Revirando O Tempo escrita por Fernanda Alves


Capítulo 9
ENCONTRO, OU REENCONTRO?


Notas iniciais do capítulo

Gente, como eu já disse no post anterior, eu vou viajar neste fim de semana e só volto no próximo, e para onde eu vou não tem computador, muito menos internet, então...
Bem, infelizmente vocês ficarão sem posts novos por uma semana.
Mas aqui está para vocês o tão esperando encontro dos Marotos com o nosso tão amado Trio de Ouro.
Espero que vocês gostem e que eu tenha atingido as suas expectativas. Eu imaginei que fosse assim mesmo, porque esse sempre foi mais o jeito do Harry, não?
E por favor hein, não vão abandonar a fic só porque vou passar esse tempinho longe! Prometo que quando eu voltar eu continuo a postar a todo vapor!
Muito obrigada novamente por todo o apoio de vocês, e saiba que adoro todos vocês! Beijos, se cuidem (:



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Estação de King’s Cross, Londres, Inglaterra  - 22 de dezembro de 2020

Numa manhã extremamente fria, de um inverno que trouxe neve até demais, a Plataforma 9 e ¾ estava praticamente vazia, exceto cinco mães aflitas; bem, na verdade quatro, pois uma estava perfeitamente calma; acompanhadas de seus maridos e um garotinho loiro que se agarrava às pernas de uma delas.  

- Mas onde será que aquelas crianças se meteram?! – Falou Angelina, pela vigésima vez – Eles sempre são os primeiros a saírem desembestados do trem assim que ele chega!

- Eu já disse para se acalmar, bobomzinho – Consolou-a George – No mínimo eles devem estar aprontando alguma, e já estão chegando. Você conhece as nossas crianças, principalmente o nosso Freddie.

- É isso que me preocupa... – Dessa vez foi Gina quem falou, com um brilho assassino surgindo no seu olhar melancólico – Aposto que é tudo culpa do James! Aquele garoto é uma peste, Harry! Como pode?! Nem eu, nem você éramos assim quando crianças! – Ela reclamou para o marido.

- Meu amor, fica calma – Ele tranqüilizou-a – Fazer o que se ele puxou para o avô? Agora só nos resta é esperar e descobrir o que aconteceu, já que não deixaram o Ron e a Mione e nem mesmo o pequeno Louis entrarem lá para saber o que aconteceu.

- Mamãe, vamos embora! – Reclamou Louis, puxando as mãos da mãe – Vai ver a Nickie e os outros resolveram ficar por lá esse Natal, e eu “to” morrendo de fome!

- Mas perrque eles farriam isso, Gui? – Fleur perguntou ao marido com seu típico sotaque francês, ignorando os insistentes pedidos do filho – Perrque eles prreferrirriam a comida de Ogwarrts no lugarr de casa? Isse non parrece coise de minha Nick, ela adorra ficarr em casa!

- Eu não sei – Gui suspirou – Mas eu não acho que eles tenham ficado, senão ao menos teriam avisado. Vamos esperar mais um pouco – Ele abraçou a esposa e olhou para o filho que estava visivelmente chateado – Só mais um pouquinho e nós já vamos comer, filho.

Louis suspirou exasperado e olhou rancoroso para o trem, como se ele fosse o culpado de tanta demora.

- E se alguma coisa aconteceu com os meus bebês? – Hermione se abraçava ao marido, chorosa.

- Pelas cuecas de Mérlin, Mione, o que diabos poderia acontecer? – Ron abraçava a esposa.

- “O QUE DIABOS PODERIA ACONTECER”, RONALD WEASLEY?! – Repetiu ela, repentinamente furiosa – Ora, você se esqueceu de tudo o que passamos em Hogwarts?! “O que diabos poderia acontecer...”, vejamos bem, eles podem ter sido devorados por um cão de três cabeças, aranhas gigantes, hipogrifos, lobisomens, centauros furiosos, ou qualquer outra criatura da Floresta Proibida! Podem ter sido esmagados pelo Grope, sem querer; podem ter sido atacados por dementadores que fugiram de Azkaban! Francamente, Ronald, depois de tudo que nos aconteceu em Hogwarts, não acredito que você ainda tem a coragem de perguntar “o que diabos poderia acontecer”!

