Dois Caminhos, Um Só Destino escrita por LEvans, Cella Black


Capítulo 16
Capítulo 15- Palavras indesejadas


Notas iniciais do capítulo

Giks:Heeey amores!! Não vou falar muito, apenas quero informar que desvinculei a minha conta da minha irmã. Agora sou a LEvans. Não estranhem, ok? haha Escrevi boa parte desse capítulo, então espero que eu satisfaça-os de algum modo. Beijãaao!!
Cella: Sem nada a dizer por enquanto... aproveitem o capítulo e nos vemos nas notas finais! ;D
Capítulo dedicado à Paulinha Almeida, que virou uma espécie de irmã mais velha para nós nos últimos meses.



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15- Palavras Indesejadas

I'm out of love but I can't forget the past

(Estou sem amor, mas não posso esquecer o passado)

I'm out of words but I'm sure it'll never last

(Estou sem palavras mas tenho certeza que isso nunca duraria)

–Gotten - Slash

O trinco soltou um pequeno barulho ao se abrir, fazendo com que Bichento acordasse de seu sono e andasse até a porta que acabara de ser aberta pela sua própria dona.

–Entrem... não reparem na bagunça. Faz alguns dias que não venho aqui... – Hermione abriu mais a porta e deu espaço para que Gina e Viviane entrassem em seu apartamento enquanto Bichento rodeava uma de suas pernas em uma maneira de dizer “Bem-Vinda”.

–Ele não mudou nada... –Disse Gina olhando para o gato gordo e peludo da amiga.

–É, ele continua abusado e manhoso,embora esteja velho... Rony ainda não conseguiu gostar dele. – Explicou ela, trancando a porta e deixando a bolsa que carregava em cima do sofá no canto da sala. –Bom, é aqui que eu moro quando não sou raptada pelo seu irmão.

Gina e Viviane riram da expressão da amiga e a acompanharam com o olhar quando essa afastou a cortina da janela mais próxima. Aproveitaram então para observar mais o local.

Apesar de Hermione ser bruxa, havia muitas coisas das quais nem Gina e nem Viviane souberam identificar, e que portanto deduziram serem objetos trouxas. Mas apesar disso, ambas acharam o apartamento tão aconchegante que se sentiram em suas próprias casas. O sofá onde Hermione acabara de sentar para tirar os sapatos de salto era azul marinho com alguns detalhes em branco, o que combinava com o tapete redondo bem no centro da sala. Havia também uma televisão de frente ao sofá, e embora ela não fosse tão grande quanto a de Harry e Rony, ainda fez com que Gina a ficasse admirando por algum tempo. A estante onde estava o enorme aparelho trouxa era bonito e organizado, com algumas fotos da amiga junto aos familiares e ao namorado e um pouco mais abaixo, uns livros estavam perfeitamente empilhados.

Na parede ao lado direito do sofá, havia duas prateleiras cheias de livros.

–Você tem muitos livros, Mione... –Disse Viviane, chegando perto das prateleiras.

–Bem... é, alguns. –Hermione levantou-se carregando os sapatos nas mãos. –Não tenho todos que gostaria de ter.

–É claro que não tem. O que seria da Floreios & Borrões se a cada mês não lançassem um livro e você não estivesse viva para comprar? Provavelmente iria a falência... –Falou Gina, deixando sua bolsa no sofá junto a da amiga. Viviane riu.

–Venham... –Hermione andou pelo corredor que ligava a sala aos demais compartimentos do apartamento. Mostrou para Viviane e Gina o quarto onde organizara mais de seus livros e onde gostava de resolver coisas de seu trabalho, também mostrou a cozinha, onde continha uma quantidade enorme de aparelhos trouxas e, por fim, seu quarto.

–Eu sei que não é muito... –Falou Hermione, largando os sapatos de qualquer maneira no chão de seu quarto. – Aqui é o banheiro. –indicou com a mão uma porta ao lado de um espelho grudado na parede.

Era verdade. O apartamento não era o mais luxuoso que Gina já vira, ou até mesmo o mais bonitos, mas o local onde sua amiga a pouco tempo deixaria de morar era exatamente o que procurava: pequeno, aconchegante e simples. Se identificou tanto com o apartamento que ela se imaginou facilmente passando seus dias ali.

–É perfeito, Hermione. –Disse ela, por fim. - Não tenho dúvidas, é aqui que irei morar.

–Oh, ainda bem que gostou. Confesso que não queria vender o meu apartamento para qualquer pessoa... eu meio que me apeguei a ele. –Explicou Hermione, enquanto Viviane se abaixava para fazer carinho em Bichento. – Irei deixar a maiorias dos móveis...

–Eu também adorei o seu apartamento, Hermione. – Falou a morena- Sem querer ser desagradável, mas me identifiquei com o quartinho menor. Será o meu lar quando vier passar uns dias aqui novamente.

–Sua abusada! –Gina fingiu-se de indignada, fazendo as amigas rirem. – Contanto que pague a diária, o quartinho é seu.

–Ah, não seja má. – Viviane sentou-se na cama de Hermione, onde essa também estava sentada. – Lembre-se que eu agüentei você por mais de 5 anos!

Gina e Hermione riram da cara de falsa tristeza de Viviane.

–Bom... então acho que está tudo certo, hum? Depois que eu e Rony nos casarmos, o apartamento será todinho seu, Gi!

–Obrigada! Não sabe o quanto está me ajudando com isso... –Suspirou Gina, sentando-se na cama de frente as amigas. – Agora só falta vender o que tenho em Gales.

–Isso você conseguirá fácil. – Garantiu Viviane.

Gina soltou um leve sorriso e suspirou, batendo as mãos nas pernas.

–Muito bem, já que são rara as vezes que estamos sozinhas e juntas, vamos aproveitar... Como anda os preparativos para o casamento? –A pergunta veio da ruiva. Por mais que Hermione resolvesse tudo sobre o casório com seu irmão n’A Toca, Gina não tivera tempo na última semana de ver ou conversar com a mãe sobre aquele assunto. Seus primeiros dias no novo trabalho não lhe deram muito tempo para tal ato.

