Absinthe escrita por Moira Kingsley


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Nossa, queria dizer muito obrigada para as pessoas que me mandaram os reviews. Tudo bem que só foram duas mas, aos poucos conseguimos nossos objetivos, certo? Para quem já sabe o mito de Ártemis, vocês já devem deduzir o que vai acontecer neste capítulo. Mas para os que ainda não sabem, por favor, não corram para a wikipédia agora!



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Na chuva se despediram. Ártemis ainda fitava o local onde aconteceu aquilo. Era incrível como o sorriso não saia de sua boca.

Voltou para seu palácio prateado e dançou com as ninfas ao som de sua lira. Estava radiante. A corte de ninfas cochichava o nome “Oríon”, entretanto, a deusa estava muito feliz para se preocupar com as fofocas e se quer repreendê-las por isso. Á noite, dedicou sua luz lunar para clarear ao redor de enamorados com amor verdadeiro e puro em nome do caçador. Nunca se vira uma lua tão reluzente quanto naquela noite.

Na manhã seguinte o sol machucava seus olhos com um brilho energético. O suor vinha como labaredas e a deixou alerta. O dia se mostrava demasiado quente. Apolo, pensou a deusa.

– Apolo?! – Levantou de supetão com o inesperado.

Só poderia ser ele. Aquele fulgor somente poderia vir dele. Agradecendo a todos os deuses, a jovem preparava-se para visitá-lo. Precisava falar com ele. Todavia, um sentimento crescia gradativamente e machucava de uma forma que não se poderia entender. Um presságio se debatia dentro de Ártemis.

A caminho de seu palácio dourado, esbarrou com um deus dono de lindos cachos louros.

– Ah, Hermes! Por que sempre com tanta pressa? – Exclamou a deusa, deixando o sentimento ser esquecido. Hermes era alto, com menos porte físico que os demais deuses homens, mas em compensação, era o mais veloz entre eles.

– Ártemis! Era com você mesmo que queria falar. – Disse-lhe, quase voando. – Parem, controlem-se suas coisinhas, se não as corto fora! – Reclamou olhando os próprios pés alados. Quando as asas cessaram, ele continuou:

– Apolo está de volta. – Disse-lhe com um sorriso amigo. – Ele diz que, se estiver por sua procura, ele está na Ilha de Delos. Agora tenho que ir. Outras mensagens para entregar. – Falou com um aceno rápido de cabeça antes de fazer aquelas “coisinhas” funcionarem de novo.

Delos. O lugar onde seu irmão nasceu era sagrado para ele. Bem, aquilo lhe parecia simbólico já que o deus supostamente iria mostrar-lhe a cabeça do monstro que os perseguiu a mando de sua madrasta. Sua mãe, Leto, teve que fugir da impetuosa Hera, pois carregava em seu ventre a cria bastarda de Zeus. Pelo menos era assim que a deusa os chamava, “crias bastardas”.

Leto, a deusa do anoitecer, foi obrigada a fugir prestes a dar a luz. Ártemis não gostava de pensar o quanto sua mãe sentiu sofrimento, mas era grata a ela por sua coragem e garra naquelas noites de tormenta. E então, na Ilha de Ortígia Ártemis nasceu. Entretanto, a esposa de Zeus não permitiu que Apolo nascesse ali, mandando Gaia impedi-los através de um terremoto. Assim, Leto, encontrando-se na Ilha de Delos, implorou a terra que a ajudasse e declarou aquela uma ilha sacra que seria guardada por seu filho.

Deuses, como Apolo é teatral, riu sem humor consigo a tal pensamento.

Avidamente, teletransportou-se para o local. Ventava com veemência, fazendo seus cabelos compridos irem para trás trazendo uma impressão agradável. Mais a sua frente enxergava as costas definidas de um forte deus. Suas vestes gregas eram de um amarelo pálido. Seu corpo brilhava a luz solar. Estava sacando uma flecha dourada de sua aljava. E o mar ali. Podia sentir o cheiro salgado dele.

