Era o inicio do mês de Março. Alguns íntimos se encontravam na sala da mansão dos Malfoy, onde o anfitrião oferecia boa bebida para trocarem idéias e relaxar.

A primavera tinha feito a sebe verde-escura que adornava o exterior da dinástica mansão, adquiriram pequenas flores brancas.

Mas o clima londrino deixava a época fria independente da estação do ano, como de costume, fazendo a áurea do local adquirir uma beleza ainda mais exótica.

Narcisa entrava na sala em meio aquele grupo, conferindo se Lucius ainda supervisionava seu filho.

Ao que parece não tão bem, já que Rodolfo estava propenso a deixar o pequeno se divertir com sua varinha.

Ela trotou ate o local, tirando o garotinho — agora bem mais esperto —, muito mais esperto do que o possível, de perto do tio.

— Ah vamos Ciça, ele estava adorando a varinha. — Rodolfo disse no seu melhor humor.

— Obvio. Que criança não gosta? E agora ele vai chorar.

— Então o deixe aqui.

Mas ela não deixou, curvou para pegar o filho, que começou a fazer pirraça digna de um bebe. Com direito a gritos e de quebra se jogando para trás.

Mas a atenção de Lucius estava em seu cunhado e os olhos dele.

Ou melhor, os olhos dele na SUA mulher.

Narcisa usava um vestido que chegava ao meio da coxa e era bem justo, Lucius adorou o vestido e odiou sua esposa nele e na frente dos amigos mais íntimos.

O casal tinha adquirido um estado de amplitude desde o natal. Lucius sabia que Narcisa sabia o que a mudança do seu patrono significava. E por alguma razão bizarra, não se sentiu desmotivado com isso.

Afinal o mesmo sempre temeu qualquer sentimento que o enfraquecesse e esse era SIM um sentimento de fraqueza.

Mas agora já estava feito.

Ele não fazia idéia de como dissipar isso, tentou de todas as formas. Fora que Narcisa se mostrava indulgente com esse acréscimo. É... Enquanto isso ficasse apenas entre os dois estava bom. Era o limite.

— Argh, por isso não gosto de crianças. — Bellatrix murmurou azeda.

— Draco não é uma criança, é um bebe! E esta pirraçando por culpa de Rodolfo!

— Umas palmadas cairiam bem. Olhe como se joga.

Narcisa olhou mortalmente, como se ela tivesse virado um trasgo.

— Draco é um bebe, bebes não levam palmadas. Alem de ser o dono da casa, os incomodado não precisam ficar aqui...

A loira disse tentando acalmar o bebe que agora ficava vermelho pelo choro falso, já que nenhuma lagrima era vista.

Lucius sentiu um grande orgulho em saber que a esposa não só enfrentou a irmã na frente de todos, como a colocou em sue lugar. Mas de qualquer forma, não podia negar ser irritante a pirraça do filho.

— Draaaaco!

Era o tom. A forma dele falar, o jeito de pronunciar o A, não importava, o pequeno se calou no mesmo instante. Sem sequer relutar ou sem se mostrar corajoso para contrapor a ordem do pai.

— Entregue a ele. — Lucius murmurou tirando a varinha da bengala e entregando a esposa.

A mulher se encolheu.

A razão de não deixar Draco brincar com a varinha de Rodolfo, era a mesma de não querer o filho brincando com a varinha do pai.

São varinhas que tem um longo passado de sujeira, ela não as queria na mão do filho, mesmo sendo a de Lucius.

— Vou pegar a minha. — ela remexeu tirando a própria varinha da veste.

Lucius depois a indagaria de como conseguiu esconder ali. Já que o vestido era justo e... Bom, ele iria perguntar depois.

As gargalhadas voltaram a encher o local quando o menininho agitava a varinha fazendo fagulhas espalharem para os lados.

— Mas olha, toda vez que me lembro da cara deles quando nos viram... Acho que se seguimos o protocolo vamos vencer. — Rabastan disse.

— Que sádico. — Walden murmurou sorrindo.

— A rapaz, entramos na hora do aniversario do filho daquele traidor do sangue. — Barto murmurou.

— A gorda não sabia se segurava o bebe novo, o aniversariante ou todos os outros mil filhos espalhados.

— Que bebe? — Narcisa se intrometeu na conversa.

— Arthur Weasley teve outro filho. — Lucius respondeu.

