A cerimonia de entrega de títulos foi luxuosa. Ate mesmo os familiares dos alunos que nasceram trouxas, participavam, ainda que acontecesse no Ministerio da Magia.

Pessoas eram homenageadas, presentes eram dados...

Andromeda ganhou um bracelete enorme e grosso com o brasão da família Black cravado em ouro de duende.

Era algo lindo, Narcisa pensou. Já imaginando o presente que ganharia dali a dois anos.

Lucius estava impassível ao seu lado. As mãos lisas com dedos longos se fechavam sobre a sua, mas era apenas isso.

Ele ainda estava chateado com o acontecido do dia anterior, no ultimo dia de aula.

— Meu pai esta estranho... Percebeu? — a loira perguntou, tentando puxar assunto.

Lucius encolheu os ombros.

Cygnus podia estar diferente sim, mas era papel dela como filha perceber isso.

No fim, todos estavam ampliando as comemorações na casa de Walburga. Vários tipos de bebidas que regavam o jantar da família.

Na hora da refeição, Rodolfo chegou visivelmente exausto, mas não impedindo de engatar numa conversa com Lucius e Bela.

Andromeda estava num canto da sala, tinha acabado de abrir um pacote. Com letras garrafais e perfeitas estava escrito: Vítor Rosier.

O presente era um quadro pequeno com uma paisagem, que provavelmente seria substituída por uma foto.

Andromeda odiou o presente, ainda mais quem enviou.

Ela não queria Vítor, queria Ted. E teria que resolver isso...

Quando Sirius e Regulo foram se deitar, apenas os — relativamente — adultos ficaram por ali. Deles, Narcisa era a mais jovem, mas como estava acompanhada do namorado, não teria importância.

Sua mãe também não controlava a hora que a filha dormia, sempre deixou tudo liberado para suas filhas, de modo que elas não precisassem fazer escondido.

Ao que parece... Não tinha adiantado muito.

— Então minha filha, gostou do presente de seu futuro marido? — Cygnus perguntou. Enquanto todos que bebiam e conversavam na sala.

— É um presente... Excêntrico. — ela respondeu, largando o objeto.

— E ate quando pensou que me enganaria? — ele disse. Colocando a bebida de lado.

Nesse momento, todos pareciam interessados no que viria.

— Papai?

— Acha mesmo que ia me enganar? Acha que minha própria filha conseguiria me enganar?

— Cygnus... — Druella deu um sorriso forçado. — Querido, acho que esta um pouco alterado...

— Estou sim. Não pela bebida e sim por sua filha!

Druella olhou relutante para as pessoas na sala. Com excessão de Rodolfo e Lucius, todos eram da família. Mas, Rodolfo também tinha conseguido esse cargo, e Lucius estava caminhando para o dele.

— Podemos deixar para resolver sobre o presente que Andy não gostou amanha, sim? — a mulher disse acariciando as costas do marido.

— Presente? Sua filha esta tentando nos fazer de idiotas e você me fala sobre presente?

Ele virou para mulher, sua voz ganhou um tom mais brando ao conversar com a esposa.

— Então... Amanha? — ela perguntou. Torcendo para que o marido aceitasse. Ele estava irritado, e não era bom explodir assim.

— Será que seu olho é tão bom que não vê?

— Amor... ? — Druella perguntou.

Ela pensou que Cygnus estava alterado pela bebida, mas olhar seus olhos mudou tudo. Ele não estava alcoolizado, estava são e muito irritado, de uma forma que ela nunca pensou ser possível.

Ele ergueu do sofá e foi ate Andromeda. Narcisa estremeceu e se encolheu entre o braço de Lucius e o de Rodolfo. Bela, ao contrario, chegou o corpo ligeiramente para frente.

Elas sabiam que Druella não era a favor de castigos corporais. Mas mesmo assim, em tantos anos de criação, Cygnus usou uma vez ou outra em suas filhas.

Com exceção de Narcisa. Ela não tinha o habito de desobedecer, e ele duvidava muito que teria coragem de erguer a mão para sua filhinha.

Mas a loira nunca conseguia aceitar suas irmãs sendo castigadas... Doía demais.

Só que Cygnus apenas puxou Andromeda pelo braço e a colocou frente Druella.

— Será que não vê Dru? Não consegue reparar? Não vê que a própria filha esta gravida!

A ultima frase não foi uma pergunta. Automaticamente as mãos de Andromeda foram para barriga. O contato fez o vestido se ajustar, revelando o abdômen inchado.

Walburga deu um grito e Bellatrix arfou.

Narcisa não podia acreditar no que estava vendo. Mil coisas passavam em sua cabeça, uma delas era que essa gravidez da irmã parecia levar a historia para outro rumo... Um rumo de cabelos coloridos.

Outra coisa era o fato de seu namorado estar sentado imóvel e chocado, ao seu lado.

Que pessoa normal não ficaria chocada com tal atrocidade?

— Andromeda, eu... Andromeda? — Druella perguntou.

— Mãe. Não sei o que dizer para vocês...

Andromeda murmurou passando automaticamente as mãos na barriga, deixando clara a proeminência do local.

— NÃO SABE O QUE DIZER? NÃO SABE O QUE DIZER? QUE TAL EXPLICAR, COMO INFERNOS ACABOU GRAVIDA?! — Cygnus disse com impaciência.

— Ah vamos papai, acho que qualquer um aqui tem noção de como se fica gravida. — Bellatrix disse num tom mortal.

Narcisa se encolheu e sentiu Lucius se afastando dela, com certeza estava inquieto por se encontrar em meio a uma discursão familiar tão seria.

— Quem é o pai? — Cygnus disse friamente.

