O Segredo. escrita por Jee kuran 95, DramioneFanClub, Jee kuran 95


Capítulo 29
Capítulo Vinte e Nove: O que deve ser, será.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo Vinte e Nove: O que deve ser, será. (Parte I)
Notas no final deste capítulo.*



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Autora: Jee_kuran_95

Disclaimer: Harry Potter pertence exclusivamente a J.K.Rowling.

Classificação do Capítulo: +16 anos.

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O Segredo

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Harry Potter

Capítulo Vinte e Nove: O que deve ser, será.

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Hermione abriu os olhos acostumando-os a escuridão do quarto. Suspirou observando o teto – enfeitiçado para parecer o céu a noite como em Hogwarts – e passou a mão pelo rosto espantando quaisquer sinais de sono. Sentou na cama lentamente e bocejou; todavia continuava cansada devido a uma noite turbulenta repleta de pesadelos dos quais ela não lembrava.

Jogou os lençóis para o lado e pôs os pés no chão estremecendo com o frio.

Caminhou rapidamente em direção ao banheiro particular de seu quarto e fechou a porta atrás de si, tirando com exímia preguiça o pijama de seda – presente do sua mãe – e jogando-o descuidadamente no chão do banheiro impecavelmente limpo.

Tomou uma ducha rápida e fria, enrolou-se em uma das tantas toalhas dispostas ali e moveu-se em direção ao quarto novamente.

Abriu as largas e pesadas cortinas deixando ver o céu acinzentado que se apresentava do lado de fora da Mansão Black. Suspirou e passou a mão pelos cabelos molhados sentindo um crescente desamino – gerado pelo mau tempo – crescendo em seu peito e oprimindo-o de maneira deprimente.

Dirigiu-se a seu closet – algo que sua mãe fez questão de preencher com as mais variadas roupas de diferentes estilistas – e pegou algo aleatório. Uma simples calça jeans, uma blusa negra de gola alta e um casaco de igual cor, mas que era o suficiente para mantê-la aquecida se desejasse sair para dar uma caminhada repentina.

Prendeu os cabelos em um coque mal feito e escutou o piar de uma coruja.

Olhou para a janela vendo o bonito animal acinzentado e sorriu, sabia de quem era. Pegou o pergaminho enrolado em sua pata e acariciou de leve a cabeça pequena. O bichinho piou novamente e alçou voo: seu trabalho estava feito.

Uma fita prateada enrolava o pergaminho e o brasão dos Malfoy estava ali, parecendo iluminar o quarto, o M prateado parecia ofuscar seus olhos atraindo-os de qualquer maneira para o fino e elegante desenho de sua letra.

Hermione suspirou sentindo a ponta de seus dedos comicharem e começou a morder o lábio em nervosismo. Ela não falava com o rapaz fazia dias e eles no fim, acabaram nem se despedindo um do outro antes de saírem do Colégio para as festividades de Natal e Ano Novo.

Desfez o laço e abriu o pergaminho com cuidado temendo rasga-lo. Leu as entrelinhas, sorrindo bobamente e lutando ferozmente contra o rubor involuntário que coloria suas bochechas frias e pálidas. Seu coração palpitou, desacelerando o ritmo cardíaco por um momento para depois voltar a bombear sangue dolorosamente.

Sentiu minha falta?

Ela riu entredentes e franziu o cenho tentando esconder o tremor de ansiedade com pensamentos debochados por aquelas breves palavras de Malfoy, escritas em sua letra invejavelmente bonita e angulosa.

Estúpido Slytherin prepotente!

Espero que sim, pois senão dessa forma, estou fazendo um papel totalmente desnecessário de idiota. Sinto não ter me despedido adequadamente de você, Granger, mas houve alguns... Por menores que necessitavam de minha atenção. Se bem que acho que ainda assim, é menos perturbador não ter visto você do que termos nos despedido como se fôssemos realmente um casal.

Vou lhe mandar um presente de Natal e não ouse não aceitar, não há devolução para ele e ficarei decepcionado se você não o quiser. Chegará na manhã de Natal e sim, terá que esperar até este dia para saciar sua curiosidade, Srta. Granger.

            Mandarei um presente para outra pessoa também através de você, saberá quem é no momento certo, não se preocupe. E espero que vocês duas aproveitem este tempo juntas para conversar mais, creio que devo isso a ela já que sequestrei você em vários momentos livres sem deixar espaço para que vocês duas falassem mais uma com a outra.

