O Segredo. escrita por Jee kuran 95, DramioneFanClub, Jee kuran 95


Capítulo 27
Capítulo Vinte e Sete: Família.




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Autora: Jee_kuran_95

Disclaimer: Harry Potter pertence exclusivamente a J.K.Rowling.

Classificação do Capítulo: +16 anos.

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O Segredo

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Harry Potter

Capítulo Vinte e Sete: Família.

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- Oi – alguém soprou em seu ouvido.

Hermione arrepiou-se e olhou por cima do ombro vendo o rosto do Malfoy mais perto do que ela imaginava que ele estaria em realidade. Corou dando uma risada seca e fingindo pouco interesse nele.

- Olá – disse – O que faz aqui?

- A biblioteca é um local público e eu precisava de um livro para o trabalho de Poções que Snape passou-nos. – disse com inocência, os olhos diamante solenes.

Hermione arqueou uma sobrancelha, incrédula. Olhou para o relógio e deu um sorriso convencido.

- E você decidiu vir às 8 da manhã de um sábado numa biblioteca para procurar um livro? – disse carregando suas palavras de ironia. O louro deu de ombros como se fosse à coisa mais normal do mundo. Ela riu. – Qual é Malfoy, nem mesmo os seus amigos acreditariam em uma desculpa esfarrapada como esta – burlou-se dele.

 O loiro afastou-se dela e deu a volta na mesa procurando um livro na estante próximo a que eles estavam. Coincidentemente, uma sessão apenas para o assunto “poções”.

Hermione bufou e fechou o livro, cruzou os braços sobre o peito e ficou observando-o com curiosidade.

Era estranha a nova relação deles, parecia que, de certa forma, muita pouca coisa mudara: ele continuava a mesma pessoa fria – e por vezes insensível – que ela conhecera.

Arrogante, aristocrata e incrivelmente irônico: isso não mudava, nem mesmo quando estava com ela, mas havia algo no modo como ele se virava para olhá-la nos olhos quando ela falava, ou no modo como ele às vezes pegava e tocava em seu cabelo, suas costas ou sua mão discretamente com uma ternura que deixava Hermione encabulada e confundida.

Sorriu sem se dar conta, levando a ponta dos dedos aos lábios.

Sim, eles se beijaram: uma, duas, três, incontáveis vezes. Ela á havia perdido a conta de quantas vezes ela sentiu o gosto dele em sua boca e seu cheiro de lavanda ficava impregnado em sua roupa.

O modo como ele segurava sua nuca firmemente, conduzindo os beijos da forma como ele queria, trazendo mais satisfação aos dois...

Sorriu fechando os olhos e negando com a cabeça, espantando os pensamentos confusos e controversos em relação ao herdeiro Malfoy.

- Pensando em mim? – disse uma voz sussurrante a seu lado e ela sentiu que seu coração, por um milésimo incrivelmente longo, parou de bater para dar lugar a uma pulsação forte e rápida demais para seu gosto.

Ela não havia notado e simplesmente não sabia como ele havia se sentado a seu lado. Agora, a ponta dos dedos dele encontrava-se em seu rosto, enrolando seus fios de cabelo entre os dedos.

Era sempre assim: ele a pegava de surpresa, ela não reagia, sempre ficando estática num primeiro momento, sem saber o que fazer com relação ao carinho dele.

Suspirou, recobrando um pouco de sua consciência. Irritada com as reações involuntárias de seu corpo, abriu o livro que tinha em mãos e decidiu ignorar o fato de que ele mexia em seu cabelo parecendo divertir-se imensamente com isso.

Decidiu ignorá-lo e prestar atenção em sua leitura... Sem sucesso.

- Você poderia, por favor, parar com isso? – suspirou – Não consigo me concentrar na leitura, Draco – e ela sempre dizia o nome dele quando estava perdendo uma batalha interna sobre render-se aos mimos do louro.

E ele sabia disso e o pior, o desgraçado sempre ria.

- Então pare de ler, Hermione – disse suavemente – Ora vamos, você tem que sair um pouco desse lugar, já quase é parte da decoração – riu baixinho e ela revirou os olhos. – Estou falando sério, não faz bem a sua saúde ficar trancafiada neste lugar. É sábado – frisou -, vá lá fora, tome um ar puro. – aconselhou.

- Então por que você mesmo não faz isso? – perguntou astuta dando um sorriso de lado. – Por que ainda está aqui?

- Por que você está aqui – disse sério. – Eu ficarei aqui enquanto você estiver aqui.

