Dois Caminhos, Um Só Destino escrita por LEvans, Cella Black


Capítulo 15
Capítulo 14 - A Culpa é do Passado


Notas iniciais do capítulo

OLHA QUEM APARECEU!!! HUHSAUSHAUSAHSU Sem enrolações! Só queremos agradecer a todos que mandaram um MP cobrando o capítulo!
Bom, esse cap é dedicado a várias pessoas: A Nathy Potter, que sem ela o cap com certeza não teria saído hj. Obrigada pelo incentivo, Nath! A Anne Lov pela capa maravilhosa que ela deu de presente para nós! Obrigada! A Sue Almeida, que deu mais uma linda recomendação! E a Pétala, uma amiga nossa que tbm nos ajudou com aquele "empurrãozinho" para que o capítulo saísse! Enfim, agradecemos de coração a vocês!
Esperamos que gostem do capítulo!



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“Não é que eu queira reviver nenhum passado
Nem revirar um sentimento revirado
Mas toda vez que eu procuro uma saída
Acabo entrando sem querer na tua vida”

Quem de Nós Dois – Ana Carolina

-Admita, não foi tão ruim assim...

Viviane acabara de sair da mais nova sala de trabalho em que Gina passaria a ocupar no Ministério da Magia. Ao seu lado, a amiga não parava de sorrir, obviamente feliz com o primeiro dia de trabalho que havia acabado de ter.

-É, não foi... –Respondeu Viviane à amiga, sorrindo com a visível felicidade da ruiva. Estavam caminhando lado a lado por entre o estreito corredor que dava acesso as salas dos colunistas e administradores do Profeta Diário.

Viviane havia respondido uma série de perguntas à Gina, o que acabara sendo uma manhã bem engraçada já que a resposta para a maioria delas Gina já sabia devido os anos de convivência juntas. De fato, aquela entrevista fora a mais divertida e prazerosa que Viviane já dera na vida, uma vez que estava ajudando a amiga com o mais novo trabalho.

-Você foi ótima, e as fotos ficaram bem legais. - Falou Gina, animada como se fosse uma criança que havia acabado de sair de uma roda gigante. As folhas que levava em suas mãos com o conteúdo de sua mais nova coluna no jornal mais conhecido no mundo bruxo tremiam de acordo com seus passos alegres.

Pararam em frente a uma porta preta e alta, onde Viviane supôs ser a sala onde Gina deixaria sua entrevista pronta para sair na edição do dia seguinte do jornal.

-Escute... –começou Gina, virando-se para ela e descansando uma das mãos na maçaneta da porta.- Demorarei um pouquinho aqui, tenho que entender como tudo funciona... pode me encontrar no Beco Diagonal? Podemos almoçar juntas lá!

Viviane mexeu nos cabelos e sorriu para a amiga. Por mais que houvesse ficado triste ao saber que Gina sairia do time de quadribol da Harpias de Holyhead, e portanto longe não trabalhariam mais juntas, a felicidade da amiga era tão clara naquele momento que ela chegou a se arrepender de ter tentado convencer a ruiva a não largar o antigo trabalho.

-Uhuum, claro! Estou morrendo de fome! –Disse ela, passando as mãos na barriga e rindo.

Gina a olhou com carinho e realização antes de abraçá-la.

-Obrigada Anne, não sabe o quanto me ajudou com o novo trabalho! –Falou ela.

-Amigas são pra isso, certo?

-Certo! Agora deixe-me ir antes que eu te faça esperar tanto e você morra de fome! –Gina lançou beijinhos no ar para a amiga antes de entrar na sala e fechar a porta.

Viviane seguiu seu caminho pelo corredor, ainda sorrindo em direção ao elevador que a levaria para a saída daquele lugar. Gina estava tão feliz, que quem a visse duvidaria que seu coração estivesse despedaçado e completamente dividido entre o amor e a razão. Viviane chegou a se perguntar se um dia uma pessoa conseguirá se sentir feliz por completo, uma vez que ela nunca havia provado dessa tão desejada sensação.

