Capítulo 16: Declaração

   Hermione ficou estupefata devido à revelação. Ela não havia penado nisso. Harry parecera ficar mais confuso um pouco depois das aulas com Dumbledore que às vezes incluíam tentar entrar na mente do Lorde das Trevas. O mais estranho não era o fato de Harry ter apenas confundido os pensamentos. Era os outros pensamentos sobre ela, pertencerem ao Tom.

   Ele havia ficado confuso sobre o que sentia por ela. Mas agora? Já havia decidido?

-Não está mais confuso? – Perguntou ela.

Ele negou.

-O que decidiu?

-Tudo indica que eu a amo desesperadamente. Mesmo que contra os meus princípios. Eu a amo contra a minha vontade, contra a minha razão, e até...

-“Contra o seu caráter”. – Hermione completou a citação. – Você leu Orgulho e Preconceito?

-Por que a surpresa? – Ele riu.

-É que Jane Austen era uma trouxa.

-Como pode ter certeza? – Perguntou ele. Tinha sentido.

-Certo. – murmurou ela sem saber o que dizer.

-Então agora me permite dizer-lhe, hum... Que eu a admiro e a amo ardentemente?

Outra citação.

-Como isso é possível? – Disse ela num sussurro – É loucura. Eu devo estar louca.

   Tom quase caiu para trás ao ouvir o que ela disse. Estava dizendo que aquilo não podia acontecer. Mas era mais forte do que ele.

-Por quê? – Perguntou ele.

-Porque eu devia repetir as mesmas palavras que você citou e muito mais para dizer-lhe que sinto o mesmo. Que eu o amo perdidamente e não aguento mais ficar longe daqui. Meu coração pula quando te vejo e minha vida começa a fazer sentido. Só me sinto viva de verdade quando estou com você. Sempre pensei que te odiava pelo que fez. Agora o sentimento mudou. Eu continuo te odiando.  Odeio aqueles que me mantém longe de você, mesmo que por alguns dias. Odeio a dúvida de que vou te encontrar. Odeio o fato de não poder te amar. Odeio você por fazer com que eu me sinta confusa. Odeio quando me faz rir e me faz chorar. Odeio quando percebo que não vivo sem você. Odeio por me deixar insegura quando está por perto. Odeio por me viciar em te encontrar, por me fazer te amar. Odeio por estar fazendo o que faz com os seus servos. E odeio principalmente por não conseguir te odiar mesmo que me faça sofrer. Mesmo que repita tudo o que fez. Mesmo que me machuque. Não consigo te odiar.

   Ela estava com lágrimas nos olhos. Um dia precisaria dizer isso. Antes pensara odiá-lo por fazer seus amigos sofrerem. Por pôr sua família em perigo. Mas agora percebera que confundira os sentimentos. Não o odiava. O admirava e amava ardentemente e sem restrições. Mesmo que com pouco tempo juntos, ela não conseguia se imaginar sem ele.

-Eu odeio por fazer com que eu me sinta assim. – Disse ele – Odeio por acabar com o meu controle. Odeio por fazer com que eu me preocupe com você. Odeio por não poder ficar comigo sempre. Odeio pelo que você é. Odeio o jeito que você me deixa. E me odeio por não conseguir te odiar. Todo o mundo diz que eu devia te odiar, mas eu não consigo. Não vivo mais longe de você. Ao te ver pela primeira vez, quis te conhecer. Não me importo com as informações que traz. Apenas quero saber se está bem. Quero que fique perto de mim. Quero que continue a me amar como eu te amo. E preciso que fique junto de mim, não importa o que aconteça, pois não consigo mais viver sem você.

   Ela riu entre as lágrimas que insistiam em cair e o beijou. Não ligaram para a falta de ar dessa vez, não podiam se afastar. As mãos de Hermione tiraram lentamente as peças superficiais de Tom. Do seu Tom.

   Ele deixou que ela tirasse as roupas que estavam pesando em seu corpo. Depois de tirar a capa, gravata, e pulôver inverteu as posições, ficando em cima da garota para tirar parte do exagero de roupas. Naquela noite não aconteceu nada, mas ambos dormiram abraçados e felizes. Ela, depois de muito tempo. E ele, pela primeira vez, dormiu sorrindo.