–Na verdade, não resolvemos muitas coisas na última semana. –Suspirou Hermione, deitando-se na cama para mirar o teto. – Estou com tantas coisas na cabeça...

–Que tipo de coisas? –Indagou Viviane.

–Bem, estou preocupada com o Harry. Ele está tendo tantos problemas nos últimos tempos..

A ruiva abriu a boca para tentar evitar que o assunto da conversa chegasse onde ela mais temia, uma vez que falar ou pensar em Harry Potter era algo que estava tentando não fazer nos últimos dias. No entanto, sua tentativa fora falha, pois Hermione continuou a falar sem lhe dar qualquer chance de interromper.

–Gina, eu sei que a última “tentativa” de conversar que tivemos foi péssima. – Hermione suspirou. – Me desculpe... Jean apareceu lá de surpresa e acabou arruinando mais ainda o que eu estava dispostas a tentar resolver.

–Uou, espera aí! –Viviane cruzou as pernas em cima da cama e olhou para uma Gina um tanto sem graça. – Você conheceu a ex-namorada do Harry?

–Uhuum. Me desculpe por não ter te contado, mas eu realmente não queria tocar nesse assunto.

Viviane assentiu e trocou um olhar cúmplice com Hermione antes de voltar a atenção para a amiga ruiva.

–Sei o que vocês estão pensando. –Revelou Gina, olhando para as amigas. – Não tenho raiva da Jean se querem saber. Não há motivos para isso, há?

–Até quando você vai continuar se enganando, Gi? –Perguntou Viviane, com um sorriso incrédulo no rosto. – Você não pode ser forte o tempo todo, ou negar uma coisa que está mais do que na cara. Escute... eu não quero parecer radical ou me meter na sua vida de algum modo, mas como sua amiga eu devo te dizer que as suas tentativas de tentar não se magoar estão sendo falhas. Harry gosta de você, David também e ambos sabem disso. Como espera que eles vivam em completa harmonia? E sinceramente? Não acho que David ou Harry conseguiriam passar pelo menos uma hora trancados em uma sala sem socar a cara um do outro.

–Não exagere, Anne... –Disse Gina, levantando o rosto.

–Eu não quero complicar as coisas pro seu lado, Gi. Mas Viviane está certa. –Hermione pegou uma das mãos da caçula dos Weasley e continuou a falar. – Sinto como se você estivesse no meio de uma guerra, o que parece estúpido da minha parte. Harry e David são adultos... eles nunca chegariam ao ponto de matar um ao outro.

Gina suspirou. A verdade era que ela se sentia exatamente como Hermione revelara, e a pior parte era que não sabia como acabar com aquela guerra sem magoar Harry, David ou a si mesma. Estava se sentindo ferida por dentro com a decisão que tomara à duas noites, apesar de ter pensado pelo passar dos dias seguintes que aquela era a decisão certa a tomar, e de ter certeza de cada palavra que sairá da sua boca quando conversar com até então namorado.

–Obrigada por se preocuparem comigo. –Disse a ruiva, depois de alguns minutos de silêncio. – Quero que saibam que eu tomei uma decisão em relação a David, mas não direi a vocês. Pelo menos não agora. Não seria justo com ele...

–Confiamos em você, Pimenta. –Falou Viviane, arrancando um sorriso da amiga com o apelido. –Só queremos que seja feliz.

–Não tomei uma decisão pensando no Harry ou em David. Pensei em mim... e na nova fase da minha vida, meu novo trabalho... é com isso que estou me preocupando agora.

–Você está certa, e se quer saber, você está se saindo muito bem no Profeta! –Exclamou Hermione e Viviane balançou a cabeça concordando.

O elogio da amiga fez com que Gina abrisse um grande sorriso.

–Então vocês estão lendo a minha coluna!? Até você, Mione?

–Ora, porque eu não leria?

–Bem, até onde eu me lembre, em Hogwarts você nunca gostou muito de Quadribol...

–Ah, o fato de não querer jogar não significa que eu não goste. –Hermione deu de ombros. – Mas continuo achando Quadribol um esporte muito perigoso!

–Não tanto quanto sair com o melhor amigo e o futuro marido em uma missão de salvar o mundo bruxo! – Riu Viviane e Hermione pareceu concordar.

–Oh, sinto informar, mas meu irmão tem o sonho de ter 7 filhos e torná-los todos grandes jogadores de Quadribol. –Disse Gina, tirando uma careta da cunhada, o que fez Viviane rir.

Hermione ficara um tanto inquieta ao lembrar-se que aquele fora o assunto de sua última conversa com Rony. Filhos. É claro que por trás de sua fome por conhecimento e sua paixão por livros, havia um desejo quase genuíno de se tornar mãe. O grande problema era que ela duvidava de sua capacidade para tal ato, e aquilo lhe tirara o sono durante a última noite, pensando que não tinha tanta experiência com crianças. Até mesmo Harry havia adquirido um jeito de “pai” devido sua aproximação com Teddy, mas com ela não tivera esse efeito. Não quando estava atolada no trabalho, se dedicando mais do que julgaria ser saudável ao seu cargo no Ministério quando deveria estar em casa, curtindo seu namorado ou até mesmo ajudando Harry a cuidar de Teddy.

O fato de Bichento estar um tanto magro também não lhe ajudava com a esperança de um dia conseguir ser mãe. Como poderia cuidar de um filho sem nem mesmo de seu gato ela conseguia cuidar? Tentou imaginar sua vida junto a Rony no futuro, sem nenhuma criança para cuidar, mas aquilo a assustou. Sabia do desejo do namorado de ser pai, e da felicidade que ele sentiria ao carregar seu herdeiro no colo.

Agoniada, resolveu compartilhar a angustia com Gina e Viviane.

–Vocês... p-pensam em ter fi-filhos?

A pergunta pegou-as de surpresa.