Ao chegar no meio da sala rodeada por elevadores e pessoas vestidas das mais diversas vestes, Viviane correu o olhar pelo local afim de tentar não se perder, ainda se perguntando como Gina conseguiria trabalhar em meio aquela confusão. Ao virar-se para o seu lado esquerdo enquanto ainda procurava o elevador que a tiraria dali, seus olhos pararam em um homem parado, dentro de um elevador parado e vazio.

O estranho homem –porém tão familiar para ela ao mesmo tempo- olhava para as próprias mãos unidas, parecendo pensar em algo de extrema importância. Seus cabelos eram tão pretos quanto os de Harry Potter, mas seu corpo era mais magro e alto do que o do chefe dos aurores. Suas mãos eram largas, Viviane pôde notar, e suas roupas em cores escuras pareciam brindar perfeitamente com sua pele branca. Não, não poderia ser ele, poderia?

Quando enfim o homem estranho levantou a cabeça, Viviane sentiu suas pernas tremerem e seus olhos se arregalarem. Lembranças, flashs de seu passado pareciam embaçar sua mente entre a visão daquele momento. Ele havia parado seus olhos exatamente nela, parecendo tão surpreso quanto a tal. Seus olhos pretos ainda eram um mistério, tão quanto eram a anos atrás, o que a deixou com medo quando eles percorreram seu corpo lentamente, parecendo analisar cada detalhe de si. Viviane tentava, em vão, correr, antes dele sair daquele elevador e seguir até seu encontro. Porém suas pernas pareciam petrificadas, incapazes de sair daquele lugar.

Por sorte, o elevador em que ele se encontrava ganhou vida, fechando as grades e começando a se afastar para trás. No entanto, enquanto a imagem dele não sumia de sua vista, ela fora capaz de ver o sorriso repleto de interesse e mistério que ela nunca fora capaz de desvendar. O sorriso que ele tantas vezes lançara a ela, e agora estava o fazendo novamente. O sorriso que Viviane jurou esquecer e nunca mais encontrar.

Naquele momento ela soube que, mesmo não querendo, ele havia a encontrado.

–XXXXX-


Gina tirou os sapatos e os largou de qualquer jeito por um canto em baixo da cama. Ela, desde mais nova, gostava de andar descalça, sentindo o frio do chão de seu quarto. Não sabia dizer o porquê, mas sentia-se mais leve e subitamente mais livre não usando nada nos pés. Era como se ela estivesse em cima de uma Firebolt, voando pelo ar livre, tão alto que seria capaz de tocar as nuvens. No entanto, tudo o que desejava naquele momento era um bom banho. De preferência de água bem gelada, para relaxar os músculos naquele dia quente para, quem sabe mais tarde, ela pudesse beber uma xícara de chocolate quente que Molly sempre fazia para ela quando menor. Pegou um elástico e prendeu seus cabelos ruivos, não se importando com os fios que se soltavam.

Quantas vezes ela sentira falta daquilo? Todas as vezes que chegara de um treino ou até mesmo de um jogo das Harpias, muito cansada – para não falar dos cabelos desgrenhados pelo vento – desejava chegar em casa e encontrar Molly com as comidas que só ela sabia fazer, Fred e Jorge fazendo traquinagens pela sala, Percy dando lição de moral e Rony brigando com alguns deles. Claro que Gina sempre sentira-se satisfeita com seu pequeno e aconchegante espaço em Gales, e Molly havia lhe ensinado o suficiente para saber cozinhar bem, mas não era a mesma coisa.. não quando ela sabia que voltaria para A Toca. Ela sempre soube. O trabalho no Profeta não lhe tiraria nenhuma dessas coisas, por mais que sentisse falta de entrar em campo com seu uniforme verde.

Abriu seu armário e logo depois pulou de susto com o barulho causado por David, entrando no quarto. Em geral, ele batia na porta.

-Oi... –Falou Gina, sorrindo-lhe. – Chegou agora do St. Mungus?

