Recém-nascida escrita por Cambs


Capítulo 7
Seis




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Com o choque inicial dos reencontros já acabado, Erin, Carlo e os outros entraram um por um, enquanto eu e Kyara ficamos ao fundo, sendo as últimas a entrar no castelo.

— O que faz aqui? — perguntei em um sussurro para Kyara, que observava o lugar com olhos críticos, como se estivesse realmente apreciando o lugar, mas não quisesse expor isso. Que eu me lembre, ela sempre fora assim.

— Meu anjinho disse que eu encontraria paz e serenidade por essas bandas — ela respondeu sem olhar para mim, ainda presa pela decoração interna.

— Ele estava errado — suspirei. — Esse seu anjinho tem nome?

— Tem, mas o manterei apenas para mim — Kyara sorriu de canto e finalmente olhou para mim. — Você cresceu bastante. Que eu me lembre, da última vez, você não passava da minha cintura.

— Eu tinha apenas dez anos Kyara, por favor — sorri sem querer. Não que eu achasse minha infância algo realmente feliz, mas havia cenas que eram realmente legais. Com as de Kyara discutindo altamente com Mégara por vestidos. Ou simplesmente a vampira derrotando Demetri e Marco em um treinamento. — Como se meteu nesta encrenca?

— Você sabe como entrou em suas encrencas? — uma das sobrancelhas negras de Kyara se arqueou. Fisicamente, ela não havia mudado. Os cabelos negros continuavam ondulados e na altura da cintura, a pele continuava pálida e os traços do rosto continuavam ali, fazendo-me lembrar de Mégara. As irmãs não se pareciam em muito, mas os poucos traços suaves e delineados eram suficientes.

Balancei a cabeça enquanto sorria e continuei acompanhando Erin e os outros até o lugar onde eles desejassem. Que eu descobri, depois, ser uma grande sala redonda, que deveria ser o mais próximo de uma sala de estar. Para minha surpresa, ou não, o clã inteiro estava presente ali, e claro os que eu não conhecia.

— Sophie — Erin sorriu enquanto parava ao meu lado. Ela apontou para um homem parado perto da parede. Ele era alto e pouco musculoso, de pele amorenada e cabelos escuros penteados para trás, o rosto fino era enfeitado por uma barba rala e os olhos de safira tinham um tom escuro. — Este é Matthew — Erin apontou então para a mulher ao lado de Matthew. Ela era um pouco mais baixa que ele e seus olhos acompanhavam o tom escuros de safira do vampiro, a pele era um pouco mais clara e os cabelos tinham um bonito tom de cobre, com o rosto mais quadrado e poucos traços realmente delicados. — Esta é Bonnie.

— Olá — Bonnie sorriu e acenou, fazendo-me sorrir e quase acenar de volta.

Erin continuou com as apresentações ela apontou para Zed, aparentemente esquecendo-se que eu já o conhecia, mas ele continuava do mesmo jeito. Grande como Demetri, de sorriso doce contrastando com o tamanho e queixo forte, os cabelos castanhos elevados em alguma espécie de topete e os olhos de safira em um tom mais claro e vibrante, quase como neon. Erin seguiu então para uma vampira que eu não conhecia, parada ao lado de Zed, não era tão alta e era magra, com compridos cabelos louros, lisos no começo e com cachos nas pontas, onde a tinta dourada era mais escura, o rosto fino trazia traços delicados lhe dando um pequeno ar de bonequinha e os olhos tinham o mesmo tom escuro de Matthew. — Esta é Becca — Erin sorriu de canto. Becca cumprimentou-me com um breve aceno de cabeça, que eu retribuí. Aparentemente o único antissocial ali era Matthew. — Este é Seth — Erin apontou para um vampiro de cabelos loiros penteados para o lado e com bastante gel, era provavelmente o mais magro dali e não era muito alto, tinha uma boca desenhada e bem bonita que, no momento, estava curvada em um sorriso lançado em minha direção. Erin seguiu então para Eliah, que continuava com os mesmos cabelos castanhos escuros, quase pretos, e penetrantes olhos de safira. — Esta é Innya — Erin indicou a vampira ao lado de Eliah. O rosto em formato de coração era emoldurado por cabelos castanhos caindo em ondas até o meio das costas, com traços delicados fazendo-a parecer algo feito de porcelana, até mesmo na estatura. E, pela posição dos braços de Eliah ao redor dela e aquele ar de felicidade que circundava os dois, eu aposto e ganho que eles estão, pelo menos, casados. — E esta é...