Ron já ia retrucar quando Luna, que estava completamente calma enquanto esperava pacientemente ao lado de Rolf, apontou:

- Olhem lá, são eles!

- Boa tarde família! – Gritou James Sirius.

- JAMES! – Gina gritou, e ele, Al e Lily se jogaram nos braços dos pais para serem cobertos de beijos e abraços e um puxão de orelha, no caso de James.

- Por que toda a demora?! – Ela perguntou.

- Bem... O nosso vagão era o último e nós demoramos a ficar prontos – James balançou os ombros, sem coragem de contar ele próprio a novidade.

- Quase nos matou de preocupação! – Falou Hermione, agora abraçando os sobrinhos após se certificar de que cada fio de cabelo dos filhos estava no lugar.

 Os Marotos e Lily ficaram parados na porta do vagão do trem, literalmente sem saber o que fazer. Como ainda não haviam sito notados, simplesmente ficaram observando a família que agora se abraçava e conversava fervorosamente. 

Lily observava o casal para quem James Sirius, Al e Lily Luna tinham corrido, e seu coração se acelerou ao constatar que aquele era seu filho, aquele era Harry. O mais estranho de tudo que é que ela agora tinha apenas dezesseis anos, enquanto seu próprio filho já deveria ter bem uns quarenta. Porém, um sentimento quente dentro dela, algo que ela nunca sentira antes a invadiu. Ela sabia que mesmo ele sendo bem mais velho no momento, ela não se importava. Pois ela sabia, ela sentia: Aquele era mesmo o seu filho, que mesmo sem conhecer ela já amava.

Ele ainda tinha todos os fios de cabelo na cabeça, e alguns poucos fios brancos começavam a surgir, fazendo seus cabelos espetados aparentarem ser mais claros do que realmente eram. Harry era um homem magro, bem vestido mas não extravagante, de estatura mediana, e não estava muito envelhecido; tirando algumas finas rugas que surgiam nos cantos dos olhos, entre as sobrancelhas e linhas de expressão na testa. Testa na qual, após tantos anos, ainda repousava adormecida uma fina cicatriz em forma de raio, uma constante lembrança da tragédia que o deixou famoso, mas que tanto o fez sofrer. Ele tinha um sorriso meigo, que no momento estava muito aparente, tamanha era a felicidade em rever os filhos. E seus olhos profundos e sensacionalmente verdes por trás dos óculos redondos seriam exatamente idênticos aos olhos de Lily se não fossem tão maduros, até mesmo para ele, como se já tivesse vivido mais do que um velho de cem anos. Lily suspirou, talvez isso se devia ao fato de Harry ter tido que aguentar mais tragédias em uma só vida do que a maioria das famílias enfrenta durante gerações inteiras. 

Já a sua esposa, Gina, ainda tinha os cabelos lisos impecavelmente ruivos, cor de acaju, exatamente da mesma tonalidade dos de Lily. E apesar de algumas linhas de expressão na testa e no canto dos olhos, consequência da idade, ela continuava a ser uma mulher tão bonita quanto deveria ter sido na juventude. Seus grandes olhos castanho-amendoados brilhavam e sorriam acompanhando seu enorme sorriso exuberante enquanto abraçava os filhos, mostrando claramente o quanto era uma mãe dedicada e amorosa. Ela era magra também, e vaidosa, julgando pelas suas vestes impecáveis, mas sem exageros. Tinha movimentos graciosos e delicados, apesar de algo em seus olhos mostrar que por dentro ela era uma mulher muito forte. Não saiu do lado de Harry nem por um segundo, e Lily achou que ela nem conseguiria, pois parecia que havia uma fina linha invisível que ligava os dois de forma que não poderiam se separar por muito tempo. 

