"Your beautiful eyes stare right into my eyes, and sometimes I think of you late at night"

Alguns anos depois…

A Guerra contra Gaia estava terminada, e parecia que finalmente os semideuses teriam um descanso por um tempo mais prolongado. Piper e Jason haviam terminado, mas Reyna não chegara a falar com ele novamente. Logo após a guerra terminar, Lupa dispensou a filha de Belona de seu treinamento no Acampamento Júpiter, que já estava terminado. Reyna amava aquele lugar e ficou relutante em partir, mas decidiu que queria seguir a vida também. Fazer faculdade. Arranjar um emprego. Ter filhos. Agora, com seu treinamento completo, ela poderia fazer tudo isso em segurança, desde que continuasse sempre o mais perto possível do Acampamento Júpiter e da Casa dos Lobos.

Todos pensavam que Reyna optaria por se tornar tenente, chefe de polícia ou qualquer coisa do gênero, mas ela decidiu cursar o que menos esperavam dela: arqueologia.

A universidade em que ela estava, em San Francisco mesmo, tinha várias faculdades para os mais variados tipos de emprego. Mecânica. Web-design. Arqueologia. Aviação. Marketing. Medicina. Eram inúmeras opções em um único lugar, e Reyna sabia que lá havia um excelente ensino. 

Reyna também havia optado por ficar em um dos dormitórios da universidade, isso facilitava muito. Os dormitórios ficavam em pequenos prédios separados dos prédios das faculdades. Em cada andar haviam dois apartamentos, e em cada apartamento ficavam duas pessoas - sexo masculino separado do feminino, óbvia e claramente. A garota com que a filha de Belona dividiria seu dormitório só chegaria mais tarde, mas ela não fazia ideia nem do nome da tal.

Os estudos começariam apenas no dia seguinte, então Reyna tirou o dia para se estabelecer no dormitório, arrumando suas coisas da melhor maneira possível, e depois foi passear pelo extenso campus. O campus era realmente gigantesco, com várias áreas verdes com grandes e belas árvores, várias áreas para se exercitar, um laguinho, uma cafeteria... tédio não seria uma opção lá. Uma brisa suave e calorosa de primavera soprava.

Reyna decidiu dar uma olhada na cafeteria, andando tranquilamente até lá, quando sentiu um corpo se chocar violentamente contra o seu. Ela acabou caindo de joelhos, mas se levantou rapidamente, pronta para xingar quem quer que tivesse sido o idiota alheio à realidade que havia trombado com toda a força com ela, mas mudou de idéia ao ver o olhar suplicante e a mão estendida da pessoa.

A pessoa era um garoto que parecia ter a mesma idade que ela. Ele era alto, tinha a pele bronzeada, cabelo cor de bronze meio despenteado - o que o dava um ar sexy - e olhos verdes da cor do mar. Usava calça jeans e uma camiseta verde que deixava seus músculos muito proeminentes. Reyna já havia lido os livros de "Jogos Vorazes", e se pudesse escolher qualquer pessoa para interpretar Finnick Odair, seria aquele cara.

- Me desculpe pelo trombo! Eu estava meio distraído... - Ele se desculpou. Reyna riu um pouco, como quem diz "É, eu percebi".

- Tudo bem, isso acontece. - Ela falou.

- Te machuquei? - O Finnick-Odair-da-vida-real perguntou, e a filha de Belona apenas negou com a cabeça. - Bom... prazer, sou Henry. - Ele estendeu a mão novamente, e Reyna apertou-a.

- Reyna. - Ela se apresentou. - É seu primeiro ano aqui?

- Sim. É o seu?

- Sim... pretende se formar em...? - A jovem arqueou levemente as sobrancelhas, como quase sempre fazia após uma pergunta. Era uma mania que vez ou outra as pessoas encaravam como algo não muito legal e um ato de zombaria, mas não era nada disso (ou ao menos na maioria das vezes não era).

- Arqueologia. - Henry respondeu. - Assim como você.

- Como você sabe? - Reyna ficou assustada, ela não tinha mencionado nada disso com ele.

- Tenho minhas fontes. - O garoto piscou e riu. - Na verdade, tem uma lista dos novos universitários e seus cursos em frente ao prédio principal. Vi seu nome lá, mas talvez não fosse você, e sim outra Reyna. - Ele explicou.

- Ah, isso explica muita coisa. Eu passei reto por aquele cartaz... - Henry riu da resposta dela. Eles ficaram um tempo em silêncio. –

- Então... nos vemos amanhã? Tenho umas coisas para arrumar no dormitório.

- Certo. – A filha de Belona assentiu. – Até amanhã.

- Até. – Henry saiu a passos rápidos na direção contrária de Reyna, que seguiu indo até a cafeteria.

A cafeteria era aconchegante e grande, com a maioria dos móveis e pintura de madeira escura e polida, e tinha dois andares. No primeiro andar, o andar “térreo”, havia uma bancada com salgados, doces, lanches, cafés e outras bebidas. Também haviam várias mesas em formas retangular e quadrada espalhadas lá, e nas paredes, vários painéis gravados com horários e informações, além de um mapa do campus. O segundo andar formava um semicírculo com escadas levando para ele em cada canto, e tinha a aparência de uma extensa varanda que dava para o primeiro andar. O segundo andar servia mais como uma pequena biblioteca, com várias estantes cheias de livros e mesas redondas. Uma grade preta de tamanho médio que parecia formar formatos florais cercava o andar em forma de varanda. A maior parte dos jovens estavam no andar de baixo, tomando e comendo algo e conversando, mas alguns universitários estavam sentados confortavelmente no segundo andar, lendo e pesquisando em vários livros e até algumas réplicas de pergaminhos antigos.

Reyna subiu calmamente as escadas, parando em uma estante que lhe chamou a atenção - ela era cheia de pergaminhos, alguns, que estavam meio abertos, com escrituras em latim. Ela retirou um dos pergaminhos rapidamente e deu uma lida em seu conteúdo - contava desde a época em que Otávio Augusto se tornou o primeiro imperador de Roma até a batalha naval de Actium. Era interessante e parecia bem mais detalhado do que outros arquivos sobre aquilo que a filha de Belona já havia lido. Ela procurou uma mesa para se sentar e poder ler tranquilamente, mas todas estavam ocupadas.

Um garoto loiro lendo a não mais do que duas mesas de distância chamou a sua atenção, e ela foi até ele.

- Com licença, posso me sentar aqui? - Perguntou em uma voz suave.

O garoto levantou a cabeça e fitou-a com seus olhos azuis, abrindo a boca que formava um leve sorriso para dizer algo. Os olhos cor de chocolate de Reyna se arregalaram.

- Jason?