Capítulo 10

“ A jornada pelos ares com pégasos”.

Blackjack relinchou assim que viu a figura de Percy formar-se diante de si.

– “Há quanto tempo chefe! Torrões de açúcar?” – ele se animou com a ideia. Trotava inquieto para frente e para trás dentro de seu compartimento no estábulo, e só aquietou-se quando o filho de Poseidon acariciou sua crina.

Percy o respondeu mentalmente.

– “Olá Blackjack, preciso de um favor seu e de Guido e Porkpie. Depois conversamos sobre os torrões de açúcar.” – ele estava tentando manter o controle, mas sentia-se tenso demais para isso. Não saber das coisas começava a afetar tanto a Percy como sempre afetou Annabeth, ao reparar nisso, ele culpou a convivência quase rotineira com ela – e ele temia que isso não fosse possível novamente.

– “O que aconteceu chefe?” – Blackjack parecia preocupado, e até Nico e Thalia que não acompanhavam a conversa mental perceberam. Percy respirou fundo com ar de derrotado, antes de responder.

– “Annabeth foi raptada e temos uma pista de onde ela possa estar. Achei que você podem levar-nos.” – Percy abaixou os olhos. Estava culpado por ultimamente só aparecer para Blackjack para lhe pedir favores, e o fato de imaginar que Annabeth corria perigo fazia com que o fardo virtual que ele carregava em suas costas se tornasse dez vezes mais pesado.

– “Nós vamos chefe, é claro, os outros também estão de acordo. Sua namorada bonita merece ser salva o mais rápido possível.”

Percy não sabia se tinha imaginado ou se fora real, mas ele viu Blackjack lhe direcionando uma piscadela quando disse a última frase. O Cabeça de Alga não pode deixar de pensar que toda a liberdade que ele dava ao pégaso estava lhe deixando petulante demais, por assim dizer. Ele franziu o cenho e olhou em direção aos três pégasos á sua frente.

– “Obrigado por nos ajudar. E Blackjack, você sabe que não precisa me chamar de chefe”. – e retribuiu a piscadela.

O clima pesado devido á tensão se tornou consideravelmente mais leve depois das pequenas brincadeiras. Eles agora checavam suas mochilas conferindo se estavam com tudo o que pudessem precisar – suprimentos, néctar e ambrosia eram essenciais, e lógico, dinheiro mortal e dracmas, para o caso de precisarem utilizar a M.I., mensagem de íris.

Em dado momento Thalia se virou para Nico.

– Como você sabia sobre as montanhas de Aspen? Que eu me lembre você nunca foi lá.- ela foi incisiva, como sempre. Todos sabem que a pesonalidade de Thalia é um tanto quanto intolerante, principalmente quando se trata de seus queridos primos.

– Você fica muito tempo longe Thalia, não sabe de muita coisa que aconteceu nos últimos tempos. – Nico sorriu levemente, não se importando muito com a pergunta.

Ela arqueou a sobrancelha.

– O que você quis dizer com isso, Mini-morte? – a impaciência destacava-se em sua voz.

– Nada em específico – ele deu de ombros, deixando a garota punk mais irritada do que normalmente era.

– Tudo bem... Não interessa como soube, apenas nos conte mais sobre lá Nico, para termos uma ideia mais concreta de onde procurar. – Percy estava notoriamente ansioso, com o rosto contraído e a impaciência saindo juntamente às suas palavras.

– É, fale logo antes que eu perca a paciência contigo... – ela rolou os olhos logo após a ameaça.

– Highlands é uma das quatro montanhas famosas montanhas destinadas à prática de esqui em Aspen, no estado do Colorado. As outras três são Buttermilk, Ajax e Snowmass. Não sabemos porque Annabeth foi levada pra lá, e isso também não importa agora. – Nico deu uma pausa me Percy completou.

– Não sabemos com quem estamos lidando. Não faço ideia. – Ele estava nitidamente confu

– Embora o esquema de segurança seja de primeiro nível, a montanha é traiçoeira. – Nico murmurou um pouco mais baixo do que seu tom de voz normal.

– E por que diz isso? – Thalia inquiriu prontamente.

– Pra que fiquem atentos. Essa tal cabana em que supomos que Annabeth esteja não vai ser difícil de encontrar, pois eu duvido que exista muitas dessa lá, por conta do terreno ser bem irregular, e pode estar repleto de armadilhas.

– Precaução é palavra de ordem, agora vamos. – Percy disse ao mesmo tempo em que montava em Blackjack.

Nico também se aproximou de Porkpie e em poucos segundos já estava pronto pra partir, porém Thalia parecia estar com problemas. Ela olhava para Guido um tanto incerta, e talvez se perguntasse se deveria montá-lo ou não. Completamente aturdida em seus pensamentos, ela mal ouviu Percy chama-la.

– Vamos Thalia!

– O que foi, está com medo do pégaso ou de voar, filha de Zeus? – Nico a provocou.

Isso bastou para que em um único movimento ela se projetasse em cima do animal e ele automaticamente movimentar as asas para alçar voo. Podia-se ver que ela tremia consideravelmente, mas o orgulho ultrapassava qualquer temor.

Nico e Percy a acompanharam, estabelecendo uma velocidade formidável, onde os pégasos estavam em perfeita sincronia desenhando seus movimentos a vinte e cinco mil pés de altura. Eles passaram por entre as nuvens e a cada minuto Thalia sentia-se mais segura no novo ambiente, que também era o de sua origem.

Não demorou muito e a noite começava a sobrepor a claridade do dia, uma grande cidade se formava á frente no mesmo instante em que o estômago de Nico emitiu um com capaz de cortar o vento.

– Acho melhorar pararmos para procurar um McDonalds. Estou sem forças. – ele se fez de coitado.

– Onde estamos? – Percy perguntou.

– Louisville, Kentucky. Os pégasos precisam descansar um pouco. – Thalia respondeu visivelmente cansada.

– Acho que chegamos no Colorado amanhã, por volta da hora do almoço ou antes. Estou faminto. – Nico disse, com o semblante um pouco retorcido. Os pégasos continuaram sobrevoando a cidade e automaticamente desceram assim que avistaram a lanchonete fast food.

Compraram lanches para todos, inclusive para os pégasos, que se empanturraram principalmente com as batatas fritas. Um ruído formou-se quando terminavam de comer, e institivamente Percy levou á mão até Contracorrente. Thalia pegou uma flecha da aljava e Stygian já estava nas mãos de Nico.

– Temos companhia? – Percy sussurrou.

Em resposta, ambos assentiram. Nico respondeu.

– É o que parece. Vamos fazer uma surpresinha a eles.