Annie e Finnick - Do Começo Ao Fim escrita por siren chanelle


Capítulo 10
Adeus, peixinhos coloridos.




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Os peixinhos coloridos pareciam estar me encarando.Eu não conseguia evitar a comparação com aqueles olhos curiosos com os mesmos olhos das pessoas coloridas da Capital.
    Finalmente, eu estava pronta para a entrevista. Finnick havia passado a noite toda comigo, ensaiando a entrevista. As vezes eu tremia muito ou começava a chorar, mas Finnick me abraçava e dizia que tudo ficaria bem, então começavamos tudo de novo. Eu só tinha que passar por essa entrevista que não duraria muito, então eu podia voltar para casa. Não era muita coisa, mas eu estava apavorada. Não queria lembrar dos jogos.
    E lá estava estava eu, pronta para a entrevista. Havia tomado alguns calmantes e conversado muito com Finn. Dei um adeus aos peixinhos e fui ao encontro com Caesar Flickerman. Me sentei a uma poltrona onde três cameras estavam apontadas para mim.
    - Estamos no ar - Disse alguém atrás das câmeras.
    Caesar começou sua introdução e eu comecei a tremer. Engoli o nó que se formava em minha garganta e respirei fundo.
    - Parabéns, Annie! -Eu tremi com aquele berro.
    Não respondi. Apenas forcei um sorriso e acenei com a cabeça.
    - Deve ter sido muito difícil ter passado por tudo o que você passou - Disse o apresentador.
    - É, foi - Foi tudo o que consegui dizer.
    Passei as mãos nas pernas, tentando me acalmar. Aquilo era pior do que eu imaginava. Eu não conseguia parar de tremer e sentia que meu coração iria explodir.
    - Com a morte de seu parceiro...
    Não ouvi o resto. Levei minhas mãos aos ouvidos e fechei os olhos com força. Caesar falava de Domun com a maior naturalidade, como se fosse normal se esconder embaixo de um cadáver, morrendo de medo de ser o próximo a ser aniquilado. Ele não entendia. Ninguém ali poderia entender. Talvez Finnick, e apenas Finnick.   
    - Annie? - Ouvi a voz de Caesar, mesmo por trás de toda a pressão que eu fazia com as minhas mãos nos meus ouvidos. Alguém encostou em meu braço e eu tirei minhas mãos dali. - Annie, você está bem?
    Se eu estava bem? Era sério aquilo?
    - Desculpe - Respodi, agoniada - Eu fico um pouco nervosa quando falo dos jogos.
    - Tudo bem - Riu Caesar - Todos ficam um pouco nervosos com os Jogos Vorazes, não é mesmo? - E sorriu para a câmera.
    Caesar continuou a fazer perguntas sobre Domun e eu demorava para respondê-las. Eu tremia a cada palavra. As vezes olhava vagamente para a câmera, como se pudesse ver quem estava me assistindo por ali. A entrevista pareceu durar uma eternidade, e quando Caesar anunciou o final do programa, eu não consegui me mexer. Caesar continuou a conversar sobre algo comigo que eu não entendi. Então Finnick e Mags apareceram e eles começaram a rir de alguma coisa. Alguém se dirigiu a mim, porém eu não pude perceber, até um vácuo preencher o ar.
    - O que aconteceu? - Perguntei abobada.
    - Finnick disse que você não vê a hora de voltar para casa - Respondeu Caesar.
    Aquele homem me olhou com pena e depois com superioridade. Eu desviei o olhar para o chão. Ele pensava que era melhor do que  eu?
    - Ei, Annie - Finnick se agaixou na minha frente e eu olhei em seus olhos - O que acha de ir para casa agora?
    Senti meu coração acelerar. Finnick me puxou de leve pelas mãos e saimos daquele inferno. Quando entrei no trem, já me senti um pouco mais aliviada. Fui direto para o quarto, onde fiquei encolhida na cama e embolada nos cobertores, como fiz na viagem de ida à Capital. Eu pensava que agora as coisas estariam melhores, já que eu estava voltando para casa. Pensava que as coisas estariam mais fáceis. Mas tudo estava mais difícil. Eu não era a mesma garota sorridente que era antes. Agora eu era uma garota assustada, com manias estranhas, com um olhar vago, com a memória manchada de sangue, sangue de alguém que me protegeu.
    Acabei pegando no sono. Milhares de pesadelos - que eram memórias, na verdade - invadiram minha cabeça, e quando dei por mim, estava chorando e gritando. Finnick apareceu e me abraçou. Ele não disse absolutamente nada. Apenas me aninhou em seus braços. Eu falava frases sem sentido, mas Finn parecia entendê-las. Ele ficou me protegendo dos meus pesadelos e de mim mesma. Eu não consegui dormir mais. Ainda tinhamos mais algumas horas de viagem. Finnick e eu ficamos perambulando pelo trem até  finalmente chegarmos em casa. Finalmente pude pisar em casa. Pude sentir a brisa e ouvir o barulho agradável de casa. Não precisava mais ficar perto das aberrações  coloridas da Capital, ou do lugar que só me trouxe pesadelos. Eu estava em casa. Estava com Finnick. Estava com o mar.
    E não há nada melhor do que ouvir o barulho do mar.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler e fazer uma escritora feliz =)
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