Al Sobrante’s POV

Ok, eu não entendi muito bem a do tutu. Mas Tré sabia tocar.

Fiquei jogando conversa fora com aquele tal de Billie por um tempo, quando lamentou.

- Agh, queria ter um baterista como ele.

Levantei uma sobrancelha e perguntei:

- Como assim?

- É que estamos tentando formar uma banda, mas está difícil encontrarmos um bom baterista. - ele explicou. - Digo, eu e Mike, meu amigo. Falando nele, onde foi que ele se meteu? - Billie se perguntou, espichando o pescoço para ver se conseguia encontrar o tal Mike.

- Pera aí, você disse que estão procurando um baterista? - perguntei.

- Sim. - Billie respondeu com simplicidade. - Por que? Você conhece algum?

- Bem, se fosse possível, eu gostaria de fazer um teste.
- Você toca? - ele perguntou.

- Sim - respondi. - Aliás, foi o Tré é quem me ensinou a tocar. - Billie Joe continuou com cara de confuso. - Tré é o cara no tutu. - completei.

- Ah tá - ele disse. - Bem, tendo um professor como esse, acho que deve ser difícil ser ruim! - comentou Billie, admirado com as habilidades de Tré.

- É, ele realmente é muito bom. - eu disse, abrindo um sorriso.

- Bem, acho que você podia vir em minha casa fim de semana que vem. Sabe, para meio que um teste. Tudo bem para você?

- Claro! - respondi, pensando na minha agenda de compromissos inexistentes.

Billie pegou uma caneta emprestada com um garçom e começou a anotar algo em um pedaço de guardanapo.

- Pronto, aqui está o endereço. É uma casa de três andares branca, fica umas sete quadras daqui. - ele anotou algo mais no guardanapo. - E aqui está o meu telefone. Sabe, caso precise falar alguma coisa.

- Certo. - eu disse. - Obrigado.

- Eu que agradeço. - ele respondeu. - Afinal, se não fosse você, eu estaria tomando suquinho de uva a essa hora.

Ri com o comentário.

- Você tem idade para beber, não tem?

- Ahn… tecnicamente… não. - ele respondeu. - Mas obrigado. - e deu um sorriso.

Bem, tecnicamente eu também não podia beber, já que não sabia ao certo qual era a minha idade. Mas o garçom não precisava saber disso.

Um certo tumulto próximo do palco chamou a minha atenção. Eu e Billie nos levantamos para ver o que estava acontecendo. Tinha um bêbado forçando uma mulher a beija-lo. Ela resistia com força, até que o homem perdeu a paciência e deu um tapa na cara dela, a fazendo cambalear.

- Isso é para você aprender, vadia! - ele disse meio embolado.

O que aconteceu em seguida, foi muito rápido. Só pude ver um borrão cor de rosa voando do palco e se engalfinhando com o bêbado. Tré começou a socar o cara enfurecidamente, e parou quando o homem cuspiu um dente.
Tré se levantou e ajeitou seu tutu. A garota, pude ver de relance fugindo pela porta assim que o bêbado a largou.

- E isso é para você aprender a respeitar os outros. - disse Tré virando de costas. A cena teria sido muito heroica, se ele não estivesse usando um tutu e uma touca florida.

O bêbado retomou a consciência, se levantou e subindo até o palco, derrubando Tré por trás. Ele começou a lhe dar chutes no estômago, até que os outros membros da banda foram o socorrer. Expulsaram o bêbado do bar em meio a montes de aplausos, enquanto, em desespero, levei Tré ao hospital.