Ela simplesmente riu e mais uma vez fechou seu livro olhando para ele.

- Como você consegue? – perguntou verdadeiramente curiosa.

Draco olhou-a confuso, sem saber do que ela falava.

- Como você consegue mudar tão rápido de humor? Uma hora, você é o Slytherin frio, arrogante e prepotente que eu sempre achei conhecer e noutra... – sua voz se suavizou e ela tocou com a ponta dos dedos as maçãs do rosto dele, descendo para seus lábios e acariciando-os. Ele fechou os olhos, colocando sua mão sobre a dela em seu rosto. -... É terno. Como consegue ser duas pessoas distintas ao mesmo tempo? – perguntou baixinho.

Draco deu uma risada que a encantou e ela se viu presa dos olhos claros quando estes se abriram.

- Está enganada – disse sério, porém seus olhos brilhavam intensos. Trouxe a mão dela para perto de seus lábios e beijou seus dedos, um a um. – Eu só tenho uma faceta. Eu sou uma pessoa egoísta, mesquinha, possessiva – sorriu de canto -, controladora... É isso o que as pessoas veem, é isso quem eu sou. A minha parte gentil... É única e exclusivamente para você e para mais ninguém. – murmurou aproximando seu rosto do dela e encostando rapidamente seus lábios fazendo-a suspirar. – É apenas para você, e por você que eu escondo a minha parte cruel – Hermione sentiu um arrepiou em sua espinha quando ele pronunciou tais palavras. – e sádica.

Hermione olhou em seus olhos, retirando a mão dele gentilmente de cima da sua, escondendo com um sorriso o puro medo que sentiu ao ouvi-lo dizer tais palavras. Engoliu em seco.

Ela havia se esquecido. Ela havia se esquecido completamente de com quem estava lidando.

Ele era Draco Malfoy afinal de contas. Era seu primo. Filho de um comensal da morte.

Ele era um comensal da morte.

- Não gosto quando você fala dessa forma – disse sem se dar conta, sentindo suas palavras saírem torpes de sua boca. Senti-a se tonta.

- De que forma?

- Dessa forma. De maneira sombria... Dá-me arrepios – disse e para comprovar, um calafrio involuntário percorreu seu corpo. – Não quero ouvir você falar desta forma novamente Malfoy, pelo menos não perto de mim. – encolheu-se.

Ele apenas acenou afirmativamente sem nada falar e ficou observando-a.

E então, novamente aproximou-se dela. Hermione não conseguia desviar seus olhos dos dele: eram estupidamente hipnotizantes!

Fechou os próprios olhos ao sentir o toque de sua boca e deixou-se levar novamente como sempre fazia. Draco levantou uma de suas mãos a nuca dela, massageando-a levemente e segurando os fios castanhos com força e trazendo-a para si, parecendo querer fundir-se a ela.

Hermione soltou um suspiro, extasiada com a intensidade com que ele lhe beijava.

Draco queria devorá-la.

Beijava seus lábios com devoção e certo desespero sentindo que, se soltasse os lábios dela, no momento seguinte ela fugiria de seus braços. Arfou quando a mesma enroscou sua mão pequena em seus cabelos, puxando os fios dourados para trás de mordeu seu lábio inferior.

Suas línguas se reconheciam e ele sorriu triunfante durante o beijo sentindo seu corpo fervilhar.

Longos minutos se passaram e Hermione soltou-se dele. Seu rosto estava vermelho e seu olhar constantemente ia para o chão, envergonhada demais para olhá-lo de volta.

Draco riu, colocando uma mecha de cabelo dela atrás da orelha e se levantou, estendendo a mão para ela. Hermione suspirou dando-se por vencida: não voltaria mais na biblioteca aquele dia.

- Vai a Hogsmeade hoje? – perguntou despreocupada.

Draco ficou em silêncio por um momento, pesando suas palavras.

- Talvez – disse com tom de mistério olhando para frente. Colocou suas mãos no bolso e aproximou-se dela. Suas vozes não mais eram do que murmúrios. – e você?

- Talvez – replicou com um pequeno sorriso – Já parou para pensar que nossas conversas não são mais do que monólogos sem sentido ou provocações sarcásticas mútuas? – perguntou ela em tom reflexivo.

Draco sorriu brevemente olhando-a por baixo dos longos cílios de maneira hipnotizante.

- Talvez por que não tenhamos o que falar um com o outro – deu de ombros – ou pelo simples fato de que não nos importamos em ficar em silêncio na presença um do outro.