Sinto falta de beijar você. Sinto falta de seu cheiro também...

Até breve.

Draco Malfoy.

Hermione enrolou novamente o pergaminho depois de reler inúmeras vezes a carta que o Slytherin lhe mandara.

Deus, embora não admitisse isso nem para si mesma, também sentia falta dele, de sua companhia e do tempo que passavam a conversar.

Com o passar dos dias ela descobriu o lado sociável do rapaz. Ele não falava muito, era direto e sincero demais às vezes, mas um bom interlocutor quando necessário. Tinha o hábito de sempre olhá-la nos olhos quando ela falava deixando-a muitas vezes com os nervos a flor da pele.

Draco não expressava nada, a não ser seus olhos que pareciam muitas vezes devorá-la intensamente e aquilo a desconcertava.

O que realmente o Slytherin, aquele garoto louro, mimado e estranho sentia por ela?

Passou a mão por entre os cabelos, já quase secos e pegou a varinha apontando para o pergaminho.

Obviamente não podia deixar aquilo ali e então, por fim, num ato de coragem enquanto lembrava-se das palavras escritas o incendiou, deixando nada mais que alguns poucos vestígios de cinzas no chão do quarto.

Pegou um cachecol e enrolou habilmente no pescoço.

Abriu a porta do quarto olhando brevemente para trás com tristeza e massageou delicadamente sua nuca sentindo uma incomoda dor latente na área. Gemeu ao apertar uma área mais delicada e apartou a mão.

Andou pelos corredores vazios da Mansão escutando os murmúrios de desagrado e lamúrias de seus ancestrais vindos dos quadros elegantes do primeiro andar. Revirou os olhos descendo a escadaria de dois em dois degraus e parou olhando o corredor escuro e fúnebre de onde podia ouvir maldições ditas aos recém-chegados.

“Traidores de sangue.’’ Murmuravam uns.

‘’Vermes sujos que não merecem a pureza que corre por suas veias!” Escuta gritar outros.

Malditos traidores de sangue, deveriam morrer nas mãos do Lorde das Trevas!’’  Brandiam algumas poucas mulheres.

Suspirou passando a mão pelos cabelos e decidiu continuar seu caminho o mais rápido possível. Apurou os ouvidos e pode notar vagamente a presença de mais algumas quantas pessoas na casa.

Passou pela bonita e antiga sala de sua família, dando-lhe pouca atenção e seguiu em direção a extensa cozinha da casa.

Encostou-se no batente da porta e sorriu de canto ao ver a agitação e reboliço que a simples presença da família Weasley – convidados a passar o Natal em sua casa, por seu pai, Sirius – causava na Mansão.

O ar parecia mais leve, embora ela ainda se sentisse tensa com os estranhos e espectrais ruídos que podia ouvir vindos dos quadros.

Todos os Weasley’s se encontravam ali sem exceção. Até mesmo Gui e Fleur estavam ali.

Por um momento Hermione ficou surpresa ao ver uma cabeleira loura conhecida entre o mar de ruivos. E sorriu lembrando-se das palavras escritas por Malfoy na carta que lhe mandara: “Mandarei um presente para outra pessoa também...”

Caminhou sigilosamente até o outro extremo da cozinha sem ser notada – a família estava ocupada demais discutindo e as sombras do aposento ajudavam-na. – e parou ao lado da pessoa tocando seu ombro com o dela para que notasse sua presença.

- Hermione? – perguntou Galatea surpresa.

A morena lhe dignou um sorriso de diversão e piscou para a loura. As duas se abraçaram fortemente afastadas do tumulto que era os membros da família ruiva naquele momento.

- O que está fazendo aqui? – perguntou a morena genuinamente curiosa. Cruzou os braços no peito e arqueou uma sobrancelha castanha.

- Tonks. – deu de ombros e revirou os olhos olhando para os outros ocupantes da sala. Eles ainda não haviam se dado conta que Hermione já estava ali. – Andrômeda não queria que eu passasse o Natal sozinha e Tonks, como minha irmã mais velha pediu a Sirius se eu podia vir aqui e passar o Natal com ela, Lupin e os... – respirou fundo -... Weasley’s.

- Fico feliz que tenha vindo. – disse sincera, com um brilho amistoso nos olhos.

Galatea sorriu minimamente e encolheu os ombros.

- Eu não sei... – murmurou ela sem olhá-la. – Não sei se foi uma boa ideia ter vindo. Eu não me encaixo aqui. Bom, eu não me encaixo com eles. – disse apontando para a família de sangue-puros.

