A Emboscada escrita por Lana


Capítulo 20
Cap. 19 - O blefe.


Notas iniciais do capítulo

Olá
Obrigada a todos que comentaram até aqui. Quem não comentou ainda, apareça!!
=D
Boa leitura.



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Capítulo 19


“ O blefe.”





Encurralados.

Era assim que os filhos dos Três Grandes se sentiam vendo Annabeth com sua própria lâmina afiada a ser pressionada em seu pescoço. Um minúsculo passo em falso e a garota morria, e o plano maligno de Kurt - de impor sofrimento e perdas aos olimpianos em questão na mesma proporção que ele sentiu - começaria a se consumar.

Os dois lestrigões que guardavam o local se aproximaram dos semideuses a fim de garantir que eles nada tentassem contra quem serviam no exato momento. Ares conseguiu que as criaturas atendessem ao comando de um mortal cuja única relação com o mundo grego era a filha meio-sangue morta e o fato de o mesmo conseguir enxergar através da névoa.

A dracaenae presente fazia comentários impertinentes sobre a condição em que todos se encontravam. Sua voz sibilante zunia nos ouvidos de Thalia, que após socorrer Giovanna – que estava desmaiada no colchonete – voltou para o lado de Percy e Nico, tentando de alguma forma retomar o controle da situação. Mas naquele instante em especial, quem dava as cartas era Kurt Spencer.

– E então, permanecerão calados vendo Annabeth morrer? Agora é o momento para despedidas. – Kurt apertou um pouco mais a adaga contra o pescoço da filha de Atena. Um fio de sangue escorreu pelo colo e impregnou-se na camiseta rasgada.

No instante em que viu a dor nos olhos da garota, Percy perdeu o controle de si e deu um solavanco. Só não avançou em Kurt porque foi segurado por Nico, com a ajuda de Thalia. Annabeth gritou pedindo para que não fizessem nada, afinal, seria muito pior se mais algum deles acabasse ferido.

Um dos lestrigões segurou o filho de Poseidon, que se debateu firmemente até conseguir se soltar, rosnando para o monstro abobalhado e ainda assim assustador. Não era preciso muito para notar que Percy não estava raciocinando com frieza, assim capaz de fazer qualquer coisa imprudente nos próximos minutos. Enquanto isso, Thalia não se segura e se dirige imperativamente a Kurt.

– Uma pessoa indesejável como você deveria ter apodrecido na prisão. Mas nem pra cometer um crime com pena alta você serve, incompetente. – ela disse com o dedo indicador apontado para ele.

Kurt franziu o cenho, em manifestação de surpresa pela coragem da Caçadora e também de dúvida sobre onde ela teria conseguido a informação. Deduzindo a resposta, ele resolveu confirmar.

– Por acaso você andou me espionando... aliás, vocês. Até onde ouviram o que eu disse pouco antes de invadirem o meu refúgio? – ele disse calmo, incompreensivelmente tranquilo.

– Ouvimos o suficiente para saber que você é um imprestável, a ponto de deixar sua filha morrer por um capricho idiota e, ainda por cima, acusar os deuses sem provas de terem sido eles os causadores da morte da garotinha. Enxergue de uma vez por todas que se Alliz não está aqui, é por responsabilidade sua. – e pela segunda vez, Kurt se deparava com a verbalização daquilo que mais o atormentara em cinco anos, a culpa.

Annabeth e Thalia haviam percebido que aquele era o seu ponto fraco. Obviamente ele culpara os deuses para que não se tornasse o único culpado pelo fim de duas vidas, mesmo acreditando piamente que o acidente fora forjado pelos Três grandes. Com a voz instável, ele tentou argumentar com a garota que o enfrentava, afrouxando o aperto da lâmina no pescoço ferido de Annie.

– Você diz que a culpa é minha, mas esqueceu-se da presença da fúria. O que ela fazia ali senão a mando de um olimpiano para matar minha filha? Anos atrás Atena me disse algo sobre “cortar o mal pela raiz” e eu sei que foi isso que Hades, Poseidon e Zeus fizeram. Eles achavam que Alliz se voltaria contra eles em um futuro próximo e decidiram tirar precocemente a vida dela.