–Eu não sei. Acho que sim... daqui a alguns anos talvez... –Respondeu Gina, dando de ombros. – Meus irmãos aceitaram a pouco tempo o fato que eu beijo na boca. Não sei se eles agüentariam me ver grávida assim, tão cedo.

Hermione deu um risinho e olhou para Viviane a espera que a amiga dissesse alguma coisa, mas essa lhe pareceu um tanto triste.

–Viviane?

–Hã? – Sibilou ela, como se houvesse acabado de entrar no quarto. A verdade era que Viviane perdera a vontade de ser mãe a muito tempo atrás, quando a vida lhe tirou algo que ela julgara ter sido a coisa que mais amou em sua vida até então, mesmo que tenha sido por um curto período de tempo.

–Deseja ser mãe algum dia? –Perguntou Hermione novamente, olhando para Gina afim de ver se ela também notara o estranho comportamento de Viviane.

–Não. –A resposta saiu rápida dos lábios de Viviane, como se ela já estivesse preparada para aquela pergunta à anos. E de fato, ela estava.

Vendo que havia algo errado com a amiga, Gina tratou de seguir com a conversa.

–Porque a pergunta, Mione?

–Er... bem, o Rony me disse ontem, quando estávamos vendo um filme, que ele quer ter filhos. –Hermione suspirou. – Eu já sabia disso, claro, mas é que... eu não sei se estou preparada para criar um filho agora.

–Há algum problema com...?

–Não Gina, não é isso. Eu fiquei pensando durante a noite inteira, tentando me imaginar cuidado de um bebê e descobri que não tenho experiência nenhuma! E isso me parece tão vergonhoso! Fleur e Angelina sabiam exatamente o que fazer quando se tornaram mães, mas eu...? Bem, não acho que terei a mesma sorte.

–Você está sendo uma boba! –Disse Gina, sorrindo meiga para a amiga. – Nunca ouviu falar que nós, mulheres, nascemos com um extinto materno? E oh, por favor Mione, você tem a mania de cuidar do Rony e do Harry desde os tempos de Hogwarts! Como pode pensar que não será uma boa mãe?

–Eu...

–Você será uma ótima mãe, Mione. – Falou Viviane, embora não olhasse para o rosto da amiga enquanto falava. - E o Rony será um ótimo pai. Vi como ele e o Harry tratam as crianças de sua família.

–Meu irmão pode ser um insensível as vezes, mas concordo com a Anne. Ele será um bom pai.

–Eu não tenho dúvidas quanto a isso – Declarou Hermione, por fim.

–Se quer saber, a maior discussão disso tudo já está resolvida. Não se trata se você vai ser uma boa mãe, porque todos aqui sabem que você vai ser. A maior preocupação é ter certeza de que você escolheu a pessoa certa para ter um filho... Mas você também não precisa mais se preocupar com isso, porque.. Você e Rony se amam. E eu acho que isso basta. –As palavras de Viviane saíram involuntárias de sua boca enquanto olhava para as próprias mãos. A morena levantou os olhos para as amigas quando se deu conta de que ambas a olhavam, como se acabasse de ter falado algo estupendo e extraordinário.

As palavras não estavam sendo tão fáceis de serem ditas para Viviane como aparentava. Falar sobre bebês nunca mais seria um assunto que lhe traria sorrisos... Sorrisos parecidos como o que o cara que ela vira no elevador do Ministério lhe lançara.

Não havia comentado nada com Gina, já que duvidava que ela entenderia seu medo sem perguntar o real motivo para tal sentimento. Nunca em sua vida relatara o que passara, pois evitava a todo custo lembrar-se da dor que sentira. E de alguma forma, encontrar o cara por quem possuía um profundo ódio, fez com que ela vivesse tudo o que acontecera naquela noite novamente. E aquilo estava lhe arranhando por dentro.

A pior parte era que o único que a fizera esquecer dos problemas depois da última vez que aquilo acontecera, fora John. Mas Viviane simplesmente não poderia procurá-lo, afinal ele virara um “problema” também.

Suas palavras também haviam deixado sua amiga ruiva pensativa.

Diante da declaração de Viviane, uma discussão começou na mente de Gina. Enquanto pensava no mistério que a amiga deixava transparecer em raros momentos – como aquele- , se perguntou se ela havia achado a pessoa certa. É claro que a ruiva pensava em ser mãe, no entanto, se dera conta de que nunca havia pensando sobre a ideia estando ao lado de David. E ela tinha certeza de que ele tão pouco se interessava. Logo ele, que vivia trabalhando, buscando ascender e subir a um pódio do qual nem ele mesmo sabia onde terminaria. David pai? A ideia parecia estranha para Gina, como se ‘pai’ e ‘David’ fossem palavras antônimas.

–Você tem toda razão, Viviane. – Disse Hermione, fazendo assim a ruiva sair de seus desvaneios. – Não sabia que você era tão romântica. Não me leve a mal, mas é que... bem, pensei que você fosse daquelas jogadoras de Quadribol duronas que não demonstram o que pensam e sentem...

Um sorriso displicente brotou nos lábios de Viviane.

–As vezes as duronas também sabem ser românticas quando querem. Depende da situação. – Ponderou ela.

–Ou de uma pessoa. – Emendou Gina com um sorrisinho nos lábios, embora a afirmação tivesse soado mais como uma pergunta.

–O que? Lá vem você, Pimenta. Eu sei que você está se remoendo por dentro. Desembucha. Quer saber se eu tenho alguém, não é?

Hermione olhou-a ansiosa.

–Na verdade, não. Porque eu sei que você tem. E, por acaso, eu também sei que ele é auror, loiro e super bonitão. – Gina animou-se diante da reação da

amiga, que revirou os olhos e suspirou, o que comprovava as suspeitas da ruiva. Viviane e John com certeza tinham algo!

–Huum, ninguém desconfiava, sabe? Ainda mais com aquele comentário super bem-vindo do Teddy. – Brincou Hermione, irônica.