- Ou por que não sabemos o que dizer um ao outro e temos medo das respostas às nossas perguntas – sussurrou Hermione olhando-o de canto. Seu tom de voz saiu melancólico, sombrio.

Os olhos de Draco escureceram e ele soube exatamente o que ela havia querido dizer com aquelas palavras. Ela tinha medo de fazer as perguntas certas para ele, pois sabia que Draco que diria todas as verdades que ela já sabia, mas se recusava a escutar as palavras saindo de sua boca.

Draco não queria fazer as perguntar por medo das respostas frias e sinceras dela.

Suspirou, tirando uma mão do bolso e passando de maneira nervosa pelos cabelos finos.

- O que você quer saber de mim? – perguntou suave, olhando-a carinhoso.

- O que? – perguntou incrédula. Ele estava mesmo lhe perguntando isso?

Draco sorriu encantado com a admiração e assombro dela por suas palavras.

- O que você quer saber sobre mim? – perguntou novamente desta vez um sorriso maroto cruzando seus lábios bem esculpidos. – Seja razoável, por favor.

A garota parou e ele se pôs a sua frente. De repente ela sorriu, uma risada histérica e feliz saindo de seus lábios. Colocou uma mão sobre seu rosto escondendo seus olhos: ela sabia que eles estavam brilhando mais do que nunca.

Droga, o que há comigo? Pensou repreendendo-se pelas reações de seu corpo e seus malditos pensamentos. Estou parecendo uma garota a... Seus olhos se abriram e ela ficou séria com o rumo de seus pensamentos.

Fechou os olhos, deixando o rapaz a sua frente apreensivo e depois os abriu soltando uma grande lufada de ar e deixando um sorriso brotar sincero em seus lábios.

Não, eu não estou. É apenas o momento, a situação. Disse com total convicção em suas palavras. Fazia já algum tempo... Que eu não me sentia tão... Leve.

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- Harry Potter –

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- Pode me dizer o que fazemos aqui tão cedo, Nott? – perguntou Blásio.

O negro tinha profundas olheiras abaixo dos olhos e de tempos em tempos bocejava.

- É um sábado de manhã, antes das 9hs e já estamos aqui andando em círculos por este maldito povoado – grunhiu molesto – Espero que você tenha uma boa razão para me tirar da cama tão semana em um dia não estudantil.

- Blás – sibilou o moreno virando-se para ele e olhando-o ameaçadoramente. – Eu sei que somos amigos e tudo mais, mas você já está começando a me irritar e acredite, eu estou de péssimo humor nos últimos dias – rosnou.

- Oh, então cheguei em um péssimo momento suponho – disse uma voz atrás deles. – Briga de casal? – alfinetou o recém-chegado mostrando-se um sorriso perfeito. – Ora Theodore, não sabia que você jogava para o outro time. – riu-se.

- Black – cuspiu entre dentes o outro. – Só por que é o preferido de Voldemort não significa que ficarei aqui ouvindo seus insultos contra mim seu bastardo filho da puta! – sussurrou raivoso.

Cetus olhou-o indiferente, o sorriso malicioso e perfeito ainda adornando seus lábios. Levava uma roupa negra que contrastava magnificamente com seus olhos claros Os cabelos rebeldes emolduravam seu rosto e, as poucas garotas que já havia naquele povoado pela parte da manhã paravam para olharem-nos e cochicharem sobre o quão bonito era.

Aproximou-se de Nott falando-lhe ao ouvido.

- Se eu fosse teria mais cuidado com o que fala Nott. – sussurrou com uma risada obscura. – Sua língua afiada e suas palavras venenosas não funcionam contra mim e sim me deixam com um estranho instinto e testar alguns feitiços antigos e inutilizáveis que acabei apresentando nos últimos tempos – sussurrou suave, rastejante como uma cobra.

Nott estreitou os olhos e respirou profundamente mantendo a calma. Cetus olhou-o arrogante e observou ao seu redor o povoado.

- De toda forma, não foi para discutir com você que vim até aqui obviamente. – pegou uma pequena caixa de veludo azul escuro e entregou-lhe. – Vim apenas trazer isso a você e tenho que lhe dizer que ele não está muito satisfeito por você não ter atendido a seu chamado e ter ido até Malfoy Manor – disse falsamente preocupado. – Sendo que você foi um completo inútil e nem conseguir uma permissão para sair de Hogwarts por algumas horas você conseguiu tive que trazer isto pessoalmente até aqui.