Quando prolatou tais palavras, ele já havia perdido completamente a noção de que estava a um movimento de matar Annabeth. Agora, com a faca à pelo menos cinco centímetros de distância do alvo, Kurt esperava a resposta de Thalia.

– De fato as fúrias são criaturas sob os domínios de Hades, mas isso não quer dizer que tenha sido ele que a mandou atacar Alliz. Na verdade, qualquer deus tem podem para invocar monstros do Tártaro, e a pessoa que fez isso pode muito bem ser a mesma que tem conseguido os monstros pra você Kurt. - Ele se sobressaltou com a informação, pois realmente Thalia o fizera pensar quais seriam as intenções de Ares ao ajudá-lo com a emboscada, uma vez que o deus da guerra havia desconversado quando lhe perguntara. Nesse momento de distração, Annabeth se soltara completamente de Kurt em razão de um Percy muito afobado ter lhe puxado pra si. Sem pensar duas vezes, Kurt tentara reter a antiga presa com a adaga, mas já estava fora de alcance, e então, fez a única coisa que Annie não esperava: enterrou a faca nas costas de Percy, que prontamente manifestou sua dor com o ataque.

Os monstros, antes imóveis, escutaram o brado hostil de Kurt e se lançaram contra os semideuses restantes enquanto Annabeth socorria Percy o encostando ao lado de sua irmã desmaiada. Thalia atirou uma flecha no primeiro, que não teve tempo de reagir e rapidamente virou pó, ao passo que Nico tentava a todo custo golpear a dracaenae um tanto esperta. Depois de cansar a criatura do tártaro, Nico finalmente conseguiu destruí-la e se voltou para Thalia, que tinha o arco preparado com a flecha, mas não atirara porque tinha de desviar da lança afiada de Lionel. Na tentativa de distraí-lo, o garoto das trevas fez um corte por trás da panturrilha do canadense, que um tanto lerdo, fora surpreendido e abaixara a guarda, dando à Caçadora a chance de o transformar em uma nuvem de poeira.


Annabeth, ao perceber que Kurt se voltava para machucar o filho de Poseidon mais uma vez, pegou a caneta no bolso dele, destampou-a, revelando contracorrente e quase simultaneamente, apontou-a para o agressor. Este estancou no lugar onde estava ao observar a magnitude da arma de Percy. Ele percebeu que o jogo havia mudado, e agora, tudo estava contra ele.

O que Kurt Spencer faria se vendo em desvantagem pela primeira vez?

Ele pensou rápido, mas não foi tão original assim. Olhando fixamente nos olhos de Annabeth, levantou as mãos em sinal de rendição e se ajoelhou na frente da garota atordoada.

– Por favor, agora é minha vez de pedir, me mate. Você tem a chance de acabar com o meu sofrimento. Como você acha que eu me sinto sabendo que a minha própria filha morreu por culpa minha? Eu reconheço. Aliás, eu sempre soube disso, mas quis traçar um plano de vingança pra ter um motivo pra continuar vivendo, ou então enlouqueceria naquela prisão. Eu tentei, mas nem tive coragem de cometer suicídio. – Kurt chorava compulsivamente e Annabeth estava visivelmente abalada com a cena, no entanto, sem desviar por um único segundo a espada da mira do sádico mortal. Ela alternava olhares entre Percy perdendo sangue e Kurt implorando pela morte, até ver Nico encontrar uma frasqueira de primeiros socorros e tratar do ferimento de seu namorado.

Thalia, que recentemente havia se livrado dos lestrigões, gritou:

– Annabeth, não acredite nele. Você acha mesmo que alguém disposto a te matar a dez minutos atrás estivesse verdadeiramente arrependido e implorando por clemência? É claro que não. Isso é um blefe! – ela estava irritada, como de costume.

Ouve-se um berro excruciante quando Nico retira a adaga de Percy. Néctar e ambrosia são ministrados em seguida, enquanto a faixa era colocada para estancar o sangramento, que graças aos deuses havia diminuído consideravelmente.