– Apolo! – Sorriu abertamente Ártemis. Por um segundo, o deus da luz do sol hesitou, todavia, a deusa, que era centímetros mais baixa não notou. A mesma já estava correndo ao seu encontro, quando ele decidiu se virar. Ártemis o abraçou, fazendo com que ele pudesse sentir o cheiro de seus cabelos. Eram doces como flores silvestres. Ele adorava aquele cheiro.

Para seu irmão, Ártemis nunca negou um abraço. Ele era seu melhor amigo. Poderiam contar tudo um para o outro. Apesar de quase não se verem, pois eram impedidos por seus próprios astros guardiões. Ele, o sol e ela, a lua. Apolo do dia, Ártemis da noite. Separaram-se ao nascer. Ártemis foi cuidada e ensinada por ninfas e Apolo, por sua corte de musas.

– Senti sua falta. – Disse-lhe com um sorriso encantador em seus lábios rosados. Ártemis olhou em seus olhos também de mesmo tom azul, só que com pequenos cristais impregnados e os viu cheios do que lhe parecia... Tristeza? Não. Não poderia ser. Apolo nunca ficava triste. Deixando isso de lado, continuou entusiasmada:

– Oh, meu irmão! Não sabe o quanto tenho que te agradecer. Graças a você, acho que encontrei o amor de minha vida. – Falou contente, distanciando-se de Apolo.

O jovem deus sentiu pesar pelas mãos delicadas de Ártemis se afastarem. E trincou o maxilar enquanto a garota proferia aquelas palavras, todavia, parecia não ter efeito considerável porque sua irmã não parou sua incessante felicidade.

– Se não tivesse me feito esperar para a escolha que iria fazer ao rio Estige, nem sei o que seria de mim. Você irá conhecê-lo! É um caçador, como eu. Conhecemo-nos quando você estava fora. O que me faz lembrar... – Ártemis pausou. – Píton! Você conseguiu?

– Se eu consegui?! – Vociferou divertido. – A está hora, a cabeça daquele monstro está pendurada na porta do quarto de nossos queridos papai e madrasta. - Antes que Ártemis pudesse dizer alguma coisa, Apolo prosseguiu mudando de assunto:

– Agora, que tal uma competição de tiro ao alvo? Há tempos não jogamos juntos... Vamos ver se você está melhor de mira desde minha viajem, sim? – Perguntou com sorriso zombeteiro e seus olhos escureceram um pouco.

– Se não se importar em perder de novo, irmão. Será um prazer. – E levantou seu rosto de um jeito empolado. – Aquela árvore ali? – Perguntou mirando com o indicador algo que estava a uns quinze metros de distância.

– Primeiro as damas. – Ao ouvir aquilo, Ártemis levantou uma de suas loiras sobrancelhas.

– Ah, por favor, Apolo!

– Tudo bem. – Levantou as mãos em sinal de defesa. – Eu vou primeiro. - A flecha atingiu sem dificuldade a árvore, fazendo-a até dançar por conta da força do deus. Com um gesto, Apolo pediu que ela atirasse.

Ártemis se concentrou e soltou a flecha do arco com graciosidade, mas firmeza. A flecha de seu irmão foi despedaçada pela a dela, que mirou no mesmo ponto.

– É, acho que venci. – Virou sapeca para o lado de seu irmão que estava a fitar o mar com um semblante sério. – Mas você nem ao menos viu? – Perguntou com indignação.

– É claro que eu vi! – Respondeu virando o rosto para ela agilmente. – Também, com essa distância, qualquer um conseguiria. – O escuro azul de seus olhos se intensificou, tornando-se semelhante ao anoitecer. – Que tal algo ao seu nível?

– O que quer dizer?

– Eu te desafio, Ártemis, a acertar aquele alvo. – Apolo apontou para o mar com um tom de voz seco.