–Vocês estão equivocadas. Eu não tenho John e nem ele me tem. Fim. Ponto final.

Hermione e Gina trocaram olharem, ambas com as sobrancelhas levantadas, enquanto Viviane mexia com algumas mexas escuras de seu cabelo.

–Ok. – Falou Viviane, em meio a um suspiro, depois de alguns minutos em silêncio. Olhou para Gina e Hermione que tinham um brilho nos olhos, como se fossem duas adolescentes curiosas prestes a soltar gritinhos. – Nós transamos.

Ao contrário do que parecia, Gina e tão pouco Hermione emitiram algum som. Talvez estivessem bastante surpresas para tal, pensou Viviane, ao ver os olhos arregalados das amigas e suas bocas abertas.

–U.. uau. –Falou uma Hermione completamente escandalizada. – Que...

–Rápidos? – Perguntou Viviane.

–Eu ia dizer direta, mas é.. pode ser o que você disse.

–E você ainda diz que não tem nada com John... – Disse Gina.

–Mas realmente não tenho. Foi só uma noite, ok? Apenas... sexo.

–Então você não se sente nem um pouco... mexida com ele? – Indagou Hermione.

–Não.

Gina se remexeu em cima do colchão.

–Pensei que você não fosse daquelas que dormisse com o primeiro que aparece. – Declarou a ruiva, recebendo um olhar arregalado de Hermione.

–Gina!

–E eu não sou! – Disse Viviane, claramente insatisfeita com o que a amiga dissera.

–Por isso mesmo, Viviane. Você não é! Você cansou de dar o fora em milhares de homens, por que com John seria diferente? Você está sendo teimosa, isso sim. Está se negando, como se isso fosse reverter o que está sentindo!

Viviane soltou um suspiro, sorrindo sarcástica.

–O que você está querendo dizer, Pimenta?

–Não acho que você dormiu com John só por desejo ou coisa parecida. Acho que você está gostando dele. –Falou Gina, sem mais delongas. Não obstante, Viviane riu novamente, mas tanto Gina quanto Hermione notaram que a amiga parecia um pouco nervosa.

–Não fale besteira. Eu? Gostando daquele loiro irritante? Merlin, você está ficando maluca.

–Não, apenas estou vendo o que está bastante óbvio. –Alfinetou a ruiva, dando de ombros, fazendo Viviane suspirar mais uma vez.

Não é que Gina estivesse forçando a amiga a ter algum tipo de relacionamento com John, mas a ideia de ver Viviane feliz com um companheiro lhe era bastante convidativa. Mesmo tendo alguns anos de amizade, Gina havia visto a batedora sair apenas com dois caras... e tinha absoluta certeza de que ela não fora para a cama com nenhum deles.

–Certo, deixa eu esclarecer umas coisinhas... Não estou, não posso e não vou me apaixonar por John. -Disse Viviane, convicta. - Hermione, você mais do que eu e Gina conhece o histórico dele o suficiente para perceber que eu apenas fui mais uma na listinha dele.

–Bem, é.. John é mesmo muito... mulherengo, mas não quer dizer que um dia ele não possa se apaixonar. –Deu de ombros a morena.

–E vocês ficam lindos juntos, se quer saber. – Declarou Gina.

Viviane a olhou e riu, acompanhada de Hermione.

–É mesmo, ruiva? Você e o Harry fazem um belo casal. –Rebateu a morena, com um sorrisinho no rosto, enquanto Gina revirava os olhos.

–Bem, eu não sei vocês, mas eu estou morta de fome. Podíamos pedir uma pizza, o que acham? – Propôs Hermione, levantando-se da cama.

–Se eu pelo menos soubesse o que é isso...

–Comida trouxa. – Respondeu Gina, seguindo a amiga. –Eu também nunca comi.

–Vocês vão adorar. Eu e Rony sempre pedimos quando chegamos cansados do Ministério.

–E isso é antes ou depois de vocês se agarrarem? – Brincou Gina, fazendo Hermione arregalar os olhos e ficar com as bochechas quentes.

–Tudo bem. –Desconversou Hermione. –Vamos pedir logo essa pizza!

–XXXXX-

Viviane odiava quando uma frase ficava martelando em sua cabeça.

Ela fora uma criança um tanto sapeca demais, o que levou-a a passar muitas noites trancada no quarto, sem fazer ou emitir algo. Embora preferisse estar brincando com seus amigos, ela não se importava em ficar sozinha no quarto. O que de fato a incomodava eram as palavras da mãe que latejavam em sua cabeça pelo resto da noite, as quais sempre a repreendiam e a ensinara a ser tornar uma mulher mais responsável. No fim, talvez escutar os resmungos da mãe quando fizera algo de errado não fora em vão.

Agora, Viviane estava na cozinha d’A Toca, cortando batatas em pequenos cubos para o jantar daquela noite e, enquanto manuseava a faca lentamente, ela tentava a todo custo esquecer as palavras que Gina lhe digeriu na noite anterior. Por um momento, ela desejou voltar no tempo em que as únicas palavras que lhe tiravam o sono eram as de sua genitora.

Não acho que você dormiu com John só por desejo ou coisa parecida. Acho que você está gostando dele.

Nem mesmo seu recente reencontro com o culpado de sua dor no passado fora capaz de fazê-la esquecer das palavras de Gina.

Com raiva, Viviane pôs força demais na faca e alguns cubos de batata ainda crus foram ao chão. Agradeceu por estar sozinha na cozinha, pois as palavras pareciam tão altas em seus pensamentos que ela chegou a temer que alguém as tivesse escutado.

A morena se perguntou porque estava tão incomodada. Gina estava errada, afinal. Não sentia nada por John. Fora apenas uma noite, na qual eles puderam desfrutar do prazer de um bom sexo. Após isso, e de ter brigado com o loiro poucos dias depois, ela pôs o caso por encerrado.

Até Gina dizer aquelas malditas palavras.

