também, embora o grunhido de Rony quando John encostou sem querer em seu braço machucado tivesse sido alto o suficiente para espantar alguns gnomos de um arbusto próximos a eles. Era a terceira vez que Harry via o melhor amigo brigar com John pelo mesmo motivo, e mesmo sabendo das brincadeirinhas do loiro, ele duvidava que esse estivesse fazendo isso propositalmente.

–Desculpe. –Pediu John, sorrindo sem graça para a face carrancuda de Rony.

Harry começou a andar em direção a entrada d’A Toca ao lado de ambos, rindo com a briga.

–Eu deveria proibir suas vindas à minha casa. Você só vem pela comida! –Brigou Rony secamente.

–E você vem por qual motivo? Porque, pelo o que eu me lembre, a sua casa fica no centro de Londres que, aliás, você divide com o Harry. –Respondeu John de uma maneira natural. Já havia se acostumado com as patadas do ruivo quando esse estava de mal humor.

Harry deu um pequeno riso.

–Mas essa é a casa da minha mãe!

–Resposta certa. Sua mãe. E eu tenho certeza que, tendo bom gosto, ela adora minha companhia! Se acostume, Roniquinho. –John deu uma piscadela para Rony, que fechou a cara diante do apelido e quase voou pra cima do amigo quando esse, novamente, encostara em seu braço machucado.

Dessa vez, Harry achou que o ato fora totalmente proposital.

Quando enfim entraram n’A Toca, Rony e John pararam com a briguinha besta assim como haviam parado de andar. Harry sentiu as pernas pesarem e o ciúme lhe correr por dentro assim que se deparara com aquela cena.

David e Gina estavam na sala, ambos em pé e de frente para o outro.

Embora eles houvessem parado o que quer que estavam fazendo quando eles três chegaram, Harry percebeu que havia algo de errado. A aparência de David não estava de acordo com a que ele estava acostumado a vê-lo nos poucos momentos que estiveram juntos, tão pouco a face de Gina, que aparentava estar um tanto... assustada.

Depois de alguns minutos em silêncio, David falou:

–Vamos Gina, volte comigo! –O modo como ele falara incomodou tanto Harry quanto Rony. Fora ríspido e, como se não bastasse, David carregava um sorriso sem vida no rosto marcado por profundas olheiras. Quando ele deu um passo para mais perto de Gina e cambaleou, juntamente com o cheiro forte de álcool que invadiu a sala por um momento, confirmou as suspeitas dos três que assistiam a cena: David estava completamente bêbado.

–David, eu não... –Tentou falar Gina, com os olhos arregalados e com certo medo da proximidade com o ex-namorado.

–Não diga n-não! EU AMO VOCÊ. OUVIU, GINA? EU AMO VOCÊ! –Gritou ele, fazendo a ruiva pular com o susto.

Harry fechou os punhos e tentou ignorar a raiva que estava começando a subir por seu corpo, tentando entender o porquê daquela briga. Gina havia terminado com David?

–Por Deus, o que está acontecendo aqui? –Disse uma Sra. Weasley, que surgiu da porta que dá acesso à cozinha da casa. Estava usando um avental e segurava uma colher, pois havia vindo correndo quando ouviu o grito de David.

–Eu também quero saber! –Exclamou Rony, que estava tão impaciente quanto Harry.

Gina ignorou as perguntas e manteve sua atenção em David. Nunca havia o visto daquela maneira, muito menos tinha sido tão ríspido com ela.

–David, você bebeu. Não é uma b-boa hora para conversamos e... –Ela foi interrompida pela forte e totalmente forçada risada do medibruxo.

–Você está tentando me enrolar! Acha que eu... –riu- ...que eu não sei o porque de você ter feito isso? –Ele deu mais um passo em direção a Gina. – TUDO É CULPA DO IDIOTA DO HARRY POTTER!

John olhava assustado para a briga, focando os olhos ora no ex-casal, ora em Harry, que parecia cada vez mais irritado.

Os gritos de David haviam soado por toda a casa, fazendo com que Viviane descesse correndo pelas escadas na frente de Carlinhos e Arthur.

–Por favor, não faç... –A voz de Gina era calma e paciente, embora suas mãos tremessem.

–PORQUE, GINA? FOI POR ELE TER SALVO VOCÊ UMA VEZ? – David continuou gritando e, com mais um passo, ele segurou no braço direito de Gina repentinamente que a ruiva não teve tempo de se esquivar. –SÓ PORQUE ELE É O HEROIZINHO DO MUNDO BRUXO? HARRY POTTER É UM IDIOTA!

