Sweet Children - Green Day escrita por Renata Pádua


Capítulo 17
Me acorde quando setembro terminar


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo ficou meio diferente, então me digam o que acharam!



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Billie Joe's POV


Um pequeno garotinho estava sentado no primeiro degrau da escada, de frente para a porta, brincando com um gato no colo.

– Ele já vai chegar, Zero - o garoto disse. - Ele já vai chegar.

Eu estava em pé, de frente ao garoto, mas pareceu não ter me notado. Ele continuou a acariciar o gato, levantando seu olhar após ouvir um leve clique na porta.

Seus olhos brilharam de esperança, o que logo desapareceu quando sua mãe entrou. Ela também pareceu não me notar.

– Mamãe, cadê ele? - o garoto perguntou, adquirindo um olhar triste no rosto.

– Eu não sei Billie. Já era para ele ter chegado. - respondeu a mãe, escondendo um risinho. O garoto adquiriu a expressão mais triste que se pode imaginar. Dei uma risada. Podia-se ver um homem escondido atrás da porta.

– Surpresa! - ele gritou, saindo de seu esconderijo. A expressão triste do menino se transformou para um grande sorriso, jogando o gato no chão e correndo em direção aos braços do homem.

– Papai! - os dois se envolveram em um grande abraço.

– Poxa Billie, como você cresceu! Daqui a pouco já vai estar se barbeando!

O garoto deu um risinho e se agarrou ao pescoço do pai.

O homem se levantou e foi para algum cômodo da casa, com o filho no colo.

Tudo se tornou embaçado.

Eu estava agora em uma espécie de hospital. O garotinho estava em cima de um palco, e o pai atrás dele, com uma bateria. O público eram vários idosos, sentados em mesinhas redondas.

O menino pigarreou e começou a cantar uma música de Natal. Os velhinhos começaram a sorrir. o pai tocava levemente a bateria ao fundo.

Tudo ficou novamente embaçado.

Eu estava agora em um local com vários bancos de couro posicionados como uma sala de espera.

O garoto estava no colo do pai novamente, mas agora parecia ter cerca de cinco anos.

– Billie Joe Armstrong? - perguntou uma mulher vestida casualmente, com o cabelo na altura do queixo.

O menino engoliu em seco e olhou para o pai.

Me senti com compaixão por ele aquele momento. Sabia exatamente como ele estava se sentindo.

– Vai filho. Você vai se sair bem. É só cantar do jeito que ensaiamos, ok? - o pai disse, com um sorriso.

A imagem mudou novamente.

Agora eu estava na cozinha da casa. Haviam oito pessoas aglomeradas em volta de um rádio.

– Shhhh! Vai começar! - disse a mãe, em um sinal para os filhos ficarem quietos.
– E agora, por um garoto de cinco anos, Billie Joe Armstrong, "Look For Love"! - o locutor disse pelo rádio.

Uma música infantil começou a tocar. Eu sabia toda a letra. Comecei a cantarolar junto.

A imagem mudou.

Estávamos agora em frente a uma lareira, ao lado de um pinheiro decorado com enfeites de Natal.

– Jimmy! Venha, vamos abrir os presentes!

Um garoto de quinze anos saiu do quarto e se juntou ao resto da família.

– Pai, pai, pai, posso abrir o meu, posso abrir o meu, posso abrir meu? Deixa! Deixa! Deixa! - exclamou um garoto que parecia ter oito anos.

O pai concordou com a cabeça e o menino agarrou um embrulho azul, rasgando-o rapidamente. Ele tirou de dentro uma toalha bordada "Billie Joe".

– Obrigado, mamãe! - ele se levantou e foi dar um abraço na mãe, que ele tinha visto costurando o presente.

Sua expressão foi ficando pouco a pouco desanimada ao ver os presentes que os irmãos estavam ganhando. Jimmy ganhara um casaco de marca e uma de suas irmãs um disco do Elvis.

Sorri para o garoto, mesmo sabendo que ele não podia me ver.

– E é isso crianças, acabaram os presentes. - o pai disse, fazendo uma expressão triste.

O rosto do menino pareceu descer até o chão de decepção.

– Mas o que é aquilo ali? - perguntou a mãe, apontando para detrás da árvore em um gesto claramente ensaiado.

Os olhos do garoto se iluminaram quando o pai retirou um grande embrulho marrom.

– Aqui está escrito Billie Joe.

O garoto se levantou rapidamente e retirou o presente das mãos do pai. Ele rasgou o papel e tirou de dentro de uma caixa uma guitarra azul claro.
Meus olhos brilharam como o da criança, que havia dado um sorriso de orelha a orelha.