-Sim. –Respondeu David, e ela soube que havia algo errado só pelo modo que ele pronunciara a palavra.

Gina pegou a varinha e convocou um de seus shorts jeans e uma blusa fina de manga comprida na cor preta, fazendo as peças voarem para uma de suas mãos.

-Aconteceu alguma coisa?

Ela suspirou. Esperava que ele perguntasse como fora o novo trabalho dela, e não falar do dele, o que ele sempre fazia. Quando se virou para colocar as peças de roupa em sua cama, viu David balançar a cabeça. Ele estava de frente para a janela, embora ela pudesse notar que a atenção dele não estava voltada para a paisagem além dela.

-David, o que...

-Por que não me contou?

Gina franziu o cenho diante da pergunta dele. Vendo-o virar-se para ela, a ruiva notou um exemplo do Profeta Diário em uma de suas mãos.

-O que?

-Olhe. – Ele esticou o braço e entregou o exemplo do jornal. Gina o abriu, e imediatamente se surpreendeu com uma das manchetes. Não era a principal da página, mas por se tratar dela, logo a percebeu.

“Ginevra Weasley se mostra ingrata ao deixar time de Quadribol para se tornar a mais nova integrante do Profeta.”

Havia duas fotos dela, uma do lado da outra. A da esquerda ela vestia o uniforme verde das Harpias, acenando ao entrar em campo, e a fotografia da direita era cortada. Gina estava sorrindo e com vestes normais, mas ela lembrava de que, ao seu lado, deveria estar suas colegas de time.

Só pela manchete, Gina não se surpreendeu ao ver a autora da notícia: Rita Skeeter. Ela ainda escrevia?

-Você namorou o Potter nos tempos de escola. – David afirmou, e Gina nem precisou terminar de ler a matéria no jornal para saber que aquela informação estava ali.

Suspirando, jogou o jornal em cima de sua cama e voltou-se para o namorado, sustentando o olhar do mesmo.

- David...

-Por que não me contou?

-Porque isso é desnecessário. Foi há anos atrás. Não vale a pena retomar esse assunto depois de todo esse tempo.

-Você disse que ele era apenas o amigo do seu irmão, mas não me contou que, além disso, ele também é o seu ex-namorado!

-Que diferença faz? Por Mérlin! – Gina apoiou as duas mãos na cintura. Esperava relaxar, e não discutir e se estressar com algo ligado a Harry Potter. Não depois do que acontecera.

-Droga, Gina! Ele fica olhando pra você como se você fosse a próxima refeição do prato dele... como você acha que eu me sinto sabendo que vocês já namoraram? E antes de eu chegar? Os olhares deveriam ser piores, suponho. – Ele não fez questão alguma de esconder o sarcasmo.

-Essa discussão é desnecessária! Posso namorar você, mas isso não significa que você tenha que saber tudo o que aconteceu na minha vida antes de ter entrado nela, ainda mais saber com quem namorei. Isso é coisa minha! Eu nunca perguntei pra você quantas mulheres você teve antes de mim! Isso não me interessa.

David bufou.

-Ele estava no mesmo teto que você! E agora você ainda vai trabalhar no mesmo lugar que ele! Você não vê, Gina? Ele está muito perto de você.

Gina fechou os olhos, tentando controlar a raiva que sentia naquele momento.

-Não vou deixar de trabalhar só porque você não me quer no mesmo local que o Harry, David. Eu estou aqui, não estou? Estou com você! Será que isso não importa? Meu namoro com ele é passado.

-Não gosto do modo como vocês se olham. – Declarou ele.

Gina pegou suas roupas de cima da cama e caminhou até a porta. Não queria discutir e falar mais nada. Nunca desejara tanto estar dentro do banheiro.

-Eu não quero discutir. Eu já expliquei tudo pra você, mas parece que você já veio decidido a brigar... Nos vemos no jantar.

A ruiva saiu do quarto e, descendo um lance de escada, entrou no banheiro. Usar o do seu quarto estava fora de questão.

