E Se Não Tivéssemos Ido Para Os Jogos? escrita por Bia Vieira


Capítulo 4
Descobrindo coisas.


Notas iniciais do capítulo

TÁ AÊEEEEEEEEEEEEEEEEE



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No dia seguinte, passo a manhã inteira sem olhar nos olhos de ninguém, é estranho o modo que eu me concentro na aula... já que raramente faço isso. 

Tento sair da sala normalmente mas acabo sendo esbarrada por uma das patricinhas da sala. Shal.

-Olha pra onde anda garota!

-Acho melhor você olha por onde anda.

-Foi você que esbarrou em mim.

-Ah desculpa, não queria estragar sua plástica na tentativa de ser bonita. - digo pondo a mão no peito com um agradável sorriso irônico, fazendo a Shal franzir o cenho.

Eu sempre tive problemas com ela, ela é muito metida e nós quase nunca falamos uma com a outra, mas quando falamos é necessário quatro pessoas pra se afastarem, três pra mim e uma nela.

-Eu sou bonita, diferente de você, uma branquela.

Shal é negra, eu nunca tive nada contra, e eu odiava o fato de ser tão pálida. Mas ela é racista, das piores, ela só convive com umas duas loiras só por elas serem bajuladoras dela. Eu sempre ignorei isso mas é descriminação, eu nunca faria isso além do mais, por ter amigos negros em todo lugar.

-Não me interessa o que você acha de mim ou não. Olha a hora - olho para o relógio em meu pulso sendo sarcástica. -, já passou da hora de eu não me importar para o que você pensa - ando um pouco mas falo por cima do ombro -... se é que pensa.

Saio da sala e encontro Cato na porta do colégio, parecendo que estava me esperando.

-Achei que se esconderia aqui, Baixinha.

-Tchau. - eu continuo andando mas ele vai atrás de mim.

-Medo de mim?

-Não, só raiva, vá pra casa.

-Para de ser tão má comigo! - ele zomba.

-Cato você me ameaçou ontem de morte, lembra? - me viro pra ele. - Que tal continuar com aquela ameaça?

-Acha que não continuo? Te espero no centro de treinamento hoje, daqui a uma hora.

-Não.

-Uma hora! - ele anda para outra direção.

Almoço quieta e só respondo minha mãe nas perguntas básicas "Como foi a aula?" "Normal." "Viu a Phoebe?" "Vi." "Fez o dever?" "Fiz", tá nessa última eu menti.

Eu passei a maior parte do dia calada, só me surpreendo quando Lex e Naia me visitam, eles sempre andavam mais com a Phoebe mas hoje eles vieram falar comigo, e na praça.

Caminhamos juntos e eles com as conversas de sempre. Lex é já do segundo ano e Naia do primeiro mas nossa diferença de idade não significa nada, ambos somos nervosinhos e arrogantes.

-Tá, me falem, por que eu tô aqui? - pergunto, Naia morde o lábio.

-Soubemos da Phoebe...

-Saber o que?

-Ela e o Cato...

-Ah por favor né? Eu não ligo, só acho que ela deveria ter me contado.

-Clove - começa Lex. -, te conheço há dois anos e nunca te vi irritada por terem guardado um segredo de você.

-Mas a Phoebe é diferente, ela é minha amiga mais próxima. - minha vaz falha na palavra "amiga".

-Você gosta do Cato. - provoca Naia.

-Não gosto, agora se me deixarem sozinha eu preciso treinar. - digo aumentando a voz, andando batendo o pé.

-Amor i love yoooou. - diz Lex. Pego uma pedra e acerto no ombro nele, por querer, se fosse no olho, Naia iria ficar irritada por eu acertar o amorzinho dela.

Vou para o centro de treinamento e vejo muitos lá, mesmo com os Jogos, eles não param de treinar, eu também não.

Ando na direção das facas e as analiso, vejo meu reflexo distorcido nelas etão as pego, dou um giro no ar e rapidamente a jogo em um alvo.

-Você é ótima. - uma voz feminina diz há alguns metros de mim. Me viro com o "zuuum" das facas e flechas que são lançadas por outros que estão treinando. Dou de cara com a minha amiga "secreta".

-O que você quer? - pergunto com a cara fechada.

-Pedir desculpas, eu não ia fazer aquilo eu só tramei pra ele ir mesmo e nenhuma garota ver os gaios tagarelas.

-É mas você mesma disse.

-Porquê achei injusto. Não é preciso fazer mal a alguém só pelo fato de não gostar da pessoa.

-Ah é mesmo? - dou um sorriso irônico. - Que legal... - pego uma faca e lanço com mais força e mais impulso no boneco.

-É sério Clove! - ela estremece. - Você vai acabar se dando mal com essas loucuras! E afinal o que queria ganhar com os pássaros? - ela pergunta com dureza.

O que eu queria fazer?nem eu sei! Não quero essa dúvida na cabeça, só queria... bem... eu não sei o que eu queria e como usaria aquilo contra o Cato.

-Sai daqui. - pedi com a voz baixa.

-Desculpa por...

-SAI DAQUI! - berro e lanço uma faca nela. Desviada. Ela me olha com medo.

-Você gosta dele, e vejo que um bestante é melhor do que minha amizade com você. - ela sai. Respiro fundo e volto as facas, caminho até o boneco pra tirar a faca enterrada no alvo.

