Recém-nascida escrita por Cambs


Capítulo 4
Três




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Dor, dor, sangue, dor, um corte, dor, rebelde desgraçado que merecia um belo chute nos testículos e, olhe, mais dor. Estou esquecendo algo? Ah, sim, minha cara no asfalto.

— Não foi, exatamente, uma grande coisa não é? — o rebelde riu e retirou sua faca de minhas costas. Limpou meu sangue em sua camiseta e começou a andar ao meu redor, enquanto eu lutava para ficar de pé, mas bastou que ele me desse um chute no estômago para que o restinho de força que eu tinha fosse embora, caí novamente e ele virou meu corpo para cima, forçando-me a olhá-lo. — Está doendo muito? Não se preocupe, darei um jeito nisso para você.

O rebelde saiu de perto de mim por um estante e retornou pouco depois segurando a minha estaca. Sabe, aquela que deveria estar cravada no peito daquele maldito se eu não fosse tão burra... Essa é realmente uma ótima hora para começar a insultar a si mesma, não acham? Bravo. Se Demetri estivesse aqui, certamente estaria ou me dando um sermão ou simplesmente me obrigando a continuar a luta.

— É trabalhada, sabe quanto deve custar no mercado negro? — o rebelde perguntou enquanto eu respirava fundo, reunindo o máximo de força e energia que conseguia, e ignorando todas as pontadas de dor que vinham do machucado em minhas costas. — De dois a três mil euros. E, como tem o seu cheiro e iniciais nela, o valor duplica. Obrigado pela grana, bastarda.

Opa. Primeiro, eu odeio que me chamem de bastarda, sei o que sou e não preciso que ninguém me lembre disso. Segundo, os rebeldes não sabiam que eu era uma bastarda, essa informação era mantida em sigilo para que a imagem de Marco não fosse tão degradada — certo que ele não precisava de mim para ser mal visto por ai. Na verdade, só os membros dos grandes clãs sabiam que eu era uma bastarda. Por quem ele disse que tinha sido enviado? Certo... Por “um dos grandes”. Os únicos grandes que restavam eram Marco, Carlo e Anthony. E nenhum deles queria me matar, certeza... Bem... Eu acho.

— Uma estaca contra mim é inútil, seu imbecil — falei. Claro que eu não poderia perder a oportunidade de zombar dele, já estava toda ferrada mesmo. Como ele parecia ser bastante instável emocionalmente, talvez se eu conseguisse deixá-lo irritado a ponto de se distrair, pudesse tentar atacar, com sabe-se lá Deus o que já que não tinha arma nenhuma.

— Não lhe perguntei nada, garotinha bastarda — o rebelde rosnou. Se ele me chamar de bastarda mais uma vez, invento uma maneira de acabar com seu sistema reprodutor. Sim, eu sou bem baixa mesmo. Além do mais, ele também tina usado o “garotinha”, faça-me o favor.

— Pretende prolongar isso por mais quanto tempo, meu caro renegado?

Deixando as presas à mostra, o rebelde soltou um silvo de ódio em minha direção e largou a estaca, maravilhosamente perto de minha mão. Parece que ele era um pouco burro também. Rondando o meu corpo novamente, o rebelde voltou a pegar sua faca e partiu para o ataque.

Estiquei-me, dolorida e soltando vários palavrões, e quando meus dedos se fecharam em volta da base da estaca, levantei o braço e atingi o rebelde na barriga. Não era o suficiente. Encontrei uma força que não sabia que tinha e empurrei o rebelde para o lado, já por cima dele, levantei a estaca e dei-lhe o golpe final, acertando a estaca em seu coração.

— Quem é a garotinha agora? — sussurrei antes de empurrar o cadáver para o lado. Com dificuldade, levantei e olhei para o rebelde deitado e morto no chão perto de meus pés. — Não se deixa armas próximas ao inimigo, otário — abaixei-me um pouco para pegar a estaca e limpei o sangue em minha camiseta. O estado de minhas roupas era tão deplorável quanto à situação do corte em minhas costas.

Obriguei minhas pernas a me levarem até o carro e sentei no banco do motorista, praguejando horrores por conta da dor. Peguei minha bolsa e revirei o interior até encontrar meu celular. Para quem ligaria? Pela minha memória, eu não estava nem mais perto de Hunyad e nem mais perto de Carlo. Estava bem no meio do caminho. Eu ainda decidia o destino de minha ligação quando o celular vibrou anunciando a chegada de uma nova mensagem.