- Então vou lhe contar um segredo. – aproximou-se mais dela sussurrando em seu ouvido. – Eu também não me encaixo. Eu sempre me senti meio que deslocada entre eles. – confessou olhando para a mulher mais velha que pedia para Ginny colocar os pratos na mesa enquanto todos sentavam prontos para tomar o café da manhã.

- Mas você parece se dar muito bem com eles – disse Galatea com uma expressão confusa no rosto angelical.

- Costume, convivência – enumerou entediada dando de ombros. – Com o tempo você aprende a fingir, e começa a ver que não é tão difícil parecer parte de uma família. – então olhou para ela, seus olhos brilhando com aparente tristeza. – Gosto muito dos Weasley’s Galatea, não vou negar, mas não me sinto parte deles. Nunca me sinto e tenho certeza de que nunca me sentirei.

- Entendo... – murmurou a outra e Hermione viu-se curiosa ao descobrir em seus olhos um brilho de melancolia desconhecido. – É o mesmo que sinto com relação a Tonks e Andrômeda. – sibilou baixinho e passou a mão por entre os fios de cabelo ajeitando graciosamente a franja.

A Gryffindor franziu o cenho, confusa. O que a menina quis dizer com aquilo?

- Hermione!

A morena se virou para o alvo do grito escandaloso e viu Ginny aproximando-se a pulos de onde elas se encontravam. A Weasley olhou para Galatea cautelosamente e avaliou-a cruamente.

Logo depois de alguns segundos – segundos estes que muitas pessoas não notaram – ela sorriu brandamente e balançou-se sobre si aprisionando Hermione em um abraço sufocante.

- Senti sua falta! – resmungou a ruiva em seu ouvido.

Hermione riu baixinho empurrando Ginny pelos ombros para trás delicadamente. Olhou pelo canto dos olhos para a loura a seu lado e pôs sua total atenção por um instante em sua melhor amiga de Gryffindor.

- Realmente, faz séculos que não nos vemos. – brincou Hermione com um sorriso. – Ora vamos Ginny, não vejo você a três dias, não seja dramática, por favor.

- Mesmo assim é muito tempo para mim e você sabe disso – disse com um muxoxo e virou-se para a loura a seu lado. Hermione ficou tensa. – Olá, eu acho que não nos conhecemos formalmente. – disse Ginny suavemente. Havia algo em seu tom de voz, tão gentil e doce que fez Hermione sentir-se enjoada. – Eu sou Ginny Weasley. Melhor amiga de Mione.

A Black arqueou uma sobrancelha com sigilo. Aquilo era... Ciúmes por parte da ruiva?

Pelo canto dos olhos viu Galatea arquear ambas as sobrancelhas – um gesto muito parecido (como Hermione pode notar) ao de Draco quando avaliava as intenções das pessoas para consigo – e um sorriso de canto brincar em seus lábios.

Estendeu a mão vigorosamente.

- Galatea Tonks.

- Ah... E em que casa você está? Não me lembro de ter visto você em Gryffindor alguma vez – fingiu-se pensativa.

- Não, eu sou de Slytherin, o mesmo ano que você se não me engano... Temos quase a mesma idade – disse Galatea suave como seda.

- Chega! – sibilou Hermione em um sussurro.

O ar ficou tenso no aposento e Hermione cravou seu olhar em Ginevra recriminando-a.

Oh, é claro. Ginny sabia que ela era uma das serpentes. Todos ali sabiam disso, mas saber disso e dizer em você alta são duas coisas completamente diferentes.

A Sra. Weasley pigarreou chamando a atenção de todos.

Um sorriso calmo cresceu em seus lábios cheios e a mulher bateu palmas.

- Bem, chega de falar não é mesmo? O café da manhã já está pronto, sentem em seus lugares. – ordenou firmemente.

Hermione suspirou e por um momento olhou ao redor dando-se conta por primeira vez que seu pai não estava. Virou para Lupin que passava por ela de mãos dadas com Tonks e sussurrou para ele a pergunta.

- Não faço a mínima ideia – respondeu o Lobisomem com um olhar preocupado. – Almofadinhas saiu logo ao nascer do Sol e não disse para onde estava indo.

A morena agradeceu olhando para Galatea e fazendo um sinal para que a loira a seguisse.