–XXXXX-


Harry tinha certeza que adicionaria aquele dia como um de seus piores. Papéis transbordavam em sua mesa sem qualquer organização, e sua cabeça doía como se alguém houvesse lhe lançado um crucio pelas entranhas. De fato, seria fácil e nem pensaria duas vezes ao mandar alguém ao inferno se lhe incomodassem. Sua paciência nula no dia afastara até mesmo Almofadinhas pela manhã, quando o cachorro viu seu dono quase quebrar a porta do banheiro ao fechá-la.

Mais duas novas cartas haviam chegado, direcionadas diretamente a ele pelo estranho psicopata, o que não melhorava em nada o seu humor. E como se não bastasse, ainda havia o fato de que Gina o azararia se pudesse... Isso se Jean não o fizesse antes. A loira, por mais que trabalhasse no mesmo departamento que ele, estava o evitando a qualquer custo, e Harry não poderia culpá-la.

Mais cedo daquele dia, ele tentara amenizar as coisas.

-Temos nossos problemas e eu sei que errei com você, mas estamos em uma situação crítica dentro do departamento e acho que não podemos deixar que os problemas de fora afetem o nosso trabalho, Jean – Falara ele, quando vira a Auror chegar mais cedo no departamento, parecendo tão séria quanto uma leoa.

Ele tentou ser o mais paciente possível. Ela, no entanto, não se importou de mostrar frieza.

-Não posso simplesmente esquecer o que houve e tratá-lo como se nada tivesse acontecido.

-Não estou lhe pedindo que esqueça, apenas que você deixe de lado esse assunto... pelo menos, dentro do departamento. Não acho que vamos conseguir alguma coisa aqui dentro agindo dessa maneira.

-Sejamos sinceros, Potter. Não conseguimos nenhuma pista nesses últimos dias e não vejo como nossa mudança de comportamento vá nos trazer alguma coisa de útil. –Respondeu Jean, saindo da sala logo depois, fazendo Harry suspirar.

Algumas frases escritas na carta do estranho espião também não saiam de sua cabeça: “...Saia do Ministério ou você estará colocando seus bens precisos em risco...” Harry tinha quase certeza que os “bens valiosos” não se referiam a objetos, o que o chegava a irritá-lo ainda mais. Ver alguém que ele ama sofrer por sua culpa seria pior que qualquer dor que ele já sentira, uma vez que –depois da Guerra- havia ficado claro que seu ponto fraco e mais vulnerável era as pessoas que ele considerava importantes em sua vida. Pensar naquilo fez com que, pela primeira vez, ele agradecesse por não estar namorando Gina.

É claro que não só Harry estava daquele estado. John, Rony e até mesmo Jean pareciam bastante estressados com a falta de informações sobre o espião.

-Vocês sabem que o espião está entre nós, então perderam tempo vindo até aqui. –Dissera Harry, um tanto grosso demais ao notar a entrada de Allef, Ryron e John em sua sala naquela tarde.

-Não é isso que vim perguntar... –Falou Allef, fazendo com que Harry o olhasse pela primeira vez desde que ele entrara na sala. – Irei partir para a Austrália.

Harry o olhara por alguns minutos antes de obter qualquer reação.

-E você Ryron, creio que quer ir junto...

-Acho que seria bem mais divertido ir atrás de um assassino de crianças bruxas nascidas trouxas do que ficar por aqui esperando qualquer notícia desse maldito espião, mas não. Eu não vou. –Dissera Ryron em um tom que John classificou como “metido demais”, se apoiando na mesa de Rony, o qual não se encontrava no local.

John revirara os olhos e fizera uma careta para Ryron sem que esse o olhasse –o que fizera Harry dar um leve sorriso.

-Acha seguro deixar o Allef ir mesmo com esse espião podendo atacar a qualquer instante? –Perguntou John.

Harry dera de ombros e suspirou. A verdade era que não podia deixar o caso da Austrália de mão, uma vez que o criminoso referido já havia dado pistas demais de seu paradeiro, e o espião do Departamento não havia dado nenhuma. Por fim, acabara deixando Allef tomar conta daquela missão, mesmo ficando com um pé atrás.