Bufou e levantou o rosto, soltando a faca rapidamente para ajeitar o cabelo em um coque mal feito e voltar para o trabalho com as batatas. A janela com a qual Viviane estava de frente, dava vista exatamente para o galinheiro. E, mais uma vez, as palavras voltaram a lhe assombrar.

... Acho que você está gostando dele.

Maldita janela. Maldito galinheiro. Maldito loiro irritante!

–Ai! – A exclamação veio quase no mesmo momento em que, sem querer, acabara ganhando um pequeno corte no dedo. Soltou a faca na pia e afastou a mão com o dedo machucado –de onde saia uma grande quantidade de sangue -dos cubos de batatas que havia cortado. –Droga.

–Devo dizer que nunca vi mulher alguma cortar batatas com tanta... raiva? –A voz de Carlinhos Weasley pegou Viviane de surpresa. Ele era o irmão de Gina com o qual ela menos tivera contato desde que chegara ali, e embora fosse tão alto e ruivo quanto os demais, o fato de Carlinhos ter trabalhado com dragões fazia com que ela ficasse um tanto curiosa a respeito dele.

Virando-se, a morena deu um sorriso um tanto envergonhada por ter sido pega cortando seu próprio dedo ao invés de batatas.

–É... acho que a cozinha não é o meu lugar preferido. –Respondeu ela, meio sem graça.

–Hum, acho que está errada. –Disse ele, com um olhar divertido. Dando alguns passos para perto de Viviane, o ruivo segurou-lhe o pulso e verificou o ferimento. – Pra sua sorte, você vai sobreviver.

Viviane riu.

–Eu já estava ficando preocupada.

Carlinhos lhe devolveu o sorriso e se encostou na mesa de modo que ficasse em frente a ela.

–Então... dia ruim?

–Um pouco. –Ela virou-se rapidamente para a pia e pôs o dedo machucado sobre a água que saia da torneira. – E você? Faz tempo que não o vejo... quer dizer, ontem mesmo a Sra. Weasley falou de um Carlinhos...

–Ah, minha mãe tem medo que eu volte a morar na Romênia. – Carlinhos olhou para o lado e escolheu uma das maçãs que se encontravam na fruteira em cima da mesa onde estava apoiado. – “De um Carlinhos”? Aposto que nem lembrava meu nome. –Disse ele, rindo antes de abocanhar a maçã.

Viviane olhou para baixo sem graça.

–Er... desculpe. É que a família da Gina é tão grande que eu...

–Não se preocupe. A culpa é minha. –Carlinhos falava enquanto brincava com a maçã mordida em sua mão. – São tantas cabeças ruivas que você deve estar enjoada da cor laranja. Mas vou aparecer mais vezes, nunca se sabe quando você irá cortar batatas ou... –ele apontou para o dedo dela machucado- seu dedos.

Ela riu mais uma vez e ficou olhando para ele. Não sabia se era pelo fato de mal se conhecerem, mas Viviane simplesmente o agradeceu mentalmente pelo ruivo não ter perguntado o motivo de estar tendo um dia ruim.

Um pouco distraída, ela não viu quando ele convocou um pequeno pedaço de pano. Apenas percebeu quando ele pegou sua mão delicadamente e amarrou o pedaço em seu dedo machucado, impedindo do sangue continuar saindo.

–Obrigada. –Disse ela, sorrindo.

–Não foi nada. –Ele deu mais uma mordida na maçã. – Aposto que já sofreu lesões piores. É uma das conseqüências de se jogar Quadribol...

–A diferença é que ser acertada por um balaço me parece menos vergonhoso do que cortar o próprio dedo com uma faca. – Viviane ergue uma das sobrancelhas.

–Tudo bem, você não está mesmo de bom humor. –Carlinhos ergueu-se e jogou o que restara da maçã no lixo. Logo depois, ele fez sinal para que ela o seguisse até o jardim.

–Accio! – Em menos de 1 minutos, duas vassouras saíram do galinheiro (Viviane fez de tudo para ignorar o galinheiro e se concentrar nas vassouras). –Tome. –Carlinhos lhe entregou uma vassoura.

–Vamos voar? –Perguntou ela.

–Não acho que tenha um jeito melhor de relaxar do que esse, e você? –Falou ele, embora não a olhasse. Pondo a vassoura entre suas pernas, Viviane viu Carlinhos dar um impulso com os pés e segundos depois ele estava a poucos metros a cima dela. –As vassouras não são iguais as que você está acostumada a voar...

–Não tem problema. –Respondeu Viviane, já montada na vassoura.

Carlinhos voou em sua frente, lhe levando para conhecer os campos ao redor d’A Toca. Surpreendentemente, aquilo fez com que Viviane esquecesse das palavras de Gina sem nem ao menos a morena ter se dado conta.

–Desculpa... pelo meu mal humor. –Desculpou-se ela quando eles pararam no ar, a poucos metros do lago onde Harry, Gina, Hermione e Rony haviam estado a dias atrás. A jogadora de Quadribol parecia tão sem graça que nem ao menos desviou o olhar da paisagem para olhá-lo quando falara.

–Não se preocupe. Mas tenho que dizer que a minha teoria sempre esteve certa. –Pelo canto de seus olhos, Viviane pôde perceber que ele estava rindo.

–Qual a sua teoria?

–É mais fácil lidar com dragões do que com mulheres. –A resposta dele fez com que ela risse pelo resto daquele passeio.

**********

Ela adorava o cheiro da grama e o vento batendo em sua pele juntamente com o calor do sol. Era uma sensação agradável, que lhe despertava o desejo de ficar descalça e fechar os olhos para poder desfrutar da melhor forma daquele ambiente.

O barulho de passarinhos e de gnomos em meio a alguns arbustos enchia seus ouvidos. Quando era criança, ela adorava correr por aquele jardim e apostar com seus irmãos quem conseguia chegar primeiro no topo do morro não muito longe dali.

De fato, o ambiente e as lembranças não colaboravam com o que ela estava disposta a fazer. Sua atitude e aquela paisagem pareciam paradoxos. Um jardim era local de casais fazerem piqueniques, namorar e aproveitar a presença um do outro, e não o lugar de um término. Pensar nisso a fez lembrar-se o porquê de estar ali e da pessoa que a acompanhava.