O silencio prevaleceu por alguns minutos enquanto todos tomavam seus lugares e a Sra. Weasley servia o café. Hermione olhou brevemente para Ginny a sua esquerda e depois virou-se para Galatea vendo que a loura pouco se importava com os olhares cruéis que a ruiva mais nova da família dirigia a ela.

A Granger não entendia o que se passava.

Muito embora soubesse que as duas garotas já haviam se visto sim em Hogwarts não entendia o porque de todo aquele desgosto da Weasley pela menina Tonks.

- Ginevra, já chega. Coma! – ordenou a mulher mais velha.

O tom de Molly chamou a atenção de todos. Era frio e duro. A ruiva olhou para a mãe com as sobrancelhas franzidas e os lábios repuxados para baixo em uma clara expressão irritada. Olhou para a loura e arqueou uma sobrancelha inquisitiva. Galatea deu de ombros, desinteressada.

:::

- O que foi aquilo? – sussurrou Hermione puxando Ginny para um canto do quarto.

Molly havia lhe dito que Sirius havia decidido deixar as outras duas garotas em seu quarto durante a estadia. A morena nada disse, mas sabia que, pelo breve intercâmbio de palavras que as duas tiveram logo mais cedo aquilo não podia gerar boa coisa.

- ‘’Aquilo’’ o quê? – fez-se de desentendida a ruiva penteando os cabelos com um pente fino. – Não sei do que você está falando Hermione.

A morena pode ouvir o chuveiro sendo ligado e suspirou exasperada.

- Aquela estúpida cena na hora do café! – sibilou.

- Não foi nada demais, Hermione – suspirou e levantou dando as costas a Granger.

Ginny caminhou até o closet da garota abrindo uma das portas que levava as suas próprias coisas. Pegou uma roupa quente e voltou para onde ela estava colocando suas roupas em cima da cama que escolheu para si. Sentou na mesma e se pôs a esperar que a outra saísse do banho.

- Ginny – recriminou Mione.

- Eu apenas não gosto daquela garota, Ok? – disse a ruiva colocando as mãos sobre o rosto. – Ela é uma das típicas garotas que eu mais detesto! Rica, bonita e que sempre consegue tudo o que quer! Acredita que Harry já quis ficar com ela? Oh... – rosnou frustrada e depois arregalou os olhos pondo as mãos na boca e se amaldiçoando.

- Não posso acreditar... – sussurrou chocada. – Está descontando seu não-relacionamento frustrado com Harry em Galatea? Você nem a conhece Ginny! – recriminou decepcionada a Black. – Está descontando sua raiva por Harry em pessoas que nem ao menos sabem o que aconteceu entre você e ele.

- De todas as formas, eu não gosto dela. Além do mais ela é Slytherin, Hermione...

- Hipócrita – sibilou Hermione com frieza interrompendo suas palavras.

- O-quê? – murmurou a ruiva virando-se para a amiga.

Ginny olhou nos olhos castanhos da amiga, de matizes tão diferentes dos seus. Estavam mais escuros que nunca, em um tom negro assustador e obscuro.

- Hi-pó-cri-ta – soletrou Hermione maldosamente. Ginny sentiu suas orelhas esquentarem e o sangue correr furiosamente por suas veias. – Você está sendo hipócrita, Ginevra. Está arranjando desculpas absurdas para suas ações. Está julgando-a por ser Slytherin quando você mesma se tornou amiga de uma das piores serpentes da casa, ou esqueceu-se de Zabinni já? – acrescentou o nome do negro acidamente.

A menor dos Weasley’s se manteve em silêncio sem saber o que falar.

Era certo, sabia que Hermione estava certa – ela sempre estava.

- Galatea é uma menina maravilhosa, pelo que vi, do pouco que conheço dela. – disse séria.

- Ok, chega, já entendi – disse amuada a menor. – Não acha que já chega? – perguntou cansada olhando fixamente para a morena. – Já cansei de ouvir seus sermões de como ser uma pessoa altruísta inúmeras vezes, Hermione.

- O dia em você for uma pessoa um pouquinho menos injusta com relação às pessoas, talvez eu pare de ter que dar-te lições de moral, Weasley - disse com asco, irritada com a situação.

Ginny arregalou os olhos, mal podendo acreditar nas palavras dela. Sua boca abria e fechava-se chocada e então se levantou velozmente e correu porta afora, um furacão de cabelos vermelhos ao bater a porta do quarto.

Hermione fechou os olhos segurando a ponte do nariz do o indicador.

Desde que havia saído do colégio e recebeu as primeiras cartas da amiga a mesma parecia revidar suas palavras de maneira mesquinha e esnobe.