–David... me solte... você está me machucando! –Pediu Gina com a voz mais ríspida e firme dessa vez.

–Acho melhor fazer o que ela pediu. –Disse Harry, com os punhos fechados enquanto se aproximava mais deles. A maneira como David tocou em Gina o enfureceu de tal maneira que ele duvidaria conseguir se segurar caso ele não o ouvisse, pois, ao contrário dos outros que estavam estáticos na sala diante da cena, Harry se segurava para se manter parado.

–Harry, não se meta... –Pediu Gina, tocando na mão com a qual David a segurava, tentando inutilmente se soltar.

Mas ao invés de ouvir o que Harry dissera, David apertou mais o braço de Gina e a trouxe para mais perto de si, não tirando nenhuma vez seus olhos sobre ela.

–FOI POR ELE, NÃO FOI? ADMITA! –Gritou mais uma vez ele.

Tudo aconteceu muito rápido. Gina sentiu seu braço ficar livre da mão de David quando um Harry enfurecido largou um soco na cara de seu ex-namorado, fazendo-o cair no chão.

Molly e Viviane gritaram, ao mesmo tempo que Arthur e John iam em direção à David caído no chão. Rony por vez foi até sua irmã, já que não poderia fazer muita coisa com o braço machucado.

–Harry, se acalme! –Pediu John, quando ele e o Sr. Weasley tentaram ajudar David a se levantar. Mas o chefe dos aurores ignorou o amigo e levantou David pelo colarinho da blusa antes que John e Arthur pudessem o fazer, o jogando de costas contra a parede mais próxima.

–Escute bem o que eu vou dizer. –Começou Harry ríspido, apontando para o rosto de David que agora estava sujo de sangue que escorria do machucado aberto pelo soco em cima de uma de suas sobrancelhas. –Nunca mais chegue perto da Gina e a segure do modo que a segurou. Se eu souber ou imaginar que você chegará perto dela dessa maneira novamente, eu juro que quebro os ossos dos seus braços.

Com certa relutância, John e Arthur seguraram pelos ombros de Harry, tentando acalmá-lo e impedi-lo de fazer qualquer coisa contra David novamente. Carlinhos se pôs entre os dois e passou um dos braços do medibruxo por seus ombros, pois duvidava que ele conseguisse dizer alguma coisa ou dar um passo sem ajuda.

–Eu vou levá-lo para o Caldeirão Furado. –Disse Viviane, pegando pelo outro braço de David. Seu rosto não expressava emoção alguma, assim como o de Gina, que se encontrava parada olhando para o ex-namorado, parecendo tentar entender o que havia acontecido.

–O que? Não! –As palavras saíram da boca de John sem que ele pudesse contê-las quando ele se pôs em frente à Viviane, tentando impedi-la de ajudar David.

–Saia da minha frente, seu idiota. Ele é meu amigo! –Respondeu ela, empurrando o loiro para o lado. O que ele estava pensando, afinal? Não era seu dono, muito menos tinha o poder de impedi-la de fazer algo!

–Eu vou junto. –Disse Carlinhos.

John viu os dois saírem com David d’A Toca sem que ele pudesse fazer outra coisa.

Harry ainda tentava regular a respiração, enquanto sua raiva começava a se esvair ao ver David sair. Arthur tirou a mão de seu ombro e foi acalmar Molly, que estava completamente sem ação diante do que vira.

–Oh céus... –Era tudo o que ela conseguia dizer.

Rony também olhava para o amigo com um misto de surpresa e satisfação nos rosto por ele ter defendido sua irmã. Essa, porém, o olhava com tristeza e um tanto de... raiva? Harry não soube dizer. Nunca fora bom em decifrar mulheres, principalmente quando se tratava de Gina Weasley. Mas ele fora capaz de perceber as lágrimas que começavam a encher seus olhos, e sua inquietação ao morder os lábios e desviar seus olhos dos dele.

Sem dizer nada, ou se quer olhar para sua mãe, Gina saiu a passos rápidos da sala e subiu as escadas em direção ao seu quarto sob o olhar de todos na sala.

A Sra. Weasley ainda fez menção de seguir a filha, mas Harry foi mais rápido. Ignorou o fato que entraria no quarto de Gina mesmo sabendo que Rony acharia aquilo um completo desrespeito, ou o fato que a ruiva mesma talvez ignorasse sua companhia. Harry apenas queria saber se ela estava bem.

