POV LILY

Os dias foram se passando, e era sempre a mesma coisa. Eu evitava o James de todas as maneiras possíveis, quando me encontrava com ele fingia que não era nada demais e quando não aguentava ia para a sala precisa chorar.

James agia como se nada tivesse acontecido, como se ele não tivesse me salvado do Remo, como se ele não tivesse me chamado do Lírio novamente.

Para evitá-lo, eu ficava bem menos no salão comunal, e por isso passava um bom tempo com Mary. Na época que eu estava com o James quase não falava com ela, pois eu sempre me sentava com ele nas aulas, inclusive na de feitiços e passava o dia inteiro com ele. Mas depois que terminamos voltei a me sentar com Mary e pedi desculpas por não ter falado muito com ela. Ela entendeu e me contou que estava namorando Matthew, um garoto da Corvinal. E por isso, os tempos que eu passava com ela diminuíram aos poucos, e eu ficava cada vez mais sozinha. Vivia em uma das mesas da biblioteca, concentrada nos estudos. Mas quando os exames acabaram não tive mais desculpa. Passeava pelo castelo sozinha, visitava Hagrid, ou apenas chorava na sala precisa. Os meus dias favoritos eram os dia que, como monitora, eu tinha que fazer ronda no castelo. Mais uma desculpa pra não ficar na torre da Grifinória. Até que, felizmente, as aulas acabaram.

Nunca fiquei tão feliz de ir pra casa. Mas o ruim era que eu não sabia com quem ficar no expresso Hogwarts. As meninas estavam com os marotos, e Mary estava com o namorado e outras pessoa que eu não conhecia.

Acabei dividindo um vagão com as meninas, o Frank e os marotos, me sentei o mais longe possível do James, encostada na janela admirando a paisagem ou lendo um livro.

O vagão estava estranhamente quieto. Estava também muito desconfortável. Mas depois de um tempo a tensão foi quebrada por piadas dos marotos. Aos poucos fui me soltando mais e me deixando rir. Mas em nenhum momento me permiti olhar pra James.

POV JAMES

Esses dias foram simplesmente horríveis. Não falava com Lírio a meses. Desde que eu a salvei. Naquele momento que a chamei de Lírio, não sei o que estava pensando, não poderia deixar transparecer nada, mas não aguentei vê-la daquele jeito, frágil. Era péssimo vê-la me evitando e me ignorando. Sinceramente, preferia os gritos dela.

Estava sendo a pior viagem de todas pois Lily não olhava pra mim. Tá, ela geralmente não olhava porque dizia me odiar antigamente. Mas era diferente, agora não posso simplesmente chegar perto dela, a abraçar, ficar dando em cima dela e vê-la corar e gritar comigo. Não podia, era por algo bem maior que isso, era pela segurança dela.

E também tinha outra coisa. Eu iria ter que ir pra casa sozinho, na verdade com Sirius, mas sem meus pais. Era horrível essa sensação. Apenas sentia vontade de chorar ao pensar nisso. Mas eu era o James Potter, machão que nunca chorava.

E sempre que pensava em meus pais desejava mais a Lily. Ela ainda gostava de mim, eu percebia. Já a ouvi chorando diversas vezes depois que me encontrava. Como quando aconteceu daquela vez que eu esbarrei nela sem querer, um pouco depois que terminamos, quando eu beijei Roxanne. Pois é, ultimamemente eu volte a ser o pegador de Hogwarts, mais pra mostrar aos comensais que eu não dava a mínima pra Lily.

Chegamos na estação King’s Cross, peguei minha bagagem, saltei e fiquei do lado de fora esperando o Sirius. Estava triste, seriam longas férias sem meus pais, naquela casa enorme.

Quando todos desceram me despedi do Frank, da Alice, da Marlene e da Dorcas, quando chegou a vez de me despedir da Lily não sabia o que fazer. Decidi apenas acenar. Mas quando olhei pra ela e ela olhara pra mim não pude evitar, a abracei, bem forte e ela correspondeu ao abraço. Queria mais que isso, queria um beijo, mas sabia que não poderia ter.

Dei um abraço no Remo e fui com Sirius até a rua onde chamamos o Nôitibus Andante. Não podíamos aparatar, pois, embora já tivéssemos 17 anos ainda teríamos que passar no teste.

Cheguei em casa e foi a coisa mais depressiva que vi na minha vida.

Não, não estava bagunçado e não tinha também nem uma sujeira, obra do Jack, amigo dos meus pais. Fui para o meu quarto e me tranquei lá. Não sabia mais o que fazer da vida.

Meus pais tinham morrido, não tinha mais família. Terminei com o amor da minha vida e tinha apenas ao remo e Sirius. Contudo temia pela vida deles.

Essas com certeza seriam as piores férias. E tive certeza absoluta quando me toquei que nem eu nem Sirius sabíamos cozinhar. O que seria da gente sem a minha mãe com aquelas comidas maravilhosas?

A casa parecia maior que nunca. Tomei um longo e relaxante banho. Não desfiz minhas malas, apenas a abri para pegar o pomo que meu lírio havia me dado. O coloquei em minha mesa de cabeceira e dormi.

POV LILY

Eu fiquei totalmente perplexa quando o James me abraçou. Mas fingi que estava tudo bem, me despedi de Sirius e os vi indo embora. Ele estava tão lindo, o James. Afastei quase que imediatamente esses pensamentos da minha cabeça. E me virei pra procurar meus pais.

Os achei um pouco distantes conversando e percebi que Petúnia não estava com eles. Graças a Merlin! Despedi-me dos meus amigos e corri até eles. Como estava com saudades. Fomos embora e no carro eu contei pra minha mãe que o Potter havia terminado comigo meses atrás. Não tinha contado isso por medo. Até tentei uma vez, só que as lágrimas mancharam a carta, e eu queria me fazer de forte. Fingi que estava tudo bem.

Entrei em casa e fui direto para o meu quarto, onde desarrumei minhas malas e deitei na minha cama. Estava muito cansada. Nem quis jantar, apenas adormeci profundamente em meio às lágrimas que caíam ao me lembrar de James.

Acordei no dia seguinte com o barulho de uma coruja na minha janela. Eu havia recebido uma carta, mas já? Quem mandara cartas a mim? Abri correndo e me decepcionei quando não reconheci a letra. Nela estava escrito:

Minha linda Lily,

Percebi que nos últimos dias você tem estado muito triste. Não, não quero saber o motivo. Alguém partiu seu coração certo? Apenas esqueça, não se preocupe. No castelo sempre te vigio de perto, por mais que você não me veja, eu estou ali. Mas agora, durante as férias não posso, terei que me contentar em mandar cartas. És tão linda! Não chore. Sorria! Estarei sempre por perto.

Com muito carinho

Seu admirador secreto.

 Era uma carta pequena, mas linda. Quem seria esse admirador? Queria responder, saber quem ele era, mas não podia. Abracei a carta e senti um cheiro em volta dela. Eu conhecia esse cheiro, de algum lugar, contudo, não me lembrava da onde.

O resto dos dias tive de me contentar em receber de vez em quando uma carta do meu admirador. Decidi não contar nada pra minha mãe, ela faria um estardalhaço. Estava tudo bem, tudo ótimo, eu estava começando a realmente ser feliz por causa desse admirador e dormia abraçada às cartas, sentindo o maravilhoso cheiro delas. 

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