“Assim que estiver disponível, faça o favor de me ligar. SR”

Ryan. Cara, isso não é hora ok? Talvez depois que eu levasse alguns pontos nas costas. Poderia até ligar para os paramédicos e esperar uma ambulância, mas só de pensar no trabalho que terei para explicar como consegui todos os machucados... Não, precisava de um vampiro, tanto para mim mesma quanto para a cena ao meu redor. Ligaria para Elliot. Mas se ele não pudesse vir? Bem, eu poderia ligar para Demetri. E se Demetri também não pudesse vir eu simplesmente daria um jeito, recuso-me a pedir ajuda para Alec ou qualquer outra pessoa ali. Até mesmo para Vicktor, Lenna e Suzan que afora Demetri e Elliot eram os únicos ali que valiam alguma coisa. Santo Deus, eu deveria parar de ser assim tão chata.

Outra mensagem.

“Estou indo ai para te buscar, D ou El seriam de grande ajuda. —K.”

K? Oh, certo, Karissa. Adoro quando ela faz isso, de verdade.

Hunyad Castle, Hunedoadora, Romênia

Passando o pingente em formato de coração pelos dedos finos e pálidos, pensava se tinha tomado a decisão certa ao deixar a dhampir partir sem nada a dizer, sabendo que ela certamente iria para a residência de Carlo. Teria errado novamente ao deixá-la ir?

— Vocês não se dão bem, mas Sophie não é traidora — a voz de Vicktor foi suave e intensa, como sempre fora quando se dirigia a ela. Mégara analisou o vampiro. Os finos cabelos loiros, curtos e geralmente bagunçados, o belo rosto fino, a barba rala loira assim como as sobrancelhas e o cabelo, e os olhos azuis safira de vampiro. Ela lembrava-se de Vicktor antes da transformação, tinha adoráveis olhos azuis claros, parecendo um céu de verão. Mesmo com a tonalidade de safira os olhos de Vicktor continuavam adoráveis.

— Costumávamos dizer o mesmo sobre os Mottris, creio que se lembra disso — a voz de Mégara ecoou pelo salão que, exceto por ela e Vicktor, estava vazio.

— Sabe que não acredito mesmo que Carlo tenha sido o responsável por isso. Marco tem muitos inimigos e alguns mais antigos e perigosos que Carlo — o olhar de Vicktor for incisivo e Mégara soube de quem ele estava falando, ela ignorou o arrepio que sentiu ao lembrar-se dos tempos antigos em que tudo que Marco pensava era sangue, mesmo que nos dias de hoje isso não tenha mudado tanto. — E nós ainda vamos ter uma visita de Karissa, não se precipite ao mandar alguém atrás de Sophie.

Mégara suspirou cansada. Afinal, por que ela assumira o controle na ausência de Marco? Vicktor era quem deveria estar no comando. Certamente ele seria perfeito na tarefa, mil vezes melhor do que ela. Antes que pudesse responder a Vicktor, Lenna entrou no salão, com os lisos cabelos loiros balançando atrás de si e o ar de inocência e força que sempre acompanhavam a vampira.

— Nada ao redor, senhora — ela parou em frente à Mégara, sorrindo de leve. Lenna gostava de Mégara, para ela, a esposa de Marco representava uma grande força, principalmente por sua história.

— Certo... Obrigada, Lenna. Coloque Suzan e Elliot na próxima ronda.

— Sim senhora — Lenna fez uma rápida reverência e saiu.

Vicktor e Mégara trocaram olhares. Também não haviam encontrado nada ao redor na noite em que Marco fora levado. Balançando a cabeça tentando afastar a paranoia, a vampira suspirou novamente.

— Certo Vicktor, esperarei a visita de Karissa e darei uma semana para o retorno de Sophie. Depois da visita da mensageira, tomarei minha decisão.

Vicktor sorriu docemente. Revirando os olhos, Mégara praticamente rezava para que não estivesse errada, novamente.


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Notas finais do capítulo

Demorei um pouco não foi? Desculpem, eu simplesmente não consigo me conformar com esse capítulo até agora ç__ç