–Quero ficar sozinha. –Foi a primeira coisa que ele a ouviu dizer quando abriu a porta e voltou a fechá-la rapidamente. Gina estava de costas, em frente à janela de seu quarto e, embora ela não houvesse visto quem entrara, Harry pôde notar rispidez em sua voz.

–Não vou a lugar algum. –Respondeu Harry, fazendo Gina virar-se de frente para ele quase ao mesmo tempo em que as palavras saíram de sua boca.

Mais uma vez naquela noite, Harry não soube decifrá-la, pois a ruiva não aparentava nada além do comum. Se não fosse uma simples lágrima que ele vira cair em seu rosto, poderia dizer que Gina estava completamente normal. E aquela lágrima fora o suficiente para o chefe dos aurores andar para mais próximo a ela.

Em todos os anos que conhecia Gina Weasley, não se lembrava de tê-la visto chorar mais do que uma ou duas vezes. A ruiva era sempre o que muitas meninas chegavam a chamar de “durona” durante sua estadia em Hogwarts. A caçula dos Weasley possui uma beleza diferente, capaz de conquistar qualquer homem na opinião de Harry, mas seu lado sensível e frágil não transpareciam em momentos difíceis, como na Guerra em que ela vira Fred morrer. Gina se manteve forte, e consolou a mãe pelo tempo em que Molly chorou. Ela se manteve firme para fazer o papel de mãe que a Sra. Weasley não conseguiria fazer com o restante dos filhos que também sofreram com a perda do irmão.

E, com o passar dos poucos dias em que ele e Gina estiveram juntos em seu sexto ano, Harry percebeu que aquilo era o que mais admirava nela. Portanto, ver uma lágrima cair de seus olhos lhe informava que por mais pacífica que ela demonstrava estar, seu interior certamente não sentia o mesmo.

–Não vou a lugar algum até ter certeza que você está bem. –Voltou a dizer, Harry em quase um sussurro. Lentamente, e a olhando nos olhos, ele levantou sua mão esquerda e limpou a lágrima que Gina deixara escapar.

A ruiva bufou e fechou os olhos quando pegou a mão que Harry mantivera em seu rosto para tirá-la dali.

–Vai embora, por favor. –Pediu ela, no entanto ele ignorou outro pedido naquela noite e, ao invés de fazer o que ela estava pedindo, ele a abraçou, duvidando que viesse a se arrepender depois.

Quando sentiu os braços dele a envolverem firmemente pela cintura, Gina sentiu que desabaria. Encostou a cabeça no peito de Harry e simplesmente chorou. Chorou como nunca antes havia feito na frente de alguém, nem mesmo de seus pais.

Seu choro fora baixo, pois ela abafava alguns soluços na camisa de Harry, enquanto esse parecia não ligar para o fato de sua camisa estar sendo molhada. Ele apenas levantava e descia as mãos pelas costas da ruiva em um carinho acolhedor.

Pelos poucos minutos de silêncio pelos quais Gina chorou abraçada a ele, ninguém invadira o quarto. Nem mesmo barulho do andar de baixo eles escutaram. Ambos estavam tão concentrados no contato com o outro que o mundo ao redor era o que menos importava no momento.

–É tudo culpa minha. –Falou Gina quando parara de chorar e se afastava um pouco de Harry. Seu rosto estava vermelho, mas sua voz não parecia de quem havia acabado de chorar. –O David nunca foi de beber, ele nunca agiu daquela maneira comigo até eu...

Harry, dessa vez com as duas mãos, enxugou as bochechas de Gina e afastou alguns fios de cabelo ruivo que estavam colados ao rosto da mesma devido às lágrimas que derramara.

–Eu não sabia que você tinha terminado com ele...

–Não foi por você que fiz isso. –Falou ela rapidamente, o que fez Harry dar um sorriso. A Gina durona por qual era completamente apaixonado voltara novamente.

–Não imaginei que fosse.

A ruiva assentiu e suspirou. Sua respiração estava ainda um pouco descompensada com o choro.

–David não é assim. –Voltou a falar Gina, parecendo dizer as palavras para si mesma. – Ele só bebeu porque fui ...

Harry a viu passar as duas mãos pelo rosto impacientemente.

–Olhe pra mim. –Pediu ele, e ela o fez. – A culpa não foi sua, Gina. Você não poderia imaginar que ele iria aparecer aqui bêbado e fazer o que fez. –Embora quisesse tocá-la novamente, Harry achou melhor manter suas mãos caídas ao lado de seu corpo, mas continuou perto dela o suficiente para sentir sua respiração bater em seu pescoço.