— Riese — uma garota disse, saindo do lado de Innya para vir me estender a mão e, bem, ela não era uma vampira, seus olhos azuis claros informava isso. — É um prazer finalmente conhecê-la.

— Finalmente é? — arqueei uma sobrancelha enquanto apertava a mão de Riese. Então esta era a nova dhampir de Carlo, o engraçado é que, para mim, ela se parecia com Innya. Tinha o mesmo rosto em formato de coração e as ondas nos cabelos, embora a cor dos cabelos fosse mais escura, praticamente preto.

Arfei.

— O que foi? — Riese perguntou ligeiramente curiosa. Olhei pra Eliah e suspirei.

Quando Karissa disse que Riese era uma dhampir e filha de Eliah eu não imaginava que seria, bem, literalmente. Sei lá, ela poderia ser adotada, existem alguns casos de dhampirs abandonados por ai. Mas não, Riese era filha de Eliah com Innya. Caramba, caramba, caramba.

— Nada — balancei a cabeça, atraindo o olhar de Kyara e Matthew. — Não foi nada, é um prazer conhecê-la Riese.

Riese sorriu e voltou para perto de Innya, que aparentemente percebeu que eu tinha entendi que Riese era sua filha. O que para mim é uma surpresa por causa do passado do Carlo, mas enfim.

— Sophie — o último vampiro da esquerda sorriu. Ah, doce Carlo, com os mesmos cabelos escuros com poucos fios grisalhos espalhados por toda sua extensão, nariz pontudo, queixo forte e o um metro e oitenta de pele amorenada de mais de meio século. Sem contar com a ruga da testa e as linhas de expressão perto da boca e os mínimos pés de galinha perto dos olhos de safira que tinham um tom escuro como eu nunca havia visto antes. Sério, como podiam achar que esse cara era culpado?

— Carlo — sorri de volta e fiz questão de dar alguns passos para abraçá-lo, tendo só agora a noção do quanto eu havia sentido a falta daquele homem. — Queria que esse nosso reencontro acontecesse em alguma ocasião mais feliz.

— Já acabamos? — Kyara suspirou pesadamente, fazendo com que eu e Carlo olhássemos para ela. — Podemos dar uma acelerada? Vi uma jaqueta incrível em um shopping antes de vir para cá.

— Você não gosta de shoppings ou lojas populares — Carlo disse.

— As pessoas mudam sabia? Eu precisava de alguma distração — ela deu de ombros e resfolegou.

— Você é eternamente contra a mudança, Kyara — disse e depois fiz uma careta enquanto cruzava os braços. — Pareci o Vicktor falando, nossa.

— Pareceu mesmo, e não faça isso outra vez.

— De qualquer forma, ela está parcialmente certa, precisamos conversar e esclarecer algumas coisas — Carlo disse ao passar um de seus braços por minha cintura. — Mas, antes, você e Kyara precisam descansar, ambas acabaram de chegar de uma viagem certamente longa. Espero para dar essas explicações há algum tempo e posso esperar mais um pouco.

— Qual parte do “podemos dar uma apressada” você não conseguiu entender? — Kyara resfolegou, olhando para Carlo com uma sobrancelha arqueada. Carlo apenas sorriu e balançou a cabeça. Ela, então, olhou para mim buscando alguma ajuda.