A filha de Zeus, receosa pelo fato de Annabeth estar em dúvida sobre matar Kurt ou não, se posta atrás dele e empunha o arco, pronta para concluir o serviço caso a antiga sequestrada não o fizesse. Enquanto Annie não se decidia, Thalia soltou o aperto no elástico e uma flecha comum foi certeiramente fincada na perna de Kurt, que gritou mais uma vez de dor e protesto.

– Termine logo com isso garota! Faça o que deve ser feito, e ainda sim estará me fazendo um favor, terminando com a minha existência desnecessária. Eu não aguento mais viver.

Annabeth respirou fundo, enfim, tomando a decisão.

– Você não merece a morte. Mesmo que tenha reconhecido toda a sua culpa, ainda assim você provocou sofrimento a nós, sem contar os inocentes que morreram na pousada. A morte é pouco pra você Kurt. – ela disse olhando para trás, à procura de Nico.

– O que você está fazendo Annie? – Thalia perguntou, surpreendida pela resposta da amiga.

– Nós vamos amarrá-lo aqui e iremos embora. Com o ferimento que você fez nele, em pouco tempo terá infecção generalizada e morrerá sozinho, na melhor das hipóteses pra ele. – ela estava cética. Pediu para que Nico arranjasse uma corda para que o prendesse na cadeira, o que ele não demorou a conseguir.

Em pouco tempo, Kurt estava devidamente preso e cabisbaixo, com o semblante específico de um derrotado. Ele pareceu aceitar seu destino, mas indubitavelmente achou muito tola a atitude de Annabeth, embora soubesse que ela provavelmente decidiria assim.

Em síntese, Kurt sabia blefar muito bem.

Ajudando Percy a se levantar, Thalia e Annabeth o ajudaram a andar até a porta enquanto Nico se encarregara de carregar Giovanna ainda desacordada. Antes de sair, Annabeth olhou uma última vez para o local onde passara por tanto sofrimento nos dias anteriores, e ouviu Kurt, trêmulo por conta da quantidade de sangue que perdera, a questionar.

– Você realmente me deixará morrer à míngua Annabeth? Isso não é uma atitude digna de filha de Atena.

Ela ignorou o último comentário, e apenas disse:

– Você tem prestígio com algum deus, não é? Peça para o seu padrinho divino lhe ajudar. – ele já tinha isso em mente, e certamente o faria.

Após saírem da cabana, caminharam um pouco pela estreita trilha íngreme, com certa dificuldade por terem dois feridos. Annabeth ainda pensava se tivera feito o certo ao deixar Kurt com vida, afinal, ela sabia que Thalia estava pronta pra atirar uma flechada fatal ao seu menor sinal, mas não o fez por respeito à ela.

Sobre Kurt, ela torcia para que o socorro dele não chegasse a tempo de salvá-lo, pois sabia que tudo o que disse foi em forma de blefe, e ainda assim o deixou vivo. Ela estava confusa sobre o motivo, mas entendia que era o certo a se fazer.

Nico, um pouco ofegante por ter que carregar Giovanna em uma brusca subida como essas, parou brevemente para respirar e perguntou À Annabeth.

– Você tem alguma ideia para onde iremos? Precisamos de um lugar pra ficar até eles melhorarem. – ele ponderou.

– Vamos para o único lugar onde sei que seremos bem recebidos. E também o primeiro onde Kurt irá nos procurar quando se soltar.

– Devíamos tê-lo matado. Por que vamos pra esse lugar se sabe que lá poderemos ser atacados por ele e por mais monstros? Quem quer que seja o deus que o está ajudando, se quiser mesmo nos perseguir, será rápido. – Thalia estava levemente indignada.

– Além de ser nossa única alternativa agora, eu também tenho algumas questões pendentes por lá.

– E onde seria? – Percy perguntou, fraco.

– Na pousada de minha irmã, Megan Armstrong. Lá vocês saberão que não ocorreu um simples sequestro. – E seguiu em frente, sem dizer uma palavra á mais.



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Notas finais do capítulo

A história não acaba aqui. Na verdade, agora as coisas esquentam de vez.
reviews??
Até o próximo,
Bjs



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