Esse era um dia diferente do normal. Elliot estava no trabalho, ao contrario de Olivia. Cragen disse que ela tirou um dia para si mesma, o que era estranho. Olivia nunca precisou se desligar do trabalho assim.

Ele estava preocupado com ela. Desde que voltou de Sealview, ela era diferente. Ela estava cansada o tempo todo, como se não dormisse em dias. Um hematoma em seu rosto era bem visível, ela nem se preocupou em escondê-lo, sabia que não faria diferença. De um jeito ou outro, estava feliz por ela não estar aqui, ao menos poderia receber o descanso que precisava.

Foi chegando o final do dia, e ela ainda não havia falado com ele, nem aparecido aqui para saber como as coisas estava indo, nem nada. Sua preocupação só foi aumentando quando o relógio da parede marcou sete horas. Não teve escolha. Precisava vê-la imediatamente, saber se estava bem, perguntar-lhe sobre o que aconteceu em Sealview. Mesmo sabendo que ela provavelmente não o responderia, precisava tentar.

Saiu da delegacia, dirigindo o mais rápido possível para seu apartamento. Bateu na porta. Nada. Bateu novamente. Ela ainda não o respondeu. Pensamentos de mal a pior correram por sua mente. Será que ela estava bem? Ela estava machucada? Por que ela o estava evitando? Ela estava morta? Sem mais saber o que fazer, pegou a chave que ela lhe dera anos atrás, para que usasse apenas no caso de emergência. Isso era uma emergência, ela podia estar sangrando até a morte, ou ele podia estar sendo paranoico. Não interessava, ele precisava vê-la, senti-la, ver que ainda estava viva.

Embaralhou-se com a chave até que a porta se abrisse. Ela não estava perto de se vista. Caminhou por todo o apartamento, apenas para ouvir o barulho do chuveiro em seu banheiro. Sentiu-se aliviado. Resolveu então esperar por ela sentado em sua sala, para não assusta-la mais do que provavelmente já iria.

Ela se esfregava fortemente debaixo da agua quente. Não sabia quantas vezes já havia se banhado hoje, perdera a conta. Muitas, sabia. Mas não adiantava, ela ainda se sentia tão suja. E achava que nada adiantava para tirar toda essa sujeira de sua pele.

Quando finalmente achou que estava um pouco mais ‘limpa’, saiu do chuveiro e pôs uma roupa rapidamente, tentando se expor menos ao frio que estava fazendo. Saiu cautelosamente do banheiro, com cuidado para não se assustar com sua própria sombra, como tinha várias vezes naquele mesmo dia.

Estava cansada, mas não sabia se conseguiria dormir. A cada cinco minutos que conseguia se desligar um pouco do mundo, seus sonhos se resumiam a Harris. Não sonhos, pesadelos. Apenas se perguntava se um dia conseguiria esquece-lo.

Caminhou em direção à sala, na esperança de encontrar algo bom na televisão. Ela pulou literalmente quando viu Elliot sentado lá, olhando para ela, com seus grandes olhos azul. Seu olhar expressava preocupação, o que ela sabia que ele estava, mas nunca pensou que seria a ponto de entrar em sua casa sem ela saber.

Ele avaliou-a. Tinha um expressão cansada no rosto. O hematoma em seu rosto passou de uma cor rocha para uma cor amarelada. Havia olheiras a baixo de seus olhos, que já não possuíam o mesmo brilho de antes. Ele lentamente se levantou e foi em direção a ela, perguntando: “Você esta bem, Liv?”

Ela olhou para ele e disse: “Sim, por que não estaria?” sua voz era mais que um murmuro do que qualquer outra coisa.

Ele suspirou. Olivia era teimosa, todos sabiam, mas será que uma vez na vida ela poderia aceitar sua ajuda? Levou-a para sentar no sofá “Você não parece muito bem”

Ela virou os olhos. Queria perguntar o que ele estava fazendo aqui, mas sua voz sumiu a um bom tempo. Desde que Harris quase a forçou a ter sexo oral com ele, era como se sua voz tivesse travado.

