Voltamos para casa! Annie estava tão contente em voltar para o Distrito 4. Ela se sentia bem ao ouvir o barulho do mar, apesar de não conseguir mais entrar nele. Ela gostava de sentir a brisa em seu rosto e o cheiro salgado da água. E eu me sentia bem ao ver o brilho nos olhos dela. O mesmo brilho que ela tinha quando treinava para os Jogos Vorazes.
Eu me apaixonei por ela. Foi rápido, mas não foi na mesma hora em que a vi. Quando a vi pela primeira vez, pensei que ela fosse uma garota que faria de tudo para chamar a minha atenção, como quase todas faziam, não só as do Distrito 4. Pensei que ela fosse uma garota que faria de tudo para me fazer de amante por uma noite, que não estava interessada de verdade em mim, mas sim um produto feito pela Capital. Mas, não. Annie Cresta tinha um sorriso bonito, um olhar curioso. Ela era sorridente, porém tinha medo. E foi por isso que eu me apaixonei. Ela não forçou nada, não tentou me seduzir, não ia para o meu quarto no meio na noite, como algumas outras garotas que foram tributo faziam, enquanto eu era seu mentor. Ela foi me cercando, mesmo sem saber o que estava fazendo. E eu fui me deixando levar.
Depois dos Jogos, ela ficou assustada, ela mudou. Mas todos mudam depois dos Jogos. Ela mudou sua cabeça. As pessoas diziam para mim que Annie havia ficado louca, que ela só daria trabalho para mim, que seria um peso em minha vida. Mas eu não podia abandoná-la. Ela podia ser diferente, podia ser considerada louca pelos outros, mas ela ainda tinha aquele sorriso, aquele olhar, aquelas coisas que me conquistaram. Ela procurava não falar muito. As vezes não terminava suas falas, mas continuava em seus pensamentos. No começo, eu pensei que ela estava tentando se afastar, e por isso fiquei com um pouco de medo, mas então percebi que ela sempre procurva pelo meu colo durante a noite. Tinha vezes que ela acordava chorando no meio da noite e eu a acolhia em meus braços, tentando protegê-la de tudo. Tive medo que alguém pudesse fazer mal a ela. Ela estava ainda mais indefesa depois dos Jogos. Era meu deve protegê-la.
O Presidentre Snow passou a exigir minha presença na Capital, para fazer as coisas sujas que eu faiza, mas eu recusava. Recusava, pois não havia ninguém para cuidar de Annie. Ainda havia seu pai e algumas amigas, mas eles não a entendiam e não faziam o menos esforço para entender a mente de Annie, pois eles não sabiam como era estar na arena.
Eu recusei o pedido de Snow e ele começou com as ameaças. Ligava para mim e para Annie, colocava coisas na cabeça dela. Eu consegui fazê-la ignorar as palavras medonhas de Snow. Então meu primo morreu misteriosamente, depois o pai de Annie. Ela não tinha mais ninguém e sofreu muito com a perda. Não podia vê-la daquele jeito. Não podia imaginar Snow machucando-a também. Então disse a ele que voltaria para a Capital para fazer o que ele queria. E foi isso que eu fiz. Quando o luto de Annie terminou, eu tive de ir para a Capital.
Eu ia para lá e voltava para ficar com Annie. Era uma tarefa difícil e Annie não entendia. Eu também não sabia como explicar. Mas não podia fazer nada. Isso se tornou motivo de brigas para nós dois. As vezes eu saia de meu distrito com lágrimas em meus olhos, lembrando das palavras horríveis que disse a ela, mas quando eu voltava, ela sempre me abraçava, pedíamos perdão um ao outro e ficávamos bem. Sorte que as brigas que tinhamos foram poucas. Eu detestava ver Annie chorar e odiava mais ainda ser o motivo de suas lágrimas. E assim se passaram os anos. A cada dia que passava, eu me apaixonava mais e mais por aquela garota que já estava virando mulher. Eu prometi a mim mesmo que sempre cuidaria de Annie.
E me culpo por não ter sempre conseguido cumprir essa promessa