– Que nome você vai dar para ela? - o pai perguntou, pegando o filho no colo.

– Ela tem que ter um nome? - o garoto questionou, erguendo uma sobrancelha.

– Ora, claro que sim! Ela vai ser sua nova amiga. Amigos precisam ter nomes, certo?

O garoto observou-a com atenção. Depois de um tempo, seu rosto se iluminou com uma idéia. 

– Vou chama-la de Blue!

 Blue?

– É, Blue.

 É um bom nome.

O garoto sorriu, mostrando seu sorriso, já cheio de janelas

Ele foi conversar com os irmãos sobre a guitarra e músicas que ele podia aprender a tocar, enquanto os pai foram para um local mais afastado da sala.

– Andy quando é que nós vamos contar a eles? - perguntou a mãe com um olhar assustado ao marido.

– Eu não sei, Ollie. - ele respondeu, com um suspiro. -Mas hoje é Natal. Vamos deixar eles se divertirem um pouco.

Os olhos de Ollie começaram a lacrimejar e ela deu um longo abraço no marido.

– Eu não quero perder você. - disse, chorando no peito dele.

– Eu sei... eu sei... - respondeu, acariciando o cabelo dela.

A imagem mudou.

Estava agora em uma igreja. Todos estavam vestidos de preto e havia um grande caixão posicionado em cima de uma grande mesa.

Meus olhos começaram a lacrimejar. Eu sabia quem estava naquele caixão.

Estava estava pensando em me aproximar, quando um barulho de porta batendo ecoou no salão. O garoto, agora com 10 anos, saiu correndo, em meio a um mar de lágrimas.

Eu o segui. Sabia que caminho estava traçando. Depois daquele dia, traçara este último inúmeras vezes.

Ele continuou correndo, as lágrimas se chocando contra o vento. Chegou em casa, pegou uma chave reserva que estava escondida em baixo de um gnomo de jardim e entrou. Subiu as escadas, bateu a porta de seu quarto e se trancou lá dentro.

Sentou, abraçando os joelhos, com as costas voltadas para a porta. Seus ombros tremiam a cada soluço que ele dava.

Me sentei ao seu lado. Comecei a chorar levemente. Por mais que tentasse esquecer, eu me lembrava daquele dia. Aquele dia terrível.

Minutos depois, pude ouvir um barulho de sapatos subindo as escadas. A maçaneta da porta girou, mas não conseguiu abri-la.

– Billie! Billie! Abra a porta! - pode-se ouvir a voz da mãe do outro lado.

O garoto levantou o rosto, e pude vê-lo. Estava vermelho, encharcado de lágrimas.

Ele respirou fundo e tentou se recompor o máximo possível antes de responder a mãe.

– Me acorde quando setembro terminar. - foram as últimas coisas que disse.

Meus olhos se abriram. Eu estava deitado em minha cama, totalmente encharcado de suor.

Me sentei lentamente e olhei o relógio. 4:20 da manhã. Sábado. Dia 16 de setembro.

Senti meus olhos ficarem quentes. Só percebi que estava chorando depois que grossas lágrimas caíram no meu colo.

Me levantei. Não ia ficar ali, chorando, sozinho. Enxuguei meus olhos e fui para o único lugar em que me sentiria confortável naquela noite.

Jimmy estava sentado em sua escrivaninha, concentrado em alguma ponto indefinido na parede. Ele tinha um livro aberto embaixo de si, mas parecia já ter desistido da leitura.

– Você não veio para casa porque estava de passagem. - eu disse. Ele pareceu assustado quando notou que estava ali.

– Billie você está tarde, volte para a ca-

– Eu sei que dia é hoje.

Jimmy olhou para mim, desolado. Me sentei em sua cama, logo sendo acompanhado por ele, que me abraçou de lado. 

– Eu sei que isso é horrível. Sei o quanto machuca. - ele disse.

Meus olhos começaram a lacrimejar novamente.

– Eu só queria que ele estivesse aqui - respondi, em meio a um soluço.

– Eu sei. - ele disse, olhando para mim. - Você é o mais novo de nós. Deve ter sido especialmente difícil para você.

Olhei para o chão. Vi algumas lágrimas pingarem.

– Posso dormir aqui hoje? - perguntei, me sentindo com 10 anos novamente.

Jimmy me abraçou com um pouco mais de força e respondeu, com os olhos vermelhos, marejados de lágrimas.

– Mas é claro que pode.



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Notas finais do capítulo

Só para explicar: de acordo com a maioria dos sites, é dito que o pai do Billie morreu em 10 de setembro, mas de acordo com o Instagram do Billie foi dia 16. Enfim, deixem reviews!



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