–Você não deveria ter dado um soco nele. Ele não sabia o que estava fazendo... –Falou Gina, e Harry sentiu uma pontada de ciúmes ao ver a preocupação em sua voz. Mas, apesar de saber que ela estava certa, ele nunca se arrependeria do soco. Desde que vira David pela primeira vez, sentira vontade de fazer aquilo.

–Ele ficará bem. –Foi tudo o que ele disse.

–Certo. –Disse ela, mais uma vez parecendo tentar convencer a si mesma. –Eu acho melhor você ir... agora...

Harry assentiu.

–Está com raiva de mim? –Perguntou ele, e Gina se repreendeu por estar sendo um tanto rude com ele. Harry a consolara, e se mostrara preocupado quando a seguiu. E, por mais que negasse, tratá-lo com indiferença desde que brigaram n’A Toca era tão difícil para ela que chegava a irritar.

–Nunca senti raiva de você. –Respondeu ela, e ele deu um meio sorriso com a resposta.

Harry acariciou as bochechas de Gina mais uma vez e aproximou seu rosto do dela. Por um momento, a ruiva pensou que ele a beijaria nos lábios, mas não foi o que aconteceu. Ele beijou-a na testa e se afastou com certa dificuldade, ignorando a vontade de tê-la ao redor de seus braços mais uma vez.

–Boa noite. –Desejou Harry, para logo depois virar-se de costas para Gina e andar em direção à porta.

Quando ele saiu do quarto, sentiu como um peso houvesse saído de suas costas. Ela terminara com David! Por mais que a ruiva mesmo havia dito que ele não fora o motivo do término, Harry se sentia feliz e esperançoso. Mas, apesar de seu interior gritar para que ele voltasse para o quarto dela, saberia ter paciência. Gina ainda possuía uma forte consideração por David, portanto Harry sabia que ainda não poderia cantar vitória antes do tempo, afinal, ainda não a tinha para si.

Terminar com David fora um grande avanço para o lado do Chefe dos Aurores, mas ele sabia que enfrentar o gênio da caçula dos Weasley não seria nada fácil.

–Harry? –A voz da Sra. Weasley o despertou de seus pensamentos. Foi quando ele teve consciência que ainda estava parado em frente à porta fechada do quarto de Gina.

Molly aproximou-se dele e pegou em sua mão esquerda, sorrindo meigamente para o rapaz.

–Está tudo bem, querido? Minha Gina está bem?

–Sim. –Respondeu Harry, sabendo que a pergunta não se referia somente a ele. –Ela só quer ficar... sozinha.

–Obrigada. –Falou sinceramente a matriarca dos Weasley, acariciando rapidamente a face de quem considerava seu filho por mais de dez anos.

–Eu não fiz nada demais, Sra. Weasley. Fiz o que faria por qualquer um de vocês...

Molly sorriu para ele.

–Sabe que eu não estou me referindo ao soco que você deu no David, não sabe? Aquilo não foi uma atitude muito certa, Harry... –Repreendeu-lhe ela, embora continuasse sorrindo.

–Desculpe, eu só...

–Sabe querido, quando se é mais velho, acabamos percebendo certas coisas da vida que certamente teria nos ajudado muito caso houvéssemos percebido isso antes ou... termos recebido e escutado isso como um conselho. Mas, acho que não há problema algum de eu lhe dizer que, quanto menos aparenta ter, mais as pessoas gostam de você. E é exatamente por isso que eu gosto tanto de você. –Disse ela, ficando na ponta dos pés para dar-lhe um beijo no rosto. –Sinto muito não ter dito isso a você antes. E agora... oh, parece um momento tão inapropriado.

Harry sorriu para a mulher que considerava como mão desde os 12 anos.

–Obrigado, Sra. Weasley.

–Estou dizendo isso porque quero que saiba que eu sempre soube que você é o homem certo. –Molly disse aquilo como se fosse uma espécie de segredo. – Tenha paciência Harry. Tenho certeza que o tempo se encarregará de deixar tudo no lugar certo!

Dizendo isso, Harry viu a Sra. Weasley dá-lhe mais um beijo no rosto e subir mais um lance de escadas em direção ao seu quarto.

Mesmo não entendo muita coisa do que ela dissera, Harry sorriu.

XXXXXX

Sua pele se arrepiou no instante em que seus pés tocaram no gramado frio dos arredores d’A Toca. Cruzou os braços e esfregava suas mãos neles em busca de aquecê-los.