Depois que Ryron, John e Allef saíram de sua sala, Harry voltara a concentrar sua total atenção nas cartas do espião, o que ele já fizera milhares de vezes.

Agora, já passara da hora de sua saída do trabalho, mas ele e Rony –que havia retornado a sala trazendo alguns doces- ainda continuavam com o plano de investigar as planilhas cedidas por Kingsley, onde cada funcionário do departamento possuía a sua individual.

A esperança de achar algo que lhe ajudasse fora por água abaixo ao terminar de ler todas elas. Tirando o fato de que descobrira que Allef tivera problemas com acne quando mais novo e que John pegara detenções por ‘atividades impróprias com alunos do sexo feminino’ – o que Harry e Rony tinham ideia do que se tratava -, nada do que estava escrito ali era relevante.

Era como se estivessem presos em uma sala escura e tateassem pelas paredes em busca de alguma saída.

-XXXXXXXX-

John saíra da sala de Harry naquela tarde decidido a manter a mente fora dos problemas ligados ao seu trabalho. Arrumou sua mesa –a qual ele gostava de sempre a manter impecavelmente arrumada- e saiu do Ministério, com o plano de andar um pouco por entres as ruas estreitas e barulhentas do Beco Diagonal com a esperança que aquilo lhe ajudasse com a distração, o que com certeza conseguiria se entrasse na Gemialidades Weasley,

O loiro, além de ser muito amigo de Jorge, era um fiel cliente da loja. Adorava entrar ali e se surpreender com as ideias do irmão de Rony e, é claro, encher um saco com os mais variados doces e “armadilhas” que encontrava por lá. Podia-se dizer que o costume por andar pelo Beco Diagonal se tornara mais freqüente depois que conhecera a loja.

No entanto, os planos de John de fazer uma pequena “visita” a Jorge naquela tarde foram por água a baixo ao ver uma mulher com cabelos longos e pretos parada diante da vitrine da loja “Artigos de Qualidade para Quadribol”. O sorriso em seu rosto apareceu no mesmo segundo em que qualquer pensamento relacionado ao seu trabalho ainda existente sumiu, dando lugar as lembranças de uma noite que ocorrera a alguns dias.

John não havia falado com Viviane desde que passaram a noite juntos. O fato de ter acordado sozinho no galinheiro tendo como companhia somente as galinhas também não o ajudara com qualquer chance de falar com ela. Saíra do galinheiro e aparatara direto em seu apartamento, no objetivo de eliminar qualquer cheiro de ave que ele pudesse ter. Desde então, nunca mais fora n’A Toca.

O trabalho também não o ajudava, embora ver Viviane ali no Beco Diagonal, parada a alguns passos de si deixou-se perceber o quanto as lembranças da noite que haviam passado juntos passaram em sua cabeça naqueles últimos dias. O que, de certa forma, o incomodava. Não era freqüente ele ficar relembrando as noites de sexo que tinha com qualquer outra mulher.

Não fora só aquilo que o assustara. Ver Viviane ali, tão perto, o fez ver que o desejo que sentia por ela não cessara. Uma noite não fora o bastante.

Após alguns minutos que passara observando ela ao longe, John começou a andar em sua direção vendo que ela ainda continuava parada no mesmo lugar, observando as vassouras na vitrine.

-Boa tarde, Pintinha. –Disse o loiro, por trás dela e tão perto do ouvido de Viviane que o ato a fez se arrepiar.

Tinha esperanças de nunca o mais o ver, mas ela sabia que aquilo seria impossível até voltar para Gales.

-Olha só... não sabia que você tinha educação. –Disse Viviane, com um falso tom de surpresa na voz. Não mudara em nada sua posição, nem ao menos virou-se para ver John, o que o deixou um tanto inquieto.