- O que é? – perguntou Theodore olhando para a caixa.

- Nada lhe interessa – disse frio o outro – Não abra esta caixa, você já sabe o que fazer com ela, apenas siga as ordens de nosso mestre.

- Oh sim, claro que sei afinal ele teve a bondade – frisou com sarcasmo – de mostrar-me enquanto dormia.

- Então era sobre essa “entrega” que você estava sonhando daquela vez? – perguntou Blásio intrometendo-se pela primeira vez no assunto. Agora, o negro mostrava-se totalmente desperto e intrigado com a situação a sua frente.

-... – Theodore apenas fez um esgar com a boca e respirou profundamente olhando para o outro.

- Não tenho mais nada para fazer aqui – murmurou Cetus olhando ao redor. O povoado enchia cada vez mais – Mas, acho que vou ficar aqui mais um pouco, tem uma pessoa que eu gostaria de conhecer – sussurrou rouca, uma risadinha maliciosa saindo de seus lábios.

Deu as costas para os dois inesperadamente e saiu andando, misturando-se entre as pessoas.

- Theodore... – começou Nott em tom de questionamento.

- Não pergunte nada Blás. Não estou a fim de responder – rosnou e virou-se andando em direção à Hogwarts.

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- Harry Potter –

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- Mamãe mandou uma carta para você.

Hermione olhou para o mais novo e agachou-se a sua frente sorrindo amável. Colocou uma mão em seus cabelos e bagunçou-os a seu modo. O garoto nada disse, mantinha-se inexpressivo e quieto como sempre, falando apenas o necessário.

- Aqui – ele lhe estendeu a carta discretamente e Hermione a pegou.

- Obrigada, Órion. – disse sinceramente e abraçou o menor com força.

Ela podia sentir, embora ele não fosse um total estranho a abraços não era algo que ele parecia receber constantemente. Demorou alguns segundos antes que o menino passasse os braços ao redor de sua cintura e a estreitasse contra seu pequeno corpo com força, escondendo seu rostinho bonito nos cabelos cheios e compridos da irmã mais velha.

Hermione acariciou os fios castanhos com ternura e suspirou feliz que o irmão tivesse aceitado o contato.

Embora fosse inteligente e astuto para a idade dele, ainda era uma criança. Uma criança que necessitava de mimos como os que ela teve e, que se dependesse dela, tê-los-ia.

Afastou-se do menino e ouviu um pequeno muxoxo de desagrado sair de seus lábios. Deu uma risadinha.

- Não tenho falado muito com você desde que chegamos a Hogwarts... Estive meio... – hesitou – Ocupada. E então, como seus colegas de casa estão sendo com você? Eles são legais? – perguntou ainda acariciando os fios lisos dele.

- Sim – disse baixinho e pela primeira vez ela o viu com timidez. Ele não olhava em seus olhos. – eu tenho alguns amigos... Mas eu gosto mais de Jack e Désirée. Eles estão sempre comigo.

Ela sabia quem era como Monitora-Chefe tinha quase um dever de conhecer os alunos de Hogwarts e, aspirante a perfeição como ela era, sabia o nome de todos do primeiro ao sétimo ano e suas casas.

Sabia quem eram os amigos de seu irmão.

Jack era um menino alto para a idade cabelos castanho-claro e olhos cor mel brilhantes. Provavelmente era o mais brincalhão dos três já que sempre o via com um sorriso de orelha a orelha nos lábios.

Désirée era loura, olhos verde-claro e uma prima distante de Fleur. Era séria, porém sempre via que a menina dava suas risadas com os amigos. Bonitinha e recatada como provavelmente sua família Francesa sangue-puro havia lhe criado.

- Isso é bom, gostar deles eu digo. É sempre melhor quando temos amigos para passar o tempo. – disse nervosa. – e as aulas? Como você está se saindo? Precisa da minha ajuda em alguma coisa Órion?

- As aulas são fáceis – o pequeno deu de ombros e lembrou-se das aulas com um suspiro entediado. – Não preciso da sua ajuda. – disse quase rude e depois se arrependeu olhando temeroso para a irmã.

Hermione guardou silêncio e depois sorriu dando um tapinha em suas costas.

- Ok. Hun, aah sim... Eu queria lhe perguntar se você gostaria de algo de Hogsmeade?

- Não, obrigada – disse baixo, tentando não parecer rude com a irmã.