–Devíamos entrar, Gina. Está um calor infernal. –Disse David, limpando o suor de sua testa com a manga de sua blusa.

Gina olhou para os lados sorrindo. Enquanto ela desfrutava do jardim e do clima, ele o desdenhava.

–Estou ótima aqui, David. E eu preciso conversar com você.

–Tenho certeza que essa conversa pode esperar. Você sabe que eu estou cansado, precisando de um bom colchão. Passei a noite toda trabalhando, Gina. Vamos, por favor. Depois conversamos. –Ele estava prestes a dar meia volta e voltar para a Toca, mas Gina foi mais rápida, interrompendo-o.

–Não dá mais, David. –Falou a ruiva, recebendo um olhar confuso do moreno em sua frente.

–Como não dá? Por favor, Ginevra. A sua casa é bem ali. Algumas horas esperando não vão lhe fazer mal.

Suspirando, a ruiva passou uma das mãos por seus cabelos.

–Estou falando do nosso relacionamento.

Gina não soube quanto tempo David ficou parado, a olhando com os olhos franzidos devido a luz do sol. Ela, no entanto, foi forte o suficiente para sustentar aquele olhar, sem nenhum momento desviar seus olhos dos dele. E depois de alguns segundos ou minutos – ela não soube determinar -, viu David dar uma passo para mais perto dela, com o rosto mais sério do que anteriormente.

–Tudo bem, Gina. Vamos conversar, então. –Decidiu ele, colocando as duas mãos no bolso de sua calça. - O que você quis dizer com isso?

Com firmeza, Gina não alterou expressão do rosto.

–Exatamente o que você entendeu.

David soltou um suspiro, acompanhado de um sorriso irônico. Foi ele quem desviou o olhar do dela, como se a paisagem ao seu lado fosse mais interessante que aquela conversa.

–Eu...

–Eu não deveria ter deixado você vir sozinha. Deveria ter feito você me esperar ou.. Ou ter te convencido a continuar em Gales.

Gina arregalou os olhos, incrédula.

–O que você está dizendo? Eu precisava rever a minha família, David. Precisava voltar para a minha casa! Minha família não teve influências na minha decisão de terminar com você.

–Não estou falando da sua família! Estou falando do Potter! Eu não deveria ter...

–Não levante a voz pra mim!

–...deixado você vir sozinha. Mas como eu poderia adivinhar, não é? Você não me contou que o heroizinho do mundo bruxo foi seu namoradinho nos tempos de escola!

–Por que isso não tem nada a ver com você!

O vento parou. Até os ruídos dos passarinhos cessaram. O peito de Gina subia e descia. Ela não queria que aquilo saísse dos limites. David a olhava parecendo não acreditar na decisão dela.

Respirou fundo, e voltou a falar em seu tom normal.

–Isso não tem nada a ver com Harry. Isso tem a ver comigo, e com os meus sentimentos. Eu.. Eu não posso continuar com esse namoro unilateral, David. Eu sinto muito.

David olhou para o chão, ainda parecendo inconformado. Colocou as mãos na cabeça e bagunçou seus cabelos. Gina só queria que tudo aquilo terminasse logo. Não queria que David sofresse. E nem ela ao vê-lo daquela maneira.

–Unilateral? Eu te amo, Gina!

–David, você me largava facilmente para tratar sobre assuntos de trabalho.. mesmo quando eu tirava o dia de folga somente para ficar com você. Você tomava as decisões e não respeitava as minhas. Não conversávamos e nem aproveitávamos a presença um do outro...

–Eu vim somente para ficar com você, Gina. Deixei tudo em Gales por você e...

–Eu realmente sinto muito. –Ela percebeu que lágrimas caíam de seus olhos quando uma delas foi parar em seu colo. – Eu amo você, David, mas não como você gostaria. Você é especial, um amigo...

–Eu não quero ser seu amigo. –Respondeu ele, duro. Seus olhos estavam vermelhos, mas Gina não sabia se era de raiva ou por ele estar tentando segurar as lágrimas.

O silêncio voltou a reinar entre eles. O vento secava as lágrimas que caiam pelo rosto de Gina, que não se manteve forte o suficiente para olhar para David. Ela deu um passo na direção dele, mas assustou-se quando ele se afastou.

–Eu vou deixar você pensar, Gina. Não sei o que deu em você hoje... Tenho certeza que... que você vai mudar de ideia.

–Estou decidida. Não irei voltar atrás. –Falou a ruiva, olhando-o nos olhos.

Ele maneou a cabeça, parecendo inconformado.

David colocou as duas mãos nos bolsos de sua calça e começou a andar em direção a saída da Toca, passando por Gina sem nem ao menos olhá-la.

–David...

–Eu volto depois para pegar as minhas coisas.

Gina ficou parada no jardim, vendo David andar e andar, e não virar para trás nem uma vez. E, quando ele finalmente aparatou, ela ficou por ali mais algum tempo. Não queria pensar em nada, então apenas continuou olhando para o ponto em que ele havia sumido.

Cruzou os braços e respirou fundo, acalmando-se. Ela sabia que não seria fácil, mas gostaria que não tivesse sido tão difícil...

XXXXXXXXXXX

Harry estava sentado no sofá da sala do apartamento que dividia com Rony a algumas horas, conversando com John, que havia chegado ali a pouco mais de alguns minutos.

–Pensei que você não apareceria tão cedo por aqui. -Falou Harry, apoiando os pés na mesa de centro da sala. Adorava fazer aquilo. Se sentia relaxado e em paz, como se não houvesse problemas no Ministério ou uma ruiva teimosa para conquistar. Aproveitou também o fato de Hermione não estar ali. A amiga com certeza não o deixaria fazer aquilo, alegando que "mesas de centro não foram feitas para servir de descanso para pés!".