Já os outros irmãos Weasley eram todos muito parecidos, continuavam magros e muito ruivos, com várias linhas de expressão estampando os rostos sardentos, e todos com pequenos sinais de calvície no topo da cabeça, formando uma clareira entre os abundantes fios vermelhos. O grau de calvície variava, dependendo do irmão, mas não eram nada que se reparasse se eles não tivessem se abaixado para abraçar os filhos e os sobrinhos. 

Cada um estava acompanhado de uma mulher bonita e completamente diferente das outras. O pai de Fred e Roxanne, George; Lily não teve como não reparar: faltava-lhe uma orelha. Mas os outros agiam como se estivessem acostumados, então ela resolveu ignorar e continuar a observar. Ele era muito sorridente, e estava acompanhado por uma bela mulher negra muito bem vestida que não demonstrava nenhum vestígio de idade, muito pelo contrário, seu sorriso jovial tornava sua beleza eterna. Fred e Roxanne haviam puxado a ela, tinham os mesmos cabelos castanhos encaracolados e a pele escura. 

O pai de Rose e Hugo, Ron, parecia ser o mais jovem dos irmãos, e estava acompanhado de uma mulher magra, com o rosto em forma de coração emoldurado por volumosos cachos cor de chocolate, iguaiszinhos aos de Rose, tirando o fato de que a filha era ruiva. Tinha grandes olhos castanhos bondosos, meio chorosos de preocupação e alegria por estar perto dos filhos. Dava abraços quebra-costelas em cada um dezenas de vezes por minuto, era visivelmente uma típica mãe-coruja. 

Enquanto o último irmão Weasley, pai de Dominique e também do menininho loiro que Lily sabia chamar-se Louis, se destacava dos irmãos por parecer ser o mais velho e por ter o rosto coberto de cicatrizes. Era acompanhado de uma mulher loira de grande olhos azuis muito bonita e graciosa, que não aparentava ter muita idade, e possuía alguns inconfundíveis traços de Veela, os mesmos que Dominique tinha. Dominique, por sinal, era muito parecida com a mãe, exceto que seus longos cabelos lisos que caíam graciosamente  pelas costas em camadas eram tão ruivos quanto os do pai, e ela tinha algumas sardas espalhadas pelo rosto. 

Já a última família era uma fusão de cabeças muito louras e grandes olhos azuis saltados que pareciam sempre estar no mundo da lua. A mãe dos gêmeos Scamander sorria bondosamente para os filhos, numa calma e graciosidade imperturbáveis, como se estivesse sempre pisando em nuvens. Outra coisa que Lily não pôde deixar de notar era a forma estranha como ela e o marido se vestiam: ele usava um estranho chapéu com uma variedade de plantas na cabeça, e ela usava um conjunto de colar e brincos de beterrabas.

Porém, uma movimentação no grupo fez com que Lily saísse de seus devaneios:

- Harry? - Gina encarava o marido com uma expressão preocupada, enquanto ele olhava fixamente para um ponto mais para frente, pálido e rígido como uma estátua de mármore - Harry?! O que houve?!

Ela seguiu o olhar do marido, e também ficou estupefata. Ron e Hermione, assim como os outros, empalideceram.

- Mas que diabos... – Ron começou, mas não encontrou voz para terminar a exclamação. Hermione, que agora estava apoiada ao marido para não desmaiar; desviou com muito esforço seu olhar hipnotizado para Harry, preocupada com o estado mental e emocional do amigo ao vê-los. E o que ela viu não a animou nem um pouco: Harry parecia que estava prestes a desmaiar a qualquer minuto. Mas ela sabia que ele não desmaiaria, ele era um homem forte.

"Não, não pode ser..." Harry pensava, "Mas os outros também os viram, então eu não posso estar enlouquecendo... Mas como?!".

- Er... - James Sirius lutava para encontrar palavras para explicar a situação - Pois é né pai, a gente já ia te contar. 

Gina olhou para o filho, furiosa.