Estava tudo bem até ela sair do castelo de Hogwarts.

Graças as suas notas – e uma breve conversa de sua mãe com o Diretor Dumbledore e a professora McGonagall – ela pode sair de Hogwarts alguns dias antes – uma semana antes, na verdade – das festividades oficiais.

Alguma coisa havia mudado em Ginny nos poucos dias em que havia passado longe de sua melhor amiga e não tinha certeza se gostaria de saber o que era.

- Ela já saiu? – perguntou Galatea parada ao batente da porta do banheiro.

Hermione somente arqueou uma sobrancelha.

- Você escutou? – a loura confirmou com a cabeça. – Quanto? – perguntou com pena.

- O suficiente – deu de ombros e se aproximou.

- Desculpe por isso.

- Tudo bem, não me importo – novamente deu de ombros e sorriu de canto. – e bem, é verdade que Potter já quis ficar comigo, ele me pediu uma vez por incrível que pareça – negou com a cabeça como se a simples lembrança do momento fosse difícil de assimilar.  – Obviamente eu recusei, Potter nunca foi meu tipo – brincou e a morena riu – além do mais, eu sempre tive em conta que a ruiva gostava dele e, mesmo que não estivessem juntos, é triste ver alguém que você gosta ficando com outra pessoa... Sem fazer ideia de que você está ali, sofrendo.

- Experiência própria? – hesitou.

- Algo assim. Nada que valesse a pena realmente – disse e olhou para a janela lembrando-se de Jason e seu amor doentio, beirando a extremos, pela garota que estava ali a sua frente naquele momento.

Por sua prima para ser mais exata.

- Ginny nem sempre foi assim – disse a Black com o cenho ligeiramente franzido. – Não sei o que a fez mudar tanto, mas nos últimos meses ela parece mais...

- Patética? – arriscou a fazer uma piada.

- Não! – disse rindo. – Desnorteada talvez. A guerra, seus sentimentos por Harry, o medo de perde-lo ou perder a alguém de sua família. Ela não me fala essas coisas, mas eu sei que ela pensa e muito em tudo isso, tudo que está pra acontecer.

- Espere... Você disse... Desnorteada? – perguntou Galatea imersa em pensamentos.

- O que? – falou confusa a morena pelas palavras inesperadas. – Mas o que...?

Galatea cravou seus olhos em Hermione, a preocupação refletida nas safiras da menina.

- Não pode ser... – sussurrou para si mesma colocando as mãos nos lábios. – Eu estou enganada não estou? Isso só pode ser um erro...

- O que foi Galatea? No que está pensando?

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- Harry Potter –

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Suspirou sentindo o ar lhe oprimir o peito. Apertou as rédeas de seu cavalo puxando-o.

Draco olhou ao redor tentando conter a irritação. Observou pelo canto dos olhos por cima do ombro e deu um sorriso seco para a recém-chegada. Acariciou a crina do animal.

- Está me evitando por acaso? – a voz de Pansy pairou em seus ouvidos.

A garota galopou para mais perto dele, sua égua relinchou erguendo as patas dianteiras ao ar e parou subitamente de forma elegante. A menina morena fez um ruído com os lábios dando palmadas carinhosas na amiga de cavalgada e depois olhou para o rapaz louro, piscando os longos cílios bem delineados.

- Porque estaria? – falou ele. Draco continuou a cavalgada com a Parkinson acompanhando-a. – Estou em minha casa, não tenho porque me esconder ou evitar ninguém.

- Mas do modo como tem me tratado parece que minha presença é nada mais que um aborrecimento em sua casa. Não sou mais bem vinda aqui? – arqueou as sobrancelhas cinicamente.

- Você é um incomodo para mim Pansy, sempre foi e sempre será – sorriu-lhe. Já podiam avistar Malfoy Manor logo ao longe. – O fato de seus pais e os meus serem amigos de longa data não muda o fato de que para mim, você é intragável; uma garota estúpida e fútil que acha que, um dia irá fazer parte de minha família – debochou e olhou em seus olhos azuis cristalinos. – Patética.

- Draco... – Pansy começou em tom de aviso, os olhos bonitos estreitando-se. – Não brinque comigo. Eu não sou flor que se cheire.

O Malfoy fechou os olhos e jogou a cabeça para trás, seus ombros sacudindo no processo e uma gargalhada límpida percorrendo seu corpo e saindo por sua garganta.