-Não sou eu quem está agindo com falta de educação agora, hum? –Falou o loiro pausadamente, como se temesse que ela virasse para si e o matasse sem hesitar. Ainda assim, John ainda teve coragem de se aproximar ainda mais dela, segurando sua cintura por trás e roçando um pouco seu corpo no dela. –Vamos Pintinha... um “Boa tarde” não custa nada...

Viviane suspirou e deu um passo para frente, desfazendo qualquer contato de seu corpo com o do Auror. A verdade era que detestava pessoas mal educadas, no entanto precisava agir assim naquele momento. O mais importante, precisava agir assim com ele. John não era nem um santo, isso ela havia confirmado a noites atrás: A forma como ele falava –parecendo querer transmitir muito mais por trás de simples palavras-, o sorriso enviesado em seu rosto (o que Viviane achava irritavelmente sexy demais) e a falta de vergonha na cara a fizera perceber um tanto cedo demais que John poderia conseguir fácil tudo o que queria. Foi pensar naquilo que ela evitava qualquer aproximação vinda dele desde a noite em que passaram juntos. Dormira com ele, saciara seu desejo –que era tão grande quanto o dele- mas nada passara de uma noite. Por Viviane, aquilo nunca voltaria a se repetir.

Por fim, após passar alguns minutos tentando se controlar para não batê-lo, ela virou-se para John e sorriu, como se ambos fossem amigos de longa data.

-Pôs bem... Boa tarde, senhor. Uma linda tarde por sinal! –Exclamou ela, mas aquilo saíra tão forçado que fez John rir- Agora que já fui educada, será que poderia atender a um pedido meu? –Viviane chegou mais perto dele, tanto que o loiro cogitou por um segundo que ela o beijaria- Suma da minha frente!

A jogadora de Quadribol deu outro sorrisinho forçado antes de começar a andar, mas John tratou de ser rápido e se por em sua frente, a impedindo de dar qualquer outro passo.

-Porque está com raiva? Não fui eu que deixei você sozinha em um galinheiro, sendo acordada por uma galinha bicando seu cabelo! –Não houve tom de graça na voz de John daquela vez.

-Você é... irritante! –Bufou ela, batendo o pé direito com força no chão. – Vou deixar as coisas claras por aqui. Me esqueça! Já fiz o que queria. Passei uma maldita noite com você. A culpa não foi minha se acordou mal naquele dia! Quando me agarrou ali você nem pareceu notar onde estava! Mas não acho que isso estragou a sua felicidade, afinal conseguiu o que queria, como sempre, não é? –Viviane ajeitou a bolsa que trazia consigo em um dos ombros e ficou alguns minutos o olhando. Logo depois, deu um leve aceno com a mão para ele e continuou a andar, dobrando na primeira rua vazia dali e aparatando.

John ficou parado onde estava por mais outros longos minutos, tentando entender o que aquela mulher tinha de diferente das outras além, é claro, de ser tão irritante e rabugenta quanto uma velha em seus 60 e poucos anos.

Havia algo nela que o incomodava. Ele não sabia se era o sorriso desafiador ou a forma com que ela dizia cada palavra, parecendo segura de cada coisa que saia de sua boca.

Era verdade, ele conseguira o que queria, e a respeitaria. Viviane não queria mais nada com ele –se é que um dia eles chegaram a ter alguma coisa. John atenderia o pedido dela, como um bom menino obediente e atento as ordens da mãe.

Seu único problema era tentar fazer com que sua mente parasse de pensar em Viviane, o que, julgou ele, parecia ser algo impossível.

XXXXX

Era incrível como o destino parecia brincar com ele.

Daquela vez, por sorte, Harry adorou a brincadeira. Estava planejando fazer aquilo o mais cedo que pudesse, mas o seu alongamento de horário de trabalho não o ajudou, uma vez que tarde da noite ele julgava ser um péssimo horário para conversar.

Ainda mais se a pessoa com que ele gostaria de ter aquela conversa fosse Gina.

