A Emboscada escrita por Lana


Capítulo 17
Cap. 16 - O sádico estende sua vingança.


Notas iniciais do capítulo

Oi
Esse capítulo era pra ser postado amanhã, mas como tive um surto de criatividade hoje e o terminei, resolvi postar logo. Tomara que gostem!
Dedicado à brului e akemi, pela recomendação! Obrigada *-*
Boa Leitura.



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Capítulo 16



“O sádico estende sua vingança.”




A caminhada até o cativeiro foi incomensuravelmente dolorosa para Annabeth, duas vezes sequestrada pelo mesmo mortal completamente fora de si e como se não bastasse, inocentes haviam morrido em razão de sua captura.

Ela só não entendia o motivo.

Não compreendia porque Kurt a caçara enlouquecidamente e do que se tratava essa tal vingança que vez ou outra ele mencionara. Ela vasculhava suas lembranças, mas tinha absoluta certeza nunca tê-lo visto sequer uma única vez, muito menos ter feito algo para que o mesmo sentisse tanto ódio dela, a ponto de não considerar a vida de mortais que não tinham a mais tênue relação com a garota.

Entre soluços, ela ponderou que talvez não fosse o verdadeiro alvo de Kurt, até porque desde o princípio teve a sensação de que ele escondia algo a sete chaves. Ela poderia ser apenas a isca, e isso lhe apertou ainda mais o coração. Quem seriam, afinal, as verdadeiras vítimas? Ela pressionou os olhos fortemente, com a resposta na ponta da língua, mas colocá-la em palavras seria doloroso demais naquele momento, onde a fraqueza comandava seus músculos e a culpa pesava em seus ombros, embora soubesse que nada conseguiria fazer para salvar os hóspedes da pousada de Megan Armstrong, que foram covardemente assassinados.

Quando chegaram defronte à cabana, Annie percebeu que Kurt não seria tão descuidado novamente. Uma luz fraca e amarelada irradiava do interior do local pela janela de vidro fosco fechada com algumas tábuas pregadas em sua alavanca. Ao escancarar a porta, ela se viu cara a cara com mais duas dracaenaes – monstros de cabelos sebosos e voz sibilante, tão horríveis quanto suas intenções mortíferas – olhando ameaçadoramente para uma garota desacordada no pequeno colchonete anteriormente ocupado pela filha favorita da sábia olimpiana.

Annabeth se perguntou quem seria a menina, tendo a certeza de nunca tê-la visto. Imaginou que Kurt estenderia sua ira a ela, que à primeira vista, era apenas uma adolescente indefesa, o que a confundia ainda mais com toda a situação que se formara.

Tentando reorganizar a mente, Annabeth decidiu que abandonaria qualquer resquício de emoção para ser esperta o suficiente e, quem sabe, conseguir escapar novamente. Ela se conscientizou que da mesma forma que foi raptada, é logicamente provável que Percy também estaria sujeito a um sequestro, logo, não poderia salvá-la.

Chacoalhou a cabeça para afastar esse pensamento. Não seria nada animador se invés de um meio-sangue raptado, Quíron se deparasse com dois ou mais. Isso a lembrou que talvez o centauro nem saiba de seu famigerado sumiço e nada poderia fazer para ajudá-los, mas esse pensamento perdeu força visto que se tratando de uma criatura mítica milenar, ele estaria no mínimo superficialmente consciente da situação.

Kurt mantinha o silêncio até o momento em que pisaram na soleira da entrada da cabana mal cuidada. Sua expressão sádica estava assustadoramente satisfeita com todo o horror que recentemente espalhara, como se isso alimentasse sua alma e o fizesse se orgulhar das atrocidades que vinha cometendo. Sem sombra de dúvidas, ele estava completamente cego com a perspectiva de vingar a morte de Alliz.

– Seja bem vinda, querida e audaciosa Annabeth. Mais uma vez, e agora, pra ficar. – ele disse animadamente.

Os monstros ali presentes rosnavam em excitação, como se estivessem diante de um número fantástico de artista circenses. Giovanna parecia aérea o suficiente para demonstrar confusão às palavras de seu sequestrador. Kurt voltou-se para ela e sem perder o contentamento, dispensou um sorriso tipicamente desdenhoso, aproximando seu rosto do dela, talvez com a intenção de assombrá-la ainda mais.

– Vejo que acordou, princesinha. E também que parou de choramingar... continue assim, pelo menos agora você é suportável. – ele não se distanciou. Giovanna formou uma carranca formidável.

– Pelo menos escove os dentes, seu verme. Seu bafo, ao contrário de mim, é insuportável. – ela virou as costas. Kurt deu de ombros, mas não perdeu a chance de tecer-lhe uma ameaça. Em sua mente, ser temido era uma condição de qual ele não abria mão.

– Não tem medo de morrer, Giovanna? Logo você, que estava tão feliz por ter a oportunidade de conhecer o mundo do qual faz parte... Quer abandonar a vida antes mesmo de conhecer seu parente olimpiano?

Ela virou-se novamente, e desse novo ângulo, Annabeth pode notar pela primeira vez os olhos verdes inconfundíveis de Poseidon, pertencentes à garota, que parecia ser ao menos, dois ou três anos mais nova do que ela. Sem dúvidas, era irmão de Percy, a segunda quebra de juramento do deus dos mares.

– Sinceramente? Já perdi a expectativa. Tenho quase certeza de que não sairei daqui viva mesmo, e sabe, você precisa treinar mais pra ser temido. Tenho mais medo desses manequins de funerária – ela apontou para as dracaenaes – do que propriamente de você. – ela disse o encarando mais uma vez. Annabeth admirou sua petulância, e porque não dizer, sua coragem aparente.

