Revirando O Tempo escrita por Fernanda Alves


Capítulo 13
SOBRE SER UMA WEASLEY


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu poderia chegar aqui com mil desculpas pela minha longuíssima demora pra postar. Poderia culpar a escola e tudo o mais, mas não o farei, porque não devo contar mentiras.
A verdade é que eu fiquei meio desanimada com o andamento da fic, e tive um lapso de perda total de inspiração. Fui recuperando isso aos poucos e voltando a escrever partes desconexas, mas prometo que agora vou tentar juntar tudo e voltar a escrever numa frequência aceitável para vocês.
Não sei se vou conseguir postar com a mesma frequência de antes, mas prometo que tentarei, e peço mil perdões a todos que ficaram esperando novos capítulos e espero que não tenham me abandonado.
Mas muito obrigada por terem começado a ler pelo menos, adoro todos vocês, beijos.



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A sobremesa, todos se surpreenderam, estava ainda melhor do que o jantar. Então, mesmo com as barrigas estufadas de tanto comer, ninguém hesitou em fazer questão de arrumar espaço nos estômagos cheios para todas aquelas tortas de chocolate, doces de abóbora e mousses que faziam qualquer um ficar com água na boca.

James Sirius conversava divertidamente ao lado de Fred enquanto devorava o seu doce de abóbora. Ambos praticavam o seu esporte preferido: Irritar seus primos. O alvo da vez era Rose, que estava sendo questionada sobre Scorpius e levando sermões por ser nova demais e pelo fato dele ser um Malfoy.

- Sinceramente, o que você vê nele, Rosie? – Questionou James Sirius pela vigésima vez, sem conseguir esconder sua expressão de desgosto – Francamente, ele é um Malfoy. Um sangue-puro nojento, filhote de Sonserinos, filhote de Comensal da Morte!

- Eu já disse que ele provou ser diferente da família dele! – Rose bufou irritada – Ele é gentil, bondoso, carinhoso, muito inteligente, habilidoso, paciente, fiel, e me trata muito bem! Diferente de você que é um galinha hipócrita que já provou a saliva de quase todas as garotas de Hogwarts, mas sai jurando amor para uma só! Não é de se admirar que a Annie te despreze, eu também te desprezaria!

A expressão de James Sirius vacilou por alguns instantes, tomado pela dor de lembrar-se que a culpa de Annie desprezá-lo era inteiramente dele. Mas logo um brilho vingativo perpassou o seu olhar. Rose tinha razão, mas ele não podia perder a oportunidade de presenciar a reação de seu tio Ronald à notícia do mais novo relacionamento de sua querida anãzinha.

- Jogada errada, priminha. – Então James Sirius alteou a voz, mal contendo o sorriso maroto que sempre lhe estampa a face quando ele estava pronto para realizar alguma travessura – Tio Rony! Tia Mione! A nossa querida Rosie já lhes contou a última novidade?

Rose encarou James Sirius com uma expressão que claramente estampava as terríveis  azarações que ela planejava fazer a ele mais tarde.   

- Você acaba de assinar a sua sentença de morte, Potter – Ela sibilou, com os olhos semicerrados.

Mas o primo simplesmente a encarou de volta com a expressão mais calma e o sorriso mais doce que conseguiria adquirir.

- Eu não acho que você conseguirá sobreviver para me matar, minha querida prima.

- Acredite, eu não vou sem te levar junto.

- Então seremos muito felizes no inferno – James Sirius acrescentou, abrindo ainda mais aquele sorriso arrogante que deixou Rose tão descontrolada de raiva que a fez levar a mão até a sua varinha alojada no bolso da calça e apontá-la diretamente para a testa do primo.

- Quer ver se eu consigo te dar uma cicatriz igual à do seu pai?

A expressão de raiva insana de Rose deixou todos na mesa muito preocupados e atentos ao conflito, levando a cozinha ao completo silêncio.

- Tudo bem, já chega vocês dois! – Hermione apontou a varinha para entre os garotos, mentalizando um feitiço escudo entre eles – Rose recomponha-se, por favor! O que você tem a nos contar?

Rose simplesmente suspirou numa tentativa inválida de se acalmar, guardou sua varinha no bolso novamente e lançou mais um olhar mortal a James Sirius antes de se virar para os pais.

- Mãe, pai, eu... Essa notícia não é fácil de dar, eu sei que sou a sua garotinha, mas acho que já estou na idade e vocês sabem como eu sou responsável...