Hermione suspirou dando-se conta que a muralha de ferro que seu irmãozinho parecia ter sempre a seu redor voltara mais rápido do que esperava. Pelo menos pensou ela com tristeza consegui avançar um pouco em nossa relação, fazer com que... Ao menos ele confie em mim. Nem que seja só um pouco.

- Tudo bem então – colocou um sorriso no rosto levantando-se. – Sabe que, se precisar de mim, é só me buscar não é mesmo? – sibilou beijando ternamente seus cabelos.

- Hermione? O que você está fazendo?

Hermione endireitou-se rapidamente e virou-se para a ruiva que vinha correndo em sua direção.

Os cabelos ruivos de Ginny estavam presos em um rabo de cavalo alto. Uma saia pouco acima dos joelhos caqui e um blusa vermelha combinando com os cabelos. Os olhos castanhos brilhavam e ao parar a sua frente, olhou-a desconfiada.

A Weasley olhou para o menino que segurava a barra da saia de Hermione com força com o cenho franzido e sorriu para ele, agachando-se.

- Olá pequeno, tudo bem? Como é seu nome? – perguntou doce.

- Órion – disse o mais novo com seriedade e virou-se para Hermione – posso voltar para meu salão comunal, Monitora Granger?- pediu o menino de maneira convincente.

Hermione mordeu os lábios por um momento escondendo o sorriso. Realmente seu irmão mais novo fora mandado para a casa certa. Manipulador desde pequeno pensou incrível.

- Claro, pode ir – comentou distraidamente e pelo canto dos olhos viu o menino sair correndo em direção provavelmente às masmorras. – Ginny, estava me procurando? – perguntou ao olhá-la e viu seus olhos vidrados.

A ruiva olhava de maneira estranha para o corredor por onde o rapazote se fora. Franziu o cenho e suspirou pesadamente.

- Que garotinho mais fofo. Aposto que, quando crescer, vai arrasar corações – disse com sinceridade. – Mas, tem algo de familiar nele... Ele me lembra alguém.

- Ahh – murmurou sentindo o sangue que corria por suas veias congelar – impressão sua, tenho certeza. Mas então o que veio fazer aqui, estava me procurando por acaso?

- Oh, sim. – o rosto de Ginny iluminou – vamos a Hogsmeade hoje, vamos fazer uma noite das garotas ou algo assim – disse com descaso – e não adianta dizer que não, você está convocada, não, você é obrigada a ir e me acompanhar. – começaram a caminhar e Ginny enlaçou seu braço, sussurrando em seu ouvido – Não ouse me deixar sozinha com aquelas loucas, Hermione Granger – sibilou.

Hermione riu e apalpou discretamente a carta em seu bolso sem a ruiva notar.

Tinha que encontrar uma forma de ler a carta. Essa curiosa e apreensiva e, sinceramente, já esperava uma carta de sua mãe dizendo-lhe o que estava acontecendo. Ela sabia: algo estava errado e se sua mãe lhe mandava uma carta, uma carta por seu irmão é porque alguma coisa realmente estava fora dos eixos.

- Ginny – disse parando a ruiva. – eu vou até o dormitório, quero trocar de roupa antes de irmos a Hogsmeade. – esclareceu.

- Eu vou com você então. – exclamou sorrindo e recomeçando a andar.

- Não! – rosnou alto e surpreendeu a outra com sua rudeza. – Quero dizer... Não é necessário Ginny, vá comer algo, ou melhor, avise as meninas que eu também irei.

- Não é necessário eu disse a elas que convenceria você, posso acompanha-la sem probl...

- Eu não quero que você venha comigo entendeu? – disse fria, seus olhos castanhos duros como pedra – vá falar com as garotas ou fazer qualquer outra coisa, mas agora, eu quero ficar sozinha. – terminou a sentença em voz baixa.

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O que deu em mim para falar desta forma com Ginny? Pensou chocada ao encostar-se a porta de seu dormitório de monitora e escorregar até o chão. Tirou o pergaminho de suas vestes e abriu-o.

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Hermione,

Muitas coisas aconteceram desde a última vez em que nos falamos por cartas. Deve estar estranhando o fato de Sirius ou até mesmo eu não termos lhe enviado nenhuma delas ultimamente.

Aconteceram... Coisas. Os comensais da morte dizimaram diversas vilas trouxas e muitos “nascidos-trouxas” estão desaparecendo nas últimas semanas, o Ministério da Magia se recusa com veemência a mostrar os fatos aos bruxos: estão manipulando os jornais e todos os meios de comunicação possível para que não haja alarde populacional.