Kurt ainda olhava alternadamente para as duas semideusas, lado a lado, filhas de dois dos olimpianos com os quais ele estava nitidamente comprando briga, e já havia decidido há cinco anos atrás, que iria até onde for preciso. Até o fim.

Foi então que pareceu ter um estalo repentino. Olhou para a dupla de lestrigões que eram praticamente suas sombras e ordenou, sendo mais uma vez direto e prontamente obedecido.

– Está na hora de verificarmos como anda a chacina. – ele se divertiu com a menção da palavra horrenda – Lá naquela pousada onde fizemos a proposta irrecusável para nossa amiga espertinha. – Ele piscou na direção de Annabeth.

Em seguida, deu um olhar duro e ameaçador para uma das dracaenaes e disse.

– Você, venha comigo. A outra ficará acompanhada de Jake. – fizeram a troca estabelecida, e Kurt continuou:

– Sobretudo tenham cuidado com essas duas, mesmo que estejam completamente frágeis e desarmadas. A loira, Annabeth, já conseguiu escapar uma vez, mas isso não acontecerá de novo.

E saiu batendo a porta às suas costas.

Annabeth pode ver Giovanna se encolher no canto, enregelada e respirando profundamente, como se o ar fosse inalcançável naquele instante. Ela imaginou como a garota estaria se sentindo sendo totalmente inexperiente em missões e tendo que encarar um monstro com carcaça humana, ainda que transparecesse ser forte o bastante para não se curvar diante dele. Característica inerente aos filhos de Poseidon, ela reconheceu: a coragem.

Em um gesto instantâneo, estendeu uma das mãos para que a garota segurasse, o que em uma fração de segundos Giovanna o fez e sorriu levemente, grata pela solidariedade. Em seu íntimo, a meio-sangue recém descoberta sentia confiança emanando de Annabeth, seus olhos cinzentos transmitiam-lhe isso, o que se tornava ligeiramente cômico por conta da rixa extremamente infantil entre Poseidon e Atena, mas a mesma certamente não sabia disso e Annabeth também deixou de se importar com tal briga desde Percy.

Percy. Ela tinha certeza de que, mesmo que fosse provável, ele não havia sido pego. A cada minuto, ela tinha certeza de que Kurt estava usando-a para atrair alguma outra vítima, e Percy seria o primeiro da lista, pois obviamente é o primeiro que viria atrás dela. E ele estava vindo, ela sabia, e imaginou a surpresa que teria quando descobrisse que Tyson não era seu único irmão. No fim, viu que pelo menos uma coisa boa resultaria de tudo isso, não importava a qual final estivessem destinados.



***



Subindo novamente a montanha, Kurt estava eufórico demais ansiando por se deparar om uma grande quantidade de corpos deturpados por uma única ordem vinda dele. Isso o faria sentir-se poderoso o suficiente para dar segmento ao plano que há muito vinha planejando.

Sua mente estava convencida de que o acordo feito com Ares foi extremamente benéfico para a realização de sua tão sonhada e planejada emboscada, onde os filhos dos três grandes foram os escolhidos para fazerem os deuses sentirem exatamente o que ele sentiu quando sua filha morreu diante de si.

Ultimamente, Kurt estava evitando que seus pensamentos se voltassem para Alliz. A dor da perda somente aumentava acabando por servir de combustível para sua própria ira, que já não cabia mais dentro de si, e o fazia sentir que explodiria a qualquer brecha em que porventura perdesse o controle. Ele sabia que estava enlouquecendo.

Olhar para Annabeth não ajudava muito, e Giovanna também tinha sua parcela de contribuição para que a lembrança filha assassinada do ex detento continuasse flamejante dentro do seu cérebro. Kurt não podia evitar associar a aparência de Annabeth, que possui os mesmos cabelos loiros e olhos cinzentos de Alliz, com a idade de Giovanna, já que se estivesse viva, a pequena garotinha que deixou de viver há pouco mais de cinco anos contaria com os mesmos treze anos.

Mas ela estava morta. E por sua causa, toda essa meticulosa vingança estava em prática, não importando quantos inocentes ficassem pelo caminho.

E esperando deparar-se com humanos despejados ao chão em meio à uma carnificina, Kurt se postou em frente á pousada de sua antiga amiga Megan, esta que não escondeu a decepção no olhar quando, horas antes, finalmente teve a prova do ser humano horripilante em que se transformara. E não querendo encarar a verdade, ele se dirigiu para a entrada, destemido e certo de que encontraria o caos absoluto no local, mas se surpreendeu.

O que era pra ser uma brutal cena de crime, havia se tornado em uma enfermaria improvisada. Se tivessem mortos – e Kurt estava certo disso – os corpos já haviam sido removidos, remanescendo apenas feridos sendo assistidos por enfermeiras com aljavas prateadas presas nas costas por uma grossa alça de couro, e ele imediatamente soube de quem se tratava: as Caçadoras de Ártemis.

Kurt agora tinha um novo alvo imediato. Elas não sairiam impunes por terem se intrometido e consequentemente evitado o genocídio que o mortal psicótico ordenara. Ele havia fracassado, por causa delas. A raiva fazendo seu sangue borbulhar e as têmporas latejantes demonstravam sua imensa raiva, e agora, ele teria que ser muito mais esperto e rápido do que elas, o que era iminentemente difícil.

Contudo, Kurt era um sociopata sedento por armadilhas que dessem resultado, e essa seria completamente infalível. Ele só precisaria de uma ajuda divina, e Ares não se negaria a ajuda-lo, já que vingança é a brincadeira preferida do deus da guerra.




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Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi bem importante para o andamento da história.
O que acharam dele?
Comentários são essenciais, então não se acanhe e deixe o seu.
O próximo será publicado no fim de semana, provavelmente no domingo.
Bjs



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