Naquela manhã, ao entrar no Ministério e pegar o elevador, seus pensamentos passavam longe da ruiva ou de qualquer coisa ligada a ela, o que deixava Harry um pouco feliz. Lembrar que brigara com Gina mais uma vez não era um pensamento muito agradável. No entanto, após entrar no elevador vazio que o levaria ao Departamento dos Aurores, a caçula dos Weasley entrou no compartimento, tão concentrada no jornal em que estava em sua mão que levou pelo menos 5 minutos para notar que não estava sozinha ali. E mais 5 minutos –o que Harry achou que fora proposital- para notar quem estava ali.

Ele sorriu de canto ao ver a cara de espanto dela e que nada poderia fazer para sair dali, uma vez que estavam sozinhos no elevador e esse já se encontrava em movimento.

-Vai me ignorar pelo resto da vida ou eu posso ter esperanças? – Perguntou Harry, ainda com o sorrisinho no rosto.

-Bom dia. –Disse Gina, de maneira casual, ignorando totalmente a pergunta dele.

-Bom dia...

Gina se odiou tanto por ter entrado no elevador sem ver quem se encontrava dentro dele que até considerou a ideia de azarar a si mesma. Respirou fundo e cruzou os braços, tentando manter os olhos em qualquer coisa que não fosse Harry Potter.

-Eu li... a sua coluna. Achei incrível e uma atitude nobre de Viviane a ajudar com o novo trabalho. Hermione me contou que ela não estava tão feliz tendo você fora do time... –Falou Harry, tentando iniciar uma conversa civilizada. Enquanto falou, seus olhos varreram o corpo de Gina por inteiro e percebeu o quanto ela ficava bonita de saia colada e blusa de botão com mangas longas. Bonita até demais, pensou ele, que não deixou de imaginar os olhares que os outros homens com certeza deveriam lhe lançar.

-Hum, darei o elogio a ela. –Disse Gina, ainda sem olhá-lo.

Ele suspirou e passou uma das mãos em seu cabelo. Seria mais difícil do que imaginara reconquistar a confiança de Gina. Resolveu então partir logo para o assunto, e agradeceu pelo elevador parar em um andar que nem ele e nem ela soltariam.

-Escuta, Gina. Aquilo que você viu foi um completo engano. Não tenho nada com a Jean. Nada mesmo. Aquilo foi um acidente...

-Será que esse elevador ainda vai demorar?? –Gina olhou para o teto, na direção de onde parecia vir a voz que indicava o andar em que estavam.

Harry então respirou fundo e segurou no braço dela, a fazendo virar-se de frente para si e olhá-lo finalmente nos olhos.

-O que eu tive com a Jean ou qualquer vestígio do relacionamento que tive com ela, acabou naquela maldita noite, Gina! –Disse ele, um tanto ríspido. – Ela sabe agora. Ela, Rony, Hermione... até o idiota do seu namorado sabe que eu gosto de você...

A voz do elevador anunciou o andar em que Gina deveria ficar, o que a impediu de ter qualquer iniciativa diante da revelação de Harry. Tudo o que fez foi soltar com cuidado seu braço da mão dele, olhá-lo nos olhos e sair andando, deixando-o sozinho e sem qualquer resposta.

Ela ainda duvidava que conseguiria dar uma resposta para aquilo. Ela duvidava mais ainda que conseguiria emitir qualquer som de sua boca e muito menos chegar a algum lugar pelos próximos minutos, mas ainda assim suas pernas continuavam andar.

Gina não escutava nenhum barulho e seus olhos também não pareciam focar no caminho que devia seguir. O que diabos ele havia feito com ela? Nunca havia se sentido daquela forma, como se estivesse perdida em um lugar conhecido, rodeada de pessoas que ela também conhecia. Era como se estivesse fora de si.

A frase “...eu gosto de você...” era a sua única fonte de realidade no momento.