As coisas pioraram. Muito. Em grandes proporções os comensais da morte estão rapidamente adentrando os outros territórios e tomando os países para o Lorde das Trevas. A situação é preocupante, mas enquanto estiver em Hogwarts, você, Órion e todos os outros alunos estarão seguros isso garanto. Dumbledore provavelmente nos próximos dias colocará atenção redobrada sobre a escola por questões de segurança. Ao que parece uma barreira mágica (extra) foi posta aos arredores do castelo e até mesmo nos vilarejos por perto, como Hogsmeade.

Sirius, Lupin e os outros não queriam que eu lhe enviasse essa carta, mas tenho certeza de que, se você for tão parecida comigo como acho que é, será melhor saber das coisas de antemão do que ser pega de surpresa por algo desagradável. Sei que estou preocupando você ao mandar esta carta, creia-me, pesei todos os prós e contras antes de escreves as palavras neste pergaminho.

E bem, há outra coisa que quero dizer a você, mas terá que esperar até o Natal para isso. E sinto muito dizer-lhe isso minha filha, mas não são notícias nada agradáveis.

Outra coisa, estou enviando-lhe um livro – e tenho quase certeza que, ao olhar seu conteúdo você se mostrará extremamente desgostosa – e espero que você o leia. Não daria a você se não fosse estritamente necessário e/ou como uma forma de proteção.

Sabe que eu só quero seu bem, nunca faria nada para machuca-la.

Espero sinceramente que esteja bem Hermione, não suportaria... Se algo acontecesse há você ou a Órion.

Com carinho, sua mãe.

A. B

P.S: O livro estará em suas mãos em breve. Não lhe mandei por via coruja, seria arriscado demais e se seu pai descobrisse, iria querer matar-me.

Hermione fechou os olhos, a carta jogada no chão a seu lado. Respirou profundamente tentando acalmar seus nervos. “As coisas estão piorando” essa havia sido as palavras escritas por sua mãe na carta que seu irmão lhe entregara. E sentia-se pior por saber que, no momento, não podia fazer nada para ajudar naquela Guerra a não ser esperar e observar o que estava acontecendo.

Isso lhe angustiava. Detestava ter que esperar por tempestades.

Fungou e levantou-se apoiando as mãos na parede, apoiou uma das mãos em sua testa e foi tateando pelo quarto as escuras. Sabia de cor e salteado onde estavam todos os móveis, não era necessária luz alguma para que andasse por ali com facilidade sem bater em nada.

Abriu a porta do banheiro acendendo a luz e tirando suas roupas, deixando-as jogadas no chão e entrou em baixo do chuveiro pronta para um banho rápido antes de acompanhar as colegas de casa ao Vilarejo de Hogsmeade.

Apoiou a mão esquerda e a testa sobre a lajota sentindo a água extremamente quente queimar sua pele macia, cor de pêssego. Fechou a água depois de ensaboar-se e pegou uma toalha perto de si secando-se com esmero.

Voltou ao quarto em trotes, abrindo o baú sobre a cama e pegando uma roupa aleatória vestindo-se rapidamente.

Pegou a varinha, iluminando o ambiente com um lumus e olhou para seu reflexo no espelho aprovando o que via: cabelos bonitos, pele levemente corada pelo calor da água quente proveniente do banho, blusa vermelha com um cinto e uma simples calça negra, o sobre tudo bruxo obviamente sobre os ombros.

Por um momento seus olhos recaíram sobre o colar que levava no pescoço e tocou-o com delicadeza.

Draco nunca mais tocara no assunto e muito menos dera a entender que conhecia a verdadeira identidade daquela joia, mas ela tinha certeza que, algumas quantas vezes ouvira o louro resmungar coisas incoerentes enquanto olhava para a relíquia de família que levava no pescoço.

Afinal ela sabia, aquela bela joia pertencera um dia a mãe dele, Narcisa, sua tia e madrinha e depois lhe fora passada a sua mãe Allegra. Talvez ele a tivesse visto em alguma fotografia antiga da mãe e o colar lhe fosse familiar por tal motivo.

Ela só esperava que ele não trouxesse o assunto à tona novamente.

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- Harry Potter –

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 Draco revirou os olhos vendo que sua irmã remexia-se nervosamente a seu lado. Sorriu.