-Pegue leve, menina, garotos nem sempre são a melhor opção entre a amizade ou o amor. - viro a cabeça e vejo uma garota ruiva que estava treinando com o arco e flecha, ela devia ter mais de dezoito anos e então não precisaria estar nos Jogos... então o que ela faz aqui? Deve ser uma vencedora, tem tantos! Deve estar se preparando para algum Massacre Quartenário.

-Não se intrometa.

-Desculpa se ouvi demais o seu grito com ela e a sua tentativa de matá-la. Mas é sério, grave na sua cabeça o meu conselho.

-O que você tem a ver com isso?

-Eu já passei por uma situação parecida. - ela tirou a flecha e nós duas caminhamos de volta. - Briguei com uma amiga por um garoto, ele não era nada de bom, apenas um rosto bonito... e com isso, deu que de tantas brigas houve mortes, saí vencedora, mas não me orgulho disso.

Imagino Phoebe morta e eu com uma faca cravada em sua barriga. Não. Eu não faria isso. Não com ela.

-Quem é você ? - pergunto.

-Annanda Di Valoir. Ex-tributo e vencedora da Septuagésima Segunda edição dos Jogos Vorazes. Não me reconhece?

A analiso e lembro desses olhos cinzentos penetrantes. Sim, eu a vi nos Jogos. Ela é uma dos únicos arqueiros que temos no 2 e ganhou com uma bela flechada nas costelas de um tributo que corria dela para Cornucópia quando só restavam eles dois.

-Me lembrei, ótima flechada. - nasce um sorriso em seus lábios.

-Obrigada, mas a arena não é tão maravilhosa como dizem.

-Sempre achei que fosse.

-Não. Ver gente morrendo é bem triste, vencer é uma grande honra e uma grande felicidade mas matar... bem não é uma das primeiras opções que eu tenho em mente no meu dia-a-dia, mas tive que aplicar isso na minha agenda mental durante a arena.

-Entendo. - matar vem na minha cabeça o tempo todo, sou oposto dela. Ela é alta, eu sou baixa, ela é bronzeada, eu sou pálida, ela é uma vencedora, e eu ainda nem provei como ser uma.

-Acho que você ficaria bem na arena, ganhando. - me recordo do pesadelo que eu tive com o Cato. Sacudo um pouco a cabeça e assinto pra ela.

-Com certeza eu ganharia.

-Muito modesta. - ela dá um sorriso e eu também.

Treinamos e conversamos, ela me mostra umas técnicas com a faca, dizia que seu pai era muito bom com facas e ela também é, mas sua preferência é o arco e flecha. Aprendo novos movimentos que se parecem com o parkour mas não os acrescento muito na lista de coisas que farei nos Jogos, se eu for um dia.

Encontro Cato e ele espera o centro esvaziar. Entre as duas e as três horas a maioria almoça, eu não, almoço cedo já que acordo muito cedo.

O centro está com apenas duas pessoas muito longe. Cato pega uma faca e lança em mim, desvio.

-Boa. - ele diz. - Mas nem tanto.

Pego uma faca e lanço nele, passa de raspão em seu braço.

-Boa, mas nem tanto. - repito suas palavras e ergo as sobrancelhas rapidamente.

-Tá, quem conseguir ser mais rápido lançando as facas nos bonecos ganha. Quanto maior for a quantidade de facas e menor fo o tempo, melhor.

-Hum, não sabia que usava esses termos. - ele faz uma careta zombando de mim.

Ligamos o cronômetro e eu encho minha mão de facas. Temos dez segundos pra lançá-las e então eu começo quando ele grita "JÁ".

Lanço três facas juntas em um boneco, elas pairam no peito dele. Logo lanço com rapidez uma na cabeça, não se passa um segundo que lanço outra em outro boneco no meio da cabeça e pra finalizar... as últimas duas facas no último boneco em uma parte inapropriada. - ele aperta o botão do cronômetro, logo depois de um gemido de agonia na hora que lancei a faca no local inapropriado do boneco.

-Faço melhor. - ele diz enjoado.

-Então faça. 

Ele pega as facas e eu começo a cronometrar. Antes de cronometrar vejo que fiz tudo aquilo em 5.2 segundos. Ele lanças as facas, uma ele erra de primeira, as outras ele acerta, na cabeça, barriga, pescoço e ombro. 6.8 segundos.

-Mediano. - digo.

-Humildade...

-Eu sou boa com facas e você com espadas, aceite isso.

Saio de lá e dou de cara com o trio de Shal.

-Aqui não é a manicure, só pra avisar. - digo.

-Ah é então - sinto que tem alguém atrás de mim. - que tal falar para o Cato o seu sonho com ele?

Faço uma cara de pavor, como ela soube? Rapidamente volto a seriedade mas estou suando.

-Eu não sonhei com ele. - minto.

-Então explique por que isso está escrito no Coisa? - uma das patricinhas mostra meu caderno. Droga eu o havia deixado perto da Noz!

-Clove anda sonhando comigo? - ele aparece atrás de mim.

Tá, agora é o momento de eu querer pegar as facas e começar a praticar neles.


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Notas finais do capítulo

Galera o início NÃO É DESCRIMINAÇÃO! É só um fato que eu já vi acontecer e espero q saibam interpretar porq além do mais, minha melhor amiga é negra e minha mãe é morena.
Deixem reviews e indiquem a fanfic, pro favor ;)
Leiam também "A Neta do Snow" e "O Ponto de Vista do Marvel"



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