- Acredite Parkinson, sei disso desde o momento em que lhe conheci. – suspirou convencido e puxou as rédeas. – Vamos lá Jack, corra garoto! Yah!

Adorava o modo como o vento batia em seu rosto e o sentimento de liberdade percorria por suas veias. O cavalo sangue-puro abaixo de si relinchou alegremente excitado com a correria e a força imposta na mesma.

A pelagem negra reluzia brilhante contrastando com as cores opacas de tons de verde ao redor. Era revigorante. Era o sentimento de liberdade alastrando-se por seu corpo.

Passou pelos portões da Mansão dando a volta pelos jardins enquanto alguns rostos irreconhecíveis passavam por ele em alta velocidade. Arqueou o corpo para frente indo mais rápido e passando pelo jardim de rosas de sua mãe.

- Ouh! – o galope tornou-se sereno e o Malfoy deu um impulso descendo do cavalo. Caminhou ao lado do amigo e foram ao estábulo. – Muito bem garanhão.

Deu-lhe de comer enquanto o acariciava.

Sua mente desprendeu-se e logo ele novamente pensava na morena que há muitos dias não via. Grunhiu passando a mão pelos cabelos, a ponta dos dedos pinicando em raiva.

Queria saber o que ela estava fazendo, com quem estava ou o que pensava. Era um pensamento psicótico e obsessivo.

Ele precisava saber o que ela estava fazendo.

Lembrou-se dos outros anos – anos estes em que ele foi aceitando relutantemente o que sentia pela garota -, da perturbação que tomava sua mente cada vez que chegava a essa época do ano... Que não a tinha ante suas vistas.

E sim, embora ela não soubesse – ninguém soubesse – ele sempre se mantinha a par de suas atividades. Ninguém desconfiava ninguém sequer cogitava a ideia de que ele se interessaria por ela um dia.

Havia se tornado um obsessivo por Granger?

Sim.

- Seus pensamentos estão longe.

- Hn.

- Pensando nela?

Draco cravou os olhos em sua mãe notando o sorriso astuto e despretensioso de Narcisa. O rapaz arqueou uma sobrancelha interrogante.

- Está escrito em seus olhos. – explicou aproximando-se dele. Embora mais alto, o varão dos Malfoy ainda não tinha a sabedoria que sua mais espelhava em seu rosto cansado. – Uma mãe sempre sabe quando um filho ama pela primeira vez.

Cissy riu da expressão brevemente assustada dele.

- Não sei se isso pode ser chamado de amor. – sibilou.

- Não a sufoque com seu autoritarismo e possessão, Draco – avisou séria – A relação de vocês ainda é frágil e ela não o ama, ainda. A menina é como a mãe, um pássaro selvagem que não gosta de ser subjugado, muito menos criado em cativeiro. – disse crítica. – Não deixe que sua obsessão tire a liberdade dela ou senão o carinho que ela sente por você... Transformar-se-á em ódio.

- Não quero falar sobre isso.

Narcisa suspirou, decidindo se deveria ou não insistir no assunto. Viu a expressão sombria nos olhos do filho e um arrepio correu por seu corpo eriçando seus cabelos.

:::

Abriu os portões de sua casa em um baque.

Ouviu seus passos ecoando no chão e subiu rapidamente as escadas, passando pelos retratos familiares e quase correndo em direção a seu quarto adentrando-o sigilosamente.

Fechou a porta de seu quarto, tirando o excesso de roupa e jogando em cima da cama. Foi em direção a seu banheiro particular retirando o restante das roupas e deixando-as jogadas pelo chão. Encheu a banheira e pôs-se a ouvir o som da água caindo no mármore.

Estava pensando em Granger novamente. Em como queria poder tocá-la naquele momento.

Estavam na biblioteca e ele tocava em seus cabelos. Desde que ela lhe permitira tocá-la, os cachos morenos tornaram-se seu fascínio pela textura e maciez. Tocou com a ponta dos dedos suas têmporas para logo depois acariciar seu pescoço e ombros.

Hermione mantinha os olhos fixos em sua leitura, porém parte de sua mente encontrava-se inteiramente concentrada no toque das mãos dele. Suspirou involuntariamente com o carinho e fechou o livro de Transfiguração.

Olhou para ele vendo um sorriso torto perfeito em seus lábios e franziu o próprio cenho.

Era Quinta-feira a noite, hora do jantar e os dois se encontravam ali, num os locais mais distantes da Biblioteca. Não havia hipótese alguma de que alguém os encontrasse ali.