— Estou sob efeitos de medicamentos e não respondo por meus atos — ergui as mãos em sinal de rendição. — Mas aceito sem problemas se quiser fazer isso agora, Carlo. Não precisa esperar mais um pouco por necessidades que eu e Kyara podemos ignorar por mais um pouco.

— Você não trouxe uma mala como a vampira — Riese disse de repente, fazendo-me sorrir com sua observação.

— Não, não trouxe uma mala. Eu não pretendo ficar mais de um dia por aqui, quanto antes este assunto for resolvido, mais cedo vocês terão algum tipo de paz.

— Continua inocente criança — Eliah disse, pronunciando suas primeiras palavras naquela noite. — Acredita mesmo que passará menos de uma semana por aqui?

Não.

— Sim, acredito. Não é um assunto exatamente demorado, gastarei mais tempo na estrada de volta para Hunyad do que aqui.

— Olha, quando forem finalmente tratar do assunto que interessa, façam o favor de me avisar. Até lá estarei no meu quarto — Kyara descruzou os braços e começou a caminhar com passos largos para fora do cômodo. E depois quando eu digo que ela não muda, estou errada.

— Conto até cinco para você ir chamá-la? — Erin perguntou elevando o canto da boca em um sorriso torto, fazendo as maçãs do rosto naturalmente altas subirem um pouco mais.

— Conto até cinco para ela voltar — respondi. Dito e feito. Cinco segundos depois Kyara havia voltado.

— Sabe, minha saída dramática deveria ter feito vocês se mexerem.

— Onde quer conversar? — virei-me para Carlo. — Na sala de reuniões?

— Não, lá está em reformas. — ele suspirou parecendo cansando, o que deveria mesmo estar. — Não são muitas pessoas, podemos conversar no meu quarto.

— Certo então — concordei com a cabeça apenas para ver Carlo fazer a boca virar uma linha reta. — Olhe, não estou cansada, ok? Pare com isso.

Parecendo derrotado, Carlo suspirou e chamou Eliah e Matthew, para só então começarmos a nos mover para fora daquele cômodo. Comigo sendo a última da fila novamente, observei cada um deles caminhando a minha frente, desde os cabelos cor de mel encaracolados de Erin balançando com o movimento de seu corpo esguio ao lado de Carlo no começo da fila, passando por Eliah e Matthew que trocavam alguns murmúrios e olhares, até chegar a Kyara andando decidida a alguns centímetros de mim.

— Fiquem a vontade — Carlo disse ao pararmos na frente de uma das portas do corredor. Assim que entramos, todas as cadeiras disponíveis no quarto foram tomadas, obrigando-me a pedir licença e sentar na cama macia. Sacanagem. — Acho que eu deveria dizer que sinto muito.

— Não deve não — Kyara disse enquanto cruzava as pernas. — Sabemos que não foi sua culpa. Mesmo que Mégara o declare culpado, você sabe tão bem quanto eu que ela não bate muito bem da cabeça desde que nossa bela Sophie ali nasceu.

— Obrigada por me lembrar das condições do meu nascimento Kyara — revirei os olhos. Como se eu já não me sentisse horrível por Mégara.

— Disponha querida — Kyara lançou-me um sorriso antes de voltar-se para Carlo. — De qualquer maneira, sabemos que você não é culpado, Carlo.

— Talvez eu seja, vocês não conhecem toda a história.

Se Carlo não falar logo e eu continuar nessa cama, com certeza não conhecerei a história toda tão cedo.

— Então talvez você possa nos contar — disse.

— Não há muito que contar — Carlo suspirou mais uma vez.

— Por que Mégara iria acusá-lo? — perguntei. — Digo, por que os dois ellenséges diriam que foram enviados por você?

— Por que, tecnicamente, eles foram — o olhar de Carlo foi tão pesado que fez com que meu estômago se revirasse. Não, ele não faria isso. Faria?


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