Os Cahill... No Brasil escrita por Lua


Capítulo 4
Cap. 4 Bem-vindos ao Brasil


Notas iniciais do capítulo

Bem, não tenho muito a declarar...
Ai estar o capitulo, espero que gostem! =)
Se vemos lá embaixo.



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Dan~

Brasília é um cidade engraçada. De vez em quando aparecia arvores tortas como se sentissem dor de barriga em terras de barro seco ou capim alto e também seco. Não é a toa que as arvores tem dores de barriga, deviam estar mortas de sede. Ou com intestino preso.

Mary dizia para a gente informações importante e, claro, eu não dava a mínima. Ficava olhando curioso pela janela a procura de um macaco. Ou uma onça.

– Está prestando atenção, Daniel? – Mary me chama a atenção.

– Claro, claro... – respondi ainda olhando pra janela, nem reparei que me chamara de Daniel.

– Então o que você deve fazer caso encontre um pato manco com a bandeira do Paraguai tatuado nas costas, chupando picolé de tamarindo, andando em círculos e cantando, no ritmo do hino nacional brasileiro, onde encontrar o pote de ouro no final do arco-íris?

Tinha isso mesmo no Brasil? Que país! Mais estranho que a mortífera Austrália... O que é tamarindo?

– Gravaria, postaria no YouTube e depois corria atrás do pote de ouro... – respondi mais parecendo uma pergunta.

Vi que Amy e o motorista seguravam o riso, mas a Mary foi menos discreta. Gargalhou alto sem dó da minha resposta. Sua risada era gostosa de ouvir, não tinha vergonha como a tímida da minha irmã. Ela ria com gosto. Gostei dela: não tinha vergonha de rir e ainda zoava com a cara dos outros? Era o que eu faria! Daria uma boa amiga.

Eu acho que também faria isso... – disse Mary quando pegou fôlego – Boa resposta.

– Peraí. Tem mesmo um pato manco sei lá mais o que aqui no Brasil?

– É claro que não! Agora vou repetir tudo de novo. Presta atenção.

Mesmo depois de rir daquele jeito, seu rosto ficou serio de novo. Mesmo com 13 anos ela já tinha o rosto de um adulto. Não só a expressão, mas os traços também. Seus olhos eram zangados e duros, mas eu consegui ver que todo aquele ódio viera de uma tristeza.
Dessa vez prestei atenção no que ela dizia. Vai que ela mandava outra pergunta sem pé nem cabeça do nada?

Íamos dormir na base secreta dos Madrigal. Perguntei pra ela quantos quartos havia nessa tal base secreta e ela disse que a base secreta era na verdade um condomínio. Uma pequena cidade Cahill. “Ótimo uma casa só para mim!”, pensei. Mas comemorei cedo demais.

– Por enquanto estamos sem casas com vagas, vocês vão dormir na minha casa. Só os dois. Eu vou pra base principal. – disse Mary.

– Me sinto mal te tirar da sua casa, a gente pode dormir na base se você quiser.

– Não se preocupe, Amy. A minha casa é, na verdade, uma quitinete de um quarto e banheiro conectada com a base. Sou muito nova para já ter uma casa mesmo. Eu vou dormir no meu antigo quarto. A base principal é muito grande. Vocês não tem ideia! Lá tem bastante quartos para alguns iniciados que chegam ou para a família do Carlos.

– Carlos? – perguntou Amy.

– Ele é o dono da Base Principal inteira, o que tem o sangue, bem, “mais Cahill” daqui.

– Iniciados? – foi a minha vez de perguntar.

Fiz uma rápida nota mental: Não falar dos tais iniciados perto da Mary.

Seu rosto ficou sombrio. Seu olhar escureceu e ela inclinou um pouco o rosto mais para baixo deixando uma sombra de ódio passar pelo rosto. A franja mal penteada e igualmente mal jogada caiu mais sobre os olhos que no momento se encheram de mais ódio... misturado com dor. O coque mal feito se soltou com o movimento de cabeça sobre seu rosto de modo que a deixou ainda mais sombria.

Mas por que em vez de medo, que seria o normal de minha pessoa fazer, eu senti uma vontade enorme de arrancar aquela dor, tristeza e ódio da vida dela e, ao mesmo tempo, gostei daquilo?

Ouvi um estralo. Um grande portão prata com um M bem desenhado igualmente prata estava em nossa frente.

– Bem vindos a Base Principal. – disse Mary sorrindo aliviada por mudar de assunto. Mas o rosto mesmo sorrindo, era ainda sombrio e duro. Como uma garota de 13 anos pode ter tanta tristeza assim no coração? Estranhamente, senti vontade de abraça-la. Ela tinha cara de ter poucos amigos.

Amy olhou para mim e acompanhou o meu olhar até o rosto da Mary. Depois ela voltou para mim e disse com olhos: “Ela não!”. Ela não o que?! Ignorei a reprovação dela e apontei pro M enorme dizendo:

– Bem discreto, hein?

– Para os outros esse e o Residencial Magalhães. E como nem todos podem morar aqui, para eles, quem mora aqui é considerado... um riquinho. – Mary explicou, sem o sorriso no rosto, mas ainda aliviada.

Sorri. Mal tinha chegado ao Brasil e todos já iam me achar rico. Diferente de quando houve as buscas das pistas. Éramos os órfãos pobres. Mary fez uma careta quando eu sorri a ouvir a palavra “riquinho”. Pelo jeito, ela não gosta muito de ser vista como rica pelos outros.

O condomínio era pequeno, mas grande o suficiente para as poucas casas que havia. Lá tinha umas três casas na direita e mais três na esquerda com uma estrada entre elas que seguia até o final do condomínio onde a estrada se bifurcava: a esquerda um ginásio coberto e uma casa com uma pequena placa escrita em prata “Escola” e a direita um prédio de apenas dois andares, porém bastante largo, feito de pedra negra.

Seguimos até o prédio negro e a Mary indicou um alojamento do tamanho de uma sala e bastante escondido conectado ao prédio. O alojamento era mais negro, tinha impressão de abandonado.

– Essa é a minha... digamos, casa. Vocês vão ficar lá. Como disse, é conectado à Base onde vou ficar. Sempre que precisarem, me procurem.

Amy fez careta. Ela ainda não aceitava o fato de alguém ter tirado o lugar de Nellie. Ou de ser mais nova que ela a proteger. Provavelmente, os dois.

Descemos do carro e o motorista pegou nossas poucas malas e deixou-as na porta do alojamento. A porta era trancafiada com correntes e cadeados de formas diferentes. Mary caminhou até lá e de forma surpreendentemente rápida tirou tudo da porta e a abriu. Jogou-me a chave da porta (que ela tirou de sei-la-de-onde) para eu guarda-la, e o fiz. O alojamento se abriu e a Mary tacou as malas lá dentro sem nenhum cuidado e o fechou, desta vez, sem os cadeados.

– Vamos conhecer a Base. – disse indo em direção da entrada do prédio – Uma pessoa quer falar com vocês.


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Notas finais do capítulo

Oi de novo!
Reparem a sombriedade de Mary sobre os tais iniciados... Tem muitas perguntas rondando sua cabeça? elas só serão respondidas lá pro capítulo 15!!! Hahaha I'm bad girl!
Critícas (tanto boas como ruins)?
Até o review (talvez) ou o proximo capitulo (com certeza)!!!