–XXXXX-


Gina achava que havia engordado consideravelmente naquela noite. Como se não bastasse a presença de todos, Molly havia preparado os pratos culinários preferidos da filha mais nova, fazendo assim com que todos os ruivos na mesa apreciassem e saíssem satisfeitos d’A Toca. Fora um jantar animado, como os das épocas em que os irmãos de Gina chegavam de férias de Hogwarts, sempre muito famintos e cheios de novidade, e passavam boa parte do jantar apertados um ao lado do outro, ao redor da antiga mesa da cozinha.

Mesmo estando cansada pelo longa semana do mais novo trabalho, Gina ficou para ajudar a mãe a arrumar a cozinha enquanto Viviane tomava banho no andar de cima. Todos já haviam se recolhido, até mesmo David, que ainda estava um pouco amuado com a notícia que lera no jornal no início da semana.

De fato, aquilo a magoara... Não pelo ciúme asqueroso do namorado, mas por ele estar certo por sentir aquilo.

-Esqueceu do feitiço, querida? – Indagou Molly, que secava as mãos com um pano.

Gina balançou a cabeça.

-Não... apenas quis fazer isso.... – Disse ela, colocando um copo seco em seu lugar. Não era totalmente verdade, mas também não era uma completa mentira. Não queria subir e ter a oportunidade de encontrar David não quando uma decisão parecia dançar em sua mente.

-Aconteceu alguma coisa?

Mãe e filha se encararam. Gina demorou um pouco a responder, em dúvida se contava ou não para ela...

-David. –Respondeu ela, depois de um tempo, e Molly apenas balançou a cabeça, assentindo e demonstrando que a filha não precisava falar mais nada, pois ela sabia. Talvez houvesse notado no momento em que vira a filha naquela noite.

-E o motivo se chama Harry Potter, suponho. – Não foi uma pergunta, Gina percebeu. Colocou o último copo no lugar e guardou o pano com que o secara, para logo depois se apoiar no balcão e encarar a mãe.

-Então você também notou...

- O modo que ele olha pra você? – Riu Molly. – Desde o final do seu quarto ano, filha. Talvez os dois tenham demorado para perceber, mas para quem ver de fora.. é fácil notar.

-Estou com David. –Informou Gina, como se aquela informação fosse nova.

-Eu sei. E fico feliz que você esteja com quem queira estar... mas lamento pelo seu coração.

Gina não soube o que dizer diante das palavras da mãe. Parecia que Molly, com um único olhar, era capaz de entrar e mergulhar na alma da filha.. e saber tudo o que estava acontecendo com ela. Talvez esse fosse um dos dons de ser mãe.

-Às vezes o que queremos não é aquilo que o nosso coração almeja, Gina. Mas, o que eu sempre me perguntava era: a qual desejo temos que dar prioridade? –Molly chegou perto da filha e ficou na ponta dos pés para lhe deixar um beijo casto na testa. –Não se trata do certo a se fazer, e sim no que nos deixa realmente feliz. Pense nisso, querida. Eu já vou me recolher.

Depois da saída da mãe da cozinha, Gina não soube quantos minutos ficou parada, sem se mover, pensando no que Molly dissera. E, depois de longos minutos, finalmente havia tomado uma decisão. Não sabia se fazer aquilo seria exatamente correto, mas era o que iria fazer. Precisava.

Saiu da cozinha e passou pela sala, indo em direção as escadas, o sono já lhe pesava os ombros, e ela tinha que, no outro dia, estar bem desperta. Romper com David não seria uma tarefa fácil... Mas queria ser justa com ele e principalmente com ela mesma.

Apesar da decisão, ela desejou que aquela noite passasse bem lentamente.


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Notas finais do capítulo

NA: Nós queríamos ter tempo para fazer uma NA decente, mas vendo a hora em que postamos e considerando o fato de que teremos de viajar daqui a menos de uma horinha, esperamos q nos perdoem.
Esperamos que os leitores perdoem a nossa demora tbm, e que deixem review dizendo o que acharam desse capítulo!
Recomendações, críticas, MP... falem com a gente sobre o que estão achando, certo??
Obrigada a todos que deixaram review no cap passado!
Beijooooos!!
P.S: Juramos não demorar mais tantoooo assim para postar o próximo!