- Marshall, o que você está fazendo? – Perguntou Fionna, esperando o vampiro voltar do quarto dele.

- Só um instantinho, já estou voltando...

- Você não está passando chapinha no cabelo não é?

- Fionna! Por favor! Eu já tenho o cabelo bem liso!  Já estou descendo!

Marshall surge flutuando com um papel na mão. Ele dá uma olhada rápida e logo o entrega a Fionna.

- Fiz uma música para você... Como você está bem apressadinha, não está completa. Mas dá para o gasto. – Marshall disse pegando a guitarra.

- Aww Marshall, desculpe-me!

- Isso parece mais um poema, pois não consegui achar um refrão descente...

- Canta Marshall!

O Vampiro sorri e se põe a cantar.

Oh Fionna,

Fionna é mais do que uma amiga para mim.

É a mais perfeita jovem,

Dos olhos perolados,

Que neles posso ver.

Um mundo, um sonho,

Mas o que será esse sonho?

Um mistério, quem sabe um milagre?

Seu canto me eleva,

Doce sereia terrestre,

Seus cabelos são como as ondas,

Repletas de sonhos, vastos desejos...

Um grande mar dourado,

Feito do mais fino ouro, manjar dos Deuses!

Por ele posso navegar,

Até a sua alma,

Uma pequena, doce alma...

Do formato de uma flor,

Pequena, singela.

Esperando para ser cultivada.

Será que cabe a mim cultivar essa flor?

Retirar a sua dor, seus pecados...

Doces pecados...

Um deles eu já provei...

Bela noite... Sempre direi...

 Fionna ficou sem palavras, o vampiro riu ao ver a reação da garota.

- Gostou?

- Amei... Marshall... Eu amei!

 Dusk arromba a porta, latindo como um desgovernado e salta em Marshall. Seu pelo estava eriçado, coração a mil e os olhos estavam fundos, como se tivesse visto um fantasma.

- O QUE HOUVE CACHORRO LOUCO?

- EU ESCUTEI O GRITO DA CAKE! ELA ESTÁ EM PERIGO! OS UIVOS ME DISSERAM!

- CARA O QUE DIABOS SÃO OS UÍVOS?

- Marshall isso não importa agora! Dusk! Diga o que aconteceu rapaz! Como assim a “Cake está em perigo”?

- O MARSHALL JANTOU SEU CÉREBRO MULHER? EU ESCUTEI O GRITO DELA! VEIO DAS TERRAS GELADAS!

- Reino gelado - Marshall corrigiu.

 O lobo rosnou e saiu de cima do vampiro, logo puxando a saia de Fionna com os dentes da frente. A jovem entendeu bem o que era, não podia duvidar do lobo. Se sua amiga estava em perigo, ela tinha que ajudar... Mas espere, a gata disse que não iria atrás dela, caso ela fosse presa. E realmente não foi. Porque ela deveria ir atrás então?

- Fionna, não temos muito tempo! – Dusk rosnou.

- Porque eu devo ir?

 O Vampiro se assustou quando escutou.

- Ela disse que não ia atrás de mim se a Rainha me capturasse. E ela não foi.

- Fionna, eu acho que ela não tinha ideia de que você fora raptada! – Dusk abanou as orelhas, assustando-se com a possibilidade da jovem não ir.

 O Lobo tinha razão, mas a ferida que Cake fez nela ainda latejava.

- A gata me fez lutar com a velinha aromatizada! E ME FEZ QUEIMAR NO SOL! ELA MERECE SOFRER UM POUCO! IMPRESTÁVEL...

Uma fúria acendeu em Fionna, por um instante, ela não se controlou. Se lembrou de tudo que aquela gata fez por ela e rejeitou o que Marshall disse. Reagiu sem pensar e deu um tapa no rosto dele.

- JAMAIS REPITA ISSO. – Fionna disse com o punho apontado para o queixo dele – Cake não é imprestável! JAMAIS SERÁ! SEM ELA EU PODERIA NÃO ESTAR AQUI!

Marshall rosnou, não gostou de como Fionna estava o tratando.

- COMO ASSIM? AQUELA GATA TE DEIXA PRESA E AGORA QUE ELA ESTÁ SENTINDO O GOSTO DE SEU PRÓPRIO REMÉDIO, VOCÊ VAI ATRÁS DELA?

Fionna não se retraiu, continuou de queixo erguido.

- O que ela fez foi errado... Mas eu sei que ela não merece a morte. Jamais merecerá. Ela é minha irmã e não vou abandoná-la.

