Destino escrita por flavia_belacqua


Capítulo 2
Capítulo 2




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Os humanos já a chamaram de muitas coisas através de sua história. Deus, espíritos, diabo, poder da mente... Mas a verdade é que independente do nome, o que os bruxos chamam de magia não passa de energia. E a energia está em tudo, nas pessoas, nos animais e mesmo no ar. Somos feitos dela, e ela é feita de nós. A diferença é que alguns povos aprenderam a controlá-la, através de objetos mágicos, varinhas, ou mesmo pela pura força de vontade, e se auto-proclamaram bruxos, enquanto os que a suprimiram dentro de si, eram chamados trouxas.

Há quatro formas principais de canalisar e produzir energia: amor, sacrifício, sexo e morte.

Naquele momento em que Harry Potter chorou sobre a foto dos pais, ele juntou as duas mais poderosas, o amor e o sacrifício. O amor que sentia pelos pais e pelas pessoas que o amavam o levou a se sacrificar a vida toda, carregando nos ombros o peso de uma guerra que não era sua. Quando seu sangue e suas lágrimas se misturaram, sua dor provocou uma onda de energia tão forte que o levou, inconscientemente, ao foco dos seus pensamentos.

Aos seus pais. À uma segunda chance. À uma oportunidade de mudar tudo.


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Harry se viu caindo em um abismo sem fim. Ele tentou gritar, mas não conseguiu, em uma sensação estranhamente familiar. Quando finalmente o mundo parou de girar e ele caiu no chão, imediatamente percebeu que alguma coisa estava errada.

Primeiro, ele estava em Hogwarts. E depois de tantos anos andando com Hermione, ele sabia que era impossível aparatar nos terrenos da escola. Não conseguiu pensar em uma única maneira racional de ter chego ali, a não ser quebrar as proteções, o que ele certamente não tinha feito. Segundo, a pessoa que caminhava em direção a ele era, irremediavelmente, Alvo Dumbledore.

Harry se enganou. Dumbledore não caminhava em sua direção, mas na da escola, voltando das estufas. Ele passou distraído, assobiando, sem notar o rapaz de 17 anos estatelado no chão. Quando ele estava a uma distância segura, o menino se levantou e tentou analisar friamente a situação. Achou que era uma peça cruel de Voldemort, só para lhe lembrar das pessoas que morreram por sua causa. Estava quase decidido, quando pensou em outra possibilidade. O antigo diretor parecia mais novo do que ele estava habituado. Os uniformes das meninas que passeavam perto do lago eram ligeiramente diferentes. A própria Hogwarts, pensou Harry, parecia mais... forte. Sem ser profanada pelo assassinato de um diretor. Sem ter a direção tomada pelo Ministério, ou pelos Comensais da Morte.

Decidiu que, fosse o que fosse, não ia adiantar ficar parado feito um idiota no chão. Dumbledore já deve ter tido tempo de voltar ao escritório, pensou, e determinadamente, andou em direção a escola.

Entrou, andando pelo corredor e chegou a familiar entrada da sala do diretor. Encarou as gárgulas, e começou a adivinhar, falando todos os doces que conhecia. Finalmente, ele pode subir as escadas, respirou fundo e bateu na porta. Ouviu um "entre!" e se viu olhando para o homem que ele viu como mentor a vida inteira, e que enterrara há um ano.

– Perdão, mas não me lembro de tê-lo visto antes, Sr....?

– Harry Potter, senhor.

– Potter? Não sabia que o jovem James tinha um parente tão próximo. - comentou Dumbledore, lançando um olhar incrédulo.


Então, Harry percebeu. Teve uma memória de um vira-tempo no pescoço de Hermione, no terceiro ano, e associou-o imediatamente a sensação que teve quando chegou. Dumbledore vivo, e não o reconhecendo. O ar diferente que tinha Hogwarts, os uniformes alterados.


– É um jeito de dizer, professor. Sou filho dele., e os olhos do ancião brilharam com o entendimento.


Alvo Dumbledore o observou longamente depois dessa frase. Os olhos mostraram choque, mas também desconfiança.