— Alem do rapaz que tem a idade de Draco? — a mulher perguntou estupefata.

— Sim, uma menina. São tão ridículos que me faz ter duvida se tem realmente o sangue puro.

Na verdade Narcisa admirava os Weasley. Mentira, não os admirava. Mas não tinha como passar despercebidos os acréscimos à comunidade bruxa que essa família precária fazia.

Podiam ser traidores do sangue, mas já tinham sete filhos, ou mais, ou menos. E todos com sangue puro. Isso não deixava de ser... Aceitável.

Claro que se pelo menos tivessem comida para alimentar todos.

— Ei Malfoy, não vai mesmo conosco?

— Rabastan, ainda falta uns meses.

— Não vou, já disse.

— Você tinha que ir. — Bela murmurou.

— Eu não tenho que fazer nada, o lorde não me mandou ir. É trabalho para vocês. — o homem respondeu com frieza.

— Que trabalho? — Narcisa perguntou, incerta se realmente queria saber.

Lucius a olhou advertido.

— Um servicinho na casa dos Longbottom.

— Alice? — a loira perguntou bem surpresa.

Afinal tanto a mulher reclusa como Frank não tinham contas a prestar com relação ao sangue duvidoso.

— Eles mesmo. — Bela murmurou com malicia.

— Mas o filho dele ainda é tão novinho...

Ela olhou para o próprio filho.

— HÁ! É mesmo. Ah Lucius, prevejo as companhias de Draco quando for para Hogwarts... Longbottom, Weasley, Potter. Oh Merlin isso me fará rir pelo resto da vida! — Rabastan provocou o concunhado.

— Não seja ridículo!

— Crabbe não tem um filho na idade de Draco? — Narcisa perguntou, tentando aliviar a tensão do marido.

Não era sensato os rapazes provocarem Lucius assim.

— Tem sim. — Barto disse. — E Theodore Nott também, deve ter a idade de Draco ou é mais velho um ano, não sei.

— Detesto esse nome! — Bellatrix murmurou. Theodore a remetia alguem de cabelos coloridos.

— Draco vai para Durmstrang. Estava conversando com Igor e Dolohov, com certeza lá será melhor para meu filho.

Todos os presentes concordaram, ou quase todos. Já que Narcisa tinha o rosto torcido e Bela prendia a vontade de gargalhar.

— Não será tão fácil cunhadinho, Ciça sabe que nenhum Black estudou em outra escola que não fosse Hogwarts.

Lucius olhou para a esposa que parecia se segurar para não respondê-lo. É, seria difícil. Mas Narcisa iria aceitar, ela não tinha escolha e seria o melhor para Draco.

Quando as pessoas foram embora, Lucius e Narcisa não foram dormir tão cedo.

E isso não era por conta de uma noite tórrida de amor. Não mesmo.

A verdade era que sua mulher parecia querer uma festa para Draco. O aniversario dele se daria dali três meses e Lucius não via ocasião para esse encaixe.

— Mas meu amor!

— Narcisa quem iria querer fazer festa? As pessoas estão trancafiadas nas casas morrendo de medo.

— Se aquela porca ruiva foi capaz de fazer uma festa para um de seus cinqüenta filhos, nunca deixarei de fazer uma para Draco! Nunca!

— Podemos comemorar depois.

— Depois? Depois? Depois de que Lucius? Depois que não sobrar familia nenhuma viva? Ou que aconteça algo com você? Sabe que são opções plausíveis.

— Nada vai acontecer comigo, deveria ter mais fé. Tenho tudo sobre controle.

Mas não. Narcisa sentia que não tinha nada sobre controle, ate porque não dependia de Lucius, ou pelo menos não somente dele.

Fora que o clima estava muito mais pesado, ela sabia que o que quer que fosse acontecer, não seria bom. E o pior era que tinha seu marido envolvido.

Se fosse para o outro mundo, se todos morressem, gostaria de aproveitar o tempo que ainda tinham.

— Essa festa vai acontecer. Não estou pedindo Lucius, não dessa vez.

E foi justamente o que houve cerca de dois meses e meio depois. A festa foi apenas para amigos chegamos, ministros e pessoas da alta sociedade, claro que foi uma grande festa. Mas ate mesmo Narcisa tinha que admitir... Eram tempos difíceis.

E ela odiou ainda mais essa época de guerra, por ter atrapalhado de certa forma o primeiro ano de seu filhinho.