Salão Comunal da Grifinória - Escola de magia e bruxaria de Hogwarts – 22 de dezembro de 2020

Dominique não era do tipo de garota que gritava e se assustava fácil, muito pelo contrário, sempre fora muito forte e segura. Porém, dar de cara com um grupo de pessoas que literalmente surgiu do nada e caiu do céu não é uma coisa comum, da qual a gente pode sair sem se abalar.

James Sirius, Fred II e Roxanne levantaram-se de um salto de suas poltronas e correram ao seu encontro.

- Dom! – Exclamou James II – O que...

Mas até mesmo a voz de James Sirius se perdeu em sua garganta, tamanha era a sua surpresa e estupefação. Fred se beliscou para se certificar de que não estava sonhando, pois aquela situação era definitivamente... “Surreal” pensou Roxanne, não havia outra palavra para descrever.

 - Ai! – Exclamou Lily, esfregando os cotovelos, nos quais ela havia caído. Ela e os marotos ainda estavam se levantando e se recuperando do baque.

- Lily, você está bem? – Perguntou James, esfregando os joelhos doloridos.

- Claro que não, o que foi que aconteceu?! – Exclamou Remo, que limpava as mãos nas calças.

- Eu acho que me descontrolei um pouco... – Respondeu Sirius, enquanto massageava as próprias costas.

- SE DESCONTROLOU UM POUCO?! VOCÊ PRATICAMENTE ESTAPEOU O VIRA-TEMPO, QUE NÃO PAROU MAIS DE RODAR! – Berrou uma Lily muito vermelha. 

- Então quer dizer que... – Os olhos de Remo se arregalaram e sua garganta se fechou de medo. Aquilo não podia estar acontecendo...

- NÓS NOS PERDEMOS NO TEMPO! – Berrou Sirius, com uma pontada de excitação completamente sem sentido na voz.

- BLACK, EU VOU TE MATAR! – Lily pulou em cima de Sirius e começou a socá-lo com toda a força que tinha, enquanto este gemia e se encolhia, tentando se proteger com os braços.

- FALEM BAIXO! – Remo berrou acima do barulho, enquanto James tentava separar o bolo de vestes de Hogwarts e cabelos vermelhos e pretos que era Lily estapeando Sirius – SABE O ESTRAGO QUE ISTO PODERIA CAUSAR SE ALGUÉM OUVISSE TUDO ISSO?!

Os quatro paralisaram quando Dominique pigarreou.

- Na verdade, nós já vimos, e ouvimos também.

O quarteto de veteranos e o de viajantes se encarou silenciosamente por um momento, todos pálidos de surpresa enquanto se examinavam minuciosamente.

- James... – Sirius sussurrou boquiaberto, apontando para James Sirius – Aquele garoto... É igualzinho a você! Exatamente igual!

- Eu sei! Mas não pode ser... Isso deve ser coincidência, ele só é parecido, afinal, eu sou o único James Potter existente...

- Ei! – James Sirius protestou – Não é não! Eu também sou James Potter!

Todos ofegaram em silêncio, compreendendo.

- James... – Remo sussurrou – Este pode ser seu filho...

- Neto, na verdade – James Sirius respondeu, retomando a naturalidade para poder reger a situação. Afinal, não havia ninguém melhor do que ele para lidar com situações estranhas e inesperadas.

Roxanne cutucou sua costela com o cotovelo.

- Ai, Roxxie! Isso machuca! – Ele reclamou.

- James, cala a boca! – Ela o repreendeu – Você não vê que a gente não pode contar nada?!

- Contar o que? – Perguntou James I.

- Coisas sobre o futuro, oras! – Dominique respondeu, como se fosse óbvio – Francamente, por mais que você seja de outra época, esta era meio óbvia.

- E você, espertinha, quem é? – Perguntou James I fazendo careta enquanto Sirius ria.

 - Dominique Weasley, prazer – Dominique sorriu angelicalmente, fazendo Sirius, um eterno mulherengo de primeira, se encantar ainda mais com sua descendência de Veela e abrir um sorriso sedutor.

- E eu sou Sirius Black, o Fantástico, e o prazer eu te mostro depois – Sirius piscou um dos olhos extremamente azuis e jogou as mechas de cabelos negros para o lado com um charmoso movimento de cabeça.

Dominique riu enviesada, enquanto Fred fechou a cara. Ele e James não gostavam de ver ninguém paquerando suas primas, por mais que fosse um velho amigo da família. E bota velho nisso!

James, porém, nem ligava, tal era sua alegre excitação em finalmente conhecer os primeiros Marotos.

- Eu sou Fred Weasley II – Se apresentou Fred, para desviar as atenções de Dom.

- E eu sou Roxanne Weasley – Suspirou Roxxie, dando-se por vencida, já que as apresentações se iniciaram.

- Vocês disseram que são todos Weasley... Como Arthur Weasley? – Perguntou Remo, lembrando-se do Monitor que foi muito gentil e amigo com ele, apesar da grande diferença de idade, e auxiliando-o em seus problemas escolares assim que se transformou pela primeira vez, quando mal tinha entrado em Hogwarts.

- Sim, somos todos netos dele, e de Molly Prewett Weasley – Sorriu Dominique, orgulhosa. Todos os Weasley tinham orgulho de serem Weasley’s, disso não havia dúvida.

- Que bom que Arthur se casou com Molly, eles realmente formam um belo casal – Sorriu Remo.