- O que foi? – perguntou duvidosa.

- Nada – disse sereno e aproximou-se vendo os olhos dela fixos em seus lábios entreabertos. – Eu vou beijar você – murmurou com os lábios quase encostados nos seus.

Choque. Quentura. Os lábios de Draco acariciaram os dela. Ele parecia faminto, sedento de senti-la, sentir seu gosto em sua língua.

Hermione se arrepiou sentindo uma das mãos subir por sua nuca segurando seus cabelos e atraindo-a para ele e outra em seu rosto acariciando suas bochechas gentilmente.

Demandante, fez com que ela abrisse os lábios e o deixasse aprofundar o contato beijando-a fortemente e com vigor que ela nunca havia visto em ninguém.

Tocou em seus ombros, empurrando-o para trás e viu um sorriso satisfeito nos lábios do loiro.

- Estou sempre cedendo, não é? – brincou ela.

- Eu sou irresistível. Por que lutar contra algo que você deseja? – perguntou arrogante com um sorriso largo que poucas vezes ela vira em seu rosto. – Adoro beijar você – sussurrou colando seu rosto ao dela e fechou os olhos ainda acariciando sua nuca. – Você tem um gosto maravilhoso...

- Pare de falar essas coisas, está me desconcertando.

Ele sorriu torto.

- Essa é a intenção, amor.

Deu uma gargalhada muda e fechou a água, testando em seguida a temperatura. Levantou-se e nu, entrou na água quente, afundando.

Theodore estava a sua frente. Seus braços cruzados sobre o peito e uma expressão de satisfação no rosto alvo. Draco franziu as sobrancelhas com desconfiança e seus olhos cinzentos encontraram os claros do outro.

- O que foi? – perguntou Nott.

- O que você vai fazer? – sibilou friamente.

- Não sei do que está falando, Draco. – respondeu com um sorriso cínico. – Está ficando paranoico meu amigo, deveria se consultar com Madame Pomfrey.

- Você está começando a me irritar, Theodore – disse com um tom de deboche, os olhos estreitos, a face fria. – Não comece um jogo do qual já sabe que sairá perdedor.

O homem de cabelos morenos o encarou e descruzou os braços aproximando-se sorrateiro do outro. Os dois eram altos, porém Malfoy conseguia ainda ter alguns centímetros de vantagem e em seus olhos uma expressão deveras sombria podia ser vista.

- Está falando de Granger, Draco? – trincou os dentes tentando fazer com que sua voz soasse o mais suave e natural possível.

- Sim. – admitiu cruamente.

- Eu a quero também, Malfoy. – declarou insensível, um brilho cruel em seus orbes claros. – E eu vou tê-la.

Voltou a superfície e fixou seu olhar no teto tentando não pensar em mais nada.

:::

- Reuniões de ‘família’ são tão... Encantadoras.

- Pelo que vejo você está de bom humor hoje – replicou o negro acidamente para o moreno.

- Muitas pessoas hipócritas num mesmo lugar. Dia maravilhoso, não acha? – Theodore disse piscando de maneira maliciosa e olhando as belas mulheres que passavam a sua frente, sorrindo-lhes predador. – Bonitas pernas – elogiou uma morena que passou sorridente – uma pena que seja tão oca e submissa. – disse para Blásio.

O negro revirou os olhos bufando entre dentes e olhando para as pessoas ao redor.

Todas as famílias bruxas do Ministério encontravam-se ali, em Malfoy Manor. Muitos comensais da morte, pessoas influentes da sociedade e do ministério da magia.

Ao longe pode ver os compridos cabelos de Pansy – uma das únicas vezes que o vira cacheado – e o sorriso ofuscante da morena que conversava afavelmente com um rapaz de moreno. Trincou os dentes tentando conter sua ira e seu olhar encontrou-se com o dela.

O sorriso da Parkinson desmanchou-se e ele virou o olhar, fingindo continuar a procurar Draco.

- Você e Pansy vão continuar com isso? – sibilou Nott bebericando um Wisky.

- Isso o que? – perguntou.

- Você olha para ela, sente ciúmes por ela conversar com outros homens e quando ela te olha você vira o rosto fingindo que não se importa. – replicou seco. – Vocês dois já estão enchendo o meu saco.

- Então simplesmente ignore.

- Hun. – deu de ombros. – Onde está Malfoy? Estamos na casa dele há mais de uma hora e ainda não o vimos.