– Devo dizer, isso é uma surpresa, senhor Potter. Se me perdoa, de que ano veio?

– De 1997, senhor.

Na presença de Dumbledore, Harry se viu relaxar inconscientemente. Sem esperar o convite, sentou-se na cadeira macia em frente à escrivaninha.

– Vinte anos... Extraordinário. Como isso aconteceu?

– Não sei bem. Eu estava... - e hesitou.

Quanto podia lhe revelar sem alterar todo o futuro? Há um ano Harry teria dito a história inteira sem pensar duas vezes. Mas agora, ele já não confiava mais no velho professor como antigamente, uma vez que sabia o que Dumbledore era capaz de fazer por poder. Harry não podia lhe fornecer o conhecimento necessário para manipular a história da humanidade nos próximos 20 anos a seu bel-prazer, sabendo que isso daria mais poder a ele do que um homem deveria ter. Além disso, como pedir que ele carregasse o peso de saber o destino cruel de pessoas que ele conhecia e gostava sem lhe permitir alterá-lo? Era pedir demais a qualquer um. Medindo as palavras com cuidado, disse:

– Estava na casa dos meus pais, James e Lily Potter, sozinho. Minha amiga Hermione estava do lado de fora, me esperando. Eu estava com raiva e com dor, e acabei me cortando em um caco de vidro. Meu sangue escorreu, e de repente eu estava aqui.

– Incrível, realmente. Vamos ter que nos aprofundar nisso mais adiante, mas acredito que podemos deixar de lado por agora. Quantos anos você tem, filho?

– Dezessete, senhor, mas devido a alguns... incidentes, só frequentei a escola até o fim do meu sexto ano.

Dumbledore olhou atentamente o garoto sentado em sua frente. Ele era magro demais para a idade, mas parecia muito mais velho do que isso. Era algo sobre seus olhos, pensou. Olhos de um adulto, que tinha visto e sofrido mais do que deveria. Um homem marcado. Além disso, que tipo de "incidente" poderia impedir seu retorno a escola? Com desgosto, percebeu que a causa era a guerra, que possivelmente continuou durante todo aquele tempo.

Analisando o comportamento do rapaz, ele viu uma coisa que não tinha reparado antes. A maioria das pessoas que vinha ao escritório do diretor, mesmo os professores, ficava ligeiramente tensa. Era sempre algo grave que os levava até lá, e nunca conseguiam ficar completamente à vontade. Mas não esse menino, ele notou. Ele parecia completamente familiarizado, como se passasse muito tempo ali. Decidiu que gostava de Harry Potter imediatamente. Também decidiu que o rapaz escondia muitas coisas dele, mas com o tempo, Dumbledore pensou, espero que ele confie em mim o suficiente para revelar.

– Eu vejo. Mesmo assim, acredito que você pode entrar no sétimo ano, e será capaz de acompanhar. Você é da Grifinória, eu suponho?

– Sim, senhor.

– Acredito que o monitor da Grifinória, Remus Lupin, estará... impossibilitado, mas tenho certeza de que a srta. Evans poderá apresentá-lo aos estudantes de sua casa.

– Claro professor, sei que é difícil para Remus manter-se ativo nesta época do mês. - "Que estranho", pensou Harry, "ele ter mencionado a condição de Lupin". Pensando sobre isso, entendeu que era um teste. O filho de James Potter certamente saberia que o amigo do pai era um lobisomem. Alguém se passando por ele, porém, dificilmente saberia.

– Professor, devo dizer o que aos meus...colegas?

– Um estudante intercambista será aceitável. Fiquei sabendo que a Academia Mágica de Londres tem um excelente currículo. Você pode pensar em um sobrenome que lhe agrade para o tempo em que ficar aqui, sr. Potter?

– Granger, professor. Vou ser capaz de lembrá-lo com facilidade.

– Ótimo. Vou pedir à Professora Minerva que avise a srta. Evans para auxiliá-lo na transição.

– Obrigado, senhor. - Se levantou e andava em direção a porta, quando ouviu a voz de Dumbledore.


"Boa sorte, Harry."


Acenou para o professor e saiu, fechando a porta atrás de si.





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