–Vamos entrar antes que você congele. –Disse Carlinhos ao seu lado, com um sorriso leve nos lábios.

Viviane retribuiu o sorriso e o acompanhou até a entrada d’A Toca. Ela e Carlinhos demoraram cuidando de um David bêbado e com sangue na cara recém socada. Ele estava inconformado com o término de seu namoro com Gina, com raiva por pensar que o motivo era Harry Potter e tonto pela bebida. Ela nunca murmurou palavras de consolo tanto quanto havia feito naquela noite. Por mais que não fossem tão íntimos, Viviane não deixaria David na mão.

A presença de Carlinhos, mesmo que um pouco zangado pelo o que o médibruxo havia feito com a irmã, foi fundamental. Sem ele, com certeza David teria caído várias vezes, já que Viviane não possuía força o suficiente para aguentá-lo sozinha. Ao chegarem ao caldeirão furado, levaram-no direto para o quarto em que ocupara e cuidaram do pequeno ferimento na sobrancelha do moreno, e logo depois o fizeram beber uma poção que uma das camareiras levou e que certamente aliviava os efeitos da ressaca. Só o deixaram quando ele já estava dormindo pesadamente.

David fora um idiota, Viviane tinha certeza disso. Não se lembrava de tê-lo visto bêbado antes, muito menos de ter segurado Gina daquela maneira agressiva. Suspirou. Pensar na amiga trouxe outra preocupação a tona. Se a conhecia bem, ela deveria estar incomodada com o que acontecera.

–Obrigada pelo que fez, Carlinhos. Sei que pensa que David não merecia sua ajuda. –Falou a morena, vendo-o dar de ombros logo em seguida.

–Gina tem um péssimo gosto para namorados. É só ele fazer o que Harry disse que vai ficar tudo bem. Ao contrário disso...

–Você vai demonstrar como se doma um dragão e usar David como cobaia? –Perguntou ela, sorrindo matreira.

O ruivo riu. Gina deveria ter aptidão para escolher namorados como tinha para escolher amigos, pensou ele.

–Algo parecido. –Ele passou em sua frente e abriu a porta d’A Toca, dando espaço para que Viviane adentrasse na sala primeiro para logo depois imitá-la e fechar a porta atrás de si. A visão que tiveram, porém, os pegou de surpresa. –Acho que alguém falhou na tentativa de esperar acordado você chegar.

Viviane olhava atônita para um John adormecido no sofá. Seus dois pés estavam apoiados em um banquinho, e provavelmente acordaria com dores no pescoço, já que sua cabeça tombava para o lado esquerdo e seu corpo ainda estava sentado de um modo desajeitado em cima do sofá. Ela engoliu a vontade de rir ao ver que o loiro dormia de boca aberta.

–Acho melhor você acordá-lo. –Murmurou Carlinhos, não se preocupando em não esconder o misto de diversão no olhar juntamente com o sorriso em sua boca.

–Eu deveria deixá-lo aí. –Balbuciou Viviane, chegando mais perto do sofá em que John se encontrava.

–Bem, vou deixar a decisão com você. Estou morto de sono. –Finalizou o ruivo, com um bocejo logo em seguida.

–Pensei que voltaria para a sua casa...

–Depois de ficar uns dias sem dar as caras por aqui, a mamãe me mataria se eu fosse embora.

–Humm, é verdade. –Ela riu e acenou para ele.

–Até amanhã, Vivi.

A Batedora riu diante do apelido e o observou subir as escadas antes de voltar-se novamente para John. O que ele estava pensando, afinal? Ela sabia muito bem se cuidar, inclusive de caras conquistadores como ele. Cruzou os braços e ficou olhando-o dormir enquanto se decidia entre acordá-lo ou deixá-lo ali mesmo, sendo engolido por insetos.

Por fim, abaixou-se um pouco e lhe cutucou o ombro esquerdo.

–Vamos! ...Ei, acorda, folgado! –sussurrou ela, temendo acordar os demais bruxos da casa.

John se mexeu e, depois de alguns segundos, abriu os olhos, sentando-se reto e assustado, enquanto Viviane voltava a cruzar os braços.

–O que você estava fazendo aqui? Procurando uma bela dor nas costas, suponho. –Riu ela, irônica.

O loiro se acomodou no sofá e passou uma das mãos pelos cabelos.

–Estava esperando você, Pintinha. –Respondeu, sem rodeios.

–Pra que?