“Liv,” ele começou, pondo uma de suas mãos em sua perna. “O que aconteceu em Sealview?”

De lagrimas rapidamente seus olhos se encheram. Não poderia dizer-lhe. Não conseguiu dizer a ninguém, então, imagine, a seu melhor amigo, parceiro, a única pessoa que realmente a amava através de toda sua historia? “Nada” ela sussurrou.

Elliot suspirou novamente. Por que não poderia falar com ele? O que ele havia feito a ela para esconder-lhe isso? “Não se parece com nada. Por favor Liv, eu preciso saber, Ver-lhe sofrer assim me machuca tanto”

Ela ainda não podia. Havia algo que a travava toda vez que ela sequer pensava nisso. Apenas virou seu rosto para o lado, tentado evitar que ele visse uma única lagrima caindo de seus olhos.

Ele puxou para um abraço amigável. “Please Liv, talk to me”

Sabia que não tinha escolha. Elliot não desistiria até que ela falasse. Tomou uma respiração profunda e começou: “Estava tendo uma epidemia. Um dos guardas me chamou dizendo para ir com ele. Fiquei assustada e simplesmente comecei com que todas as mulheres juntas a mim se rebelassem até saber o que estava acontecendo. Ele chamou seu capitão, que disse que me levaria para a solitária”

Ela parou, se perguntado se seria capaz de continuar. “Você pode fazer isso, Liv. Apenas solte tudo isso para fora”

“Vi que ele estava me levando para um rumo totalmente distinto da solitária. Apavorei-me. Pedi desculpa pelo transtorno que causei no refeitório e ele apenas riu. Perguntou o que ele queria e ele disse: ‘Eu quero o que todo homem quer, e você vai dar para mim’ ” um par de lágrimas caíram por seu rosto “Foi então que vi o colchão. Ele começou a me beijar, tirando minhas algemas para sentir-me mais confortável. Eu simplesmente bati nele, e corri, tentando me esconder” ela parou de repente, não querendo mais continuar.

Elliot viu essa súbita reação e disse: “It’s ok, sweetie. What happened then?”

“Ele me achou. Levantei-me em rendição. Pedi-lhe para ter calma, e ele simplesmente me bateu. Bati nele novamente, correndo em direção à porta. Gritei por socorro, eu realmente gritei, mas não adiantou. Ninguém me ouviu. Ele me algemou a porta, fazendo com que eu me sentasse. Abriu o zíper de sua calça, e então eu sabia, ele estava indo para me forçar a fazer oral com ele. Disse-me que se eu lhe mordesse, ele me mataria. Eu chorei, na esperança de que um milagre acontecesse para que ele não me estuprasse. E bem, aconteceu. Fin chegou bem a tempo, me livrando daquele pesadelo” ela terminou, agora com lagrimas incontroláveis saindo de seus olhos.

Elliot puxou-a para mais perto ainda, na esperança de que pudesse acalma-la. Mas sabia que seria impossível. Ela havia sido assaltada pelo amor de Deus! E o pior, era que ele não estava lá para ajuda-la, para certifica-la de que tudo ficaria bem.

E ele apenas a embalou. Sabia que ela estava sofrendo, e queria tanto fazer com que ele estivesse no lugar dela, mas sabia que não podia. Então, simplesmente fez uma promessa para si mesmo, de nunca deixar que ela se machucasse assim novamente. Sabia que seria traumatizada provavelmente para o resto de sua vida, mas ele estaria ali para ela.

Eles ficaram assim por um bom tempo. He was justing holding her. “Liv, eu prometo que nada mais acontecerá com você. Eu te amo tanto...” ele sussurrou contra seu ouvido.

“Eu te amo muito também” ela sussurrou-lhe. Ficaram assim até que dormiram. Agora que o amor um pelo outro estava declarado, eles pensavam que podiam seguir em frente com suas vidas, através de toda dor que estava passando.

Sabia que ela nunca mais seria a mesma. Harris realmente a traumatizou. Ao menos agora sabia que ela tinha a ele, e ele tinha a ela...