Andromeda olhava para os lados, ciente de não ter nada ali para lhe proteger.

— Perguntei quem é o pai.

— T-Tonks. Ted Tonks. — respondeu.

Bellatrix respirou fundo diante tanta afronta, tinha se formado no ano anterior e sabia quem era Ted Tonks. Narcisa sentiu o sangue fugir da face, desmaiaria de pavor, se já não estivesse sentada.

— Esse nome me é totalmente estranho... — disse Cygnus, medindo cada palavra.

— Ele é um sangue-ruim. — Bela disse sem se importar em estar se intrometendo.

— Ele o que? — Cygnus virou-se para Andromeda. — O pai dessa criança é um sangue-ruim, Andromeda Black?

Ela ergueu a cabeça e encarou o pai.

— Ted é nascido trouxa. — respondeu, morrendo de medo.

Então a mão firme e pesada de Cygnus Black voou para a face de sua filha. Fazendo a moça ser jogada no chão com tamanha força.

Druella deu um gritinho. Eram muitas surpresas desagradáveis. Narcisa sentia-se fora de ambiente. Andromeda tinha falhado com ela. Ela armou um encontro para ver sua irmã feliz, e a outra tinha vacilado, talvez tivesse ficado gravida naquele dia... Narcisa sentia como se tivesse patrocinado essa gravidez.

— Vamos resolver isso, de um jeito ou de outro... Acha mesmo que ia me enganar? Criei você. Criei as três e sei cada passo. Sabia que tem um feitiço que detecta quando não se casam virgens? O feitiço ia te entregar com ou sem gravidez.

Cygnus disse solvendo um copo da bebida mais forte.

Walburga estava chocada do seu lado e Druella parecia querer desmoronar a qualquer instante.

Rodolfo parecia querer sair dali, esta percebendo como Andromeda deixava Bela nervosa e não queria isso para a esposa.

Lucius não sabia para quem olhar. Cresceu sozinho, filho único. Seu pai, único filho. Seu avo, único filho. Os encontros familiares nunca foram tão... Movimentados.

Narcisa se curvou para ele.

— Me desculpe. — murmurou.

Mas ele se preocupou em prestar mais atenção na discursão no meio da sala.

— Cyg, o que faremos?  — Druella murmurou.

— Simples. Vamos tirar essa aberração o mais rápido possível e Andromeda vai se casar com Vítor. Será uma boa esposa e me dará um neto o mais rápido possível, do seu marido de sangue puro, entendeu? — ele disse erguendo a cabeça da filha.

Que ainda estava sentada no chão, deixando as lagrimas de raiva, medo e vergonha descerem.

— Tirar meu filho? — ela murmurou, ficando de pé.

— Como vamos enganar Vítor Rosier, fingindo que você é a esposa imaculada que ele espera, se esta com essa barriga enorme? — Bela disse com cinismo.

— Tirar isso vai ser fácil, existem mil poções sobre o assunto. — Walburga completou.

— Tirar isso? Aberração? Como ousam chamar um bebe indefeso assim? — ela perguntou, cobrindo a barriga com as mãos.

— Merlin, ela já o esta defendendo... — Druella murmurou com horror.

— Essa coisa é sobre do que um trouxa pode oferecer, não é uma criança, não é magica, não deveria se quer ter existido!

— Ted é um bruxo papai. Um grande bruxo. Conte para ele Bela, Lucius? Ted é metamorfomago, papai o senhor sabe como para se nascer assim tem que ter muita magia...

— Ele nasceu como qualquer um sangue-ruim nasce. E você foi baixa o bastante para se envolver. Estou te dando uma chance minha filha, uma chance para te tirar do lamaçal. Limpar seu nome e resgatar sua vida. Só um pai de verdade faria isso.

— Não posso tirar o bebe. É meu bebe. — ela disse, sabendo que sua vida terminaria naquele instante.

— Não... Andy, faça o que seu pai esta mandando agora! — disse Druella.

— Não mãe, não me peça. Você teve três filhas, mesmo sabendo que papai queria um menino. E nunca pensou em se desfazer de nenhuma de nós. — sua mãe cambaleou para trás diante de tanta afronta.

— COMO OUSA COMPARAR A GESTAÇÃO PERFEITA DE SUA MÃE COM ESSA DESGRAÇA QUE VOCÊ ESTA TRAZENDO PARA SUA VIDA? É sua ultima chance Andromeda. — Cygnus disse.

— Não vou tirar meu filho!

O grito de Walburga foi tão alto que a casa tremeu.

— Como ousa garota insolente? Papai me deixa dar uma palavrinha com ela que no fim pode ter certeza que não existira bebe nenhum. — Bela disse andando ate Andromeda, com a varinha em punho.

— Não gaste seus esforços com a ralé Bela.

— O QUE? — Andromeda disse.

— Isso mesmo. Quero que saia dessa casa e espero nunca mais te ver. Tudo que for seu será queimado, todas as fotos suas serão exterminadas, você escolheu sua vida. E espero que seja muito, mas muito infeliz. Esqueça que tem pais e irmãs. Você esta fora da família Black.

Andromeda tremia toda. E deu um grito quando um feitiço passou bem na frente do seu rosto.

Ela sabia que ninguém da sua família erraria o alvo, eram conhecidos por serem bons, os melhores... Mas ela soube que o feitiço não era para azará-la. E sim para pegar na parede. Onde queimava insistentemente o rosto entre os nomes Bellatrix B. Lestrange e Narcisa Blak.

Era oficial e não tinha volta.

Seu nome estava cortado da arvore genealógica dos Black.

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FIM DA PRIMEIRA TEMPORADA.