–Você está bem?

–Por que não estaria?

Ficaram se encarando por um tempo. Viviane com as sobrancelhas levantadas e John correndo os olhos por seu corpo, como se estivesse se certificando que ela estava realmente bem.

–Eu estava preocupado. O cara poderia ter te agredido ou...

Viviane bufou.

–David não seria louco de me machucar. Na verdade, ele não seria louco de machucar ninguém, ainda mais uma mulher. Ele estava bêbado. –Pronunciou ela, e John se levantou, ficando a centímetros longe dela.

–Por isso mesmo! Ele estava bêbado! –Respondeu ele, cerrando os olhos.

–Pois poupe a sua preocupação. Você não é nada pra mim.

Dizer aquelas palavras foi um pouco difícil, já que a conversa que tiveram com Gina e Hermione estava ainda muito nítida em sua mente. A única coisa que ela queria era que John desaparecesse naquele exato momento, para que voltasse a pensar coerentemente. Ela sabia que não estava em seu estado normal quando sentiu um desejo enorme de agarrá-lo e de beijá-lo quando ele chegou mais perto dela.

–Pintinha, Pintinha...

–Esse apelido é patético.

–...tudo o que eu queria era voltar no passado somente para ouvir você dizer novamente o meu nome de uma forma bem sexy dentro daquele galinheiro.

–Um vira-tempo talvez o ajudasse. – Sugeriu ela, tentando ao máximo não deixar transparecer quão afetada estava com a aproximação dele.

John soltou um sorrisinho e balançou a cabeça.

–Agarrar você agora com certeza ajudaria. –Respondeu ele, com convicção. –Mas não vou fazer isso, para sua completa infelicidade.

Viviane apertou mais seus braços contra si e sentiu a raiva corroer suas entranhas. John Bennett estava brincando com ela.

–Eu acho ótimo que tenha um pouco de bom senso. –Alfinetou.

John riu.

–Você não me engana, Pintinha. Por trás dessa armadura, sei que você quer me ter tanto quanto eu quero você novamente. –Ele chegou mais perto ainda, e a respiração de Viviane vacilou. Deslizou o nariz pela bochecha esquerda dela até chegar a seu pescoço para deixar-se se inebriar com seu perfume. –Mas, dessa vez, a iniciativa vai ter que ser sua. –Sussurrou.

–O-oque? –Ela se repreendeu logo depois que falara aquilo.

–Não vou mais agarrar você. Se quiser outra noite maravilhosa comigo, você vai ter que me agarrar. E eu sei que isso não é nenhum pouco difícil.

Ela precisou unir todas as suas forças para resistir ao impulso de beijá-lo e empurrá-lo para longe. Andou mais alguns passos para longe dele, certificando-se de que estaria em uma distância segura.

–Você sonha alto demais, Bennett.

John ficou rindo ao observá-la subir em passos duros em direção ao próximo andar d’A toca. Ele estava assustado com o quanto ela possuía poder sobre ele, e o quanto ainda a desejava. O loiro sabia que ela também sentia o mesmo. O arrepio em sua pele como consequência de seu sussurro e o ataque nervoso que ela dava sempre que o encontrava eram provas disso. Riu mais uma vez ao escutar, muito baixo, a batida da porta do quarto que Viviane estava. Olhou por entre a janela da sala e encarou o galinheiro. Revivendo mais uma vez aquela noite, murmurou:

–Estarei esperando ansiosamente, Pintinha.


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Notas finais do capítulo

Giks aqui. Bem, esse cap saiu menor que o anterior, mas espero que vocês tenham gostado mesmo assim. Vamos tentar postar outro cap antes do dia 24, pois, a partir dessa data, todas as nossas fics entrarão em HIATUS por um ano ou menos. Eu sei, isso é um horror. Vai ser um ano bem difícil sem postar, mas essa medida é necessária. É o ano do nosso vestibular, então temos que ter dedicação total nos estudos. Vamos entrar todos os dias, antes de dormir, pelo celular para ver como andam as coisas.. Espero que vocês entendam.
Outra coisa que eu gostaria de comentar é que eu e a cella respondemos todas as reviews que nos mandam, momentos antes do próximo capítulo chegar, mas olhando nas reviews dos caps anteriores, encontrei reviews não respondidas. Mil desculpas por isso, mas não sei explicar como elas não foram respondidas. Não somos autoras desnaturadas não huahuahua.
É isso. Comentem, critiquem, opinem.. A fic é pra vcs!!
Beijãão!