Miku pov.:

Era difícil correr enquanto comia. Mas há dez anos aprendi muito bem a fazer isso.

Eu escutava gritos.

O dono da pequena mercearia corria atrás de mim com um facão. Eu sorri. Ele podia segurar um facão, mas não iria me alcançar. E se alcançasse, nunca mataria a sobrinha do "Rei".

Ninguém me detestava até esse ponto.

Mas eu sabia que detestavam meu tio. Eu não os culpava. Eles tinham bom gosto.

Desviava das pessoas rapidamente. Eram as poucos corridas diárias que me satisfaziam. Depois precisava chegar em casa. Coisa que eu odiava. Preferia roubar e morar na rua.

Eu estava passando pela estreita ruela quando esbarrei em algo, ou alguém, e cai.

Horas depois acordei no colo de alguém.

Subitamente dei um soco em quem me segurava e pulei pronta para fugir.

Quando comecei a correr, a pessoa ainda estava gemendo de dor.

E depois de estar longe o suficiente escutei um grito.

- Miku!!! 

Parei. Eu reconheci a voz. Virei me lentamente.

Era ele. 

E meu coração batia rapidamente. Ele estava muito mais bonito e elegante.

Eu não sabia o que fazer. Um misto de emoções se passava por mim. Eu estava com raiva. E estava apaixonada. 

Fiquei chocada ao constatar que ele sangrava. E olhava para mim do mesmo jeito que eu estava olhando.

Tudo aquilo foi estranho.

Por isso corri. O mais rápido o possível do passado.

E as lágrimas foram as únicas que me acompanharam