Meus passos eram leves e mudos, quando meu salto tocava no asfalto daquela estrada de mão única escura coberta por uma leve névoa gelada e iluminada por algumas luzes eram quase que inaudíveis , olhava para os lados esperando algum infeliz passar para acabar com a sede que crescia dentro de mim como se milhares de cacos de vidros atravessassem o meu pescoço, sentia os meus olhos mudando de cor e assumindo o tom negro fome, fazia mais de meses que eu não caçava desde que Klaus decidira vir atrás de mim, vivo escondida esperando que ele se esqueça do que lhe fiz.

Mystic Falls. Esse era o nome da cidade que Katerina tinha me mandado vir, disse que seria fácil eu me esconder nesse fim de mundo, ficaria alguns séculos com ela nessa tal Mystic Falls e depois iria embora quem sabe, não sábia para onde estava indo, mas, logo à frente eu avistava uma placa que dizia que estava indo na direção certa.

Não sábia o que tinha de tão especial em Mystic Falls, não sábia o que iria encontrar por lá era como atirar no escuro, poderia ser que eu atingisse o alvo ou poderia voltar e acertar em mim, apenas recebi a garantia de que lá estaria segura.

Meu corpo começava a pesar, meus braços cederam ficando moles batendo em minha cintura, a falta de sangue humano nas veias depois de tanto tempo estavam começando a mostrar os primeiros sinais de que se não me alimentasse logo não conseguiria chegar a Mystic Falls, mas iria me alimentar de quem? Nem mesmo um animal passava naquele brejo.

A névoa fria começava a se intensificar ao meu redor, um cheiro estranho que lembrava anestesia de centro cirúrgico ficara forte no ar, meu estomago se revirou causando náuseas, minhas forças estavam se esvaindo aos poucos, se morresse Klaus não havia ganhado, mas, por outro lado eu também não.

Cai de joelhos no asfalto molhado por conta da garoa fina que começara repentinamente a cair sobre mim, uma forte dor no abdômen que tinha a mesma intensidade de levar uma facada começou a me atormentar, comecei a tossir descontroladamente enquanto aquilo parecia consumir o meu ar, arqueei meu corpo segurando meu abdômen com força como se alguém estivesse tentando me rasgar de dentro para fora, vomitava um sangue negro, grosso sem cheiro algum de sangue como o dos humanos, apenas tinha um aspecto grotesco.

Estava acontecendo o processo inverso, meu corpo estava se dissecando e voltando a uma parte humana ficaria petrificada até que sangue chegasse aos meus lábios e voltasse a correr nas minhas veias, não era a primeira vez que isso acontecia com meu organismo morto, os quase 400 anos que andei nunca foram de total liberdade.

Quando parei de me concentrar na dor comecei a ouvir passos pesados e sutis vindos ligeiramente numa trilha de trás de mim, essa seria a minha oportunidade mataria esse coitado e conseguiria chegar até a pequena Mystic Falls.

Ergui o meu corpo com o apoio de minhas mãos no chão, mas então os passos param subitamente antes que eu pudesse terminar de me erguer, arregalei os olhos e virei para ver onde o humano tinha ido, meus sentidos quase que sumindo não podia confirmar se era mesmo um humano, resolvi por não arriscar.

Por mágica ele havia sumido, atrás de mim só estava à névoa nitidamente branca que era totalmente visível, então continuei a andar, mas os passos voltaram com a mesma pressa com que tinha desaparecido fazendo meu coração gelar, será que ele tinha me encontrado antes mesmo de eu chegar a Mystic Falls? A idéia me deixava atordoada queria correr, mas, sábia que não tinha mais forças, conseguiria apenas alguns metros e depois desfaleceria novamente.

Continuei então a andar a passos desta vez mais apressados, mas, uma forte rajada de vento passou por mim quase me leva ao chão, ouve-se então o barulho de um corvo que não estava visível aos olhos, à paisagem obscura parecia não se movimentar ao meu redor, parei de andar estava decidida a correr mesmo que para cair mais a frente.

Recolhi os retalhos da minha energia tomei um impulso e sai correndo, mas, não conseguira ir muito longe me choquei logo à frente contra algo que meus olhos não conseguiram detectar, apenas percebi de quem se tratava quando as presas alvas surgiram destacando-se perante a escuridão.

Ele levantou a cabeça e seus olhos negros brilharam , então por fim cravou suas presas em meu pesco sugando o resto do sangue que ainda tinha, tentei escapar e me debater, mas ele apenas ria de uma maneira desconhecida.

Parei de lutar, morreria nas mãos de outro vampiro deveria ser mais um caçador, raça que eu venho fugindo há muito tempo, então meu corpo desvaneceu caindo em seus braços fechei os olhos e sentia o frio me envolver, esperando ir para o inferno o único lugar que acolheria uma vampira que já tinha feito tudo que eu fiz.