– Que alvo? – A deusa perguntou se aproximando da beira do mar e estreitando os olhos até que viu um borrão negro. – É impossível, Apolo! Mal consigo distinguir o que é!

– Está dizendo, que você, a Senhora da Caça, não consegue acertar aquele alvo?- Perguntou fingindo descrença. – Eu sabia. Eu sou o melhor. – Disse cruzando os braços fazendo seus músculos ficarem mais visíveis.

– Você sabe que não é. Mas se tem tanta convicção, por que não se arrisca a acertar?

– Eu desafiei você, querida irmã.

Vaidosa, não deixaria Apolo ficar caçoando dela. Sem dizer absolutamente nada, Ártemis se armou novamente. Percebeu a respiração de seu irmão mais pesada, porém, fez com que tudo se dissipasse e ouviu somente o vento. A falta de decisão a integrou por culpa de uma forte sensação de mal estar. Balançou a cabeça a fim de afastá-la e com toda a força que dispunha, soltou sua lança e um feixe prateado voou acertando o alvo.

Ao contrário do que deveria sentir, foi inundada por um sentimento de pesar incompreendido novamente. Até as águas se mancharem de sangue, Ártemis não entendia o que estava acontecendo. As ondas chamaram para a margem o motivo de sua inexplicável aflição. A cada aproximação, a deusa amolecia. Um pressentimento a irradiava sem permissão.

Quando o viu, suas pernas tremeram tanto que foi impossível interromper sua queda.

Sem cor. Sem vida. O homem que um dia estava ao seu lado rindo, naquele momento pertencia a uma palidez mórbida. Alguém a abraçava dizendo palavras em seu ouvido que não faziam sentido, eram mudas. Pensar era uma vaga lembrança para ela. O som que a fez acordar foi de um soluçar. O seu. Após isso, as ondas se chocando às pedras costeiras, as gaivotas emitindo seus ruídos e Apolo ao seu lado, eram percebidos. Os olhos, marejados ao extremo eram os únicos a tremeluzir a imagem do corpo abatido. Piscou fortemente libertando lágrimas violentas e fincou suas mãos na areia sussurrando:

– Oríon...? – Desvencilhou-se de quem estava ao seu lado para chegar ao caçador. – Perdoe-me, perdoe-me! – Segurando seu rosto gélido com as mãos. Ela não sabia, mas estava gritando desesperadamente. – Eu o matei!

– Ártemis... – Fora a primeira vez até então que ouviu a voz de seu irmão com nitidez. Ele estava parado, em pé, a sua frente. O semblante demonstrava amargura.

Como gotas de chuva no começo de uma tempestade, tudo fora se encaixando em sua mente. Olhou de novo para Oríon em seus braços fitando a flecha prateada em seu peito e o ódio tomou conta de cada pedaço de seu organismo.

– Por quê?! – Bradou ríspida, olhando para os pés de Apolo. Ele engoliu em seco. Não ouvindo nenhuma resposta, Ártemis teve plena certeza de suas doentes teorias. Ela se levantou e correu em sua direção.

Empurrava-o com toda rigidez e impulso que obteve. – Como pôde?! Você sabia! Por que me fez matá-lo? Seu cretino! – A cólera a possuía irascível, mas o vazio que encontrava no olhar de Apolo era infatigável e não o deixava mover um músculo em resposta. O fato de não receber réplica a fazia piorar tornando tudo mais medonho.

A fraqueza a fez cambalear para trás. Trôpega, respirando pesadamente, a ruína a desfazia novamente. Estava cansada, então cessou. Levantou seus olhos com um frio cintilar. Fechou seus punhos e com a pouca vida que restava em sua voz disse:

– Você...não é mais...meu irmão!



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Notas finais do capítulo

Erros a parte, perdoem-me. Foi mas curto, né? Esse era um capítulo bem dramático e acho que não pus tanto sentimento. Quero críticas, ok? Mas não precisa esculachar, tá? Eu sou sensível...