Cap 21 - Negócios à parte

Hermione PDV:

O inverno passou, dando lugar à primavera. O meu prazo estava cada vez menor e isso não era algo muito bom. Eu teria de ir, e se quisesse que Tom fosse comigo, teria de contar toda a verdade.

- Quase posso tocar seu incômodo. – Tom comentou enquanto íamos almoçar.

- Só... Pensando na minha casa.

- você nunca me falou dos seus anos antes de vir.

- Não é tão interessante. – Menti. – eu não era uma pessoa muito ativa. Mas... E u vivi uma guerra. – Dei ombros.

- Uma guerra? – Me encarou.

Confirmei com a cabeça.

- eu ajudava o meu amigo. Estavam tentando matá-lo. Por isso a guerra.

- ele é tão importante assim? – Estranhou.

- Não é ele. Foi o que ele fez. – Expliquei. – ele derrotou um homem. E esse homem quis vingança. Ele morreu, mas conseguiu sobreviver.

- Como...

- Ele dividiu a alma dele em alguns pedaços. – Falei olhando pra baixo. – Então... Bom... Meu amigo destruiu a que estava no corpo dele quando era um bebê.

- Um bebê?

- Incrível, não é? Inacreditável. Mas isso o fez perder os pais. Nenhum parente bruxo foi encontrado e ele teve de viver com trouxas, na casa da irmã da mãe.

- é como o orfanato?

- É pior que o orfanato. – Confessei. – Eu os conheci, eles são horríveis. Quando meu amigo completou dezessete anos a guerra começou. Alguns grupos se juntaram ao lado do homem, outros ao nosso.

- Você guerreou?

Confirmei com a cabeça e ele tocou meu braço, onde havia escrito “sangue-ruim”.

- Foi assim que...

- queriam me marcar pra morte. – Falei. – eles estavam matando os nascidos-trouxa. Eu, Harry e Ronald éramos os mais procurados. Conseguimos fugir por pouco do esconderijo deles, mas muitos amigos nossos morreram. Fred, Colyn... – Lembrei.

- Há quanto tempo?

- algum tempo. – Falei simplesmente. Era quando eu faria o meu sétimo ano. Então estou aqui.

- sem eles?

- Sem eles. Me traíram depois de tudo. Porque eu ficaria com eles?

- e o aconteceu com o homem?

- Destruímos cada objeto onde ele guardava a alma. Um por um.

- Como? – Estranhou.

- com muito trabalho. – Confessei. – Mas conseguimos. Passamos meses viajando e procurando coisas significativas para ele que pudessem ser um alojamento, destruímos a maioria. Menos a última. Uma cobra de estimação.

- Uma cobra?

Confirmei.

- Outra pessoa fez isso. Mas foi feito. – Falei simplesmente.

Ele comeu por alguns segundos em silêncio.

- Não é uma história feliz.

- Não. Não é. – Falei simplesmente terminando de comer.

Tom segurou minha mão.

- Está tudo bem agora.

- Olha, o que me deixa mais aflita é que... Tom esse homem tem a sua história.

Ele me encarou.

- Ele não tinha pais. Foi criado num orfanato, veio para Hogwarts e era o melhor aluno. Mas ele nunca teve ninguém. Nunca teve amor. Ele matou o próprio pai porque tinha raiva.

- Eu tenho você. – Falou. – Eu sei que não tenho pais e não tinha quem me amasse, mas agora eu tenho você.

Eu gostaria de acreditar em Tom, mas eu sabia que devia ir lentamente sem passar de seus limites, ou o futuro para o qual eu voltaria seria pior do que o futuro do qual eu havia vindo.

Tom PDV:

Ver Hermione angustiada me incomodava. Há quanto tempo estávamos juntos? 3 meses?

Eu sentia como se a conhecesse há anos. Éramos muito parecidos.

Ouvi a história de Hermione absorvendo cada informação, sem deixar de sentir o anel dos Riddle pesar em meu dedo. Eu havia o matado e feito o mesmo que aquele homem: Me transformado em imortal. Mas agora aquilo não me parecia valer de nada. Saber que um dia Hermione iria morrer me tirava do foco. Aquilo nunca havia acontecido comigo.

- tenho uma poção nova pra vocês hoje. – Slughorn falou entrando na sala. – Sei que nunca a fizeram e espero que tenham resultados satisfatórios. Vamos fazê-la até o fim do ano e intercalar com outras. Esta é a primeira etapa.

Ele parou em frente a sala.

- Felix Felicitus. – sorriu. – Os ingredientes estão no armário. A página é a nº 65 em diante. Boa sorte e comecem.

Me preparei para levantar.

- A propósito. A poção é individual e o dono da melhor poção ganha um frasco.

Encarei Tom.

- Negócios a parte. – avisou.

Continua...