- Anãzinha, querida, você está me deixando preocupado – Ronald olhou para a filha, apreensivo – Nunca é bom sinal quando você ou sua mãe começam a falar sem parar e a se justificar antes da hora. Mas eu já não estou mais na idade de agüentar suspenses, então seja direta: O que houve?

- Eu... Eu... – Rose tomou fôlego e despejou a verdade num só roubo de coragem – Eu estou namorando Scorpius Malfoy!

Todos na cozinha ficaram em choque, porém o estado de Ronald era simplesmente impagável. Sua face geralmente vermelha se tornou pálida como mármore no mesmo instante, e ele perguntou num fio de voz:

- O... O... O q-que?

- Vamos, Rose, repita! – Fred sorria para ela.

Rose incluiu Fred mentalmente em sua lista negra, mas não olhou para ele. Ela sabia que os primos só estavam ajudando-a a antecipar um momento inevitável, apesar de terem o feito de uma forma extremamente brusca e inconveniente. Mas afinal, qual era realmente o problema em revelar seu namoro com Scorpius?

Ela sabia que ele também devia estar passando por um momento parecido nesse mesmo instante, e eles haviam prometido um ao outro que qualquer que fossem as reações de suas famílias, nada os impediria de ficarem juntos. Se ela amava e se orgulhava de Scorpius, então qual era o problema, qual era o temor em revelar ser sua namorada? Dessa forma, ela retomou fôlego e repetiu seguramente:

- Eu estou namorando Scorpius Malfoy. Nós nos amamos, e não há nada que ninguém possa fazer para nos separar. Então ou vocês, como a minha família, nos apoiam, ou serão obrigados a conviver com esse desgosto para o resto de nossas vidas.

As bocas de todos na sala se encontravam abertas e silenciosas, mas os olhos chocados se voltaram diretamente para Ronald, que simplesmente soltou um suspiro sofrido e desmaiou na cadeira, com a cabeça pendendo para trás num ângulo estranho.

- Ron! Ron! – Hermione sobressaltou-se, chacoalhando o marido – Ronald Billius Weasley, não se atreva a morrer somente porque sua filha arranjou um namorado!

Apesar de sua voz sair zangada, o rosto de Hermione estava desesperado, e se dividia entre chacoalhar o marido e ouvir sua respiração e seu batimento cardíaco compulsivamente.

Harry suspirou e mentalizou o feitiço “Aguamenti” para encher um copo vazio à sua frente.

- Afaste-se Mione, só há um jeito de acordar esse brutamonte.

Quando Harry jogou a água na cara de Rony, o ruivo acordou no mesmo instante tossindo sufocado e olhando ao redor.

- Harry James Potter, eu já disse pra parar de me acordar assim!

O amigo simplesmente balançou os ombros.

- É a única forma que achei já que você está ficando velho demais para o Levicorpus.

Rony suspirou aliviado enquanto Hermione secava sua roupa e seu rosto com a varinha e murmurava “Você merecia mesmo levar um Levicorpus por ter me assustado desse jeito, Ronald Weasley, é incrível como você nunca muda!”.

- Obrigado querida – Ron agradeceu num tom meio irônico e beijou a bochecha da esposa – Mas foi bom o Harry ter me acordado, eu estava tendo um pesadelo horrível em que a nossa Rosinha estava namorando o filho do Malfoy, acredita?

- Não foi sonho, papai, é verdade – Rose respondeu com um ímpeto de coragem e determinação.

O início de riso que se formava na garganta de Ronald congelou e se transformou num nó sufocante quando seus olhos encontraram a filha, e ele foi começando a ficar vermelho, roxo, azul quando finalmente conseguiu gritar:

- O QUE?! ISSO É VERDADE?! ROSE WEASLEY, VOCÊ ENLOUQUECEU?! – Ronald levantou bruscamente e começou a andar de um lado para o outro na cozinha, gritando descontrolado – COMO VOCÊ PODE FAZER UMA COISA DESSAS?! SERIA DIFÍCIL, MAS EU PODERIA AGUENTAR A MINHA ANÃZINHA NAMORANDO COM UM RAPAZ QUALQUER, MAS COM UM MALFOY?! QUE TIPO DE POÇÃO AQUELA CRIATURA DESPREZÍVEL TE DEU PRA TOMAR?!