No mesmo instante que pusera os pés na mesa de centro, Almofadinhas veio correndo e pousou a cabeça em suas pernas.

–Se é assim que você recebe as suas visitas... Puxa! Virei aqui sempre! -Ironizou John, apoiando os braços em suas pernas.

–Não é isso. Apenas pensei que você talvez tenha gostado de... -Harry sorriu de canto e olhou para o amigo- ... de dormir em meio a um bando galinhas.

John não pode conter o sorriso. Não sabia como o amigo ficara sabendo de sua noite com Viviane, embora ele concordasse com o fato de não ter sido nem um pouco discreto com suas investidas em cima da jogadora de quadribol. No entanto, Harry era a última pessoa que ele esperava saber de sua noite de "aventura" com Viviane.

–Como sabe disso? -Perguntou o loiro, ainda sorrindo e olhando para os próprios pés.

–Eu a encontrei saindo do galinheiro. -Harry percebeu que o loiro ficara um tanto desconfortável com o assunto. E adorou isso. Era raro deixar John, que tinha como passatempo predileto fazer brincadeirinhas com ele e com Rony, sem graça. Ele com certeza não perderia a chance de dar o troco. -Não tinha um lugar mais... confortável?

–Nunca teve um desejo sexual muito forte por uma mulher? -Harry não respondeu- Desculpe mais eu não poderia perder aquela chance. Ela estava sozinha, não tinha ninguém por perto... e acredite, na hora em que fiz eu nem liguei para o lugar. -Disse John, dando de ombros e ainda sorrindo.

–Bom, e depois?

–Depois? -John riu com o nariz. - Não tem esse "depois". Ela não quer mais me ver nem pintado de ouro.

–Nossa, você é tão ruim assim? Rony vai adorar saber disso! -Harry riu diante da cara de John, que lhe jogou uma almofada na cara fazendo com que Almofadinahs desse um latido. -Falando sério... eu tinha esperanças que dessa vez você tomasse jeito.

–Sinto informar, mas não foi dessa vez.

–Não parece tão feliz quando diz isso...

John suspirou e passou uma das mãos no rosto.

–Viviane é meio... maluca. Uma hora penso que ela quer, outra hora ela demonstra querer totalmente o contrário do que pensei... eu realmente não sei o que fazer. A pior parte é que quando ela fica brava.. cara, ela fica mais sexy ainda!

Harry riu alto com a revelação do amigo.

–Eu nunca percebi, mas se você diz...

–É claro que não percebeu. Você só tem olhos pra irmã do Rony, a Gina. -O sorriso de Harry desapareceu de seu rosto.

Lembrar de Gina só servia para lhe agoniar ainda mais. Ela ainda não lhe dirigia nem uma palavra depois que vira Jean o beijar, e embora ele não a houvesse visto depois do momento no elevador do Ministério, Harry duvidava que algo teria mudado. Ela era tão teimosa quantos os irmãos, e ainda estava namorando David. Seus planos em relação a caçulas dos Weasley nunca pareceram tão impossíveis como agora.

–Se serve de consolo, ela também não quer me ver nem pintado de ouro. -Disse ele, por fim.

–Boa sorte, cara.

Antes que Harry pudesse desejar o mesmo ao amigo, a porta do apartamento se abriu e Hermione entrou trazendo uma sacola em mãos. Almofadinhas foi correndo saldá-la para logo depois voltar para perto de seu dono.

–Olá. -Disse ela, sorrindo enquanto fechava a porta. Andou até John e Harry e fez um carinho bagunçando os cabelos do loiro, fazendo o mesmo com Harry.

–Oi Hermione. -Falou John, olhando para a amiga enquanto essa sorria e passava direto por entre o espaço entre o sofá e a mesa de centro, não tendo nenhum cuidado em fazer com que os pés de Harry saíssem dali. O moreno lançou um olhar raivoso para amiga quando quase caiu do sofá com o gesto.

–O Rony não veio com vocês? -Perguntou ela, fazendo a sacola em suas mãos levitasse até o quarto do namorado.

–Eu saí cedo do Ministério... -Harry olhou para John buscando por respostas.

–Quando avisei que viria aqui ele disse que não me acompanharia porque antes iria visitar o Jorge na Gemialidades.

–Ah... -Hermione deu de ombros. - E vocês? Porque estão com essas caras de quem acabou de ver alguma assombração? -Ela pôs as duas mãos na cintura, feito uma mãe que acabara de pegar o filho aprontando uma. Harry odiava quando a amiga fazia aquilo pois, por mais que tentasse disfarçar, Hermione nunca deixava passar nada despercebido.

–Uma palavra, vários problemas e sem solução: Mulheres! -Respondeu John, fazendo Hermione rir.

–Pensei que você sempre soubesse como agir com elas, Garanhão. -Falou ela debochadamente, fazendo John bufar.

–Ta, talvez eu tenha exagerado... -Ele parou de falar ao ver a cara de poucos amigos de Harry e Hermione. Revirou os olhos e reformulou a frase. - Eu exagerei quando falei isso, eu admito!

–Droga, cadê o Rony? É a segunda frase épica que você fala em menos de uma hora! -Revelou Harry, divertido.

–Vá se fo... -John parou novamente quando Hermione quase lhe matou com o olhar. - Vá a merda, Harry. - E sorriu com falso "carinho" para o amigo.

–O problema de homens do seu tipo, John, é que vocês sempre acham que fizeram a coisa certa, quando na verdade não chegaram nem aos pés disso. -Hermione falara tão naturalmente que John se assustou.

–Está querendo me dizer alguma coisa?

–Se você acha que eu estou, deve ter feito algo de errado por esses tempos, não é? -Hermione sorriu de canto e abaixou-se quando, com um simples gesto com as mãos, chamou Almofadinhas ao seu encontro para começar a fazer carinho na cabeça do animal.

John bufou pelo que pareceu ser a décima vez naquela noite. O único fato que surgiu em sua mente o qual Hermione poderia estar se referindo era ter feito sexo com Viviane, embora ele não visse nada de errado nisso.