- Pare com isso. – avisou divertido – está começando a me deixar nervoso, Galatea – conclui tentando soar irritado e fazer com que o tom suave em sua voz (aquele que sempre era usado para sua irmã mais nova) desaparecesse dando lugar a um mais severo, austero

Obviamente a provocação não tinha fundamento. Draco Malfoy jamais ficaria nervoso por tão pouca coisa sua declaração fora meramente para irritar a mais nova e fazê-la relaxar por um momento.

- Impossível – murmurou incomodada. – infernos, minhas mãos não se aquietam! – rugiu para si mesma e ouviu a risada cristalina do outro. – Não ria de mim seu estúpido! Não sabe como estou me sentindo, você não tem o direito de rir do meu nervosismo. – murmurou inconformada.

Embora não quisesse demonstrar era bastante óbvia sua inquietude. Ela, pela primeira vez em anos veria a mãe e não tinha certeza se estava preparada para isso.

Vivera tanto tempo com Andrômeda sua tia, que se acostumara com o fato de que ela era a figurava maternal em sua vida e não mais e bela, frágil, porém temível Sra. Malfoy. Ela não sabia nada dessa mulher. Tristemente, ela se deu conta de que nada sabia de sua própria mãe.

Abaixou a cabeça com os fios louros caindo-lhe sobre os belos olhos azuis e respirou fundo, tentando encontrar em seu interior a calma que precisava.

Uma mão tocou seus cabelos e ela olhou para cima assustada sentindo que Draco começava a acaricia-los. Era bom e tinha um efeito relaxante instantâneo. Ela sentia-se segura com seu toque carinho e terno.

- Realmente não faço ideia de como você se sente. – disse suavemente enquanto seus dedos perpassavam pelos cabelos sedosos da irmã -, mas tenho certeza que não há motivo para se sentir nervosa, vai dar tudo certo, você vai ver.

Galatea respirou fundo olhando para os olhos prateados do irmão. Eles lhe transmitiam seguridade. Sorriu envergonhada e passou a mão pelo rosto timidamente tentando esconder o rubor que tomou conta de suas bochechas.

- Eu acredito em você – sussurrou – é só que... Faz tanto tempo... – disse pensativa franzindo o cenho. – Eu não sei quem ela é. Eu... Eu não conheço minha própria mãe. – disse em um fio de voz.

Então ele riu e ela sentiu uma onda de paz toma-la quando o mais velho abraçou-a pelos ombros.

- Então já está mais do que na hora de acontecer este reencontro, não é? – disse divertido.

Então ela viu subitamente o sorriso nos lábios de Draco decair e seus olhos ficarem gélidos, frios como geleiras. Olhou por sobre o ombro vendo a morena de olhos castanhos por quem seu irmão estava tão obcecado... Conversando com um belo moreno de olhos azuis.

- Quem é? – perguntou para si mesma em voz alta.

- Não sei – disse estranhamente o outro. Galatea virou-se para ele e o que viu em seus olhos deixou-a atemorizada. – Vamos, estamos atrasados. – puxou-a pelo braço bruscamente levando-a por uma das ruelas do povoado. Mandou que se segura firme nele – pronta?

- Não – disse com a voz trêmula.

- Paciência então – disse risonho, porém sua voz continha um toque sombrio.

A sensação horrível de vazio no espaço tomou conta de si e ela soube: Draco havia aparatado. O enjoo se fez presente, subindo por sua garganta e logo sentiu como seus dedos se afrouxavam ao redor do irmão. Assustada, agarrou-o pela cintura e escondeu seu rosto em seu peito.

- Pronto, já pode abrir os olhos.

Lentamente ela deixou o outro livre e suspirou aliviada. Olhou para frente vendo alguns metros a frente uma pequena clareira ao lado de um modesto – mas a primeira vista simpático – chalé bruxo.

Sorriu confundida e olhou para o irmão.

- Onde estamos?

- Num dos lugares preferidos de nossa mãe. – disse começando a andar e Galatea trotou desajeitada atrás de si. – Foi construído para que ela pudesse levar uma gravidez – a sua gravidez – com tranquilidade e fora do alcance de Lúcius. – deu de ombros.

- É bonito – elogiou encantada e tropeçou em alguns troncos de árvore.

- Apenas aqueles com o sangue Black em suas veias podem ver esse local. – disse sem mais. – caso contrário àqueles que tentarem chegar até aqui verão uma casa em ruínas e serão influenciados a se distanciarem desse lugar.

- Interessante.

- É quase o mesmo feitiço que protege Hogwarts, só que com apenas algumas substituições e uma extensão incrivelmente menor, óbvio.