- RONALD BILLIUS WEASLEY, SE CONTROLE! – Hermione gritou.

- NÃO! NÃO VOU ME CONTROLAR! – Ronald agora arrancava tufos do cabelo ruivo já começando a ficar calvo – NÃO CONSIGO ACEITAR QUE MINHA FILHA ACEITOU ISSO POR CONTA PRÓPRIA! ME FALA, ROSE, COMO FOI QUE ISSO ACONTECEU?!

- Scorpius é um garoto maravilhoso, pai, ele não é como a família dele... – Rose tentou começar, mas foi interrompida por mais gritos do pai.

- ELE NÃO É COMO A FAMÍLIA DELE?! POR MÉRLIN, ROSE,  FILHO DE PEIXE, PEIXINHO É! ELE DEVE ESTAR RINDO COM A FAMÍLIA DELE AGORA POR TER ENGANADO A FILHA DO WEASLEY...

- SCORPIUS NÃO É ASSIM! – Rose interrompeu o pai, levantando-se da cadeira e gritando também –  ELE NÃO É COMO A FAMÍLIA DELE, ELE É DA GRIFINÓRIA E É O GAROTO MAIS GENTIL QUE EU JÁ CONHECI! PAI, EU O AMO! EU AMO SCORPIUS HYPERION MALFOY, E PRETENDO SER A FUTURA SENHORA MALFOY UM DIA, E NÃO TEM NADA QUE VOCÊ POSSA FAZER QUE MUDE ISSO!

- O AMA?! – Ron ironizou – O QUE VOCÊ PODE SABER SOBRE O AMOR?! E PIOR, O QUE ELE SABE SOBRE O AMOR?! VOCÊ SE ESQUECEU DE QUEM ELE É FILHO, CRIANÇA?! ELE É FILHO E NETO DE HOMENS QUE QUASE NOS MATARAM DIVERSAS VEZES! FILHO DE COMENSAIS DA MORTE! E MORA NO MESMO LUGAR QUE ANOS ATRÁS SERVIU DE ABRIGO E QUARTEL-GENERAL PARA LORD VOLDEMORT EM PESSOA! ONDE A SUA MÃE FOI TORTURADA E TODOS NÓS QUASE MORREMOS! TODOS ELES SÃO OFÍDIOS VENENOSOS E PRECONCEITUOSOS, ROSE! O SEU TÃO AMADO SCORPIUS É FILHO DE GENTE QUE RI DA NOSSA CARA E NOS CHAMA DE TRAIDORES DO SANGUE, E SUA MÃE DE SANGUE-RUIM! VOCÊ SABE BEM A HISTÓRIA, ROSE, E AINDA ASSIM SAI POR AÍ GRITANDO QUE AMA AQUELE FILHOTE DE COBRA?! E PIOR, AINDA QUER SER MAIS UMA ENTRE DELES?!

- NÃO ME IMPORTA A FAMÍLIA DE SCORPIUS E O QUE ELES FIZERAM NO PASSADO! – Rose tentava por tudo segurar as lágrimas enquanto berrava a plenos pulmões –  O PASSADO JÁ SE FOI E AGORA DRACO MALFOY SE REDIMIU E TRABALHA AJUDANDO AS PESSOAS! LÚCIO MALFOY ESTÁ MORTO E SCORPIUS É SIM O AMOR DA MINHA VIDA! COM ELE EU PRETENDO ME CASAR E CONSTRUIR UMA FAMÍLIA QUER VOCÊ QUEIRA OU NÃO!

- EU ACHEI QUE A GENTE TINHA TE CRIADO BEM, GAROTA, MAS NAMORAR UM FILHOTE DE COBRA FOI A PROVA PERFEITA DE QUE VOCÊ NÃO É UMA WEASLEY!

Essas últimas palavras atingiram Rose com tanta força que ela ofegou mais profundamente magoada do que já imaginara se sentir na vida. Ela simplesmente juntou os restos de determinação que tinha para segurar as lágrimas por mais um minuto e dizer com a voz embargada:

- Ótimo, se ser uma Weasley significa ser uma preconceituosa hipócrita eu prefiro não ser uma mesmo.

E saiu correndo da cozinha sem olhar para trás. Hermione lançou um olhar de desprezo ao marido e saiu correndo atrás da filha, mas quando chegou na sala, só conseguiu ver as últimas chamas verdes desaparecendo da lareira, e sua filha com elas. 


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