O casal sempre se encontrava após o horário. Nunca mais tinham tentado uma abordagem daquela maneira.

Narcisa estava passando por um ano mais tranquilo, comparado ao ano anterior. Geralmente os piores eram o quinto e o sétimo. Então, estar no sexto era bem fácil.

Ao contrario de Lucius.

Que além de garantir notas excelentes, era monitor chefe.

Lucius sempre recebia parabenizações sobre seus feitos. Era alguém destacável e inteligente.

Claro que era alto, rico e loiro, as meninas ficavam na cola, e com razão.

— Então monitor chefe, não podemos ficar passeando pelo terceiro andar? — uma morena perguntou. Se colocando entre suas pernas.

— Não. Esse andar esta proibido para os alunos. — ele disse.

— Então, eu estava pensando em achar alguma sala vazia no terceiro andar. Mas como é proibido, você podia me mostrar alguma outra hein, Malfoy?

— Ele não vai te mostrar nada, e tire as mãos do meu noivo, sua acromântula.

A menina deu um passo para trás, assustada. A fama dos Black era grande e temida, escada cada vez mais forte após o noivado.

— Ciúmes Ciça? — ele perguntou sorrindo. E puxando a loira para ficar entre suas pernas. No lugar onde a outra estava.

— Lucius como você fica arrastando asa pra essas garotas?

— Ei, estou livre dessa. Juro que estava aqui dando informações, meu trabalho. Ela que veio.

— E você gostou!

Ele deu um sorriso maior ainda.

— É bom saber que a gente é querido, Narcisa.

— Que nobre. A pergunta é, você quer? Quer essas meninas?

— Estou com você não estou? Acho que deveríamos mudar o assunto, estou ficando irritado.

— Não vou mudar o assunto. Hoje não. — ela insistiu.

Ele respirou fundo.

— Já te trai, e você sabe muito bem disso. Mas decidi focar apenas em você. Há tempos não faço, e você também sabe disso. Pra que ficar me enchendo a paciência?

— Tenho medo que você faça novamente. — ela admitiu.

— Eu não te jurei fidelidade no namoro. E nem vou fazer isso. Mas vou tentar. Se pelo menos você fizesse tudo... Tudo o que preciso.

Ela já negava a cabeça e cobria as orelhas.

— Sabe que a resposta é não.

— Então saiba que não vou prometer nada. Mas estou com você, isso deveria bastar.

— Não basta apenas ficar me dizendo que esta comigo, e não me provar que será fiel.

— Pois vai ter que bastar. É isso. E assunto encerrado. — ele disse a encarando.

O assunto todo não serviu de nada.

Lucius era assim, inflexível.

Ela sabia disso.

Podiam discutir o assunto por três horas, mas se ele já tivesse um plano traçado em sua mente, às três horas de nada valeriam.

Ele não muda sua opinião. É aquilo. Só muda se quiser.

— Só não deixe eu saber... — ela murmurou olhando para baixo, antes de continuar a falar: — Gosto de você. Estou apaixonada e só não queria sofrer.

Disse saindo dali numa rapidez tremenda.

Lucius mal teve tempo de raciocinar. Narcisa gostava pra valer dele. Era o que ela dizia.

Estava apaixonada.

Isso era assustador e bom ao mesmo tempo.

Assustador, pois sempre temeu essa melação com as garotas que pegava. Mas Narcisa era sua futura esposa.

E tinha seu lado bom. Claro que ela gostava dele, estava apaixonada e tudo. De outro modo, ela nunca permitiria uma intimidade como a que os dois trocaram dias atrás.

Podia ser noiva que for. Narcisa não deixaria ninguém a tocar, se não tivesse apostando todas suas fixas na pessoa.

Era estranho para Lucius ouvir isso.

Agora se sentia mal por ter falado daquele jeito com ela. Queria voltar e dizer que sentia muito. E que não a trairia. Tentaria e seguraria ao máximo. Faltava apenas um ano e meio...

Merlin.

Um ano meio ainda.

A festa do dia das bruxas estava chegando. Claro que finalmente dessa vez, Lucius e Narcisa iriam juntos.

A moça não estava tão receptiva, desde quando tiveram aquela discursão sobre ciúmes.

Lucius ate tentava um contato maior, mas ela o evitava.

No dia da festa, ela estava esplendida. Claro que todos duvidavam se um dia ela conseguiria ser feia.