- E desde quando – disse ao pararem no patamar de entrada. Estavam em uma bela varanda de madeira recoberta por arbustos e lindas violetas azuis. Era simplesmente encantador e surreal. A brisa que balançava seus cabelos parecia embalar uma música suave em seus ouvidos, dando-lhe a sensação de querer dormir. – você vem aqui?

- Narcisa me mostrou esse lugar há alguns anos. – esquivou-se da pergunta – venho aqui algumas vezes admito, para relaxar e colocar as ideias em ordem. – Draco tocou com a ponta dos dedos a madeira da casa e a porta se abriu num rangido.

O homem entrou primeiro fazendo um sinal positivo para que ela se aproximasse.

Tímida pôs o pé direito para dentro da casa – para dar sorte pensou – e sorriu meigamente ao ver o ambiente acolhedor ao seu redor.

As paredes tinham uma cor quente e os móveis eram de uma cor caramelo, clássicos, porém bonitos e delicados assim como imaginava que seria a personalidade de sua mãe, Narcisa. A lareira estava acessa e o fogo crepitava, uma chaleira de água quente sobre a mesma indicava que alguém estava preparando chá.

Inspirou o ar surpreendendo-se ao sentir o cheiro de cidra e mel proveniente da casa.

Girou em si mesma vendo que, embora do lado de fora, o chalé era bastante grande. Só ali onde estavam já era um bom pedaço, muito maior que só a vista do lado de fora.

Uma mesa na parte lesta da sala, de vidro e cadeiras de madeira com estofado simples, alguns vasos de flores – orquídeas, lírios e rosas das mais diversas cores. Sofás, estantes repletas de livros, quadros com belas pinturas referentes há vários livros diferentes... Era simplesmente perfeito.

E então ela parou chocada sentindo sua respiração cessar. A sua frente, parada em uma das portas, estava uma bela mulher loura com um sorriso terno nos lábios. Era muito parecida com a mulher que estava em uma de suas fotos, carregando um bebê lourinho e cheinho no colo.

Os lábios tremeram e os olhos começaram insistente mente a lacrimejar.

- Mãe – sussurrou agoniada e correu para os braços da mulher, quase a derrubando no processo.

Ouviu a risada de Draco, mas não se importou.

Naquele dia, Galatea chorou tudo que havia se proibido de chorar... Em anos.

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- Harry Potter –

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- Eu estou podre. – disse Hermione jogando-se em um dos bancos da pracinha central do vilarejo.

Luna riu e sentou a seu lado colocando as sacolas delicadamente no chão. Arqueou uma sobrancelha ao olhar novamente para Hermione e notar o estado semi consciente da morena.

- Você está bem? – perguntou divertida. Puxou os cabelos para trás e fez um coque, amarrando-os na ponta.

- Não – disse olhando-a como se fosse óbvio. Apontou para Ginny – essa louca nos fez andar Hogsmeade inteira e nos fez entrar em cada maldita loja que existe neste lugar. Infernos, eu nem sabia que existiam tantas aqui – resmungou fechando os olhos e apoiando sua nuca no encosto deixando-se deslizar.

- Ora, não foi tão ruim assim – disse mordendo o lábio inferior para esconder a gargalhada que se formou em sua garganta quando viu a cara incrédula que a melhor amiga fez.

- Não foi ruim? Não foi ruim? – sua voz saiu esganiçada no final – foi péssima, foi traumático Luna. Lembre-me desse episódio na próxima vez em que ela quiser vir para cá e estiver de bom humor em pleno sábado às 9hs da manhã ok? – suspirou e fechou os olhos murmurando – não sei se vou conseguir sobreviver da próxima vez.

- Como você é exagerada Hermione – disse a ruiva recebendo um olhar mortal da outra. – Não foi tão ruim quanto você faz parecer. Vocês até se divertiram! – disse animada.

A Granger arqueou as sobrancelhas perfeitas.

- Divertimo-nos? Há-Há. – usou do sarcasmo. – servimos, até agora, de burro de carga para você meu amor.

A Weasley revirou os olhos e se virou falando por cima do ombro.

- Eu já volto. Pode vir comigo um instante Luna? – perguntou amável.

- Ok.

A outra se levantou deixando Hermione ali, de olhos fechados, com as sacolas a seus pés e metida em seus próprios pensamentos.

Ao abrir os olhos, dois pares de olhos diamantes a observavam, curiosos e maliciosos.

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Continua no próximo capítulo...


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