–Como você ficou sabendo que...?

–Ela sabe de tudo. -Falou Harry, que até então havia se calado.

Hermione ignorou a frase do melhor amigo e continuou fazendo carinho em Almofadinhas quando respondeu:

–Você já pensou em levar uma mulher para cama motivado por sentimentos e não por desejo, John?

–Dá pra parar de responder as minhas perguntas com outras perguntas!? -Exasperou-se o loiro, enquanto Harry soltava uma gargalhada.

–E você não respondeu nenhuma delas. -Hermione ergueu-se do chão ainda rindo.- Eu vou fazer um suco para nós porque acho que o Rony vai demorar.

–Humm, suco? Rola um bolo ou...?

–Não abuse da minha boa vontade, Harry... -Cantarolou ela enquanto seguia até a cozinha.

No entanto, o suco ou qualquer coisa que Harry tinha em mente para a amiga fazer ele nunca chegou a provar. Almofadinhas balançou o rabo e correu até a porta como sempre fazia quando ele ou Rony estavam prestes a surgir por ela, mas o baque de copos e uma jarra de vidro cheia de suco de limão se espatifando no chão impediu que o cachorro pudesse pular ao redor de Rony.

Olhando para o estrago que Hermione havia feito no chão da sala, Harry e John só foram entender o porque do ocorrido quando olharam para Rony, que havia acabado de adentrar o apartamento, com o braço esquerdo completamente coberto de sangue.

A única frase que veio na cabeça de Harry antes de socorrer o amigo foi "...Saia do Ministério ou você estará colocando seus bens preciosos em risco...".

O espião não estava blefando.

XXXXXXX

O som de risadas e de copos se batendo tomava conta do Caldeirão Furado. Havia alguns poucos casais jantando em algumas mesas, conversando alheios a qualquer coisa ao redor deles. David, no entanto, não possuía companhia nenhuma para esquecer do mundo ao seu redor. Se único refúgio era um copo de Cerveja Amanteigada.

Apesar da bebida agradável, ele estava longe de se sentir relaxado. Ainda não acreditava que Gina havia posto um fim no relacionamento deles, e tudo por causa de Harry Potter. Toda vez que se lembrava do ocorrido, sentia a raiva correr por suas veias, como se fizesse parte de seu sangue, ao mesmo tempo em que uma vontade enorme de se derramar em lágrimas feito uma criança chorona crescia dentro dele.

David não sabia ao certo quanto tempo estava ali, sentado em frente ao balcão da estalagem. Ele só queria esquecer que não era mais namorado de Gina Weasley.

A chegada de um homem estranho e com um cheiro estranho chamou a atenção de David. O cara tinha a barba por fazer e carregava uma garrafa que parecia ter o mesmo cheiro que o dono.

– Eei! ‘Cadê o meu copo? – Gritou o estranho, sentando-se no banco vazio ao lado de David.

O balconista entregou um copo para o homem que imediatamente o encheu com o líquido que David não soube reconhecer. Nunca fora muito de beber, afinal.

– O que diabos aconteceu com você, cara? – Demorou um pouco para David perceber que o homem estava se dirigindo a ele. – Espere, não me fale. Pela a sua cara, só pode ser coisa de mulher. ‘Tô certo?

David viu o estranho homem virar o copo de uma só vez, bebendo o líquido de cheiro forte rapidamente e parecendo muito satisfeito com aquilo. Ele não se importou com o fato de que não conhecia aquele homem, apenas assentiu e bebeu mais de sua Cerveja Amanteigada.

– São sempre elas... Me dê isso aqui. – Rapidamente, o cara tomou o copo de David nas mãos e jogou em um canto o resto de bebida que alida tinha – Talvez você queria me acompanhar com isso aqui. É bem melhor que essa porcariazinha.

– O que é isso? – Perguntou David enquanto via o homem encher seu copo com o estranho líquido de sua garrafa.

– Quem se importa? – O cara deu de ombros e entregou o copo a ele. – Só basta você saber que é bem melhor e mais forte do que o que você estava bebendo. Vamos, meu camarada! Beba!

Vendo o homem beber mais, David fez o que ele dissera. Bebeu o líquido de uma só vez e imediatamente sentiu a garganta arder. Aquilo era bem mais forte que qualquer outra bebida que ele já tinha provado. Talvez a bebida lhe ajudasse mais rapidamente a esquecer dos problemas. Quando esvaziou o copo, o cara estranho ao seu lado deu uma risada, visivelmente bêbado.

David o acompanhou, achando graça de algo que nem ele mesmo sabia o que era. Bateu o copo no balcão, chamando atenção do homem atrás dele, e levantou o seu copo em sua frente.

– Ponha mais.

O cara sorriu-lhe satisfeito e voltou a encher o copo de David. E, com um brinde, voltou a beber.


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Notas finais do capítulo

Cella: Oiee!! Finalmente férias!!! Nem acredito! Então... eu espero realmente que você tenham gostado do cap pq ele deu um pouco de trabalho... tirando o fato do pen drive onde ele estava morreu e ressuscitou depois de alguns dias HAHA. O a conversa das meninas no comecinho acho que serve pra vcs terem uma leve ideia do final da fic. AAh, e o que acharam dessa amizade da Viviane e do Carlinhos? Fãs do Rony, não nos matem! HSUASHUA Juro que ele ficará bem! E... ADEUS DAVID! Alguém gritou "Aleluia"?? SHAUSA Enfim, espero reviews e acho que uma recomendação iria sair muito bem... natal chegando... heim? heim? Ok, parei!
Minha vontade é postar o cap 16 antes que 2013 acabe, então... espere que tudo dê certo!

Eu, Giks e a Paulinha Almeida estamos preparando uma fanfic curta, mas bem legal pra os nossos leitores. Interpretem como um presente de natal! Logo logo ela será postada! Aguardem!
Beijoos e espero as reviews de vcs!

P.S:Próximo capítulo vai PEGAR FOGO! (não pensem besteira hehe)