- Não sei, deve estar em seu quarto, provavelmente ficou horas e horas andando a cavalo como ele sempre faz cada vez que vem a Mansão e agora está tomando um de seus incontáveis banhos.

- Que péssimo anfitrião. – ralhou o moreno.

- Theo eu vou lhe dar um aviso: fique longe de Draco, não se interponha no caminho dele – disse o negro com seriedade olhando quase aflito para o amigo. – Deixando mais claro ainda para que você entenda: fique longe de Granger.

Theodore parou olhando-o fixa e duramente.

- Eu não preciso de seus conselhos Blásio. Deixe esse assunto para Malfoy e eu. – anunciou friamente saindo de perto do rapaz.

Andou por entre as mulheres recebendo olhares sugestivos que rebateu com sorrisos encantadores, estonteando todas aquelas que o observavam.

Cumprimentou educadamente os patriarcas das famílias e parou ao sentir um arrepio percorrer seu corpo.

Virou-se lentamente observando atento ao seu redor. Os lábios se crisparam e ao longe, ele viu a figura de Cetus Black parada perto a uma pilastra em meio as sombras do Salão de festas o observando com um perturbador olhar cínico.

Theo trincou os dentes engolindo sua raiva ao ver o sorriso debochado do outro.

Cetus penteou os cabelos com os dedos para trás e desencostou-se da estrutura dando as costas para o filho dos Nott seguindo seu caminho sabendo que o outro viria atrás de si cedo ou tarde.

Uma risada escapou de sua garganta e tocou o vão de suas sobrancelhas com a ponta dos dedos sem conseguir disfarçar a insana diversão que estava sentindo. Tudo estava indo conforme o planejado.

Revirou os olhos ouvindo passos atrás de si e continuou caminhando no escuro passando pelas inúmeras portas que havia no térreo. O ar ficou denso o frio começou a tomar conta do ambiente, porém, ele já estava acostumado, uma pequeno baixa de temperatura nunca seria capaz de afetá-lo.

Abriu a porta de um dos salões.

O rangido alto ecoou e ele caminhou até o centro do lugar vazio, repleto de móveis cobertos por lençóis brancos e limpos.

- Black, o que quer comigo?

Ouviu a voz de Nott e deu uma pequena risada.

Theodore cruzou os braços e parou. As portas se fecharam atrás de si e ele pode identificar um pequeno chiado que ignorou.

- Vou repetir a pergunta Black. – sibilou. – O que quer comigo?

- Eu? – perguntou com fingida inocência. – Eu não quero nada com você, nem de você. – sorriu com malícia.

O chiado ficou mais alto e Theodore finalmente deu-se conta do que estava acontecendo. Procurou a varinha em suas vestes, iluminando prontamente o lugar, mas era tarde demais.

Não houve reação.

Nott caiu em um baque surdo no chão seu pescoço sangrando com o rasgo que ia desde o alto de seu pescoço até pouco abaixo de sua omoplata.

O terno do rapaz estava totalmente em trapos.

Cetus continuou parado olhando com indiferença para a cena adiante. Suspirou entediado e foi até Nott, mexendo em sua cabeça com os pés e avaliando o tamanho do estrago.

Olhou para a varinha do outro que havia voado metros longe e pegou a sua própria pronunciando um ‘’accio’’. A mesma parou em suas mãos e ele a girou entre os dedos acariciando a madeira.

- Uma boa varinha... – murmurou em uma língua diferente. – Uma pena que o dono dela seja tão... Fraco. – e riu.

Agachou-se em frente ao moreno e viu a poça de sangue chegar a seus pés.

- Parece que exageramos desta vez. – suspirou e olhou para o ser que rastejava a seu lado. – Não é mesmo Nagini?

A cobra chiou, enroscando-se em sua perna e ele sorriu macabro.

Os olhos estavam tingidos de sangue.

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Continua no próximo capítulo...


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Notas finais do capítulo

Olá pessoal!
Voltei das minhas ''férias''. Poisé, poisé.
Muita gente achou que eu tinha desistido... Mas é claro que não!
Já tinha esse capítulo pronto há muito meses como disse para uma leitora a dois dias atrás, porém, não estava terminado. E, como podem ver (já que essa é a parte 1) ainda não está.
Essa foi uma pequeno introdução para a minha ''volta''.
Não respondi aos reviews, mas logo faço isso.
E espero que estejam estudando hein galera.
Me contem como começou as aulas de vcs e oq acharam do cap.
Bjos, (finalmente de volta), J.