O vestido era azul brilhoso e escuro, com uma fenda ate o topo da coxa.

Foi quando terminava de fazer um coque com uns fios soltos e ajeitar a maquiagem, que Aleto apareceu...

— Parabéns Narcisa. Você deve estar muito feliz, agora que é oficialmente titia. — disse com secura.

Narcisa deixou a varinha cair de sua mão.

Eloá e as outras meninas murmuraram em discordância.

— É verdade. Sua linda irmã deu a luz a uma menininha. Ninfadora Tonks. Você deve estar realizada. Já não bastasse a vergonha que causou, Andromeda conseguiu ter uma menina ao invés de um menino.

Narcisa sentia o corpo tremer.

Abaixou para pegar sua varinha e virou-se para Aleto, apontando a peça bem no meio de ser rosto.

— Não tenho nenhuma irmã além de Bellatrix, qualquer um mais informado sabe disso. E te aviso uma coisa: nunca mais fale comigo. Na próxima eu juro que vou fazer você se arrepender de abrir a boca.

Narcisa falava tão friamente que de sua varinha saía faíscas. Aleto sabia que não podia provocar uma mulher dessa forma. Sabia que os Black eram famosos por serem bastante destros no quesito feitiço.

Além do mais, Narcisa tinha um guarda costas. Lucius Malfoy era a ultima pessoa que Aleto queria deixar com raiva.

Quando Lucius encontrou Narcisa, a elogiou de varias formas, mas ela parecia indiferente e alheia à festa que corria.

Tinha o rosto levemente vermelho e bufava. Estava irritada com algo.

— Vamos lá para fora. — ele disse pousando a mão em suas costas.

A noite era escura e estava começando a esfriar. Alguns casais se agarravam pelos cantos, mas Lucius e Narcisa não precisavam disso.

— Algum problema Ciça?

— Não.

— Você esta estranha.

— Não estou.

— Narcisa eu não gosto que me escondam as coisas.

— Não estou escondendo. É algo meu sabe. Nada a ver contigo.

Lucius respirou fundo, e puxou a mão dela. Estavam caminhando para dentro, pelos corredores. Ate a salinha que tinha se tornado um local só deles.

— Tem uma festa rolando. — ela disse.

— E você não esta nem ligando, pra que ficar lá?

— Porque você quer ficar lá. — ela respondeu, revirando os olhos.

— Ciça, seja lá o que estiver te incomodando, eu quero saber. Sou seu noivo.

— É sobre ela... Andromeda.

— Ah... Olha você tem que se livrar dessa ideia. Quando nos casarmos não poderá ficar falando em sua irmã. Eu não vou deixar.

— Eu sei. Meu pai brigaria comigo se me ouvisse falar dela. — a loira admitiu.

Ele a abraçou.

— Deixe que os mortos velem seus mortos. — Lucius disse.

Deixando claro que era para ela esquecer que teve Andromeda como irmã.

— Ninfadora. O nome da sua filha. Ela ousou a colocar um nome relacionado a estrelas e constelações Lucius. Ela fez isso. — a loira murmurou horrorizada.

— Esqueça Andromeda, Narcisa. Andromeda, Theodore, Ninfadora e tudo que tenha a ver com eles.

— É minha irmã. Minha sobrinha.

— Não mais. Ela escolheu não ser. Ela não pensou em você nem em ninguém. Ela nem te ama. Esqueça aquela família. Ninfadora é um aborto daquele pai dela com sua irmã.

— Aleto ficou me provocando, tentando me envergonhar.

— Vou falar com o irmão dela para que ela cale a boca, se não eu mesmo dou um fim.

— Foi horrível.

— Que seja. Mas não quero ouvir o nome de Andromeda sair da sua boca. Não quero ouvir mais, entendeu?

— Não seja duro, Lucius. Por favor... — ela disse com olhos cheios de lagrimas.

— Estou sendo realista. Você esta precisando de realidade. Vai deixar de viver, de se divertir por causa da sua ex-irmã? Movi céu e terra para resgatar seu nome, te honrar, e é isso que mereço?

— Não é com você. Desculpe-me... Você esta certo.

— Sei que estou.

— Eu te amo, Lucius.

Ela murmurou.

Ele congelou no abraço. Então beijou seu cabelo e voltaram para festa.

Provavelmente ela estava sensível, isso logo passaria. Inclusive suas ultimas palavras.