O vampiro nada disse. Irmã, tá aí uma palavra que ele não se consegue lembrar dá última vez(Se teve uma vez...) que ele escutou algo assim. Palavras referentes à família quicavam na cabeça como uma bola de vôlei mal sacada. Como não conseguia compreender o que Fionna estava sentindo, ele abaixou a cabeça, suspirou e resolveu ajuda-la.

- Vou te ajudar, mas estou fazendo por você e não pela gata.

- Ma... – A Jovem fora interrompida pelo lobo antes de terminar a frase.

- VAMO LOGO!

Os três saíram de casa, as estrelas já estavam começando a surgir sobre aquele céu alaranjado, o sol já não queimava a pele de marshall agressivamente, era só se manter na sombra de vez enquanto. Dusk usou seu faro para achar um caminho mais curto para o Reino gelado.

- TEM ALGO ERRADO! – Dusk gritou arfando – MUITO ERRADO!

- A JURA CACHORRO? VOCÊ NOS TIRA DE CASA COMO UM DESGOVERNADO...

- Chega Marshall!! – Fionna gritou e o vampiro se calou.

Depois de uma longa caminhada, a neve começou a sobrepor a terra, dando alivio a eles. Fionna começou a parar, estava arfando, não parou de correr por nenhum segundo. Ela perdeu o equilíbrio, mas Marshall a segurou antes que ela caísse.

- Vamos continuar... Por favor...

- Fionna você veio correndo da minha casa ao Reino Gelado, por favor, relaxe um pouco!

Marshall a deixou sentada e o lobo deitou ao lado dela. Fionna pegou a mochila que estava em suas costas e retirou uma garrafinha d’água, que por um milagre ainda não estava congelada.

- Marshall, você está chateado comigo?

- Não, eu só não consigo te entender.

- Como assim?

- As vezes Feliz, As vezes raivosa, As vezes... Carente. Qual é a sua? De uma hora para a outra você muda assim... Puf!

- Em outras palavras, TPM. – O lobo disse rindo.

Fionna ficou corada e enfiou a cara do lobo na neve. Dusk levantou rápido e sacudiu a cabeça para retirar aquela neve fria do focinho.

- Ninguém merece Fionna! HAHA!

- Para... Pode ir parando por aí!

 Dusk levantou a cabeça e farejou o ar, o castelo estava próximo, mas havia algo errado. Onde estava àquele irritante som dos Gunters? E os seres de neve? Cadê todo mundo? Prestou mais atenção e começou a caminhar, enfiando o focinho cuidadosamente na neve. Dava para sentir um estranho cheiro de sangue vindo da direção do castelo. Não parecia sangue de gato, então aceitou a probabilidade de ser de algum animal que serviu de jantar.

Voltou e Marshall tinha feito uma fogueira. Fionna realmente estava cansada, queria lutar, mas poderia ser derrotada no primeiro round.

- Eu não vou ficar parada Marshall!!

- Fionna nem em pé você consegue ficar! Acalme-se!

- MARSHALL VOCÊ NÃO LUTA DE DIA!

- FIONNA VOCÊ NÃO LUTA DE NOITE!

- Isso é o que acontece quando sol e lua resolvem ficar juntos. – O lobo disse rindo.

O vampiro suspirou e segurou Fionna nos ombros.

- Descanse um pouco... É para seu bem ok?

 Fionna suspirou e tirou um casaco da mochila. Vestiu-o e o vampiro sentou no chão, deixando que a jovem o usasse como travesseiro.

- Dusk, vigia.

- Pode deixar, podem dormir.

Marshall acariciou as costas de Fionna, sentindo seu coração agitado. Assim ela nunca iria dormir.

- Posso te cantar uma música Fionna?

- Cante... Isso não vai me fazer dormir...

- Ok... Veremos... Tape os ouvidos Dusk.

 O vampiro começou a cantar uma doce e familiar cantiga...

Don’t be weepy sleepy kitties

Slip your slippers on your footies.

In the morning you’ll get goodies;

Kitty hats and Kitty hoodies.

- Onde você aprendeu… Isso? –Fionna disse sonolenta.

No stripes or polk-a-dots;

Heather grey and feather soft

Baby pink or baby blue…

All the draw strings you can chew…

Marshall sentiu a respiração dela mais calma, ela já estava dormindo. Apoiou sua cabeça na dela e resolveu tirar um pequeno cochilo.

.

.

.

“Marshall... Vamos conversar...”.

               Uma risada maníaca soa pelo ar.