Desmond não sabia o que tinha ocorrido nas últimas horas. Parecia que um apagão fora transportado de sua mente.

O avião havia caído. Eles estavam perdidos em uma floresta onde eles não sabiam a localização. Patrick estava morto e Bianca... Estava desaparecida.

Desmond não queria aceitar que ela estivesse morta, mas ninguém sobrevivia a uma queda daquelas. Bianca estava de paraquedas, lógico. Mas se ela não tivesse aberto o paraquedas na hora certa...

Ele mandou a sua mente calar a boca. Só que ela estava desaparecida. E provavelmente, estaria a essa hora em qualquer lugar.

Nico estava chorando. Jason estava arrasado. Ele se culpava pelo desaparecimento da menina, mas Desmond assegurou que não era culpa dele.

De uma forma ou de outra, eles precisariam continuar a missão. E quem sabe encontrassem Bianca pelo caminho. Mas primeiro precisavam descobrir como sair daquela floresta.

– Estamos perdidos no meio do nada. – Jason esbravejou. – Bianca pode estar em qualquer lugar agora, e precisamos encontra-la.

– Jason está certo, Desmond. – Nico recuperava a calma. – Minha filha não pode ficar por aí sozinha em um lugar desconhecido. E pior, ela pode estar machucada.

– Ok, pessoal, eu entendo. Mas e nós? Hã? Que eu saiba, também estamos em um local desconhecido e estamos perdidos. Bianca está desaparecida. Mas sem ajuda ela não vai ser encontrada. Precisamos de ajuda.

– E que ajuda arrumaríamos, Desmond? – Jason gritou, cansado. – Estamos na puta que pariu sem saber nem a cor de nossas roupas direito.

– Vamos manter o plano – Ele disse simplesmente. – Precisamos encontrar a Ordem dos Assassinos Russa. Aí sim conseguiremos localizar Bianca. Com os recursos que eles podem nos oferecer.

– Ok, Desmond. Brilhante! – Jason estreitou os olhos ameaçadoramente. – Só que tem um pequeno problema. Toda a nossa bagagem, dinheiro e as nossas provas como membros da Ordem queimaram. Como poderemos provar que somos Assassinos?

– Eu posso. – Desmond começava a se irritar. – Meu pai é o Grão-Mestre da Ordem. Meu sobrenome, meu rosto. Eles me conhecem, talvez. Sei lá. Precisamos ir até lá. Ou é isso ou morremos aqui.

– Ele está certo, Jason – Nico disse colocando a mão no ombro do rapaz. – Não vamos conseguir encontrar Bianca do jeito que estamos. Precisamos de ajuda.

Jason bufou, mas acabou concordando.

Caminhando lentamente, Desmond começou a sentir-se desmotivado. Haviam chegado tão longe, e isto acontecera. Bianca desaparecera.

Ele aprendera a gostar bastante da menina, até porque ela compartilhava com ele o mesmo peso do sangue Assassino.

Mas ainda assim, ele tinha uma presunção de que ela estava morta. Não era possível sobreviver a uma queda desse tamanho. Se Bianca não gritara ou não dera nenhum sinal de que havia sobrevivido, era possível que ela não estivesse viva.

E depois... E se ela estivesse, mas caísse em mãos erradas? Os Templários russos deveriam saber de sua chegada, e ainda por cima, Bianca era um alvo importante para os Cavaleiros.

Era preferível que estivesse morta.

Desmond, Nico e Jason caminharam dentro a floresta, procurando alguma autoestrada. Precisavam estar certos de que estavam na Rússia.

O frio aumentava. Os três homens estavam apenas com algumas roupas para frio, já que pretendiam trocar algum momento antes de aterrissarem. Para não causar choque térmico.

Mas, por alguma sorte, eles estavam com casacos de neve. O que era ótimo, mas nem tanto. Isso os salvaria, mas não por muito tempo. Estavam sujeitos a algo horrível como hipotermia ou coisa pior.

Precisavam encontrar a sede da Ordem. Precisavam encontrar algo em que pudessem se agarrar, já que de algum modo nem a vida os estava favorecendo.

E ainda por cima havia Bianca. Precisavam de um grupo de busca adequado, porque se ela estivesse mesmo perdida, não sobreviveria mais do que dois dias naquela floresta. Com o frio e sem nada para comer... Não havia nem animais. O frio era tamanho...

Eles estavam presos em um jogo. Um jogo do qual não sabia se sairiam vivos.

Todos estavam amedrontados, não sabiam se encontrariam a saída daquele mar esverdeado, a Ordem dos Assassinos ou Bianca Auditore.

Ela era mais do que preciosa para eles. Era filha de Nico. Namorada de Jason. Protegida de Desmond. Pupila de Ezio.

Sim. Ezio. O que ele diria se soubesse que Bianca estava... Desaparecida?

Mas Desmond não sabia mais de nada. Nem sabia como fora o resultado da invasão na Ordem. Poderiam estar todos vencidos. Por isso seu pai viajara. Era o Grão-Mestre Assassino, juntamente com Ezio.

Sim, porque quando Ezio retornou, William Miles já era o Grão-Mestre. Então, como prova de que todos os grandes Líderes estavam de volta, Ezio aceitou liderar com William.

Mas agora, Desmond não sabia se Ezio estava vivo. Nem seu pai. Muito menos Bianca.

Ele começou a fugir de seus pensamentos atacantes quando sentiu a tensão no ar.

Jason e Nico pararam. Desmond aguçou os sentidos.

Depois de algum tempo, um bramido de frustração escapara dos lábios de Nico.

– Figlio di Puttana! – Ele se dirigiu a ninguém em particular. – Estamos andando em círculos. Já estivemos aqui antes.

– Não pode ser! – Jason gritou. – Será que nunca vamos conseguir sair dessa merda?

Desmond nada disse. Ele estava perdido em pensamentos. O local onde foram derrubados não era qualquer e sim estratégico. Para alguma grande floresta a qual a saída era um argumento distante.

Será que sobreviveriam? Que jogo obsceno era esse em que estavam metidos?

Desde quando começaram a cair, depois de tanto sucesso? Facilidade em ir para Black Hills, conforto e prática ao viajarem para Moscou...

Fácil demais.

As palavras queimaram dentro da mente de Desmond. Fora muito fácil, assim como o controle na Ordem. A entrada de Bianca na Fortaleza 43. A morte de Henrique de’Pazzi.

Tudo era fácil. Tudo era planejado. Tudo era sacrificado.

E agora eles estavam presos em uma maldita floresta sem saída, congelada e sujeitos a perigos que estavam longe da imaginação do homem.

Desmond reconheceu. Era merecido.

Quando os Templários gostavam de jogar... As apostas eram altas, mas o resultado...

É, pelo que poderia parecer, estava ganho.