Os dias seguintes demoraram para passar, e eu fiquei extremamente feliz por isso. Não gostava da ideia de ter que enfrentar a Arena.
    As manhãs eu passava no centro de treinamento. Mas, como eu não sabia fazer nada, ficava escondida na floresta improvisada que havia ali. Ninguém me achava, e eu realmente queria que fosse assim. Não queria ser perturbada por ninguém.
    Eu tentava arremessos. Arremessava lanças, mas elas não chegavam nem na metade do caminho que deveriam percorrer. Tentei me equilibrar em alguns equipamentos, mas eles não me deram nada além de belos ematomas. Os outros tributos riam de mim, pois pensavam que eu deveria ser muito habilidosa, já que era uma carreirista. Como eu não atingia suas expectativas, eles riam. Então, resolvi me esconder na floresta, pensando que talvez pudesse tirar algum proveito disso na hora da batalha.
    Depois do centro de humilação, eu tinha uma seção com Mags e outra com Finnick. Mags me ensinava coisas que eu nem sabia que uma mulher de quase setenta anos podia fazer. Ela me ensinou a me equilibrar nos saltos mais altos da Capital, a me portar usando aqueles trajes ridiculamente desconfortáveis... enfim, me educou a me comportar de maneira formal. Finnick me ensinava a lidar com a issuportável Capital.
    Os jogos estavam chegando e a entrevista com Caesar Flickerman também. Por isso, eu passava mais tempo com Finnick. Nós usávamos o tempo ao nosso favor. Ele me preparava para a entrevista enquanto nadávamos na piscina com peixinhos coloridos em volta.
    - Conte-me mais, Srta. Cresta - Finnick me fazia rir com a maneira que imitava Caesar - Você é uma garota jovem e muito bonita. Há algum rapaz em sua vida?
    Joguei água em Finnick enquanto ambos riamos da situação.
    - Ah, não, Caesar - Respondi dando de ombros com um ar esnobe, típico dos carreiristas - Eu sou uma garota livre.
    - Oh - Finnick me lançou um olhar curioso, igualzinho ao que Flickerman fazia quando não acreditava em algo. Eu ri mais ainda - Não é possível que uma moça tão bela não tenha ninguém.
    Pulei em cima de Finnick e o submergi por alguns segundos. Eu o fiz, pois sentia que meu rosto estava quente. Eu estava corando e muito. Não queria que ele me visse daquela maneira. Mas o homem subiu a tempo de ver meu rosto vermelho.
    - Ei - ele disse animado - Esse podia ser um bom ataque na Arena.
    - Então, vamos tentar de novo.
    Tentei submergi-lo pela segunda vez, mas ele foi mais rápido e mais forte, me segurando antes que eu pudesse atacá-lo.
    - Você esta corando, Annie? - Ele perguntou um tanto sério. Eu senti meu rosto ficar ainda mais quente e Finnick sorriu - Você está corando!
    Eu sorri de volta, completamente sem graça. Mas meu sorriso logo foi se desmanchando enquanto eu me perdia nos olhos verdes do homem que ainda me segurava. Eu queria impressioná-lo de alguma maneira. Queria que ele ficasse orgulhoso de mim. Queria ter ao menos uma chance de fazer com que ele olhasse para mim do mesmo jeito que eu passei a olhar para ele.