- JAMES SIRIUS POTTER, O QUE FOI QUE VOCÊ APRONTOU DESSA VEZ?!

- NADA MAMÃE, EU JURO! ELES SIMPLESMENTE SURGIRAM DO NADA HOJE DE MANHÃ! 

- E VOCÊ ACHA QUE EU SOU IDIOTA?! COMO ASSIM "ELES SURGIRAM DO NADA HOJE DE MANHÃ"?!

James Sirius olhou suplicante para o pai, esperando que ele interferisse em seu auxílio, porém este estava tão chocado que não esboçava nenhum tipo de reação; na verdade, nem prestava atenção no que acontecia à sua volta.

- É verdade! - Lily se apressou em explicar, temendo pelo bem-estar do menino  - Não é culpa deles, é nossa. Hoje de manhã... Quero dizer, na manhã de 22 de dezembro de 1976, que para nós foi hoje de manhã; James, Sirius, Remo e eu resolvemos experimentar um Vira-Tempo, mas ele acabou se descontrolando e... Bom, nós viemos parar aqui. Foi por isso que nos atrasamos. Não os culpem, eles não fizeram nada além de ajudar. 

Harry estava completamente estupefato. Não só ele, como todos os outros também. Mas ele com certeza estava mais, não porque estava de cara com quatro viajantes do tempo e sim porque estava tendo a oportunidade de ver pela primeira vez a sua mãe, o seu pai, e de rever seu padrinho e seu grande amigo, que se foram há tanto tempo... Dos quais ele sentira tanta falta... Ele nunca pensou que isso seria possível. Na infância ele sonhava com isso constantemente, mas não depois de todo esse tempo... Pela primeira vez eles estavam ali, vivos, em carne e osso, respirando e tudo, e tão jovens... Tão cheios de vida e alegria...

Passou-se um tempo indeterminado em que todos ficaram encarando-se chocados demais para falar ou agir, e também muito preocupados com Harry, que parecia ter congelado, deixando todos prontos para segurá-lo a qualquer minuto se ele desmaiasse. Após reencontrar os sentidos, Harry abriu e fechou a boca várias vezes, tentando dizer alguma coisa, mas nada saía. Afinal, o que se dizer num momento como esses? Como chamar de pai e mãe um casal de adolescentes, da idade de seus filhos?

James, percebendo os sentimentos do filho e partilhando sentimentos semelhantes, simplesmente deu alguns passos a frente e estendeu a mão. 

- Prazer em finalmente te conhecer - Ele disse, emocionado. 

Harry, inesperadamente, abriu um sorriso do tamanho do mundo e disse com a voz embargada:

- O prazer é todo meu - E ele agarrou a mão do pai, que ali era apenas um garoto de dezesseis anos, e o abraçou. Abraçou-o com tanta força que por um momento teve receio de machucá-lo, mas relaxou ao sentir que ele retribuía o abraço na mesma intensidade. 

Eles permaneceram ali por um instante, com todos os observando em pleno estado de choque, até que uma Lily muito chorosa não se conteve e correu até os dois, e abraçou-os também com toda a força que tinha; até mesmo James, com o qual ela finalmente sentiu uma conexão inexplicável, a qual ela soube que sempre esteve ali, mas nunca notara. Os dois, sorrindo, incluíram-na para mais um longo, intenso e caloroso abraço, banhado por lágrimas vindas dos três pares de olhos, que traduziam as saudades omissas de uma vida inteira que não puderam compartilhar. 

Após longos minutos descarregando todas as suas emoções naquele abraço renovador, eles finalmente se soltaram e constaram que todas as mulheres choravam (incluindo Gina e Dom, as duas ruivas de ferro), e até mesmo os homens estavam muito emocionados. 

- Bom, então vamos para casa? Eu estou com tanta fome que acho que poderia comer um dragão! - Disse Harry, um pouco envergonhado, para descontrair o momento. 

- Tinha que ser meu descendente! - James riu e todos se encaminharam para fora da plataforma, rumo a um feriado inesquecível que estava só começando.


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