- Remo! – Lily o repreendeu – Você se esqueceu?! Nós nos perdemos no tempo! Devíamos estar em pânico tentando voltar, e não tendo conversas amigáveis sobre coisas que poderiam mudar toda a ordem dos acontecimentos!

- Sim, nós já vamos Lily, mas podemos também aproveitar o momento! Essa não é uma experiência qualquer! Mas, falando nisso, em que ano estamos?

- 2020. 22 de dezembro de 2020.

- Então parece que o mundo não acabou, no final das contas – Suspirou James, aliviado.

- Interessante... – Sussurrou Lily, intrigada, ignorando James – Nós viajamos somente  através dos anos, mas continuamos na mesma data...

Todos a encararam confusos e ela se apressou em explicar:

- Saímos de 22 de dezembro de 1976. Exatamente há 44 anos. E paramos no mesmo local em que estávamos também.

- Interessante... – Todos repetiram intrigados.

- Bom, por sorte vocês acabaram topando com a gente, e não com outras pessoas  – Falou Roxanne, depois de um tempo – É bem mais seguro, ninguém poderia ajudá-los tão bem quanto nós. Pois afinal, ninguém além de nós entenderia.

Seus primos concordaram, mas os viajantes do passado fizeram expressões confusas, e James Sirius resolveu explicar:

- Nós sabemos quem vocês são. Nós os entendemos, afinal, vocês são os Marotos, e você é a Lily. Com quem mais as coisas bizarras poderiam acontecer?

Roxxie, Fred e Dom riram, enquanto os seus ancestrais arregalaram os olhos, assustados.

- C-Como vocês sabem quem nós somos?! – Perguntou James, boquiaberto.

- Ora, porque vocês são: James Potter, Sirius Black, Remo Lupin e Lily Evans! São nossos ancestrais! Sabemos a sua história de cor e salteado, de tanto que o tio Harry contou! – Respondeu Fred animadamente.

- Quem é Harry?! – Perguntou Lily, quase sem acreditar.

- É o seu filho, oras! – Respondeu Fred.

- Sim, e o meu pai! – Acrescentou James Sirius.

Roxxie acotovelou os dois com tanta força nas costelas que eles até perderam o ar por alguns segundos, enquanto Lily lutava para não perder a consciência enquanto sua cabeça girava com tanta informação que ela não conseguia assimilar direito. Se o menino que é igualzinho ao James disse que é o neto dele, e que seu pai se chama Harry, que ele diz ser o meu filho...

- ENTÃO QUER DIZER QUE EU VOU TER UM FILHO COM ELE?! – Lily gritou  e apontou para James, querendo expulsar aquele pensamento horrível de sua cabeça, implorando mentalmente para que não fosse verdade.

Roxxie suspirou e assentiu, sem ter como negar. Lily, vendo aquilo, deu um berro de indignação que nunca tinha dado antes, e começou a massagear a sua cabeça que agora latejava dolorosamente. Não, não, não podia ser... ELA, Lily Evans, tendo um filho com ELE, James “Idiota-Galinha” Potter?! Com milhares de outros homens no mundo, ela se casaria e teria um filho justo com ELE?! Como aquilo era possível?! Por que o mundo tinha que ser tão cruel com ela?! Que tipo de droga ele teria dado pra ela quando isso tudo aconteceu?!

Enquanto Lily passava mal no seu estado de negação, o sorriso de James não poderia ficar ainda maior. Ele não cabia em si de felicidade ao saber que um dia o que ele sempre sonhara se realizaria. Ele se casaria com a mulher dos seus sonhos, a mulher da sua vida: Lily Evans! Ele abraçou Sirius e Remo de emoção, enquanto o primeiro lhe dava palmadinhas de parabéns nas costas e o segundo balançava a cabeça, rindo internamente da ironia. Remo sempre suspeitara que de onde saísse muita faísca um dia haveria fogo. 

- Parabéns, Pontas! Eu te disse que um dia você conseguiria, amigo! Não te disse? E não se esqueça, eu vou ser o padrinho!

- Claro que vai! – James olhou para os descendentes, para confirmar – Não vai?

- Vai – Respondeu James Sirius, sem evitar sorrir com aquela cena cômica.

James ria e abraçava os amigos de felicidade enquanto Lily faltava chorar de indignação. Porém, um barulho de agitação vindo das portas dos dormitórios fez todos se sobressaltarem.

- O pessoal todo está acordando! – Exclamou Dominique – Temos que tirá-los daqui!

- E pra onde os levamos?! – Perguntou Fred, desesperado.

- Para a diretora, é claro! – Respondeu Roxxie – Ela vai saber o que fazer. Mas vamos rápido, eles já estão descendo!

Eles saíram pelo buraco do retrato da Mulher Gorda, que por estar sonolenta nem se atentou ao fato de que haviam dois James andando pela escola.

- Esperem! – Fred falou, e todos estacaram.

- O que foi?! – Perguntou Lily, assustada.

- Acho que as pessoas vão notar que tem algo de errado se andarmos pelos corredores com dois James e mais três alunos desconhecidos! James, você está com a sua capa da Invisibilidade?

- Não. – Responderam os dois James ao mesmo tempo, que se entreolharam, surpresos.

- Meu pai descobriu que eu a peguei e escondeu-a em algum compartimento secreto da casa que ainda não consegui encontrar – James Sirius se adiantou.

- E a minha está no passado – Respondeu James I, fazendo uma nota mental para perguntar a James II como seu pai possuía a sua capa da Invisibilidade.

- Então temos que correr! – Falou Dom, e todos saíram em disparada em direção á gárgula localizada no sétimo andar.