República Pohl. escrita por Babi Lemos


Capítulo 4
Acostumando-se.


Notas iniciais do capítulo

Como o primeiro capítulo 01 tinha que ter saído antes, então vou postar o 02 logo, só pra ficar tudo legal. E já teve gente comentando, o que é ótimo e me deixa muito feliz. :D Espero que gostem do capítulo novo.



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Hayles tinha razão, foi fácil me acostumar com as regras, mas se algum dia alguém me perguntar isso, negarei veementemente. A convivência com todo mundo era muito simples e o Chris não era o carrasco que aparentava. Ele era bem mais velho que todo mundo ali, isso era óbvio, mas muitas vezes comportava-se como um adolescente, o que me deixava levemente decepcionada. Gostava do jeito durão dele. Estava começando a gostar de morar ali.

Eu não existia antes das 8h da manhã, tipo, não mesmo. Levantei e fui pra fila do banheiro, por sorte eu era a primeira. Na minha frente tava o Andy, mas ele nem falou comigo. Encostei a testa na parede e fechei os olhos tentando não voltar a dormir.

- Bom dia. – alguém disse, Andy respondeu, mas eu não. – Renee?

- Nem adianta. – Andy disse. – Ela só fala depois das 8h.

- Por quê? – o ser chato perguntou. –

- Porque se ela falar contigo agora, ela não vai ser lá muito educada.

- Como assim? – ele voltou a perguntar. –

- Puta que pariu, vocês poderiam calar a porra da boca antes que eu mesma faça isso? – gruni. –

- Assim. – Andy riu e o ser lá se calou. Quem quer que estivesse no banheiro saiu e eu entrei. Tomei meu banho calmamente e vesti a combinação de roupa que tinha tateado cegamente no armário, saí e desci as escadas indo pra cozinha tomar café, algo que se pode chamar de uma mini pequena (só pra você ter noção do quanto é minúscula) faísca de felicidade surgiu em mim ao ver que eu não era a única com um péssimo humor matinal. Sentei e me servi de iorgute com torradas e logo voltei pra cima, me jogando na cama e cochilando. Me senti ser sacudida, abri apenas o olho que não estava escondido pelo travesseiro e vi a Hayley. –

- Se você dormir e perder a hora, ninguém vai poder te acordar. – ela disse com aquela vozinha fofa e infantil. –

- Foda-se. – respondi com a voz meio grogue e ela riu. –

- Bom dia, Renee. – ela saiu pra aula. Consegui dormir de novo e acordei com o quarto esquentando. Eram 10h. Dei um jeito na minha cara e fui pra sala. –

- Mais calma? – Gerard me perguntou, logo reconheci como o ser irritante de mais cedo no banheiro. Afirmei apenas com a cabeça e me encolhi na poltrona. – Você é esquisita.

- Você acostuma. – sorri falso e ele riu. Esse podo daqui é meio doente. Riem de tudo. Odeio felicidade demais. – Cadê o resto do pessoal? – o olhei, tentando ser simpática. Raramente funciona. –

- Só o Mickey ta lá em cima. O resto foi pra faculdade.

- E o Chris? – praticamente sussurrei. Minha voz é uma merda quando acordo. –

- Fazendo o almoço. – ele sorriu. –

- Tantos sorrisos não combinam com esse visual aberração de vocês. – bocejei enquanto me esticava preguiçosamente. –

- Você é bem sincera, não? – Chris sorriu. –

- É o meu carma. – suspirei. –

- Um sorriso pode salvar o dia. – Gerard disse. –

- Esse humor super alto-astral também não cola. – fechei os olhos por um momento, mas só até o Gerard abrir o bocão de novo. –

- Você reclama demais. – ele bufou e eu tive que rir. Ele me olhou com cara de interrogação e eu dei mais um sorriso falso, me virando pro Chris em seguida. –

- Chris, qual a punição por agressão física? – perguntei dando um jeito de prender meu cabelo. –

- Expulsão. – ele sorriu. –

- OK. – suspirei. – Você não vale tanto, Gerard. – falei e vi Chris prendendo o riso. – Então Chris, quer ajuda pro almoço? – não, eu não sou prestativa e nunca me ofereço pra fazer nenhum serviço doméstico, a não ser cozinhar. Eu amo cozinhar e confesso que sou boa nisso. É, eu cozinho bem. Os dois me olharam com as sobrancelhas arqueadas. – Quê? Eu cozinho bem, ta? Perguntem pro Andy.

- Você vai colocar fogo na república. – Gerard riu. –

- Não adianta me bajular, você não faz meu tipo, Gerard. – sorri falso, vendo a cara afetada do ruivo. – Vai querer ajuda ou não? – olhei pro Chris, ele pareceu pensar um pouco. –

- Você fica longe do fogão e das facas. – ele sorriu. –

- Quer que eu faça o quê? Lave legumes? – fui irônica. –

- Ela pode nos matar afogados. – Gerard voltou a dizer. –

- Vai se foder, Way. – lhe mostrei o dedo do meio, Chris riu. –

- Vem Renee. – ele me chamou e eu o segui pra cozinha. O lugar cheirava bem, cheiro de comida caseira, coisa que eu não comia há tempos. – Gee gostou de você.

- Coitado dele. – rolei os olhos enquanto lavava as mãos. – Tem um mau-gosto do caralho.

- Você é engraçada. – ele riu. –

- Tem razão, vou até largar a Literatura e começar a fazer Stand Up. – rolei os olhos, fazendo o mais velho rir. Perdi a noção do tempo enquanto montávamos o banquete daqueles esfomeados. –

- Obrigado pela ajuda. – ele sorriu e eu saí. Graças ao fato de que todos ainda estavam em suas devidas aulas, pude curtir meu banho em paz. Terminei o banho e fui pro quarto, encontrando Hayles lá. –

- Hey. – ela sorriu. –

- Hey. – sorri pra ela. –

- Vai pra aula hoje? – ela sentou na cama me olhando. –

- Vou, começa às 14h30. – peguei minha roupa e me troquei. – Vamos almoçar? – a olhei, ela concordou e descemos. Estavam todos lá, já que a universidade era no outro quarteirão, todos podiam almoçar em casa. –

- Renee. – Andy me deu um beijo no topo da cabeça. –

- Andy. – sorri. Pois é, às vezes a gente mostrava nosso amor de um jeito diferente. Comemos entre risadas enquanto todos comentavam sobre os calouros, nos dando dicas de como agir, já que fazíamos parte desse grupo “seleto” de pessoas que seriam zoadas pelos veteranos, ilusão deles se achavam que iam fazer isso comigo. Terminado o almoço e seguimos de volta pra universidade. Eu era absurdamente apaixonada pelo meu curso, pela Literatura, vivia o enredo e sentia uma enorme depressão quando acabava o livro. Ler sempre foi meu vício, meu refúgio de uma vida conturbada e uma família disfuncional. Eu, cheia de medos e inseguranças, me sentia segura para falar sobre todos os autores que li e que queria ler. Poder juntar meu maior prazer à minha necessidade de uma formação acadêmica foi a melhor coisa que me aconteceu. Quando eu estava em aula, o mundo podia acabar e eu não ia dar a mínima, quando eu estava na biblioteca, eu me sentia em casa. Nada me fazia mais feliz. Terminei o dia comprando uma edição de bolso do Poe, um livreto de contos recém-descobertos. -


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Notas finais do capítulo

Acho que já deu pra perceber que a Renee não é lá muito simpática, não é? Bem, só pra avisar, todo mundo vai aparecer um pouquinho, tá? Mas o foco é pros gêmeos.



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